Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 85
Capítulo 85. A verdade vos libertará


Notas iniciais do capítulo

De hoje q esse capítulo estava pronto, só não postei antes pq a parte em espanhol não tinha sido traduzida, enfim...



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Capítulo 85. A verdade vos libertará!  

Me despedi dos L.P's com uma dorzinha no coração... E na cara, claro, mas mais no coração, porque depois de todas as idas e vindas de Hogwarts juntos, na mesma cabine, finalmente eu havia sido deixado para trás.  

Continuei acenando pra eles, mesmo sabendo que a essa altura as carruagens estavam muito longe no horizonte para eles me verem. Tudo muito dramático e poético.  

— Ah, aí está você!  Está dando tchau pra quem, seu maluco? - John chegou todo cheio de energia nervosa e eu apenas baixei minha mão e o encarei com minha melhor expressão entediada. 

— Você estava me procurando pra quê, coisinha chata? Não pense que vou ficar escrevendo poemas com você só porque Louise quer! - Falei de braços cruzados e John levantou o olhar curioso pra mim, ele estava tendo dificuldades de abotoar o último botão da capa feia dele. – Estou de férias e convalescente, logo, não farei nada pelo G.E.M.E.! 

Ri, dolorido, porque ainda acho muito ridículo a sigla do nosso falso grupo de estudos. John revirou os olhos, sem paciência alguma para os meus dramas. Ah bom, ele deve tá todo ansiosinho pra ser feliz nos braços da namorada dele, mas quem está impedindo ele de ir? 

— Estava procurando você, porque meus amigos acham que eu vou ficar em Hogwarts, assim como meus pais e irmão e você me prometeu que me emprestaria a capa da invisibilidade para eu sair daqui sem ser visto para encontrar Sharam! - Ele tomou fôlego e soltou uma baforada de fumaça fria, só porque fala demais. 

Ah sim, aparentemente eu o estava impedindo de ir... 

— Não me lembro de ter te prometido a capa... Eu nem tenho uma capa da invisibilidade para emprestar, apenas um contrato de aluguel por um dia da semana. De onde você tirou essa ideia? - Perguntei genuinamente curioso, porque eu posso até não lembrar do que eu comi ontem, mas eu lembro minhas promessas. 

— Você me disse que ia me ajudar a sair de Hogwarts sem ser visto... - Ele murmurou baixinho e depois tapou o rosto com as duas mãos, desesperado, quase não consegui entender o que ele disse depois. – Não acredito que deixei algo tão importante sob sua responsabilidade!  

— Ai que drama! Que. Drama! - Consegui tirar as mãos dele do rosto triste. Sorri um sorriso de mil watts.  – É claro que eu não esqueci de você e Sharam, um dos casais que eu serei padrinho de casamento... Mas que fique bem claro, eu não prometi capa nenhuma! 

— E o que você prometeu? - O corvinal me perguntou desconfiado, sorri pra isso. 

— Prometi uma saída digna de Prison break, até tatuei o mapa de Hogwarts na minha pele! - Obviamente John não pegou a referência trouxa, então remexi meus bolsos, até encontrar seu presente de Natal feito a mão, porque sou desse tipo de pessoa que se importa. – E por pele, quis dizer pergaminho!  

— O que é isso? 

— Um pergaminho. - Respondi solícito, mesmo que fosse óbvio o que era. John aceitou o presente desconfiado e abriu o dito pergaminho mais desconfiado ainda. 

— Pra que serve? 

— Pra que serve um pergaminho? - Devolvi a pergunta, com diversão.  

— Pra arrancar o resto do seu nariz sem sujar minhas mãos?  - John perguntou raivoso e eu automaticamente protegi meu pobre e enfaixado nariz com duas camadas de poção cicatrizante. Que horror! Corvinais são tão cruéis... 

— Não, seu psicopata! Pergaminhos servem pra fazer mapas, dentre outras coisas que não cabem aqui, porque eu dei uma referência de mapas e Prison Break antes, fica nem bonito pra você não analisar o contexto da pergunta!  - Dei minha bronca, enquanto desdobrava o pergaminho na mão dele. 

— Eu analisei o contexto, não tem nada que chame mais atenção aqui do que o seu nariz enorme e roxo, com essas contenções nas laterais e na testa... - Ele ignorou o pergaminho, só para chegar mais perto do meu rosto, com uma careta meio enojada. – Parece que um mini pufoso morreu e tentaram enterrá-lo em uma caixa de alfinetes... 

— John, eu estou a isso aqui de te jogar no Lago congelado... - Mostrei a ele o quão perto Sharam estava de ser viúva.  

— O lago está meio longe. - Ele respondeu arrogante.  

— Eu dou meu jeito, não se preocupe. - Tirei o pergaminho das mãos dele e dei com ele naquela cabeça grande que os corvinais geralmente tem. – Agora presta atenção, porque eu não tenho o dia todo, eis aqui o que você deve fazer: abre o pergaminho, da dois toques na batedora esquerda, traz ela pra baixo com a ponta da varinha e diz “o poder está no balaço”. 

John me olhou sem entender e eu virei a cara dele de volta para o pergaminho.  

— Vamos lá, faz você!  - O incentivei, mas ele continuou me olhando com sua cara de melão murcho. – Faz, cara, vai dar certo!  

Ele sacou a varinha e seguiu as instruções e claro que o pergaminho respondeu daquela maneira maravilhosa, que me encantara na primeira vez que Fred me mostrou. Óbvio que fizemos algumas alterações, mas a essência era a mesma. 

— Oh, nossa, é um mapa mesmo! - A Hogwarts em 3D se desvelou no pergaminho e John fez exatamente a mesma coisa que eu fiz da primeira vez, olhou para a o caminho de cascalho entre a neve, por onde os testrálios passavam e para o mapa, caminho, mapa, caminho, mapa... Parei ele com um toque na mão, porque aquilo era irritante. – E está mostrando onde estamos! 

— Eu sei, fui eu que te dei de presente. Mas agora presta atenção, porque eu já estou atrasado e... 

— Então por que estava aqui perdendo tempo acenando para o nada? - Ele me perguntou em um tom curioso, mas eu só o encarei sério.  – Ok, não precisa dizer, me explica o mapa. 

— Obrigado pela atenção, agora fica quieto, pois o futuro de Sharam depende disso! - Ele me olhou sem entender e eu completei.  – Não achou que eu ia deixar a visita dela a Hogwarts nas suas mãos, né? Eu adoro aquela garota! 

— Não vamos poder visitar Hogwarts, tecnicamente pra todos do castelo, eu fui pra casa e Sharam não é aluna, então... - John gesticulou para que eu chegasse a conclusão sozinho, mas eu só revirei os olhos com sua inocência.  

— Para isso o mapa, mané, feito por um dos caras mais escorregadios da escola, com consultoria de um outro meliante muito bom em passagens secretas e tudo mais.  - Ele me olhou interessado e eu fiz questão de passar o recado dos grifinórios. – Fred e Sev pediram pra você avisar a Sharam que o presente é deles também, principalmente de Fred “que não deixou de pensar nela por um segundo desde a nossa visita a Uagadou”, palavras dele, não minhas. 

— Eu não vou dizer nada disso. 

— Achei que não. - Dei uma mapada compreensiva no ombro de John, porque Fred e Sev não tinham vergonha na cara. – Onde estávamos?  

— Funcionamento do mapa... 

— Funcionamento do mapa! Olha, John, não é pra me gabar não, porque nem fui eu que fiz, mas esse mapa é uma coisa linda feita com um feitiço de transfiguração memorial para o desenho e... 

— Transfiguração memorial? Que diabo é isso? - John me perguntou altamente curioso e eu tive que rir de nervosismo e excitação, porque era uma daquelas coisas que a gente nem sabia que existia, mas agora não sabe como pode ter vivido sem até hoje! 

— Eu não sei! Tipo, Fred tem tanta coisa magnífica naquele cérebro dele, que eu queria poder vestir minha roupa de Dora, a aventureira e ir lá só para trazer a cura do câncer a tona! - Falei empolgado, mesmo que soubesse que nunca poderia fazer isso, digo, sair da mente de Segundo com vida! 

— Eu não entendi merda nenhuma, mas estou muito empolgado com esse mapa! Me mostra, pelo amor de Circe! - John falou meio que sapateando na neve de animação e eu fiquei feliz, porque enquanto falava com Fred, ele não dava nenhuma impressão de que poderia gritar como uma garotinha com o tanto que aquilo era legal! 

Mostrei todas as zonas mapeadas que pude, inclusive aquelas mais legais e que Fred não conhecia - coisas da minha mente sendo postas no papel, que coisa linda! - aquele feitiço que transforma memória em desenho quase fazendo John pirar. Apontei os lugares importantes que Sev me alertou, inclusive aquelas passagens que ele reativou, como seu projeto de vida escolar. 

Depois de quase meia hora em pé naquele frio desgraçado, mesmo que eu não sentisse a ponta do meu nariz queimando com o frio, já que ela estava debaixo de camadas de poção, eu finalmente consegui falar tudo que tinha pra falar com John. 

Ele me abraçou feliz da vida - o que foi completamente não ele - e foi encontrar Sharam pela passagem mais próxima em que ele pôde se enfiar. Já eu fui encontrar com meus pais e Louise na sala de reuniões do Conselho, na asa norte do Castelo, sala essa que eu nem sabia que existia, então por isso cheguei atrasado. 

Por isso e porque fiquei meia hora brincando de mapa com o meu amigo de magia, John.  Não é como se eu estivesse empolgado com essa reunião de pais e mestres, isso nunca acabou bem pra mim, nem mesmo quando eu era um grãozinho de arroz bonitinho na pré- escola. 

Mundo injusto. 

*** 

Alguns minutos mais tarde, na dita sala de reunião, lá estava eu contando minha versão dos fatos pra minha mãe horrorizada e uma Louise cética, antes que Harry Potter começasse a mentir e mentir e mentir. 

Todos aqui sabemos o quanto esse homem não vale nada! 

Minha mãe me puxou para um abraço consolador, porque o meu nariz estava inchado, assim como os meus olhos, graças aquele efeito que acontece quando você machuca uma coisa e deixa a outra inflamada por tabela.  

Ela afastou minha cabeça e passou a mão de leve no meu queixo - também roxo - e eu imitei o biquinho dela, porque aquele desgraçado do Drakarr acabou com minha cara linda! As fotos do Natal desse ano vão ficar horríveis, o menino Jesus vai ficar tão triste... 

— ¿Usted sabe que va a estar de castigo, no es, cariño? [Sabes que vai ficar de castigo, não é, carinho?] - Ela me disse toda doce e eu acentuei minha cara emburrada, aquilo era tão injusto! 

— Pero estoy herido, ¿no es suficiente castigo? [Mas eu estou machucado, não é castigo o suficiente?] - Abracei ela de novo, porque sei que para os pais, é uma maravilha quando os filhos adolescentes são tão carinhosos assim em público. Sim, estou jogando com a fraqueza dela, me processe! 

— ¿Quién era el chico que ha dicho que te ha pegado?[Quem foi o garoto que você disse que te bateu?] - Ela perguntou em dúvida e eu apontei para Sebastian Drakarr, bem infeliz ao lado dos pais, já sentado em uma das cadeiras na fileira da frente. – Ah, pero él ya es un hombre adulto, qué absurdo! ¿Dónde está su padre para traducir mis palabras? Este joven me escuchará! [Ah, mas ele já é um homem feito, que absurdo! Cadê seu pai pra traduzir minhas palavras? Esse rapaz vai me ouvir!] 

— Madre, su cara esta peor que la cara de Cesc... [Mãe, a cara dele esta pior do que a de Cesc...] - Louise falou meio em dúvida, isso porque ela me alertara que a estratégia de Drakarr, ao menos na Torre da Corvinal, era dizer que eu parecia que estava possuído na briga, completamente fora de controle. Filho da mãe covarde! – Será mejor que acaba de oír lo que el señor Potter tiene que decir y salir de aquí! [Melhor a gente só ouvir o que o senhor Potter tem a dizer e dar o fora daqui!] 

Fiz que sim para essa sugestão da minha irmã querida, até porque eu já havia alertado a ela que iria dizer para Deus e o mundo que ela podia ter me impedido de fazer esse jogo, afinal, era isso que queria dizer o tradicional “cuide da sua irmã, Cesc. E não deixe ele entrar em confusão, Lou!”, que meus pais dizem todo santo ano, né?  

— Bueno, sí, ¿dónde está su padre, en cualquier caso? [Bem, sim, onde está seu pai, de todo o modo?] -  Minha mãe olhou ao redor, assim como eu e Louise. Nós três o localizamos perto da porta, em uma conversinha animada com Enrique e o... Pai dele? Mas o quê?  

— Él está com el en-ley de ... Oucht! Yo diría Dominique Weasley! [Ele está com o sogro de... Oucht! Eu ia dizer de Dominique Weasley!] - Louise me olhou emburrada e eu fiz minha melhor cara de inocente, não é como se eu tivesse pisado no pé dela, nem nada. – No trabajo con los rumores, Cesc, sólo con chisme confirmada! [Eu não trabalho com boatos, Cesc, só com fofocas confirmadas!] 

Louise me disse cínica, ainda me fuzilando com o olhar. Eu dei de ombros, o que quer que tenha chegado na Corvinal foi com muita distorção, então pronto, ela não sabe de nada. Era melhor para todo mundo que ficasse calada! 

— No es bonito chismes, miel, aunque el pobre Fleur Weasley me ha susurrado que su niña, Dominique, sufría por un muchacho mayor que ella año pasado... [Não é bonito essas coisas de fofocar, querida, ainda que a pobre Fleur Weasley tenha me segredado que a menina dela, Dominique, estava sofrendo por um garoto mais velho no ano passado...]  

Minha mãe parou de remexer o que quer que fosse que ela procurasse naquela bolsa enorme dela pra olhar melhor para onde meu pai, o senhor Dussel e Enrique conversavam, parecendo entretidos.  

— Ah ... ¿Es ese niño bonito? Parece el tipo que rompe corazones... [Ah... Será que é aquele rapaz bonito? Tem bem o jeito de que parte corações...] - Ela completou em dúvida e eu achei bem desnecessário, quero dizer, se ela apenas soubesse... 

— No es tan malo, estoy segura de que en el fondo, en el fondo, él es una persona decente! [Ele não é tão mal, tenho certeza que no fundo, no fundo, ele é uma pessoa decente!] - Louise terminou seu discurso simpático com uma piscadela pra mim, que graças a Deus nossa mãe não viu, muito intrigada com os Dussel pra nos notar. – ¿No es cierto, Cesc? [Não é mesmo, Cesc?] 

— En efecto, cuando uno profundiza, se encuentra más indecencia! [Na verdade, se você cavar mais fundo, você encontra mais indecência!]  - Falei entredentes para Louise, porque eu sinceramente não sei o que essa garota pretende com essa conversa estapafúrdia!  

— Yo no créo que... [Eu não acho que...] 

— Suficiente, señorita! Es demasiado viejo para ti, y sé muy bien lo que quieren los niños, tales como él... [Chega, mocinha! Ele é muito velho pra você, e eu bem sei o que garotos desse tipo querem...] - Minha mãe encerrou o assunto e eu dei risada da cara ofendida de Louise, porque ela odiava esse tom condescendente usado contra ela. Bem feito, intrometida! – Y sentémonos, porque parece que la reunión comenzará! [E vamos sentando, porque parece que a reunião vai começar!] 

Nos sentamos o mais longe dos Drakarr e meu pai não só ocupou a cadeira do lado, como também trouxe os Dussel a tiracolo. Enrique deu uma piscada nada suspeita pra mim e eu revirei os olhos. Esse dia por acaso vai acabar hoje ou é pedir demais? 

*** 

Era pedir demais sim, por isso que o pai de Elsie Dunigan apontava freneticamente na direção de um Marco Habermas ladeado pelo primo e tio no fundo da sala. Deuses, aquilo era um drama mexicano com baixo orçamento... 

— Um bastão, senhoras e senhores! Esse tipo de monstro nem sequer devia estar estudando ainda em Hogwarts! - O homem com uma barba branca comprida foi finalmente puxado pela esposa, que ainda teve que ouvir mais alguns resmungos raivosos dele. 

— Eu tenho certeza que foi sem intenção, senhor Dunigan, não é mesmo, senhor Habermas? - Treinador Potter perguntou, parecendo bem arrependido de ter convocado aquela reunião. O pai de Romeo fez questão de falar, mas Potter o interrompeu antes que ele começasse. – Me referia ao seu sobrinho, senhor Habermas. 

— Tive toda a intenção de acertá-la. - Marco falou sério,  Romeo deu risada e o responsável por ambos só abaixou a cabeça mortificado. Coitado... – Mas estou arrependido, parte porque a partida não teve vencedores e parte porque eu não queria ficar de castigo. Se eu apenas soubesse melhor... 

— Achou que não ia ser punido por jogar um bastão na testa de uma garota? - James perguntou ao lado da mãe, o que todo mundo queria saber. 

— Meu Salazar, Potter, por que tá tão indignado? - Marco perguntou irritado e Romeo sussurrou algo pra ele. – Não, eu sei! Só que ele tá se importando mais do que a própria garota! Ela não pareceu frágil quando tentou mandar Cesc catar lenha debaixo das arquibancadas... Não foi mesmo, capitão?  

— Verdade, meritíssimo, ela foi muito má comigo! - Me levantei para defender meu futuro goleiro que havia pedido por minha ajuda. – Não sei precisar o quanto dessa miséria no meu rosto foi graças a senhorita Dunigan, mas peço para que fique registrado em ata a selvageria dela! 

— Eu nem toquei na sua cara naquele lance, Fábregas! - Para uma corvinal, Elsie Dunigan era muito burra! Me levantei de novo e apontei para ela. 

— Ela não nega que me agrediu, ou seja, assumiu o risco de ser igualmente agredida. Encerro o meu caso aqui. - Ajeitei meu sobretudo antes de me sentar tal qual um advogado que acabou de ganhar uma batalha judicial.  Meu pai deu tapinhas orgulhosos no meu ombro e os primos Habermas fizeram sinais de apoio, felizes com minha defesa do indefensável.  

— Eu não... Err... Um mês de detenção tirando neve do caminho até Hogsmeade para o senhor Habermas.  - Potter bateu o martelo sem paciência e todos nós o olhamos horrorizados. – Com magia, gente, ele pode usar magia pra tirar a neve, pelo amor de Merlin! Vamos prosseguir? 

— Quero colocar aqui minha indignação com o lance de Lexa Prutt e Enrique Dussel, quero dizer, foi tudo muito absurdo, ele a atirou da vassoura! -  Olhei meio intrigado para o grifinório que acabara de voltar ao seu assento depois de dizer isso. 

— Então essa é a voz de Quérrel? Eu sempre me perguntei isso. - Enrique disse alto suficiente para que até mesmo Louise do meu outro lado ouvisse. Meu pai deu uma risadinha discreta para a surpresa dele com a voz do batedor grifinório. 

— Você sempre se perguntou isso? - Me inclinei pra falar diretamente com ele, sem a barreira do corpo de meu pai. Ele me encarou de volta com sua melhor expressão entediada. 

— Dentre outras coisas igualmente importantes... Jurava que ele era gago, não sei porquê!  - Enrique falou esse final pra ele mesmo e eu só revirei os olhos, porque, né, aquilo não fazia o menor sentido. Toda a sala parecia esperar por alguma coisa, então o próprio Enrique se pronunciou. – Ah sim!  Eu me declaro inocente das acusações!  

— Então você quer dizer que não me atirou no ar de uma vassoura em movimento? - Lexa virou indignada, sendo puxada por uma senhora de cabelos castanhos compridos e uma cara rechonchuda avermelhada. – Pera, mãe! Quero ver ele mentir bem na minha cara! 

— Eu não te atirei de uma vassoura em movimento, porque isso implicaria em dizer que uma dama como você teve coragem de pular no meu pescoço pra me dar uma mordida. -  Enrique disse tudo com aquela jeito rosnado dele, de quem jogaria um bastão na testa de Lexa, se pudesse. Ai deuses, só eu pra aguentar o povo do meu time! 

— Só porque você usou um feitiço confundidor contra James! - Lexa contra argumentou com as mãos na cintura, parecendo uma daquelas mulheres barraqueiras de filme americano. O contraste de suas vestes trouxas punks e o casaco sóbrio da mãe era gritante. 

— Só porque o adorável James, tentou tocar fogo na vassoura de Romeo, depois que ele acertou uma vassourada na cara de Weasley II, por ter quase derrubado Heidi da vassoura dela, puxando sua capa. - É por isso que não devemos provocar Enrique, ele está fazendo exatamente a mesma coisa que fez com Haardy! Eu dei risada, claro! Onde eu estava quando... Deixa pra lá. – É pra brincar de falar a verdade? Vamos brincar de falar a verdade! 

— Claro que nada disso aconteceu, inclusive ninguém foi jogado da vassoura, não é mesmo, Lexa? - James suplicou para a artilheira do time dele, como se o olhar raivoso da mãe dele fosse melhorar com isso. Que inocente! A senhora Potter parecia que poderia colocar fogo nele só com o olhar! Eu queria ver isso... 

— Claro que sim, nada disso aí aconteceu, não é mesmo, Dussel? - A jovem representante dos punks de raiz no meio dos meliantes mas temidos de Hogwarts agora mudou o tom, se acalmou e falou olhando para Enrique com seu pior olhar. A essa altura a mãe da grifinória já tinha derretido em uma poça de constrangimento. Eu fico com pena de alguns pais, viu? 

— Era o que eu estava tentando dizer desde o início, não aconteceu nada demais naquele jogo! - Enrique se sentou feliz e o pai dele o abraçou de lado, mostrando o porquê o monstrinho dele era assim. 

Desse pai aí eu não tenho pena!  

O senhor Dussel não parecia nenhum pouco com o senhor amargurado que brigava por dinheiro com os filhos,  pelo contrário,  era uma versão mais velha e grisalha de Enrique, não aparentando em nada que era pai de três criaturas com mais de 30 anos. 

Impressionante! 

— Filho, o senhor Potter te fez uma pergunta.  - Olhei para frente com o aviso de meu pai, só para ver Harry Potter respirar fundo e me mandar um sorriso falso de sua mesa de juiz improvisada. 

— O que foi que aconteceu entre o senhor e o senhor Drakarr, menino? - Ele me perguntou cansado, provavelmente achando que eu enrolaria. Os Potter sempre pensam o pior de mim, nem sei o porquê, eu quase nunca dou motivos... 

— O senhor quer a história completa?  - Perguntei sério, com o espírito Dussesco da verdade em mim. 

— Sim, senhor Fábregas, quero toda a sua versão dos fatos, por favor! - Ele até se sentou, o que me deixou feliz. Me levantei teatral como Tony e comecei minha triste história. Pude ouvir alguns suspiros e lamentos ao longe, devidamente ignorados. 

“ Tudo começou quando Heidi me pediu pra fazer esse maldito jogo e Scorpius Malfoy declinou meu convite pra ser o goleiro da Sonserina, me forçando a convidar Marco Habermas, que já havia provado que estava a altura do cargo. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o que eu não podia prever é que a inveja assolava o pacífico lar dos sonserinos...” 

— Sério que você não pôde prever isso na Sonserina? - Frank me interrompeu e eu comecei a contar de um até dez para não matá-lo na frente de seu pai, que era até um sujeito legal. – Desculpe, continue, Cesc. 

“ Pois então, continuando... Havia um cargo e havia a inveja, logo Derek Drakarr, que não esta aqui presente hoje, Merlin sabe o porquê, já que ele também é responsável por tudo isso, me questionou porque eu não fiz um teste para goleiros, ora, mas aquilo era um amistoso, eu não tinha que dar satisfação a ninguém! 

Mas ele veio com essa história de que eu estava protegendo Marco, que não sei mais o quê e talvez eu possa tê-lo mandado explorar certos lugares desagradáveis da anatomia de algumas pessoas presentes aqui na sala, cujo nome não quero citar, mas o que importa é: Derek continuou chateado, guardem isso para referências futuras, por favor.  

Então o...” 

— Podemos apenas pular para a parte em que vocês dois brigam, por favor? -  Potter me perguntou estafado lá da frente e eu não me fiz de rogado. 

— E qual seria a graça disso, treinador? - Ele me olhou sério.  

— Não é para ter graça, é para acabar e todos nós irmos para casa descansar! - Ele disse exageradamente bravo e eu revirei os olhos. 

— Eu já ia chegar lá... - Murmurei chateado e ele respirou fundo. 

— Então continue, por favor! Mas seja breve! 

— Ok então... - Falei animado.  

“ O jogo começou! O dia estava horrível, mas os corações estavam aquecidos pela rivalidade maravilhosa entre leões e serpentes. Eu achava que era importante falar de como o artilheiro Sebastian Drakarr acabou substituindo um batedor que não parecia nenhum pouco doente na Grifinória, mas já que me pediram para ser rápido, vamos ser rápidos!  

O jogo começou quente no frio invernal. Elsie tentou me jogar nas arquibancadas, mas ela parece uma franguinha numa vassoura, então não deu em nada! Mas daí Sebastian, posso chamar de Sebastian, né? Drakarr machuca meu nariz quando eu falo... Enfim, daí veio Sebastian, um bruxo maior de idade, que fique claro, pra me enfrentar! 

Desvio daqui, acerto com meu bastão nele de lá e nada dele sair do meu pé, porque Sebastian era um homem em uma missão: ele queria vingar o irmão babaca dele, o que o fazia um babaca atencioso, acho que isso deve ficar registrado também, enfim... 

Logo o pior aconteceu,  Sebastian me derrubou na neve e ia pegar a varinha pra usar em mim, então eu parti para a luta física, Merlin sabe que um de nós, leia-se eu, podia vir com um feitiço mortal e aí danou-se, né?  

Eu acertei algumas cotoveladas na cara dele, ele me acertou alguns socos, tudo isso graças aos protetores corporais de excelente qualidade que o senhor Dussel produz, obrigado, senhor Dussel, adoraria que o senhor fizesse algo para proteger o rosto também, mas isso não vem ao caso agora...  

Quando ambos já havíamos apanhando o bastante, eu convoquei o meu bastão e disse a ele pra parar de me perseguir, aquela palhaçada já tinha perdido a graça, então ele foi chorar as pitangas para o meritíssimo senhor Potter aqui e eu fui jogar o final da partida e o resto é história. Fim.” 

Sentei satisfeito, porque a verdade é realmente libertadora. 

— Algo a acrescentar ou consertar, senhor Drakarr? - Potter perguntou inexpressivo e o dito cujo da Corvinal apenas abriu os braços, sem vergonha na cara, que estava bem pior do que a minha, eu preciso salientar isso a todo momento, pelo bem da minha autoestima!  

— Não, foi isso aí mesmo. - Ele disse sonso e eu sorri, porque não dava pra mudar a verdade. Acho que vou adotar isso pra vida! – Só acrescento que fiz o que muita gente estava afim há muito tempo... E isso valeu a pena. 

Ah, mas que desgraçado filho da puta! Ele disse isso na frente dos meus pais, que tipo de ser humano diz isso na frente dos pais do outro? 

— Ele é um adulto que admite que bateu em uma criança e não se arrepende, se meu filho for punido, eu denuncio o senhor Drakarr para a polícia!  - Meu pai falou irritado, de pé e eu tossi, ajeitando um pouco o discurso dele, discretamente. – Quero dizer, denuncio para os aurores

— Sabe que seu filho não aprenderá absolutamente nada com isso, não é, senhor Fábregas? - Harry Potter perguntou exasperado e meu pai sorriu tranquilo. 

— Ele já aprendeu a lição e acredite, Cesc nunca mais vai brigar com esse garoto na vida! - Meu pai disse honestamente e Potter inclinou a cabeça, em dúvida.  

— Não brigará com ele e nenhum outro, foi o que o senhor quis dizer, certo? - O senhor Dussel ajudou, solícito e meu pai acenou afirmativamente. 

— Exatamente, ele não brigará mais, não é mesmo, Cesc? - Meu pai me perguntou impaciente e eu fiz que sim com a cabeça, mas a verdade fugiu da minha boca. 

— E caso eu brigue, protegerei melhor o nariz, prometo, pai. - Disse tão sincero, que acho que comovi metade da audiência. A metade com coração, claro. 

— Pra mim está bem, punição padrão com os monitores para todos que eu não mencionei antes e para o senhor Fábregas suspensão do cargo de capitão da Seleção até segunda ordem, porque já falei isso para os outros treinadores e não é a primeira vez que ele apronta. Reunião encerrada! - Potter bateu o martelinho e fez sinal para a esposa e filho saírem o mais rápido que podiam junto com ele. 

— Mas tio Harry, ele... - Frank o seguiu, acompanhado do senhor Longbotton provavelmente tentando não ter que assumir o cargo de capitão, porque ele é assim de irresponsável!  

— Ai, mas que injustiça, capitão! - Lexa me falou enquanto era arrastada pela mãe, porta a fora também, junto com os outros pais e meliantes. 

— Não se preocupe, isso é só fachada, Potter é todo aparências.  - Enrique me disse consolador e eu nem olhei para ele, porque de certa forma eu não merecia consolo algum. 

— Se eu tiver que obedecer a Longbotton, a gente derruba essa escola abaixo, capitão!  - Romeo passou com a família e estendeu a mão pra eu bater, bati na dele e na de Marco, com um sorrisinho em meio ao choque de ser arrancado do cargo que nasci para exercer. 

Harry Potter maldito! 

— Vou pressioná-lo, garoto, antes do jogo da Seleção você já vai estar de volta ao cargo, pode apostar. - O senhor Dussel disse com aquela voz grave dele, que nem se você quisesse, poderia discordar. Era estranho pensar que a voz de Enrique um dia seria assim... – Foi um prazer conhecê-lo, senhor Fábregas, nos encontramos no ano novo, sim? 

Eu pisquei confuso para essa despedida entre meu pai e o senhor Dussel, com suas vestes de bruxo poderoso e implacável, ainda mais porque meu pai confirmou tudo. Olhei para Enrique, assustado, o que eu havia perdido?  

—Não me olhe assim! Estamos todos convidados para a festa de Ano novo de Harry Potter, o time todo, digo, êêê! - Enrique interpretou uma falsa animação e me deu uma piscada sugestiva e desnecessária. – Até mais, garotinho. 

— Já vou logo avisando que vou estar doente nesse dia! - Onde já se viu passar a virada do ano de novo com os Potter, como se não tivéssemos nada melhor pra fazer! Eu tenho meus planos e compromissos e promessas feitas a... 

— O sorteio dos jogos serão feitos lá, com a presença dos outros treinadores e equipes. - Meu pai disse displicente. 

— Ah, então vou estar doente, mas vou me forçar a ficar de pé, pelo bem do time. - Espanei uma poeira inexistente do meu casaco. – Sou um cara responsável, mesmo com as forças do mal tentando me derrubar. 

Não sou doido de perder essa festa por nada, mesmo que eu esteja prevendo uma grande baixaria no evento. Sim, 100% de chance de ter baixaria, acabei de checar no site de meteorologia.  


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Notas finais do capítulo

Para quem não leu ainda: https://fanfiction.com.br/historia/700876/Contos_eroticos_de_HOH/capitulo/10/

E finalmente chegamos a mais de 500 comentários!!! Eu fico super feliz com isso, mas sempre sou pega desprevenida nos marcos da fic, então que tal eu fazer um bônus mostrando os Natais do povinho do Ocaso para celebrar esse?

Bjuxxx

EDIT: O capítulo já tinha título, eu esqueci e coloquei outro, obrigada a Juliet que me alertou dessa maluquice.