Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 68
Cena extra - O mais parecido de todos os primos


Notas iniciais do capítulo

E aí, como foram de final de semana? Quem fez o Enem? Fico feliz de estar livre dessas coisas, não desejo para ninguém o sofrimento, mas enfim... Essa cena era pra ter sido postada quarta, mas quem disse que eu tive tempo essa semana?



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O mais parecido de todos os primos

Assim que Cesc fechou a porta da sala com um clique atrás de si, Fred girou lentamente sob os pés para ver a cara descarada de seu primo o encarando com um sorriso amarelo. 

— Não imagino porque motivo você está chateado, eu nun... 

—“Ocaso é uma perda de tempo, Rose, para de copiar isso!”, “ Não sei porque vocês estão tão alvoraçados, isso tudo não passa de achismo.”, “ Já pensaram que essas porcarias podem ter sido escritas por gente que vocês detestam? Isso seria hilário...” 

O ruivo de pele azeitonada repetiu as falas mais marcantes de Albus em seu tom de voz debochado, que nunca falhava em deixar as pessoas constrangidas, ele era especialista nisso. O filho do meio de Harry Potter deu de ombros, como se não estivesse impressionado. 

— Você queria o quê? Eu tinha que despistar os... PORRA, FRED, ME DESCE JÁ! – Se a marca registrada de Albus era o deboche, a de Fred era pendurar os primos caçulas pelos pés, com ou sem magia, com ou sem motivo.– Você sabe que eu fico enjoado... 

— Eu quero esclarecimentos, Potter, e não vou te liberar até estar completamente satisfeito com as respostas. 

— Ai, o sangue tá começando a descer pra cabeça...- Albus girava de um lado para o outro de ponta cabeça, com os braços abertos. Fred achava que era uma visão divertida vê-lo com a capa toda bagunçada em volta do corpo, mas o outro grifinório devia se ver como um injustiçado Cristo invertido... 

De certa forma estava certo, o garoto às vezes parecia o anticristo... 

— Então vamos ser rápidos: como, quando e porque você entrou no Ocaso? – Albus fez um som de irritação com as perguntas tolas e facilmente explicavéis que o primo lhe fez e isso não agradou o goleiro, que deu impulso para que ele desse voltas rápidas e inteiras ao redor de si. 

—Para, cara, eu vou vomitar! -  Fred parou o primo e o encarou de igual para igual. 

— Então responda logo, seu idiota! 

— Posso descer? 

— NÃO! 

— Ok, então... Tá, do começo: Lily foi colocada presa em uma lareira em seu primeiro dia de aula, como você bem sabe e enquanto você e James iam heroicamente fazer justiça contra os sonserinos, eu ia em busca de proteção para a cobrinha... 

— Você está tentando me despistar com essa... 

— Não, foi o que aconteceu! A história é meio longa mesmo, dá pra você me descer, por favor? Juro que vou cooperar! – Albus fez sua melhor cara cooperativa, que não era lá muito convincente, mas ao menos foi o suficiente para fazer Fred o soltar. 

— Prossiga. – Os dois garotos agora estavam sentados frente a frente. Albus levou alguns segundos para estalar o pescoço e deixar o sangue fluir de volta ao resto do corpo, dando tempo suficiente para Fred ligar a varinha em seu rosto. 

— Sério isso? 

— Prossiga, meliante. 

— Você é o policial bom ou o mau? – Albus perguntou em seu melhor tom sacana e Fred só franziu o cenho irritado. 

— Na falta de James, eu sou o bom e o mau, AGORA PROSSIGA! 

— Tá, onde eu estava? Ah, sim!  

“Lily havia sido azarada no primeiro dia e já estava querendo voltar pra casa, então eu garanti a ela que as coisas iam melhorar, que eu acharia alguém legal na Sonserina pra cobrir sua retaguarda e ela ficou esperançosa.  

O alguém que eu tinha pensado era Cesc, um nascido trouxa que era relativamente bem relacionado, embora o histórico de detenções já era ruim desde aquela época... Enfim, pensei que por ter sido alguém diferente que havia conseguido certa dose de respeito na casa, ele poderia ajudar Lily a se enturmar. 

No caso, ele pôde mesmo, mas me pediu para fornecer informações privilegiadas para ele, porque ele queria boas matérias para o Hogs News...” 

— Ah é, Cesc esteve um tempo no jornal de Rose! Nossa, isso parece que faz um século... 

— Tá, que seja, continuando... 

“ Eu não queria ter que ficar de espião para um sonserino, então o que eu fiz? Sugeri a Rose que tomasse as rédeas de seu jornal e pedisse a McGonagall para que a editora chefe, ela no caso, escolhesse as matérias e não os jornalistas ou que ao menos ela as aprovasse e a diretora concordou, o que me deixou de folga por um bom tempo, já que...” 

— Que lindo ouvir que meu primo tem orgulho em não cumprir um acordo com um sonserino... – Albus estava sentado folgadamente com as mãos atrás da cabeça e nem ligou para o tom irônico empregado.– Prossiga, meliante. 

— Eu não descumpri o acordo, Cesc apareceu depois de um tempo com um pedido inusitado. Veja bem, não tinha nada a ver com a coluna de esportes dele, mas minha palavra ainda vale alguma coisa no mercado, então... 

Fred cruzou os braços, não muito certo se qualquer coisa vinda de Albus valia alguma coisa de fato. O garoto em questão se espreguiçou na cadeira a sua frente e continuou seu monólogo. 

“ Ele pediu o relatório de Ted sobre o escândalo do time da Sonserina e qual não foi a minha surpresa ao vê-lo publicado nesse novo e rebelde jornal da resistência? A princípio fiquei morrendo de medo de associarem meu nome a isso, porque qualquer um poderia ver que a assinatura de meu pai estava meio torta e que ele não usava mais aquele papel timbrado do quartel...” 

— Adicionamos falsificação a sua carta de serviços? – Fred estava em dúvida de como proceder com a malandragem de Albus, porque, por um lado, não podia simplesmente entregá-lo a James e por outro, não podia puni-lo ele mesmo, por falta de moral pra isso. 

Ele não era um hipócrita. 

— Não foi bem falsificação... Usei os papéis velhos que meu pai me dava pra desenhar quando pequeno e a assinatura foi só uma formalidade que a mocinha lá do arquivo nem deve ter checado! – Muito cínico, comete o crime e nem se importa... Isso não é coisa de grifinório! Fred se perguntava porque Lily, e não Albus, tinha caído na casa das cobras. 

— Estamos perto do Ocaso ou você ainda vai abrir mais o seu histórico de crimes? -  Albus bufou irritado, ele queria ou não saber tudo? Fred era tão sem paciência... 

— Certo. Então ninguém associou meu nome e Fábregas agia normalmente, como se ele fosse um mero informante, mas ao menos ele conhecia os Iconoclastas e foi por isso mesmo que o contatei depois de um tempo. 

“ Os caras haviam oferecido falar verdades sem medo, o que em Hogwarts significa muito, então soube que queria participar disso. Entreguei um material novo para Cesc e ele pareceu bem interessado na minha entrada, achei que ele fosse falar bem de mim para os chefes. 

Passou um tempinho e Malfoy começou a ser simpático e eu soube que aceitar sua amizade era uma espécie de teste, pareceu sensato e eu estava orgulhoso de ter mais uma publicação com informações minhas feita... Aguardei então o próximo contato, que não demorou a vir. 

Um pergaminho dizia que tínhamos que ir até uma estufa de Herbologia, a essa altura eu já tinha achado a câmara secreta pelo que tinha escrito no diário de terapia de minha mãe, então...” 

— Albus Severus Potter, você leu o diário de sua mãe? – Fred estava realmente horrorizado, havia limites para ser contraventor e Albus parecia não conhecer nenhum deles. 

— Não o diário pessoal, eu li o diário de terapia! – Fred o encarou, o questionando com a expressão exasperada qual era a diferença entre um e outro.– A mulher estava fazendo terapia, tinha que ver se ela não estava ouvindo vozes a mandando matar a família... 

— Que tipo de ser human... Continue, Albus, eu vou refletir sobre sua loucura depois. – O jovem Potter olhou para seu primo sem entender sua cara de bunda atual. Deu de ombros e seguiu sua narrativa. 

— Enfim, havia descoberto o local de entrada da câmara e a palavra certa para entrar, olha só que coisa, minha mãe tinha pesadelos com ela e nem precisou ser ofidioglota para abrir a porta aos onze anos, ela só precisou falar o som sibilado, mesmo que não entendesse o que era, então funcionou bem pra mim também. 

— Sua mãe ainda tem pesadelos com a câmara? -  Fred perguntou meio que preocupado com sua tia Gina, que parecia uma fortaleza em forma de mulher e não essa criatura frágil que fazia terapia. 

— Não se preocupe, ela falou menos e menos sobre isso com o passar dos anos... Esse diário foi logo do início, eu devia ser bebê de colo quando ela o escreveu. 

— Sei... E o que o Ocaso tem a ver com tudo isso, de qualquer forma? – Fred coçou o queixo, intrigado como em alguns minutos de conversa com o primo tinha descoberto tanto sobre ele e até mesmo sobre sua tia. 

— Quis chegar com uma oferenda para os chefões, mas nem foi usada dessa forma a câmara,  porque os Iconoclastas eram esses idiotas que você conheceu hoje, com exceção de Dussel, que é um idiota que chegou recentemente. 

— Então você foi o último a chegar? – Albus fez que não com a cabeça, enfaticamente. 

— John e Aidan entraram no mesmo dia, o Corvinal entrou chantageando... 

— Típico, eles adoram fazer isso... 

— E Aidan entrou parecendo que tinha tido seu desejo de Natal atendido, ele não sabia de nada... Não muito diferente do que é hoje. Em todo o caso, a câmara me validou como um bom acréscimo, embora o grupo não tenha muita disputa de poder... 

— Os sonserinos gostam desse jeito mais horizontal de trabalhar, não é? 

— Tipo Voldemort, priminho? Claro que não! Isso é coisa de Cesc, ele que não gosta de ter que se responsabilizar pelas coisas e o povo aprendeu a pensar dessa forma... Até que é mais fácil assim, você não ganha festa quando vai bem, mas também não é crucificado quando vai mal... Apenas pode ficar orgulhoso pelo conjunto da obra. 

— Fica orgulhoso quando vê o impacto das publicações? – Albus deu seu melhor sorriso, na opinião de Fred, porque esse era o seu sorriso sincero e todo mundo o respondia com um sorriso igual. 

— Gosto. É estranho, porque as pessoas se identificam com o que a gente diz e às vezes eu nem fiz nada no artigo, mas eu sinto como se fosse meu também... 

— Deve ser legal poder fazer coisas incríveis e ter ao menos alguém para compartilhar, né? – Fred pensou em quantas vezes quis contar a um dos amigos o último invento que tinha feito, mas sabia que não podia, pelo bem da vida dupla que havia escolhido levar. 

Queria ser o bom aluno e goleiro de dia e o inventor levemente sem lei à noite. 

— Sim! E acaba que não é pela fama, é pelo... É apenas bom falar o que se pensa e ser ouvido, as pessoas gostam, porque não é o que acontece todo dia.- Albus sorriu e na meia luz da varinha de seu primo, pareceu ter realmente os catorze anos que tinha, Fred sempre se lembrava dele como sendo apenas uma criança muito séria e cínica.– Gosto mais do que achei que fosse gostar... 

— Acha que fiz um bom negócio entrando para o grupo então? -  Fred nem esperou o gesto afirmativo do primo mais novo para saber que sim. 

— Fiz campanha para você entrar, porque de todos os primos, você sempre foi o que mais entendeu que... Bem, às vezes as regras são estúpidas e um simples nome em homenagem a alguém pode pesar mais do que tudo na vida! 

Fred assentiu com a cabeça, porque era uma coisa de pós-guerra, mas não era nada divertido ter que estar a altura não de um nome, mas dá pessoa que o teve antes de si. Começava a se perguntar se não era ainda mais difícil tentar não estar a altura, tentar matar qualquer simples semelhança com um fantasma que nem sequer conheceu... 

Albus Severus era a mistura de dois homens que tiveram o jogo posto na mesa e fizeram o que foi preciso para que o final fosse o certo e embora fingisse e tentasse se encaixar no molde de um simples grifinório, ele era mais do que os outros podiam ver, assim como os homens que lhe nomearam. 

Fred, por outro lado, carregava o fardo de um nome só, mas era um nome completo, com um odioso “Segundo” no final, que o lembrava constantemente que antes dele houvera um “Primeiro e único”. 

Teve uma raiva momentânea de Cesc quando recebeu a carta de seu pai o parabenizando pela primeira detenção, embora tivesse sido com uma peça bem estranha, na opinião do homem. Mas não era culpa do sonserino que seu pai buscasse e valorizasse cada mínimo traço do seu filho que lembrasse a seu irmão gêmeo morto, então não descontou suas frustrações nele. 

Fred não “pregava peças”, ele não gostava dessas coisas de aprontar sem motivo, embora, como Albus bem colocou, sabia que as regras podiam ser estúpidas... Sorriu para o primo pensativo a sua frente, mas antes que pudesse dizer algo, a porta da sala foi aberta. 

— Ah, meninos, que surpresa vê-los aqui! -  Albus tentou disfarçar sua cara de tédio para o rompante de seu pai, James tinha a quem puxar na intromissão. Fred não foi tão sutil em seu olhar confuso.– Só vim conferir uma coisa. 

O homem fez um aceno elegante de varinha e quando nada aconteceu, Fred parou de tentar fingir que aquele comportamento do tio não era esquisito. 

— Tio Harry, isso... 

— Que estranho... Podia jurar que estaria aqui. – O homem olhou para o filho com uma expressão intrigada.– Me pergunto se... Querem saber? Vou continuar procurando. Adeus, crianças. 

Harry fechou a porta atrás de si, voltando para sua sala mais curioso do que antes. Seu filho era um adversário ainda mais escorregadio do que pensara. Sorriu para si mesmo, pensando que era divertido ter certeza que tinha criado uma pequena cobrinha sorrateira, embora isso só valesse enquanto o menino estivesse longe de encrencas. 

Sabia muito bem que James também estava envolvido na travessura, tendo sido o primeiro a fuçar em seus tesouros de Hogwarts há tantos anos, mas dessa vez estava em dúvida se o mais velho era inocente ou não. Deu de ombros, ainda tinha muito tempo para verificar isso com calma. 

De volta a sala de estudos abandonada e suspeita no terceiro andar, Fred encarava Albus com sua melhor cara interrogativa. 

— O que diabos foi isso? 

— Droga, ele sabe! – Fred sentiu seu coração parar de bater no peito e só voltou a respirar quando o outro completou, agora de pé e impaciente.– Preciso avisar a James. 

— Se refere a... – Colocou o capuz de sua capa escolar para representar a mais famosa e misteriosa capa, a da invisibilidade, no caso.– Como ele poderia saber? 

— Simples, meu caro, ele tem o mapa e se a capa nos esconde até da morte, como reza a lenda, no mapa do maroto um aparecer e desaparecer de nome te qualifica como portador dela! 

Fred abriu a boca em um perfeito “O”, impressionado em igual proporção pela sagacidade de Harry Potter e falta do que fazer do homem, era de se esperar que alguém como ele fosse mais ocupado do que isso! 

Por um segundo achou que o tio sabia sobre os Iconoclastas! Voltou a ficar sério, porque tinham um problema grave para resolver, a segurança desse grupo era um desastre. 

— Albus, seu pai está te marcando e isso é perigoso, se ele chegasse meia hora antes, ele teria estado em frente à todo o maldito Ocaso! – Albus assentiu, já tendo percebido a gravidade da situação. 

— Por mais que desconversássemos e fizéssemos parecer que se tratava apenas de estranhos fazendo uso de uma sala de estudos, ainda assim ele ficaria com a pulga atrás da orelha ao nos ver pessoalmente... E é por isso que precisamos de você, Fred, você ficou quase seis anos sem ser pego! Precisamos da sua experiência. 

— Vamos precisar de mais do que isso, bastou uma vez só com Cesc para tudo ir por água abaixo. – Albus não pôde evitar, deu risada, porque o tanto que o espanhol tinha de esperto, ele tinha de desleixado.– Vou começar a trabalhar nisso agora! 

O Potter - tão intrometido quanto o resto, mas que nunca admitiria isso - sorriu para o tom determinado do primo, porque no fim das contas, a conversa tinha sido bastante proveitosa, tirando a parte de ser pendurado pelos pés... 

— E não pense que nossa conversa acabou por aqui, ainda vamos ver isso de manipular as pessoas, ler o diário alheio, falsificação, e... E... Um monte de outras coisas horríveis que você fez, mas deve ter omitido! 

— Ora, Fred, você tem seus métodos e eu tenho os meus! – O caçula sorriu divertido, sabendo agora que sua próxima frase seria um ponto final perfeito para sua conversa.– De todo modo, já temos James suficientes no mundo, não? Que tal escolher outra pessoa para ser? 

O ruivo de pele morena não respondeu a isso. O tom de deboche de Albus nunca falhava em deixar os outros constrangidos e ele não era uma exceção. 

 


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Notas finais do capítulo

Olha só, vou escrever praticamente o capítulo todo agora, mas pensem positivo, se eu não conseguir terminar hoje, ainda assim hoje tem contos eróticos com um Cesrique ou Dussesc pelo ponto de vista de Enrique, como solicitado. Me desejem sorte e força nas mãos para digitar rápido.

Até daqui a pouco.