Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 61
Capítulo 61. Acordos bem intencionados


Notas iniciais do capítulo

Oi, olha como sou legal e rápida, hihihi!



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Capítulo 61. Acordos bem intencionados.

Olha, mas esse ano escolar mal começou e já está se mostrando tenebroso! 

Primeiro porque alguém teve a infeliz ideia de colocar todos os jogadores usando as gravatas oficiais de Hogwarts, ao invés das nossas tradicionais gravatas e eu estou tendo que pensar no que usar como lembrete de que eu sou sonserino, porra! 

Segundo, porque cá estou eu na Turma de Poções da tia Selena - que parece bem mais promissora do que a câmara de tortura do demônio Bradbury - e só de estar aqui com o Senhor “poção não sabe ver horas” como dupla, já prevejo desastres de proporções bíblicas. 

— Para de me encarar desse jeito, Cesc, eu também perdi minha dupla sabichona. -  Ambos olhamos para o casalzinho a nossa frente, compartilhando seu amor pelas ervas e borbulhas dessa maravilhosa disciplina. 

— Isso é tão injusto, eles nem sequer são um casal oficial! - Tony me olhou devidamente ofendido por essa atitude de “Scorbeca” também. – Eu poderia tê-la abandonado quando namorava Claire, uma corvinal, mas não, nem passou pela cabeça do mané aqui! 

— Por falar em Claire, onde ela está? Não a vi no banquete de domingo... - Olhei pra Tony, realmente me dando conta de que não havia visto ela também. 

— Isso é estranho... Ela me mandou uma carta quando estava em Uagadou, mas... - Tive que me interromper, porque a professora Selena foi para a frente da classe. 

Era engraçado como a mulher já havia dado sua cara para a mofada sala de Poções nas Masmorras. Todas as carteiras estavam formando um semicírculo de duas camadas e a iluminação geral havia melhorado consideravelmente. 

Turma da tia Selena, senhoras e senhores. 

— Bom dia, crianças, como passaram de férias? Espero que muito bem. - Ela sorriu tranquila e me lembrou a professora de Criação lá de Uagadou. Claro que a versão mais violenta dela, já que Savage ainda usava suas vestes de duelo favoritas. – Esse ano tivemos uma pequena mudança no nosso conteúdo programático, tenho certeza que alguns de vocês nem vão sentir a diferença... 

Todos nós rimos, porque, provavelmente haveriam aqueles que mal poderiam diferenciar DCAT de Poções - eu e Tony - então o comentário fica engraçado justamente porque é verdadeiro. 

— Contaremos com o senhor Edward Lupin, que vocês também já conhecem de DCAT, em alguns encontros esporádicos, já que ele resolveu seguir meus passos tão fielmente, que se eu bobear, ele pisa nos meus calcanhares. 

O aludido acenou da frente da sala, sentado próximo do tablado da professora. Ele estava usando hoje um cabelo amarelo gema, combinando com um cachecol muito lufano para ser considerado algo perto do bom gosto. Volta para o azul escuro, Lupin! 

— Tanto eu quanto ele nos especializamos em crimes com poções no QG dos aurores e eu, inclusive, fiz o Master em Poções na Bulgária, o que foi de vital importância na minha carreira. -  Ela olhou para o auror, que sorriu amarelo. Não está seguindo os passos tão fielmente assim, não é? 

— Professora, por que os aurores usam seus próprios pocionistas nesse tipo de crime e não trabalham com consultoria de profissionais, como em outros casos? - A professora Selena sorriu para a pergunta de Weasley e eu torci para ela não dá 5 pontos só por isso. A mulher quando está de bom humor vira uma mina de pontos desnecessários! 

— Crimes com poções são mais comuns do que se pensa e... Trabalhar com pocionistas profissionais pode ser mais estafante do que lidar com uma criatura nível 7, acredite. - Ah, nós acreditamos, se Bradbury for um exemplo do que esses caras podem ser. Os vapores devem causar umas... – 5 pontos para a Grifinória, pela excelente pergunta. 

Argh! Não disse? 

— Essa pergunta foi tão pertinente que nos leva ao tema da aula de hoje: por que poções? - A cara da turma deve ter sido tão ridícula, que a mulher se viu obrigada a explicar melhor o tema. – Vamos começar o programa entendendo qual a utilidade de se ensinar Poções na escola para possíveis medibruxos, empresários, curse breakers, inomináveis, feiticeiros,  magiqueólogos... 

— Porque essa é uma excelente maneira de nos moldar para os tempos difíceis e frustrações da vida? - Sussurrei para Tony, mas a professora ouviu. 

— Sim, senhor Fábregas? - Fiz que não com a cabeça e Tony disfarçou o riso com uma tosse, porque a mulher tira pontos com a mesma facilidade com que os dá. – Iremos fazer um jogo para relembrar vocês o que já viram e como isso pode ser utilizado no dia a dia, mas antes, uma pergunta norteadora, leia ela para mim, senhorita Prutt. 

A mulher apontou para o quadro e uma distraída com a amiga, Lexa Prutt, corou da cor da ponta dos seus cabelos espetados, com a chamada de atenção. 

— “A verdade pode ser escondida de todos, menos das Poções”, Manoel Florêncio. - Ela leu rápido e em seguida olhou para a professora, torcendo pra ter sido o suficiente para que nenhum ponto fosse descontado da sua Casa. 

— Alguém sabe o que quis dizer esse grande pocionista português? - Algumas poucas mãos se levantaram, inclusive a de Rebeca, Scorp e a de Rose Weasley. – Sim, senhorita Lilles?  

— Ele foi o inventor da poção verissateum? - Savage sorriu, mas fez que não. 

— Alguém mais? - A mesma quantidade de mãos se levantaram, Rachel Lilles tentou de novo, inclusive, porque Savage era a típica professora que não fazia as criancinhas se sentirem mal por errarem. – Senhorita Wainz? 

— Ele quis dizer que as Poções tem o poder de transformar qualquer realidade, mas para isso, elas precisam conhecer a verdadeira essência do que será mudado. - A monstra sorriu arrogante e continuou seu show. – Como uma moça que usa muitas poções embelezadoras, o mundo todo vai acreditar que ela realmente é bonita, mas só suas poções saberão a verdade sobre a carranca que ela leva por baixo da máscara. 

— Excelente resposta, senhorita Wainz, 15 pontos para a Sonserina. - Rebeca se virou pra Scorp e fez um “Está vendo, idiota? Sou excelente nisso também”, recebido com um sorrisinho conformado do loiro. – Como bem dito pela colega, poções são poderosas e tem um grande alcance, mas com elas não se brinca, nem se esconde a verdade ou os resultados podem ser catastróficos, alguém pode me dizer quais são esses resultados, em linhas gerais? 

Enquanto um anônimo qualquer da Grifinória enumerava os diversos efeitos de poções mal aplicadas - interação medicamentosa, efeitos contrários, prolongação ou encurtamento da duração, dentre outros ainda mais escabrosos - eu sussurrava para Tony, o mais baixo possível. 

— Eu quero minha dupla de volta! - Falei num lamento e antes que Tony pudesse responder, Rebeca se virou na carteira da frente e nos olhou feio. 

— Parem com essa chatice, isso é para o bem de vocês, que não podem ficar se apoiando nos outros pra sempre! - Por que não? Eu não tenho obrigação alguma de ser um bom pocionista, Deus que me livre.  

— Nós podemos tentar... - Tony falou baixo para a agora virada para frente monstra. Escrevi em um pedaço de papel minha resposta e passei para ele: 

Nós não vamos estragar o namoro de Scorbeca apenas para ganhar boas notas, Tony, nem pense nisso! 

Ele sorriu e deu uma risada abafada. 

Eu não tinha pensado, mas é claro que alguém tão horrível quanto você pensaria, não é? E aí, o que vamos fazer? 

Olhei indignado para a minha dupla e depois sublinhei, circulei e fiz setas apontando para o “Não” que eu havia escrito antes. Qual o problema desse garoto? 

Vamos apenas fazêlos entender que ficar grudado um no outro não faz bem para a saúde do relacionamento. 

E você entende muito disso, né? Claire que o diga! 

Vai se foder! 

Claro que a nossa troca de bilhetes foi capturada por Lupin, que estava distribuindo as poções atribuídas a cada dupla para o jogo doentio de Savage. Ele leu o bilhete - o que é ilegal, se tratando de correspondência alheia - riu e o guardou no bolso das vestes. 

— Prestem atenção no jogo, por favor, ele vai valer crédito extra para as cinco duplas melhor qualificadas. 

Ele não tirou pontos, pelo que fui grato. Abri o papel dele e comecei a ler qual a poção que havíamos tirado, seus efeitos e aplicações. Passei para Tony, que tentava ler por sobre meu ombro o conteúdo. 

Bem, vamos ao trabalho! 

*** 

No fim das contas eu e Tony ficamos exatamente na quinta posição, mas infelizmente não ganhamos nenhum crédito extra,  já que éramos os quintos se visto a classificação de baixo para cima.  

Rebeca e Scorp ficaram em primeiro, seguidos de Weasley e Sev, que na verdade mais sabia manipular as pessoas para contar a ele sobre os ingredientes, do que sobre eles em si. 

Eu devo dizer que eu e Tony até tínhamos chances de ficar entre os cinco mais, já que acertamos 80% dos ingredientes da lista da nossa poção, o problema é que para chegarmos a esses números, precisamos olhar nas fichas de três coisas, para confirmar se tinham o efeito nas poções que achávamos que tinham e isso nos custou 5 pontos em cada 10 que ganhávamos por acerto. 

Que joguinho mais injusto, viu? 

Eu, Rebeca, Tony e Scorp estávamos discutindo os méritos do jogo, quando um Akira Hataya chegou esbaforido na mesa.  

— Tive minha primeira aula de voo hoje e também perdi 10 pontos para a Sonserina, o que isso significa? - Rebeca olhou para o meio japonês indignada, pensando provavelmente que ela não ganhava pontos para primeiranistas saírem desperdiçando por aí! 

— Que você precisa se comportar melhor! Que tipo de ser humano perde pontos para a casa no primeiro dia de aula? - Olhei para a cara sem vergonha de Tony, mas fiquei calado quanto a nossa primeira detenção, porque lembrar isso faria mais mal do que bem na educação de Aidan jr. 

— Os pontos ganhos ou perdidos por cada casa são contabilizados no fim do ano letivo e a casa com maior número de pontos, ganha a Taça das Casas. - Expliquei didaticamente,  mas ele me olhou de cenho franzido. 

— E ganhamos o que com isso? - Ok, há um motivo para esse garotinho ter caído na Sonserina. 

— O direito de mostrar a nossa superioridade frente as outras casas, ano passado ficamos em segundo por causa do alto nível de detenções do quinto e sexto ano, mas estamos trabalhando nisso. 

— Hum... Vou recuperar nossos pontos então, porque eu gosto de me gabar. - O menino falou determinado, já enchendo seu prato e eu percebi que ele tinha bem pouco de Aidan nele. 

Mas o apelido vai continuar de qualquer forma. 

*** 

Já estávamos no final da primeira semana de aula e fim da primeira reunião do time, na Câmara de treinos, ex-Secreta. Ficaríamos treinando aqui por enquanto, já que o estádio agora estava sob o mando da organização da competição e só seriam permitidos lá treinos oficiais abertos a imprensa. 

Fomos medidos, pesados e examinados por medibruxos consultores e depois fizemos um rápido treino de força com os novos equipamentos trouxas de musculação - adaptados com magia - que Hogwarts havia adquirido e que ficariam de legado para a escola depois do torneio. 

Treinador Potter havia falado que precisaríamos cumprir no mínimo uma hora e meia de treino físico por dia - com os equipamentos que já estavam enfeitiçados para as especificidades de cada um - nos horários que nos fossem mais convenientes, mas disse também que não poderíamos compensar horas no outro dia e completou que saberia se fizéssemos. 

Alguém avisa a ele que isso não é o QG dos aurores. 

Como lição de casa, ele nos pediu que pensássemos com cuidado em quem seria o capitão da equipe, pois esse, diferente dos titulares que seriam trocados a cada jogo de acordo com as estratégias traçadas, seria oficial até o fim do campeonato. 

Ele tratou como se fosse uma decisão pessoal e não política, mas todos sabiam que tendo apenas eu e Longbotton como candidatos, os votos seriam mais políticos do que por qualidade de liderança, pura e simplesmente. 

E era exatamente sobre isso que estávamos discutindo no caminho para as Masmorras 

— Saímos com 5 votos contra 4 de Longbotton, mas a vantagem é, como eu já disse, quase nula se não falarmos com as outras casas! - Scorp destacou seu ponto mais uma vez para Tony, que não queria ter que fazer campanha alguma para provar o óbvio: o capitão da campeã é melhor do que o da terceira colocada. 

— A Lufa-lufa vai fechar com a Grifinória, só nos resta angariar os dois votos da Corvinal agora. - Enrique disse, pensativo. Havia ficado chateado com a baixa presença da boa equipe lufana, mas agora estou vendo que foi providencial. – Falarei com Sienna ainda hoje para... 

— Nem comece com as suas seduções baratas, eu falarei com a loira e a convencerei a vir para o nosso lado. - Enrique me olhou cético e eu quase meti a mão na cara dele. – Usando argumentos, coisa que eu tenho de sobra e sem subestimar a razoabilidade da garota. 

— Boa sorte com isso, não serei eu o vice de Longbotton mesmo... 

— Não, você será só outro jogador que vai ter que ouvir o líder como todos os outros, então cale a boca! - Ele fez uma cara de “Como é que é?” que eu escolhi passar por cima, porque Tony e Scorp já estavam olhando com estranheza para essa discussão. – Quem irá falar com o outro corvinal? 

— Deixa comigo, mas não garanto bons resultados. Ginns ainda tá meio chateado com aquele lance da suspensão do ano passado... 

— Azar o dele, a culpa foi toda do péssimo capitão de sua equipe! - Scorp falou para um Romeo que apenas deu de ombros como se dissesse “só estou falando os fatos”. – Lia, você pode ir com ele para garantir que Habermas não estrague tudo? 

O loiro platinado era tão pessimista, que eu me impressionava com ele conseguindo acordar todos os dias com esse raciocínio. A morena acenou afirmativamente ao meu lado. 

— Mas se eles brigarem, eu vou monetizar as apostas. - Ambos saíram em missão, mas isso não me deixou tranquilo, pelo contrário. 

Fui falar com Sienna, Tony me acompanhou, já Dussel alegou que tinha que ir trabalhar e Scorp disse que ia estudar, mas todos sabíamos que ele ia procurar Rebeca. 

— Você tem duas horas, mocinho, começando de agora. - Ele fez um gesto obsceno com a mão. 

 Tão bom quando o feitiço se vira contra o feiticeiro... 

*** 

Sienna era fácil da achar, mas muito difícil de conversar, porque ela estava sempre acompanhada de seu séquito, mas eu e Tony já sabíamos como iríamos lidar com os fãs da loira. 

— Assuntos oficiais da seleção, nos dê um minuto com a moça, por favor. - Eu fiz meu melhor tom de agente do FBI, segurando o braço da artilheira para afastá-la do grupo e Tony complementou a ação, apresentando a gravata cinza chumbo para os corvinais idiotas que acompanhavam-na.  

— Que assuntos oficiais? Acabamos de falar no treino! - Continuei a encaminhando para um corredor mais deserto e ela soltou um suspiro conformado. Bom. 

— A questão é a seguinte, senhorita B., acreditamos sem sombras de dúvidas que Cesc aqui é o melhor candidato a capitão e por isso viemos para te... 

— Ameaçar? Chantagear? - Como se fôssemos águias baratas, pfff. 

Convencer a votar com a gente. 

— Ou? - O que tem de bonita tem de cabeça dura e desconfiada, Tony revirou ao olhos para o ceticismo dela. 

— Ou terá que arcar com as consequências de um reino lamacento e cheio de coisas deprimentes que aquela coisa da Grifinória vai instaurar! -  A artilheira cruzou os braços, me olhando com um biquinho muito bonito e desdenhoso. – Sério que está mesmo cogitando votar em Longbotton, Sienna? Achei que fosse mais esperta... 

— Não disse que votaria naquele molenga, mas você não me agrada muito também. - Olhei ofendido. – Estou pensando em qual dos dois é o menos patético. 

— Pois pense assim, Cesc ganhou o campeonato com uma equipe metade criminosa e metade virgem, Longbotton jogou a ex-vice campeã Grifinória para a terceira posição, só não ficando em último por causa da campanha vergonhosa de vocês. - Ela olhou irritada e Tony deu de ombros. – Faça as contas. 

— Acrescente a isso o fato de que não somos nós que sempre passamos lição de moral nos outros, tão pouco agimos como se o mundo fosse uma revista em quadrinhos, com vilões e heróis... 

Falei, puxando o assunto para o desconfortável escândalo da Corvinal e Haardy ano passado. 

— Me lembro bem o que Potter e sua turma nos disse quando souberam o que aconteceu com Dolman temporada retrasada... Quase nos fez sentir culpados por algo que nem sabíamos que estava acontecendo! 

Tony complementou minha linha de atuação com um tom bem menos enfático e sim mais simpático. Isso pareceu fazer a garota refletir um pouco. A boa e velha fama dos grifinórios de zeladores da moral e bons costumes pode até ser infundada, mas é forte o suficiente. 

— Ok, eu vou pensar no assunto. 

— Pense com carinho. Há um motivo para a Sonserina ter ganhado o campeonato passado e não foi somente graças a minha genial liderança... - Ela me olhou sem entender e eu sorri amistoso. – Somos muito bons em trabalhar em equipe e Merlin sabe que é exatamente isso que essa seleção precisa: trabalho em equipe. 

Deixamos Sienna Boe... Boexhit... Argh! Deixamos a garota refletindo sobre o que falamos, mas assim que viramos a esquina Tony me questionou. 

— Acha que funcionou? - Dei de ombros, ressabiado.  

— Vou mandar Dussel falar com ela, por via das dúvidas. - Disse brincando, porque óbvio que eu não ia fazer uma idiotice dessas! 

*** 

O assunto da capitania veríamos no sábado, daqui a dois dias, mas um assunto mais urgente apareceu no momento em que percebemos que Tony estava se coçando parecendo um cachorro pulguento desde o jantar. 

— Dá pra ficar quieto, Tony, estamos tentando entender onde Westhampton está tentando chegar com toda essa volta histórica aqui! - John estava nos contando sobre a história do Chapéu Seletor usando a pena de comunicação. Eu espero que ele tenha um propósito real para estar nos enchendo com essa história às dez horas da noite! 

Tony olhou desesperado para o loiro, quase arrancado a orelha ao tirar a camiseta sem nenhum tipo de cuidado. Ele continuou se coçando e isso estava começando a me dar agonia! 

— Acho que Tracy me pregou uma peça! - Eita merda, eu já tinha esquecido dessa garota nojenta! Tony baixou a guarda, pensando bem, nós meio que descuidamos da segurança nessa volta às aulas também, a broaca poderia atacar qualquer um de nós.  Tony correu para o chuveiro e deve ter entrado de calça e tudo, pelo tempo que levou para a água cair. –  A água piora, A ÁGUA PIORA! 

Scorp correu para socorrê-lo e eu sabia que teria que ajudá-lo eventualmente, mas a mensagem final de John me parou. 

Em resumo, acredito que o diretor Brenam mentiu, não foi por causa do torneio que mudaram os trâmites da seleção dos primeiranistas, outros torneios já aconteceram sem isso. Acho que aconteceu alguma coisa com o Chapéu Seletor! 

Vamos investigar. 

As letras completamente unidas uma na outra, mesmo as de palavra diferentes, me diziam de quem fora essa resposta: Albus Severus. 

Bem, investigar é com ele mesmo. 

*** 

Tony acabou passando a noite na enfermaria porque sua “reação alérgica” iria embora naturalmente e Madame Pomfrey e sua aprendiz de assassina entraram em acordo que o melhor era dopa-lo para que não acabasse arrancando o próprio couro a unhadas. 

E é por esse mesmo couro que eu estou aproveitando o horário vago depois do almoço e antes da aula de DCAT para começar a pôr em marcha a vingança contra Tracy Harmond, aquela vaca! 

Tony iria nos encontrar em DCAT, já que havia perdido todas as aulas da manhã e eu acabei por dispensar Scorp, não queria que o loiro começasse com a encheção de saco dele. Às vezes temos que sujar as mãos para conseguirmos o que queremos. 

Eu já havia literalmente sujado as minhas hoje, interceptando uma interessante carta de vovó Chang para sua netinha chinesa falsificada lazarenta. Que bonitinho esses avós que enviam presentes de aniversário com antecedência... Pena que a velha não faz isso, então fui obrigado a escrever um “p.s.: logo mais te enviarei um lindo presente, minha menina.”, para consertar isso. 

Adicionei o minúsculo símbolo de magia meu e de John no verso da carta e a devolvi para sua odiosa coruja que esperava impaciente, já que passava da hora das entregas matinais. Conveniente que eu soubesse que todas as corujas que não tem correspondências urgentes precisam aguardar no corujal até dar o horário. 

Um confundus bastou para que uma simples coruja doméstica me entregasse uma carta que não era para mim. Deveria sentir vergonha de lançar feitiços em animais indefesos, mas tendo Uizlei como pet, às vezes essa era a única opção. 

Muito obrigado, amiguinha. 

Agora iria para a parte dois do meu plano. Sentei na frente do garoto de cabelo arruivado e pele negra que tinha mãos muito rápidas para ser saudável. 

— Ok, Weasley, preciso que me ajud... 

— Cai fora, Fábregas. - Ele continuou a embaralhar os cascos que continham um sicle debaixo, pra enganar os pobres bestas da escola. O cara fazia isso no meio do pátio central e ninguém nem questionava a legalidade de suas atividades trambiqueiras. 

— Qual é, Segundo, quero fazer negócio! - Ele levantou uma sobrancelha e fez uma expressão de desdém bem acentuada, provando, assim como Lily, que a família não é de todo inexpressiva. – Por que toda essa resistência, não somos colegas de equipe agora? 

— Me chamou de muambeiro no Ano Novo, tá lembrado? 

— Eeeeeeuuuu? - Fiz meu melhor tom de descrença exagerada. Eu realmente não me recordo disso, entretanto. – Acho que essa ofensa foi uma das coisas que esqueci com o feitiço de Bradbury... 

— Por que esqueceria? - Cocei a nuca, era uma daquelas vezes que era melhor não ter me justificado. 

— Achei que você e Potter estavam envolvidos no tráfico de poções. 

— Ok, Fábregas, cai fora. 

— Ah, qual é! Estava tentando salvar meu time, todos eram suspeitos, Weasley! - Fred Weasley II não é um cara que sabe perdoar e seguir em frente, mas dessa vez ele estava de bom humor, porque não me pediu para ir embora de novo. 

— Tá, que seja, o que você quer, cara? 

— Ouvi dizer que você faz serviço de transfiguração por encomenda. - Ele coçou o cavanhaque quase inexistente, avaliando minhas intenções. – Eu tenho dinheiro. 

— Não transfiguro criaturas vivas, produtos considerados raros e/ou ilegais. 

— Transfigura criaturas mortas? - Ele deu de ombros. 

— Não fazemos a execução. 

— Está bom pra mim. - O garoto sacou um caderno de desenho e eu comecei a descrever o que queria, ele foi tomando nota e traçando o escopo do que seria meu objeto transfigurado. 

— É isso que você quer? - O grifinório me mostrou o croqui e eu tive que dar o braço a torcer, Scorp tem razão, o muambeiro é bom no que faz. 

O desenho tinha traços leves e um detalhismo impressionante para o tempo em que havia sido rabiscado. Havia especificações de tamanho e matéria-prima no canto da página também.

— Pode fazer as bordas um pouco mais arredondadas e passar esse detalhe para a lateral esquerda? - Ele não me respondeu, apenas colocou o lápis na boca, passou a borracha e depois voltou a preencher o local com os sons da ponta do lápis na folha de papel. Me mostrou o resultado e eu fiz que sim, impressionado.  

O cara é realmente muito bom! 

— 2 galeões e 15 sicles. 

Bom e caro. 

— Me desculpe, você vai usar diamante em alguma parte que eu não vi? - Ele colocou o lápis atrás da orelha, fechando o caderno. 

— É tudo artesanal, meu caro e me exigirá bastante trabalho, porque não sou bom com roupas. - Eu suspirei pesado, tenho dinheiro, mas não para ficar esbanjando assim. 

— Metade agora e metade na entrega? 

— Tudo agora, eu não confio em você. - Foi minha vez de levantar uma sobrancelha e fazer uma cara de desdém. A sorte dele é que eu estou precisando muito desse negócio, então não reclamarei. 

— Tem recibo? - Pela primeira vez Weasley II sorriu, pena que foi sarcasticamente. – Ok, sem recibo então, mas temos um acordo?  

Estendi a mão e assim que ele apertou a minha, murmurei um feitiço no dorso da dele. Créditos à comitiva australiana em Uagadou. 

— Que diabos foi isso? - Não soltei até o fino laço cor de carne desaparecer dos nossos pulsos. 

— Um voto de confiança maori, ele garantirá que todos os pelos do seu corpo caiam, caso não me entregue o que prometeu em uma semana. 

— Não dá pra fazer o que você me pediu em uma semana! - Eu dei de ombros, encarando cinicamente a cara de horror dele. – Desfaça essa merda! 

— Infelizmente não dá. - Tirei a bolsinha de moedas do bolso interno das vestes e joguei o valor do serviço dele na mesa. – Um de nós vai ter que correr contra o tempo, não é? 

Me levantei e sorri para o grifinório que me olhava com um olhar assassino. 

 – Boa sorte, colega.


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Notas finais do capítulo

Minha gente, já estou planejando os jogos e suas ambientações, mas queria a opinião de vocês para uma coisa. Hogwarts vai jogar dois jogos fora, vocês querem um capítulo a mais em cada escola diferente ou só o capítulo do jogo é o suficiente?

Não sei se perceberam, mas não enrolei muito em Uagadou, fiz tudo em 3 capítulos, para não cansar, quero dizer, a história é sobre Hogwarts, mas o que vocês acham? Querem conhecer as outras escolas ou não?

Bjuxxx