Tenebris escrita por Maju


Capítulo 16
Capítulo XV


Notas iniciais do capítulo

HEY, leitores do meu coração que querem me matar, certo? Certo. Vocês já sabem que minha vida está uma bagunça e além disso eu estou no segundo ano, então espero que compreendam a demora. Trouxe um capítulo grande para compensar.
Sem mais delongas, boa leitura.



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Malfoy gostaria que Hermione tivesse ficado quieta por um longo tempo após a confissão sobre suas visões do presente para que ele ao menos pudesse se recuperar, porém a surpresa dela durou poucos minutos, e as palavras saíram de sua boca tão rapidamente como as respostas que dava as professores. Mas apesar de estar se segurando para não pegar a varinha e lançar um feitiço para que ela ficasse muda, o pior foi o olhar que Hermione fixara nele.

Visivelmente irritada por sua omissão. E de preocupação falhamente escondida.

Draco mal notou que apertava os dedos machucados contra o joelho.

— Me conta o que está havendo, Malfoy! Isso pode estar relacionado com...

Pausa. O que estavam vivenciando era tão confuso que não conseguiam classificar, nem mesmo a garota mais inteligente de Hogwarts.

Hermione tomou uma grande lufada de ar antes de completar:

— Com tudo isso.

— São visões, Granger, eu já disse – repetiu ele, com o maxilar travado. Não queria falar sobre isso, não sobre mais um problema a acrescentar à lista, um que ele tinha que lidar consigo – Elas aparecem e não estou mais aqui, vejo relances de cenas e às vezes ouço sons.

A grifinória pôs-se de pé violentamente, chutou a primeira pedra infeliz que viu, fazendo jus a sua Casa em Hogwarts, um leão enraivecido.  

— Como você não me conta isso?! Como pôde esconder algo assim na situação em que estamos?

Draco levantou-se em movimentos mínimos, a expressão de dor em seu rosto era facilmente disfarçada com a compenetração que ele olhava a grifinória, e ela, que com o convívio turbulento que sempre tiveram, sabia que a próxima sentença que sairia da boca dele seria aos berros.

A maneira pausada como ele se ergueu lembrou-a, em assombro, o dia que tudo aquilo começara. O banheiro. E o dia que, tinha certeza do que vira, Malfoy tentara matá-la.

Com a voltinha deles em um passado de dezoito anos atrás, a questão havia sido esquecida.

Malfoy estava mesmo com problemas e, de alguma forma, estavam ligados a missão imposta pelo globo a eles. Não podia ser uma mera coincidência Malfoy aparecer alterado naquele banheiro e um globo profético logo depois.

— Já parou para pensar que talvez eu esteja ficando louco, perspicaz Granger?

— Você não está louco, Malfoy, está com problemas. Problemas que podem estar ligados a nossa missão. Já parou para pensar que o globo que nos trouxe para cá apareceu bem naquele banheiro? Onde você me atacou e não se lembra de ter feito aquilo? – indagou provocativa, gesticulado para que Malfoy se concentrasse nela, citar o banheiro o fez baixar a guarda, baixou os braços ao lado do corpo e calou-se, reflexivo.

  - Pode me contar qual foi sua visão agora?

Draco mirou o chão, uma veia ficara proeminente na lateral do pescoço. Hermione não piscava, encarava o rosto abaixado com tanto afinco que os olhos pareciam estar prestes a saltar. Faria-o falar, por pressão ou vontade própria.

Conseguiu alguns minutos depois.

— Primeiro eu só ouvi passos, devia ser uma perseguição... depois a visão foi cortada e eu vi Bellatrix – contou ele com a voz cansada.

Hermione prendeu a respiração e segurou-se para não cortá-lo com alguma pergunta, a menção do nome da assassina trazida dos mortos não devia ser mais inesperada, mas era.  Draco sabia que a Granger não se contentaria só com aquela informação. Franziu a testa, tentava buscar mais alguma coisa útil, porém a visão que ele tivera era embaçada, e o olhar ansioso da garota não o ajudava a recordar-se.

— Ela estava duelando com alguém – continuou – Um lugar cheio de objetos, uma loja talvez. Houve um estouro, vidro... e acabou.  

— Conseguiu ver com quem ela brigava?

— Não.

Hermione arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços e dando uma volta em si mesma lentamente, pensativa.

— Nunca ouvi falar de nenhum caso em que alguém que veio para o passado ficou ligado ao presente de alguma maneira... isso é estranho, Malfoy, tem algo errado.

— E o que importa, Granger? Não faz nenhuma diferença! Isso não nos dá nenhuma pista, dá? – Ela relutou em balançar a cabeça em afirmativo – Precisamos sair daqui e encontrar a pedra— insistiu, perdera a paciência, não queria a Granger pensando nele e suas visões, tentando resolvê-lo.

Ela suspirou soltando todo o ar dos pulmões, dando-se por vencida. O sonserino estava certo por ora, a visão não os dera nenhuma ajuda para resolverem seus problemas ali, só os mostrara que Bellatrix estava atacando e a pressão para agirem mais rápido instaurara-se, mas era algo curioso, era outra questão a ser respondida e Hermione não ignorava nenhuma, queria resolver tudo e voltar para Hogwarts, mas não era simples assim, ela sabia.

Bem, não havia outra maneira a não ser concentrarem-se em achar a pedra da ressurreição enquanto Draco ainda era um mistério. Já teriam um grande trabalho para descobrir onde a relíquia está.

O ventou agitou a grande árvore do outro lado do rio, as folhas secas do outono, que só ficavam de um dos lados da árvore das quatro estações agitaram-se formando uma onda parda.

 - Temos que ir, Granger – chamou Draco, mas Hermione estava mergulhada em pensamentos sobre Aedes Temperium.

“Vou-lhes mandar a um lugar seguro, de lá poderão seguir para onde quiserem”, disse Satturnos antes de jogá-los lá.

— Talvez não precisemos voltar para o Beco Diagonal de dezoito anos atrás.

Era a Terra do Tempo, não era? Estavam tão perdidos que Hermione tentaria de tudo. Fechou os olhos ignorando alguma ironia que o loiro fazia. Sem saber o que fazer, apenas imaginou o lugar, projetando-o para fora de sua mente.

 O ventou aumentou, agitava os cabelos dos dois, Hermione retirou os fios que grudaram em sua boca, as roupas colaram-se a seus corpos e a areia próxima dos rios rastejou até seus pés, folhas sobrevoavam sobre suas cabeças.

O Vira-Tempo girava novamente, tão rápido que queimava o peito da menina como da primeira vez, mas ela não gritou desta vez.

Tudo evaporou-se e eles estavam no vazio novamente.

*

O baque com o mármore frio causou-lhes um choque térmico desagradável. Malfoy xingou alto, caíra por cima do braço. Hermione, para seu alívio, reconheceu o teto alto acima dela. Depois desceu os olhos pelas paredes só para ter certeza, as janelas deixavam a luz lunar entrar e as árvores do lado de fora eram um manto escuro.

— Granger! Por Merlin... o que você fez agora? – exclamou Draco tomando consciência de onde estavam.

As palavras saíram como uma prece atendida, e ela deixou um sorriso mínimo formar-se em seu rosto:

— Estamos em Hogwarts.

Estavam sentados no meio do Saguão Principal, e antes que Hermione pudesse explicar o que acontecera, passos e conversas animadas dos alunos cortaram o corredor. Draco alarmou-se, pondo-se de pé, agarrou Hermione pela bainha da blusa e a puxou para uma porta pequena quase escondida por uma escada em que tinham que abaixar as cabeças para entrar. O armário de vassouras.

— Abaffiato — conjurou assim que o loiro fechou a porta, para que ninguém pudesse notar sua conversa dentro do cômodo. O espaço era tão diminuto que no mesmo instante quis sair de lá, estava grudada com Malfoy, os braços roçavam uns nos outros.

— Pode me explicar o que é que aconteceu lá?! – questionou ele logo encostando-se em uma das paredes, o que não o distanciou muito da grifinória, mas já era um pouco melhor.

— Satturnus disse que poderíamos ir para onde quiséssemos de Aedes Temperium e eu supus de que ele talvez estivesse falando de viajar no tempo – explicou ela encolhendo-se para junto a parede oposta. Alunos subiam as escadas acima deles.

— E agora estamos em que tempo?

— Nosso sexto ano.

O olhar que ele lançou a ela foi tão frio e duro que Hermione acreditou que ele estava prestes a pegar a varinha e estupora-la. Adiantou-se antes que Malfoy pudesse falar desejando que o fizesse mudar de opinião antes mesmo que ele se opusesse.

— Escute, não fazíamos ideia de onde estava a pedra há dezoito anos, então desejei que viéssemos para um ano que eu soubesse onde ela se encontra. Dumbledore está com ela. Precisamos pegá-la. Nós progredimos.

— Progredimos? – desdenhou ele cuspindo as palavras – Você me traz logo para meu sexto ano?

Hermione deu-se conta do que o loiro queria dizer, tinha os trazido para o ano em que ele tentara matar Dumbledore. Ele deu um soco na parede de madeira do armário, duas vassouras titubearam, e ela se encolheu mais ainda, nunca o vira daquela maneira, tão furioso, mas toda tempestade cinzenta daqueles olhos também havia um sinal de desamparo, era uma fraqueza. Ela a viu mesmo que por uma fração de segundos.

— Malfoy, temos que pensar na missão agora, precisamos da pedra, Lestrange já está causando caos, você viu...

— Eu sei, Granger – cortou ele surpreendendo-a com a concordância, Hermione se recompôs endireitando as costas e antes que pudesse discutir sobre um novo plano, a porta do armário abriu-se tímida, Draco segurou-a antes que fosse escancarada.

— Ocupado – resmungou impaciente pela fresta, mas sem mostrar o rosto.

— Desculpe, Draco – Uma voz receosa respondeu e um segundo depois passos apressados retiniram no saguão. Hermione sobressaltou-se.

— Não se preocupe, Granger, não é nada muito suspeito, eu vinha aqui às vezes – explicou indiferente.

Ela perguntou-se o que faria Draco Malfoy em um minúsculo cômodo cheirando poeira e ar viciado, mas não achou que fosse o momento. Puxou de um dos bolsos da calça sua bolsa com feitiço de extensão e após alguns minutos remexendo os livros, as roupas novas, encontrou o uniforme escolar que havia guardado ali. Entregou o de Draco a ele, acrescentando:

— Temos que tomar muito cuidado agora, se a Hermione e o Draco do passado nos virem...  Ou se alguém ver dois de nós no mesmo momento... – Hermione engoliu em seco, pelo visto, estar num passado em que eles nem falavam ainda era bem mais tranquilizador, mas bem, quando é que suas opções eram fáceis?

Colocaram o uniforme por cima das roupas e esperaram os alunos se recolherem para os Salões Comunais, Draco sentou-se com o cóccix escorregando da parede e uma perna segurava a porta para que não precisassem lidar com mais ninguém. O barulho juvenil foi se esvaindo como água pelo ralo até Hermione só conseguir ouvir sua respiração e a do sonserino.

Girou a maçaneta, e olhou para os lados do corredor por uma pequena fresta, ninguém. Chamou-o com uma das mãos enquanto abria de vez a porta, o loiro lançou um olhar desconfiado, mas saiu junto a ela do armário.

— Aonde agora? – questionou ele ao seu lado enquanto observavam perdidos, o lugar que conheciam tão bem. A grifinória hesitou, agora que sabia onde a pedra estava, não fazia ideia de como iria pegá-la, as opções rondavam sua mente... duvidava que a relíquia da morte estivesse a um alcance acessível para que pudessem roubá-la. Instintivamente, olhou para Malfoy.

Teriam que pedir ao próprio Dumbledore.

E, pelas veias ligeiramente vermelhas saltando pelo pescoço alvo do garoto, ela notou que Malfoy também devia estar perto daquela conclusão, se já não havia chegado.

— Deveríamos ir ao escritório do Dumbledore. – A frase saiu insegura, quase como uma pergunta, estava esperando a oposição do sonserino com um argumento já preparado, mas ela não veio o que fez Hermione vacilar mais um pouco. Engoliu a saliva retomando a compostura, mesmo assim, sentiu a necessidade de concluir o discurso:

— Se não estiver guardada lá, então é onde vamos descobrir onde está.

Não acrescentou que talvez precisassem falar com o homem a qual Draco apontou a varinha para matá-lo. Todavia, se queriam sair do passado, então iriam caminhar até o escritório e bateriam a porta do diretor, o sonserino conseguiria fazer isso, afinal, ele sabia o final da história, não sabia? O diretor não morreria pelas mãos dele. Porém o rosto inexpressivo do Malfoy deu lugar a um pequeno sorriso amargo.

— Você não faz ideia, não é?

Hermione parou, o que ele queria dizer?

A sombra de alguém se aproximando tirou a atenção que um tinha no outro para um estado alarmado, sem pensar muito, a grifinória puxou Malfoy na direção das escadas que davam para as masmorras, a única saída que tinham. Pés atrás deles começaram a correr, devia ser Filtch atrás de algum aluno fora da cama.

Passaram pela porta do Salão Comunal da Lufa Lufa com os passos do terceiro individuo a seu alcanço, e deram de cara com um quadro pintado com uma pera.  Olharam para trás, os passos continuavam vindo em sua direção. Hermione ergueu a mão para o quadro e fez, o que Malfoy não conseguiu esconder a confusão, cócegas no quadro.

E as portas da cozinha abriram para eles.

A menina empurrou o loiro para dentro e fechou a porta.

Vários pares de grandes olhos fitaram os inesperados visitantes, mas logo os elfos domésticos reconheceram a fundadora do FALE e voltaram ao trabalho, menos um.

— Hermione Granger! – gritou Dobby entusiasmado deixando cair um prato que colocava em uma pilha alta e reluzente. Usava meias listradas e um casaco, correu até a menina parando do meio do caminho com uma expressão intrigada, piscou os olhos e puxou as orelhas pontudas para baixo

— Draco Malfoy? O que Hermione Granger faz com Draco Malfoy?

Por trás de seu ombro, ela ouviu Draco suspirar e queimá-la num olhar: “Resolva isso agora”

Ver o inocente elfo parado ali, a um passo de distância, fez seu peito apertar-se e sua mente reviver a última vez que ela o vira vivo, na mansão Malfoy, salvando seus amigos.

Como odiava o passado, como adiava saber qual seria o fim de Dobby e de vários amigos que dormiam em suas camas naquele momento.

— Draco Malfoy não é bom com Hermione Granger, ele a chama de sangue ruim e Dobby não gosta que maltratem os amigos dele! – continuou o elfo agitando os braços.

— Cala a boca, seu elfo inú... – Hermione virou-se para ele antes que pudesse completar a frase, Draco calou-se, notando que havia coisas mais importantes a xingar seu antigo elfo doméstico.

— É uma longa história, Dobby, mas precisamos ficar aqui por algum tempo. – Tranquilizou-o e lançou um olhar incisivo para o colega – Malfoy... não vai fazer nada contra mim ou a você.

Draco maneou a cabeça em positivo, rolando os olhos.

O elfo lançou um último olhar receoso para o loiro e levou-os até uma das quatro mesas que se dispunham na cozinha, iguais a do Salão Principal, pratos e copo vazios apareciam magicamente nela e logo eram retirados por alguns elfos em direção às pias. Sentaram-se em um canto livre de uma delas.

Dobby estralou os dedos e um pano voou para suas mãos, começou a enxugar uma taça, mas não conseguia manter os pés quietos, praticamente dançava enquanto secava mais louças e as arrumava em uma pilha pequena.

— É hora de Dobby trabalhar, mas Dobby pode conversar com Hermione Granger enquanto trabalha. Com fome?

Sem responderem, o elfo estralou os dedos novamente e dois pratos com torta e cálices de suco de abóbora apareceram a sua frente. Não conseguiram esconder a fome e atacaram a comida.

— O que fazem Hermione Granger e Draco Malfoy aqui? – perguntou Dobby lustrando mais um prato, Hermione viu o reflexo de seu cabelo emaranhado e corou, desfazendo a bagunça com os dedos.

— Hã, nós... estamos procurando uma coisa, Dobby.

— Dobby pode ajudar! E o que... Winky! Não! – A atenção dos dois foi desviada para um Winky de orelhas longas e olhos castanhos com uma garrafa de cerveja amanteigada nas mãos, cambaleando na direção da pilha de louça limpa, Dobby correu para ampará-la e impediu-a que derrubasse os pratos por centímetros, os outros elfos arfaram.

— Nós íamos tricotar meias para os amigos de Dobby hoje, Winky má! – gritou ele com a voz aguda e colocou-a numa cadeira, a elfo arrotou, disse algo inaudível, e um segundo depois estava dormindo, ou desmaiada, Hermione não sabia dizer. Draco bufou a seu lado, acabando a refeição.

— Me trouxe aqui para fazer propaganda dos elfos livres, Granger? Ou um discurso de como minha família é horrível por ter elfos domésticos?

— Prefere ficar com os elfos ou explicar a alguém o que eu e você fazemos sozinhos no corredor? – rebateu ela tomando o último gole de seu suco.  Draco riu pelo nariz e lançou-lhe um sorriso malicioso.

— Ah, seria divertido, Granger.

— Idiota.

— É, mas não sou eu quem está com bigode de suco de abóbora. – Hermione levou as costas da mão rapidamente até os lábios enquanto o loiro desfrutava dos segundos de embaraço dela.

A louça suja acabara e os últimos pratos foram empilhados, Dobby agora jogava água no rosto de Winky tentando acordá-la e os outros elfos passavam por eles, cochichando e lançando olhares não muito amigáveis para Draco, que os respondeu com uma carranca, e se recolhendo para qualquer que fosse o lugar em que moravam.

— Dobby vai levar Winky para a cama dela e já volta para ajudar a amiga dele e Draco Malfoy a acharem o que estão procurando – disse ele passando os bracinhos finos da elfa por seu pescoço enquanto ela babava em seu ombro.

— Não precisava, Dobby, já estamos indo embora – negou a grifinória – Mas não comente com ninguém que estivemos aqui, tudo bem? Esqueça que eu e Malfoy viemos ou vai me colocar em problemas!

Dobby piscou novamente.

— Não contar? Dobby sabe guardar segredos!

E assim ele sumiu com Winky por outra porta, nos fundos da cozinha.

Estavam sozinhos.

— Ora, não pensei que houvesse alguém aqui.

O coração de Hermione deu uma batida em falso, em sua cabeça nem ao menos tinha lhe ocorrido os sentimentos que aflorariam com aquele encontro. Só imaginou superficialmente em como Malfoy se sentiria porque era ele o mais aflito, mas não ela. Estava tão concentrada na missão que não notou que estava perdida de si.

Até ver Dumbledore.

Seu plano não era tão fácil quanto imaginou, vendo Dobby e agora seu antigo diretor na sua frente a garganta se fechou. Olhando nos olhos azuis por trás dos óculos de meia lua que naquele ano, em poucos meses ou talvez dias, não sabia a exata data que estavam, estariam mortos.

E ela não podia fazer nada.

— Gosto de roubar comida da cozinha de madrugada – riu-se ele sem demonstrar o mínimo estranhamento com a cena – Parece que fui pego desta vez, não é, Srta. Granger, Sr. Malfoy?

Draco agarrou os dois joelhos em baixo da mesa ao ouvir seu nome ser proferido novamente por ele.

Ele. Ele. Ele.

O ano que passara tentando matá-lo, e quando Draco pulou de cabeça em um buraco negro que engoliria sua alma achando que era onde os vencedores pulavam.

A sala da coroa tinha se transformado em uma prisão fria e solitária.

Mas foram eles que o empurraram para o buraco. Eles.

Antes de Hermione saltar da cadeira, Draco notou que ela o olhou de relance.

— Professor! – A voz saiu mais elétrica do que deveria e seu lábio inferior tremeu. Não, Granger, não – Nós estávamos...

— Posso dizer que é um tanto peculiar encontrar os dois juntos. – Dumbledore caminhou pela cozinha aproximando-se do armário e puxando com as mãos longas um vidro de algo laranja, abriu a tampa e afundou o dedo no doce, levando-o até a boca. Draco não moveu um músculo, entreolhou-se com a grifinória e indicou-a com o queixo querendo dizer para ela inventar a desculpa.

— A essa hora provavelmente estariam trocando farpas... – continuou o diretor, colocando o vidro sobre uma das mesas, o impacto pareceu ressona pela cozinha inteira aos ouvidos dos dois jovens. Dumbledore deu-lhes um sorriso amigável e aproximou-se de Hermione, Draco afundou-se na cadeira.

— Todos esses anos em Hogwarts e só fui agraciado de uma amizade verdadeira entre grifinória e sonserina uma única vez. Entre Lilian Evans e Severus Snape.

Hermione mordeu o interior da bochecha enquanto escutava o antigo diretor, incapaz de interrompê-lo, mas perguntou-se o porquê de ele estar contando aquele segredo a eles, era algo que Harry viria só saber um ano depois.

— O que me faz pensar que você, Srta. Granger, usou seu Vira-Tempo de novo.

Hermione arregalou os olhos em confirmação e Dumbledore balançou levemente a cabeça, colocando uma mão em seu ombro, desviou os olhos azuis para Draco que encarava a mesa com os braços apoiados sobre ela.

— Além disso, seu cabelo está mais comprido, Srta. Granger. Agora vamos, devem ter algo importante para me dizer. 


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Notas finais do capítulo

Eu sei que muitos estavam esperando que Draco e Hermione pedissem ajuda a Ordem da Fênix, mas a aparição de James na história foi apenas algo que eu achei legal em colocar, não estava nos planos que eles se envolvessem. Espero que não tenha desapontado vocês, mas sei que vou conseguir explorar muito mais com o casal indo para o sexto ano em Hogwarts.
Gostaram das aparições que tivemos? Dobby ♥
Esse capítulo ficou maior do que eu achei que ficaria, e por questão de cronologia é bem provável que o próximo capítulo também seja do Malfoy e da Hermione.
Estou fazendo a playlist da fanfic, já tenho algumas músicas, mas não está completo. Quem quiser: https://www.youtube.com/playlist?list=PLL4TJjbeS3dD7li_RE3wRfcvKCrLuFZZR
Fiz pelo youtube mesmo, mas se alguém souber de uma plataforma melhor me diga.
E EU SEI QUE VAI TER GENTE ME COBRANDO DO BEIJO DOS DOIS, mas como eu disse, o capítulo ficou maior... então no próximo...

Perguntas:
1- O que vocês acham que Malfoy fazia no armário de vassouras? Digam suas teorias, sejam criativos. E eu também vou dizer a minha.
2- O que você acha da amizade entre a Lily e o Snape quando eram pequenos? Acham que ela pensava nele (Como amigo, porque é claro que ela amava o James) quando já não se falavam mais?
3- Altas confusões no sexto ano? Ou vai ser mais tranquilo? Acha que vai acontecer algo em específico?

Espero que tenham gostado, digam se há algo a melhorar.
Beijos e um feliz dia das mães para suas mães ou alguém que você considera como.

https://twitter.com/MajudeFreitas (Twitter com crise de todos os tipos, mas vamos fazer um clubinho dos leitores de Tenebris)