Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 43
Capitulo 43. Jogos e mais jogos, batalhas e mais batalhas.


Notas iniciais do capítulo

Não tem yaoi nesse, vou logo avisando, pq não sou mãe, sou madrasta, ênfase no má.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635649/chapter/43

Capitulo 43. Jogos e mais jogos, batalhas e mais batalhas.

E com esse último resultado, a Grifinória fica pela segunda vez em 10 anos, de fora da final do Campeonato de Quadribol Intercasas. Resta saber quem vai enfrentar os texugos na grande final, os experientes corvinais ou os cheios de garra verde e prata!

Natalie Novachek, colunista do Hogs News, caderno de esportes.

Joguei o jornaleco da Weasley de qualquer jeito na cama e olhei para cima apenas para encontrar o olhar decepcionado de Scorpius Malfoy a.k.a. Doninha albina.

—Ainda não acredito que você não me pediu ajuda com o seu término.— Eu revirei meus olhos, por que, que outra alternativa eu tinha? Comecei a pegar meus materiais e como Scorp consegue ser - quando quer e isso é quase sempre - o ser humano mais irritante da face da Terra, ele continuou seu discurso. – Quero dizer, eu fiz um manual simplificado pra você e Tony nem começarem com seus... Hey! Aonde você pensa que vai?

Eu segui para porta, ignorando ele completamente, porque a outra opção é azará-lo, já que ele está se mostrando tão pouco sensível e solidário. Desculpa, loiro, mas o mundo não gira ao redor do seu umbigo branquelo!

— Vou atrás de uma companhia muito mais interessante e prestativa: Rebeca.— Ele me olhou com uma expressão ofendida muito engraçada, mas não pude ver a cara dele depois, já que eu bati a porta dramaticamente ao sair.

Desci para encontrar a monstra, ela estava me devendo 10 sicles e uma cara de constrangimento engraçada quando tivesse que assumir a sua idiotice, de certas coisas eu não abro mão. Isso que dá apostar suas fichas na fama de um jogador. Fama não ganha jogo, meu povo!

Sai da escada e avistei uma cena que me fez ganhar o dia. Lá estava Pottinha, se divertindo com as amigas e completamente indiferente a derrota do irmão ontem. E ao meu término. Como as coisas mudaram, ela costumava ser super consciente e preocupada com tudo. Não resisti e fui provocá-la.

— Ai, quem é?— Lily tentou se desvencilhar da minha mão, ela estava jogando Cartas de Cassandra e eu apenas estava retribuindo todas as vezes que ela me atrapalhou.

— Sou seu mestre, Lily, e acho que você já chegou no nível em que pode jogar sem usar os olhos.— Sussurrei no ouvido dela. Lena começou a rir e Pottinha parou de se remexer.

— Cesc.— Ela começou a tatear meu rosto e quando chegou a orelha, deu um puxão forte.

— Oucht! Você definitivamente é um unicórnio do mal, garota!— Soltei o rosto dela e ela se virou com um sorriso feliz pra mim. As amigas pareciam estar se divertindo com a performance da trastezinha.

— Apenas seguindo seus passos, milorde. - E a aprendiz supera seu mentor, bati palmas lentas pra ela. Você vê, admito quando não estou no meu melhor momento, está na hora de deixar a jovem Potter caminhar com suas próprias patinhas e é isso que vou fazer agora.

— Sabe onde está a monstra? — Eu perguntei, mudando de assunto, pronto para cair fora, mas não foi Lily quem respondeu.

— Se for essa monstra linda aqui, já achou! - Lia falou vinda de lugar algum, o que ainda me deixa impressionado. Ela é como um demônio que aparece sem ser invocado.

E necessário.

— Por que raios eu procuraria você, Thiollent? Meu dia está perfeitamente pacífico e eu gostaria de manter assim, muito obrigado.

— Me procuraria porque eu soube que você terminou com sua namoradinha, a propósito, eu queria apresentar meus sentimentos.— Ela fez um biquinho mais falso do que triste, o que fez as primeiranistas soltarem risinhos.

— Não aprendam isso, meninas, Lia é um péssimo exemplo de ser humano.

— Eu nunca disse que sentimentos eram esses. Aquela garota não te merecia, capitão!— Ela falou em um tom manhoso e eu nem me dignei a respondê-la, me despedi das meninas no lugar.

Fui em direção ao meu dormitório, daria um tempo até Rebeca voltar, afinal tínhamos um relatório de Astronomia para entregar, não é como se ela pudesse me enrolar e não cumprir com sua parte da apos...

Virei para trás e só agora percebi que Lia tinha me seguido até o meu quarto. Ela estava apoiada no vão da porta, com uma expressão angelical - que salientava as adoráveis covinhas - sendo o típico fetiche da colegial inocente com meias três quartos.

— Acho que você se perdeu na última bifurcação, o dormitório feminino é do outro lado das Masmorras.— Ela abriu um sorriso meio predatório. Merlin, estou me perfumando com feromônios, só pode. Haja sorrisos predatórios dados por seres pedantes e convencidos.

— Capitão, tenho a impressão que a sonsa da sua ex não te deu a devida atenção... — A impressão estava certa, mas eu não falei nada disso, não é como se ela precisasse de mais corda para me enforcar. – Ainda bem que eu não tenho nada mais interessante para fazer por agora, sorte a sua!

Lia foi folgando a gravata, me fazendo perguntar o porquê de eu só achar gente maluca para ficar atraída por mim, quero dizer, por algum motivo louco as pessoas de bem me detestam e as dementes me adoram!

— Que conveniente, Thiollent.- Falei ironicamente, o que a fez suspirar estafada, não sei o porquê.

Mal tive tempo de piscar e a artilheira com reflexos absurdos já tinha se movimentado, me empurrando em direção a minha cama, isso sim sendo conveniente.

— Normalmente eu não tenho que ser tão insistente.— Eu levantei uma sobrancelha para ela, deixando que se deitasse sobre o meu corpo. Ela havia insistido? Porque eu só senti o ataque. — E você não deveria ser tão arrogante, sei que está precisando.

Eu teria negado e mandado ela pastar, se a dita cuja não tivesse me beijado assim que terminou seu discurso esquisito e muito desnecessário, diga-se de passagem. Ok, não teria mandado não, pelo simples fato dela está certa.

Sobre tudo.

***

Observei enquanto Lia abotoava o sutiã com uma destreza impressionante. Ela parecia meio alheia à minha presença, mas não é como se eu a tivesse convidado para a minha cama, não é? Não tinha que me preocupar com o que ela estava pensando ou sentindo.

Cara, quando fiquei tão babaca?

Que esse interlúdio com essa garota - que não vale um sicle furado - não tenha servido de nada para resolver meus problemas mais sérios, ao menos agora sinto que o planeta voltou ao eixo.

Artilheiras sim, apanhadores não.

Por um momento eu realmente achei que teria que chegar para a minha avó quase centenária e dizer que eu sou gay, - ela provavelmente não fecharia os 100 anos com essa notícia - porque com Claire eu nem tentava ir para a segunda base. Obrigado pelos esclarecimentos, Lia.

Ela se levantou para conseguir subir a saia do uniforme, deve ter pisado em algum papel jogado no chão, porque o barulho de amassado soou alto, tirando sua mente maligna de onde quer que estivesse. Ela abaixou para pegar o escrito.

— Ah, que coincidência! — Franzi o cenho. Coincidência de quê, meu Merlin? Ela estava lendo, com um sorriso enigmático no rosto, minha edição, agora amassada, do Hogs News. – Ele está tristinho, você sabe.

Me jogou uma folha específica e eu a capturei ainda no ar. Havia uma foto do fim dramático da disputa entre Potter e Sparks, não precisava ser adivinho para saber de quem ela tá falando.

— Pobre Potter, realmente não herdou o talento dos pais.— Graças a ele estou um pouco mais rico e Rebeca um pouco mais pobre. Lia inclinou a cabeça e eu sorri, porque eu sei que não é bem verdade o que eu falei, ele é bom, só que Sparks é bom em um nível quase profissional.

Voltei a olhar a foto - que repetia em um looping infinito a desgraça de Potter - e senti uma quase compaixão. Mas era menos que isso, um leve desconforto, quem sabe? Isso que dá humanizar os inimigos.

— Sabe o que o deixaria animado?— Lia perguntou subitamente focada. Eu sorri para a artilheira dando pulinhos contentes, apenas de sutiã e saia na minha frente, certas cenas são inesperadamente deliciosas. E inocentes. Quantas vezes podemos associar as duas coisas com Thiollent?

— O quê?— Falei, me espreguiçando. Ela me deu um sorriso travesso.

— Um ménage com ele.— Eu continuei sorrindo, até perceber o que ela havia dito. Meu sorriso morreu.

— O quê?— Ela se jogou de volta na cama, com uma energia que faria inveja em um maratonista, mas a mim não enganava. O que diabos ela quis dizer com isso?

— Olha só, eu sei que você e Potter tem uma coisa...— Eu parei ela bem aí.

— Lia, pelo amor de tudo que lhe é mais sagrado, cala a boca!— Ela franziu o cenho, ofendida. – De onde diabos você tirou essa ideia? Sério! Em um momento você está toda distraída e no outro “Potter”, “Ménage”!

Imitei a voz fina dela e ela me deu um sorriso acompanhado de um olhar ladino. Estava tão perto que eu podia sentir o cheiro da loucura dela.

— Veja bem, tudo faz sentido na minha cabeça.— Eu fiz minha melhor cara de “Oh, nossa, que explicação fantástica” e ela me deu um soco de leve no ombro. – Vai fazer sentido na sua também.

— Veremos.

— Mantenha sua mente aberta, capitão.— Eu ia retrucar, mas ela foi mais rápida. – E me ouça.

Dei de ombros, vamos ouvir.

— James tem uma pegada muito boa, acredite, eu sei.— Disso eu não duvido, ela deve ter um catálogo da pegada de todos os jogadores de Quadribol da escola. – E você também não manda nada mal... E sabendo que vocês dois tem essa coisa acontecendo...

— De que coisa você está falando, Lia? — Fiz questão de tirá-la do caminho e me levantar. Ela se ajeitou melhor na cama e eu comecei a me vestir. E sim, estava me fazendo de desentendido, porque eu sei que James tem uma coisa por mim. Ou tinha, sei lá.

— Não se faça de idiota, garoto.— Ela sorriu, se virando de bruços, apoiando o rosto nas mãos e sacodindo os pés como uma garotinha inocente, porém fofoqueira.  — Eu vi o jeito que James te olhou na festa de Halloween...

— Merlin, isso faz uma eternidade! — Ela soprou uma mecha de cabelo do rosto, divertida. Pelo amor de Circe, Fábregas, isso não é uma negação! Seja mais claro, Lia precisa de toda a luz possível para iluminar as trevas que habitam nesse cérebro. — E de um olhar para um ménage, minha cara, rola um abismo do tamanho do seu ego.

— Não te ouvi dizer ainda “ que ideia mais absurda, Thiollent, nunca faria uma coisa dessas”.— Eu a encarei no meio do ato de abotoar a camisa do uniforme. Bem, ela está certa. A morena sorriu para mim maliciosamente.

— O que acha de fazer com outra pessoa?— Meu Merlin, lá vai eu planejando as coisas no calor do momento e nenhuma reflexão. Mas Lia me olhou interessada.

— Com quem, Cesc?- Ela disse com um tom sensual, de quem sabia que tinha ganhado meia batalha.

— Dussel.— Deus, de que adianta pegar uma garota super gostosa, se dois segundos depois eu vou caçar motivos para ficar com um cara de novo? Às vezes eu gostaria de pensar antes de falar as coisas... Lia não fez ou disse nada, apenas me olhou inexpressiva. Depois de alguns segundos de mistério, a artilheira abriu um sorriso cheio de más intenções.

— Isso pode ser arranjado.— Ela levantou da cama e eu fiquei parado, esperando que ela me alcançasse e passasse os braços ao redor do meu pescoço. — Mas posso saber por que Enrique, capitão?

— Estou devendo umas coisas para ele e você... — Dei um beijo rápido, mas profundo nela. – É um ótimo presente distrativo.

Lia me sorriu como se eu tivesse feito uma declaração de amor, mas veja bem, ela é uma Sonserina da cabeças aos pés e não perdemos tempo com essas besteiras de “está me usando”. Somos muito mais práticos.

— Será uma honra te ajudar, Cesc.

“E ficar com um favor a ser cobrado”, era isso o que aquele sorrisinho cheio de significados dizia.

***

Quando finalmente cheguei na aula, Rebeca me olhou com um olhar de falsa superioridade, eu estendi a palma da mão e ela colocou os 10 sicles que me devia, contrariada. Sorri para isso. Nunca mais aposte a favor da Grifinória, sua traidora.

Me ajeitei na cadeira, já esperando uma bronca do professor pelo meu atraso, mas como não aconteceu, resolvi cutucar Tony na minha frente, pra saber qual foi a desse milagre. Meu dia estava muito bom para ser verdade.

Tenho medo.

Um par de gestos discretos e uma leitura labial silenciosa depois, Tony e eu descobrimos que somos ruins em ambas as coisas. Ele me passou um pergaminho amassado, algum rascunho velho que ele tinha na mochila, com uma frase rabiscada.

Onde você estava, troll?

Não é da sua conta! Porque o professor não me cobrou satisfações?

Porque eu sou um bom amigo, mesmo que você NÃO mereça!

O que você disse a ele?

Que você estava com dor de barriga, claro.

Levantei o olhar e ele me deu uma piscadinha divertida. Diarreia é o código para “não entre em detalhes” e todos os professores de Hogwarts parecem entender. Dei uma olhada ao redor da sala pra ver se alguém estava questionando minha convalescença, mas apenas minha gêmea do mal correspondeu a mirada.

Pisquei para ela também e ao perceber que eu estava ok, a víbora da minha irmã soltou um ruído estranho de exasperação. Isso chamou a atenção de Claire ao seu lado. A sardenta se virou e apenas me deu um sorriso pouco sincero de cumprimento. Não esperava uma reação mais efusiva, sei que essas coisas de fim de relacionamento são chatas mesmo.

Sou muito maduro, já sabem.

Tony fez um gestual espalhafatoso para chamar minha atenção e quando eu o notei, ele pediu o pergaminho de volta. Eu entreguei e ele começou a escrever furiosamente no pobre papel, precisou até virar a folha!

Você não vai acreditar no que vi na sua ausência: a pessoa maldita que me azarou nesses últimos meses com a mão na massa! Sim, você leu certo: descobri quem foi o desgraçado que me fez todas aquelas peças ridículas! Siga a seta.

Como eu estava meio de lado, a seta apontava para Westhampton e isso me impressionou, soltei um “John? Sério?”, Tony olhou pra ele e depois voltou a virar para mim. “Não, idiota, coloca na direção certa!”, nem me pergunte como eu li tudo isso no sussurro de Tony, mas eu fiz.

Coloquei o pergaminho em cima da carteira, dando um vislumbre da mensagem a monstra ao meu lado. Segui a seta e dei de cara com o olhar desconfiado de um dos seres humanos mais filhos da mãe que já pisaram nesse planeta.

— Eu sabia!— Quando todos na turma me olharam surpresos, soube que tinha dito isso em voz alta. Professor Neville apontou para mim, - como quem diz “não se mova, te peguei!”- pegou a varinha e como eu sou um gênio dos feitiços e já decorei quase que todos os inícios de encantamentos, eu evitei ter o pergaminho “acciado” simplesmente embolando ele e enfiando na boca.

Vi Tony baixando a cabeça, provavelmente para rir de mim e fingir que não sabia o que estava acontecendo. Eu continuei mastigando o pergaminho como se fosse tudo muito normal, mas a coisa toda é que isso aqui é duro e seco pra caramba...

— Senhor Fábregas...— O professor parecia em dúvida de como proceder em caso de aluno que começa a mastigar as anotações depois de chegar atrasado por conta de uma dor de barriga suspeita. Até onde ele sabia, eu podia estar com uma dessas doenças bruxas que não fazem sentido algum. Eu terminei de engolir meu lanche inesperado. – Você acabou de engolir um pergaminho de conversinha paralela?

— Eu não tenho certeza do que o pergaminho tratava, professor, mas fiz isso apenas porque ouvi dizer que faz bem para o intestino...

É claro que ele não acreditou na minha desculpa esfarrapada e Tony interpretou bem o suficiente para fazer parecer que eu o havia enganado sobre minha doença. Filho da mãe! Fui obrigado a ficar depois da aula para combinar minha detenção.

— E aí, pegou o quê dessa vez?— Nem sinal de Scorp ou Rebeca, então fui obrigado a responder a esse trasgo traidor.

— Ajudar o guarda-caça a colocar adubo de fada mordente na estúpida plantação de abóbora dele.

— Abóbora? Qual o sentido disso? Faltam séculos até o Halloween!— Encarei Tony com uma paciência que ele não merece, tudo isso fruto do meu coração benevolente.

— Você acha que o suco de abóbora que você toma toda manhã vem de onde? Das tetas de um tronquilho?

Ele me olhou enojado e depois fez uma expressão de “Ahhhh é!”, que eu não mereço, sinceramente. Fomos caminhando para o corredor leste, mas então Tony me guiou pelos ombros para outro caminho, que certamente não dá nas escadas para as Masmorras.

— Mas o qu...

— Achou mesmo que eu te contei aquilo na aula só pra você pegar uma detenção e perder valiosos pontos para a nossa Casa?— Cruzei os braços e encarei aquela cara descarada que ainda estava muito perto de mim. Ele apertou meus ombros a título de incentivo. – Não, meu caro, te disse aquilo para que você me ajudasse na minha vingancinha.

— Tony, eu acabei de pegar uma detenção!— Ele sorriu condescendente e eu fiz questão de tirar as patas dele do meu ombro.

— Acontece, amiguinho, que eu tenho um plano!— Ele me falou animado, lembrando muito Aidan falando de ursinhos de pelúcia. Tá, isso nunca aconteceu, mas é totalmente plausível.

— Você sempre tem e é por isso que eu vou morrer jovem. — Tony ignorou completamente minha premonição e continuou com seu super sorriso de caninos levemente pontudos. Eram dentes branquinhos e certos, coisa muito rara em britânicos. Novamente, ele devia agradecer a boa genética da mãe.

— Olha só!— Ele sacou duas gravatas da Corvinal e uma esfera transparente do bolso, com uma fumaça vermelha dentro que se assemelhava a um lembrol – mas com certeza não era, porque nada nos planos de Tony é tão inocente assim.

— Meu Merlin...

— Cala boca, que vai dar certo!

Não, não vai.

***

— Como fizeram?—Parei de tentar juntar a massa e o recheio da torta de amora na mesma garfada, para dar um sorriso cínico à Rose Weasley.

— Com um tranquilizante, uma machadinha afiada e um saco preto de 50 litros. — Respondi cínico. Rose cruzou os braços daquele jeito enfezado dela. Tony lançou uma piscada para a ruiva, o que só piorou seu humor. — Espera, do que estamos falando?

Ela revirou os olhos e eu continuei comendo minha maravilhosa sobremesa. Por um milagre sem precedentes, Tony já tinha acabado o almoço e Scorp assistia tudo com um falso interesse.

— Me refiro ao que aconteceu na Corvinal! — Scorp levantou as sobrancelhas e se virou para mim e para Tony. – Tem a assinatura de vocês escrita em toda a cena!

— O que vocês dois fizeram na Corvinal?— Eu olhei ofendido para o loiro estúpido e Tony defendeu a nossa inocência no mesmo fôlego.

— Por que você acha que a gente fez al...

— VOCÊ!— Um grito, um desabafo, mas principalmente uma acusação no meio do Salão, na frente da escola toda, quase perfurou nossos tímpanos. Weasley se virou para ver quem havia falado isso e eu e Tony nos inclinamos para ver a dona da voz por trás da bruxa ruiva irritante.

Tracy Harmond - para todos os efeitos e interessados, a atual e oficial namorada de Tony - estava uma visão: toda chamuscada e usando uma roupa que era claramente dois números a mais do que o dela.

— Amor! Você está fantástica, fez alguma coisa no cabelo? — Tony perguntou com a cara mais cínica do mundo e eu sorri em acordo, o cabelo dela estava parecendo as cerdas das vassouras velhas da aula de voo do primeiro ano. Encantador.

— Harmond, que diabos se passou com você?— Rebeca estava totalmente atrasada para o almoço, mas não é como se ligasse para isso. A chinesa do meu ódio achou que havia algum interesse sincero na pergunta da monstra, então respondeu sibilando.

— Alguém usou um incêndio controlado para queimar TODAS as minhas coisas!— Ela falou de um jeito até bem pacífico e Tony fingiu a pior cara de surpresa que eu já tive o desprazer de ver.

— Não acredito que o marginal misterioso passou dos ataques a mim, para atacar você, meu amor! Destruiu até as coisas que não estavam com você no momento do ataque? Que ser humano cruel...

— Como soube dessa última parte, Zabini?— Weasley olhava tudo com uma expressão bem especulativa, como se realmente acreditasse que Tony estava se incriminando. Coitada. O plano de Tony sempre tem 3 partes, minha filha e esse consistia em:

Invasão

Maldição

Discurso

— Ora, Weasley! ORA, MUNDO! — Ele gritou essa última parte para toda escola, mas não era como se precisasse realmente chamar atenção, todos já estavam acompanhando o desenrolar da história atentamente. – Não a nada nessa escola que seja do meu interesse que eu não saiba ou que eu não descubra, eventualmente.

Tony, que tirou essa horrível veia teatral do seu pai, subiu no banco ao meu lado e voltou seu discurso para todo o Salão. Que capacidade para pagar mico com estilo, meu Merlin!

— Quem acredita, por um segundo que seja, que pode mexer comigo ou com um dos meus sem ser devidamente estraçalhado, pode ir encomendando um caixão bem pequeno, porque...— Ele se curvou, ainda sobre o banco, ficando na altura dos olhos puxados e raivosos de sua namorada - ou seria ex? - para completar o discurso com um tom bem baixo e assustador. – Eu não me apiedo dos meus inimigos.

Cara, eu estou tão grato por não ter dispensado a amizade de Tony naquele primeiro dia no trem! Porque isso foi assustador. E divertido, em partes iguais. A cara de Tracy foi impagável e muito clara: aquela guerra estava apenas começando.

— Façam suas apostas, quem vai ganhar essa batalha?— Eu perguntei para ninguém em particular, mas Rebeca fez menção de falar. – Se você apostar novamente no nosso rival, eu vou jogar suas poções de beleza no Lago.

Ela se calou. Boa garota.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim, eu sei, esse capítulo é de transição, mas o próximo vai ser o fim dos maiores plots da fic! Aguarde. E comentem. Bjuxxx