Running With You escrita por SweetMeri


Capítulo 4
A big trouble coming




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AMERICA POV

Senti dois dedos acariciando meu cabelo. Mary, com seu jeito delicado, sabia bem o que fazer para me mimar. Ainda de olhos fechados, comecei a mexer minha cabeça, incentivando o carinho, até ouvir alguns risos. Risos? Pisquei rapidamente e abri meus olhos, tentando enxergar naquela claridade. A primeira coisa que vi foram olhinhos castanhos, que estavam cansados e abatidos, combinando com o cabelo levemente claro e totalmente desgrenhado. Sem contar a camisa para fora da calça e totalmente amassada, e pés descalços. Maxon era quase irreconhecível daquele jeito. Acho que eu estava esquecendo alguma coisa...AH MEU DEUS, MAXON! Levantei bruscamente, assustada. Ele se afastou um pouco, surpreso.
– Ei, ei, calma! Tudo bem?!
Lembrei da noite passada, na qual eu havia tentado me esquivar a todo tempo, provavelmente o deixando chateado, mas não era por mal: queria tempo. Na verdade, eu não sabia bem o que queria. Eu estava tentando recuperar sua confiança e havia optado por escolhê-lo, mas ainda não havia parado de pensar em Aspen. Eu estava dando um tempo.
Pensei na minha aparência no momento. Corri para o espelho do canto, enquanto ele me olhava irônico, e soltei um gemido quando vi aquela situação: meu cabelo estava extremamente embaraçado e bagunçado, cheio de penas, eu estava com cara de sono, o vestido completamente amassado e descalça. Eu não ligava para aparências, mas aquilo já era demais.
– Você nem está tão ruim assim. Só está meio...selvagem? Pelo menos não pior que eu.
Olhei a pilha de intermináveis papéis. Ele passara a noite inteira trabalhando? Me senti um pouco culpada por ter tomado seu tempo na noite anterior. Mas ainda não me arrependia.
– Nossa, você não descansa mesmo hein... - Meu estômago roncou. Era hora do café. Isso me fez lembrar de algo... - AH MEU DEUS! EU TENHO QUE IR, ANTES QUE PENSEM QUE NÓS DOIS...!!! - Ele me olhou como se eu tivesse ficado louca, rindo tanto que tombou para trás. Acho que ele não tinha noção do tamanho do problema que isso podia causar.
Já fui logo tentando achar meus sapatos naquela imensidão branca, enquanto ele se divertia com a situação e me ajudava a procurar.
Achei os sapatos, nem calcei, os peguei na mão e fui em direção à porta, sem olhar para trás.
Ao sair, dei de cara com dois guardas que me olharam de um jeito estranho, quase rindo da minha cara, mas mantendo a pose.
– America, você esqueceu o...livro. - Ele apareceu logo atrás de mim, me entregando o diário que eu começara a ler noite passada. Ele parecia um pouco mais sério, entendendo a confusão que aquilo poderia causar.
Os guardas pareceram muito surpresos, com seus olhos arregalados como se tivessem visto um fantasma. Sai apressando os passos, enquanto Maxon falava com eles. Bastou apenas um olhar para nossa despedida.
Cheguei no quarto e ao abrir a porta me deparei com as criadas quase em êxtase de alegria.
– Senhorita, pedimos uma café reforçado para você no quarto, já que não chegou a tempo de comer no salão e não sabemos se a senhorita se alimentou a noite, embora ache que o príncipe não lhe deixaria passar fome...
– Anne! - Voiciferou Mary.
– Perdão, senhorita.
– Eu só...acabei adormecendo lá. Só isso. Nada mais. Apenas isto. Só.
Elas sorriram e se entreolharam, quase gritando.
– Claro, senhorita. Vamos preparar um banho para...revigorar sua beleza. - Disse Mary, olhando a minha aparência. Àquela altura eu já estava tão vermelha que a minha pele se igualava ao tom dos meus cabelos. Oh céus. O que todos vão pensar?!
(...)
Maxon não almoçou com as selecionadas hoje. Talvez esteja trabalhando em seus orçamentos e recuperando o tempo que gastou comigo. No almoço, eu apenas disse às meninas que passara mau naquela manhã, e não fora ao café. Elas nem prestaram atenção, já que estavam ocupadas com outro acontecimento com Elise.
À tarde, eu passeava pelos corredores vazios do palácio e resolvi subir o andar do quarto de Maxon, só para andar. Andei distraidamente, até que parei ao ouvir alguns gritos do que eu sabia que era o escritório do rei. Congelei:
– ...comigo. Eu trabalhei muito sério nisso, a noite e a manhã toda, revisei cada página! Não há nenhum erro, eu garanto. - Era Maxon, com o tom de voz um pouco elevado. Para se irritar, nem que fosse um pouco, a discussão já devia acontecer a algum tempo, e sua incrível paciência já devia ter sido muito testada. Eu o conhecia, ele não se estressaria por nada. Me aproximei para enxergar entre uma fresta.
– Você ainda NÃO provou sua dedicação. Trabalhe mais, e veremos se algum dia você chegará ao governo, porque não saberá governar uma mosca se continuar a desviar o foco. - O rei estava ficando bravo. Bem bravo.
– Eu fiz meu trabalho e não reclamei ou hesitei por um minuto! Não há erros! Como eu deveria me dedicar mais que isso?! Estou trabalhando duro, senhor. Não sei mais o que fazer.
– ESTÁ VENDO?! SE NÃO CONSEGUE CONTROLAR SEU TOM DE VOZ OU OUVIR MINHAS ORDENS, NÃO PODE ASSUMIR TUDO ISSO! SE NÃO SABE ESCOLHER UMA ESPOSA, COMO ESCOLHERÁ O MELHOR PARA O PAÍS?! VOCÊ AINDA NÃO ESTÁ PRONTO! BOM, NUNCA ACHEI QUE UM DIA ESTARIA. VOCÊ NUNCA PARECEU CAPAZ. - Clarkson estava prestes a explodir. Maxon baixou o olhar por um segundo. Ele nunca tivera um pai. Tudo o que tivera foi um carrasco. Então ele voltou a falar, com um pouco mais de raiva, mas ainda controlado.
– Isso é uma INJUSTIÇA! O senhor não pode colocar uma questão pessoal influenciando um trabalho para o país! - Percebi que as folhas da noite passada estavam rasgadas e na lata de lixo. Depois de tanto trabalho o rei apenas joga fora?! Será que o problema era realmente o trabalho? Ou humilhar Maxon era seu passatempo favorito no tempo livre?
– ESTÁ ME CHAMANDO DE INJUSTO?! - Ele deu um tapa forte no rosto de Maxon. - VEJA BEM COMO FALA COMIGO SEU IMPRESTÁVEL! LEVATE A CABEÇA E APANHE COMO HOMEM!!! - Ele bateu novamente, seus gritos ecoavam por todo o corredor, mas os guardas apenas se fingiam de surdos.
E ele deu outro tapa. E outro. E outro. E mais um. A cada tapa eu sentia que ia vomitar, mas não conseguia me mover. Sua raiva apenas aumentava, assim como a minha.
Então, ele levantou da mesa irado e virou Maxon de costas, dizendo palavras repugnantes, enquanto Maxon a essa altura já estava de cabeça baixa novamente.
Eu sabia o que ele faria depois que arriou a camisa dele. Não consegui assistir. As minhas lágrimas quase secaram com a temperatura que meu rosto chegou. Eu cheguei a uma fúria inacreditável. Pensei em tudo que Maxon havia sofrido, e tudo que o rei fizera a ele. Tudo o que eu queria era MATÁ-LO.
– O QUE MAIS VOCÊ QUER DELE???!!! O QUE MAIS VOCÊ PRECISA QUE ELE FAÇA?! VOCÊ JÁ TEM TODO O TRABALHO QUE ELE PASSA DIAS FAZENDO, TODAS AS HORAS DE SONO QUE ELE PERDE, A INFÂNCIA QUASE DESPERDIÇADA POR CAUSA DAS OBRIGAÇÕES, O SANGUE QUE JÁ TIROU!!! ALÉM DAS OBRIGAÇÕES EM QUE VOCÊ DEVERIA AJUDAR, VOCÊ AUMENTA OS DESAFIOS!!! VOCÊ NÃO É O PAI DELE!!!! VOCÊ NUNCA PASSOU DE UM ABUTRE QUE VEIO SE ALIMENTAR DAS FRAQUEZAS!!! VOCÊ TEM INVEJA DA INOCÊNCIA, PACIÊNCIA E GENEROSIDADE QUE NUNCA VAI TER!!! VOCE PODE SER REI, MAS ACIMA DE TUDO VOCÊ É PAI!!! PAI!!! ISSO É CUMPRIR O SEU PAPEL?! USÁ-LO COMO SACO DE PORRADAS E DESCONTAR A SUA RAIVA VAI TE TORNAR UM MELHOR PAI?! ESSE SANGUE QUE ESTÁ ESCORRENDO DO CORPO DELE É SEU!!! POR PIOR QUE VOCÊ SEJA, ESSE SANGUE VEIO DE VOCÊ! MAS EU TENHO QUE AGRADECER, PORQUE SEM VOCÊ EU NUNCA O CONHECERIA...ELE É UM ANJO QUE CAIU DO CÉU... NUNCA SERIA IGUAL A VOCÊ! - Eu gritei o mais alto que pude, deixando que as lágrimas caíssem. Eu estava em choque, com uma raiva irracional é indescritível.
Corri para o lado de Maxon. O rei mudou seu ódio para fúria profunda. Ele estava vermelho e eu juro que achei que ele fosse me matar. Suas mãos estavam tremendo e ele as apertava na ponta na mesa, que já estava desencaixando. Seus dentes se apertavam e seu corpo tremia de ódio. Acho que agora eu fiquei com medo, mas não deixei de olhar em seus olhos, que estavam vermelhos.
Maxon me olhava assustado e surpreso, sem saber o que fazer, a não ser encaixar suas mãos nas minhas. Lágrimas brotavam de seus olhos, e ele parecia mais chocado do que eu, sem coragem pra encarar o pai. Suas mãos tremiam de medo.
– SABE O QUE VOCÊ ERA???!!! UMA 5 IMUNDA E DESCARTÁVEL QUE SÓ ESTAVA AQUI PRA FAZER AQUELES INFELIZES ACHAREM QUE ESTA MERDA É UM SORTEIO! MAS ESSE INCOMPETENTE IMPRESTÁVEL "CAIU DE ENCANTO PELA GAROTINHA INDEFESA" MAS DANE-SE!!!! VOCÊ QUER SABER POR QUE VOCÊ CONTINUA?! PORQUE ELE COM SUA "ALMA CARIDOSA E FRACA" TEM PENA!!!! PORQUE NINGUÉM JAMAIS A AMARIA SE NÃO FOSSE POR PENA!!! SABE O QUE VOCÊ É AGORA???!!! UMA MORTA!!!! MAS NÃO SE PREOCUPE, VOCÊ NÃO VAI MORRER TÃO RÁPIDO...VOCÊ VAI GANHAR UM PRÊMIO PELA SUA CORAGEM...você vai ganhar tempo, minha cara - Sua voz agora era terna, suave, como se apreciasse o momento como um doce. - Você vai ganhar tempo, minha querida...vai ter tempo de ver cada membro da sua família morrendo dolorosamente...lentamente...imagineos gritos...o sangue...então eu vou te prender no pior calabouço que tiver, com os corpos à mostra, pra você lembrar dos incríveis momentos que passaram juntos...aí vai ser sua vez: vai morrer devagar e dolorosamente, e eu vou fazer questão de ouvir cada um de seus gritos e sorrir. - Pude ver um desejo enorme em seus olhos de continuar a tortura, mas ele pareceu ter uma ideia que machucaria muito mais do que aquele discurso. E funcionou. - talvez tenha sido bom aquele ignorante vagabundo do seu pai ter morrido pra te esperar no inferno.


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