Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 28
Capítulo 28. De volta para casa


Notas iniciais do capítulo

Com algumas horas de atraso... Alguém notou? Ninguém notou!

Espero que já tenham visto o bônus das ruivas, que assim como o de James, não influenciam em nada no curso da história, mas explicam o porquê de certos detalhes da vida de Cesc serem A e não B.



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Capítulo 28. De volta para Casa

Primeiro: Amigos antes de namorada;

Segundo: Duas horas exclusivas para a namorada e só;

Terceiro: o amigo solteiro não pode ser deixado sozinho em hipótese alguma, as duas horas exclusivas das namoradas devem ser planejadas com antecedência para não coincidirem;

Quarto: Nada de compartilhar sentimentos do namoro, apenas experiências interessantes;

Quinto: Levar em consideração a opinião dos amigos em caso de dúvida do momento e de como proceder no rompimento;

Parei de ler o pergaminho que Scorp me entregou, porque eu já estava ficando meio tonto com o leve balanço do trem e olhei para ele. O loiro estava parecendo muito satisfeito consigo mesmo.

—Tenho certeza que você adoraria se meter na hora do pé na bunda, não é? – Ele deu de ombros com um sorriso que dizia muita coisa. – Você gastou muito tempo nisso?

— “Perdeu muito tempo nisso?”, essa deveria ser a sua pergunta. – Tony disse enquanto tentava pegar seu sapo de chocolate, muito ativo para uma comida, diga-se de passagem. – Scorp, você acha que nossas namoradas vão gostar desse negócio de exclusividade por duas horas?

—Primeira coisa, isso não se aplica ao seu namoro de mentirinha, segunda coisa, elas podem passar mais tempo, mas exclusivamente, duas horas está de bom tamanho. – Ele disse contando nos dedos. Tony levantou a cabeça à menção de seu namoro de mentirinha.

—Por que meu namoro não conta? – Scorp revirou os olhos, eu sorri para os dois idiotas, às vezes eles são adoráveis em suas idiotices.

—Onde está sua namorada, Tony? – Scorp perguntou se fingindo de paciente. – Nós nem a conhecemos oficialmente.

—Cadê a namorada de Cesc, hum? Também não a conhecemos oficialmente como namorada dele. – Por que esse garoto sempre se defende me usando? Aff. – Fora que você já conhece Tracy muito bem.

—Claire está com minha irmã, daqui a pouco ela vem.

—Eu tenho medo daquela garota. – Eu e Scorp falamos quase ao mesmo tempo e Tony só ouviu o que Scorp falou, claro.

—Tem medo da minha namorada?

—Sim, eu tenho medo! Ela topou sair com você, você foi malvado a vida toda com ela e ela não liga de você continuar sendo um escroto... – Scorp está cheio de listinhas hoje, hein? Estava prestando atenção nele até Rebeca entrar dando uma pausa dramática, apoiada na porta, como se esperasse os aplausos da plateia da nossa sitcom.

—Sentiram minha falta?– Ela está com seu sorriso gatuno e Scorp está fazendo aquela cara que é mais ou menos “Dai-me paciência, senão eu mato!”.

—Quase isso. – Ela gostou da minha resposta, então sentou do meu lado, jogando as pernas no meu colo.

—O que mandam de novo, crianças? – Tony e Scorp mudaram suas expressões para sorrisos idênticos, em sincronia. Ok, isso foi assustador.

—Sim, Cesc, o que mandamos de novo? – Tony me perguntou, colocando a mão no queixo, Scorp apenas se apoiou no banco para apreciar melhor o show. Sacanas.

—Bem... Não sei o que eu ganhei de Natal, porque fiquei de castigo e minha mãe é cruel. Que mais? Estivemos na casa dos Weasley, a “Toca” ... – Ela me olhou interessada e eu estava disposto a distrai-la com um pouco de fofoca fresca, mas Scorp foi mais rápido, porque para semear a discórdia ele presta.

—E o que mais, Cesc? Aconteceu algo bem importante que você está esquecendo... – Scorp balançou a sobrancelha sugestivamente. Como eu o odeio.

—Me digam uma coisa, se eu matar Scorpius eu serei condenado ou homenageado? – Tony parou para refletir e Rebeca riu, feliz com a ideia e alheia ao motivo do meu ódio pelo loiro.

—Depende... Se o juiz tiver sido comprado pelo pai dele ... – Ela respirou para continuar o que provavelmente seria uma piada bem legal, mas que nunca foi completada porque Claire chegou na cabine nesse exato momento.

Viva. Como sou sortudo.

—Finalmente ach... – Minha querida namorada parou de supetão e eu como ótima pessoa que sou, empurrei as pernas de Rebeca do meu colo bruscamente. Scorp deu risada, provavelmente sentindo falta de umas guloseimas para acompanhar a cena de camarote.

Claire pareceu um pouco surpresa, mas logo depois disfarçou bem o desconforto. Ela entrou na cabine e fez uma mágica interessante de se espremer do meu outro lado, sem no entanto demonstrar nenhum senso de posse ou algo do tipo. Eu abri espaço para ela, empurrando um pouco Rebeca para o lado. Isso não tinha como acabar bem para mim.

—Sullivan, ninguém te ensinou que é inconveniente entrar na cabine dos outros sem ser convidada? – É nessa hora que eu falo alguma coisa que irá colocar panos quentes na situação antes que Claire entre na pilha de Rebeca, mas nesse exato instante nada me vem à mente.

—Ela foi convidada, Rebeca. – Tony falou simpaticamente e deu a deixa para eu completar, mas ainda não pensei em um jeito de dizer a minha querida monstra que...

—Não preciso de convite para entrar na cabine do meu namorado. – Aí está. O elefante branco no meio da sala de jantar da família tradicional. Porque Claire é uma dama, ela não deu ênfase em nenhuma palavra e falou mais como uma constatação do que uma provocação, o que só fez a coisa soar ainda mais ofensiva, na minha opinião.

Rebeca já ia retrucar então parou de repente com o dedo em riste e a boca meio aberta. Eu a encarei com meu melhor sorriso “eu ia te contar... Eventualmente”. Pude ver Scorp chegar para a ponta do banco, ansioso pela reação de sua nêmesis.

—Ah. – Ela ajeitou a postura e deu um sorriso, que eu nem desconfiaria que era falso se eu não soubesse que era. – Meus parabéns para o casal.

—Obrigada, eu esperava uma reação diferente sua, mas já vi que ambas estamos mais maduras agora, não é? – Claire falou do mesmo jeito doce e tranquilo que ela fala sempre. Se Louise estivesse aqui, com certeza a coisa teria descambado para a baixaria. Meu Deus, ela está comprando essa cara de garota boa de Rebeca?

—Sim, com certeza! Estou feliz pelo meu amigo... Agora se me dão licença, tenho outras pessoas para cumprimentar aqui no trem. – Rebeca se levantou como uma lady e ajeitou a saia com um gesto elegante. A única coisa que a traiu foi o golpe um pouco mais forte que ela usou para fechar a porta da cabine.

—Cesc, você é um cara morto. – Claire completou sua frase com um beijo na minha bochecha. – Serei chamada de viúva ou isso só vale para casados?

Scorp e Tony acharam muito engraçado o comentário de Claire, ou a situação toda, ou a minha morte eminente. Não sei, só sei que eles riram muito. Riram até demais. Aquela expressão de rir até 2050 nunca pareceu tão certa.

Não estou achando graça nenhuma, só para constar.

***

Assim que entrei na Sala Comunal da Sonserina tive que me desviar de um peso de pergaminho em formato de serpente atirado na minha cabeça. Rebeca me olhava cheia de ódio, ou um sentimento pior que eu não sei descrever.

—Como sabia que era eu? – Falei meio assustado, com as mãos para cima. Gente, que garota louca!

—Eu não sabia, estou jogando essa cobra em todos que se atrevem a entrar... – Ela executou um accio excelente para provar o seu ponto. A serpente de prata envelhecida retornou para as mãos dela. Acho que ouvi uma criancinha chorar em alguma parte do Salão, mas pode ser apenas minha criança interior.

—Rebeca, não seja ridícula, isso poderia ter machucado alguém. – Scorp falou, passando na frente e arrancando a arma letal da mão dela. De tão focada em mim, a morena psicopata nem reclamou.

—Como ousa? – Ela falou sibilando, se aproximando lentamente, provavelmente para não fazer nenhum movimento brusco que me fizesse correr. Vocês sabem que eu faria/farei isso. – Sullivan...

—Rebeca... Amor! Por que acha que eu fiz qualquer coisa para te irritar? – Falei me aproximando lentamente também, já que ela parece disposta a um diálogo. Quando chegamos bem perto um do outro, eu fiz o movimento para tocar o rosto dela, mas ela me atacou.

Claro que eu desviei e a contive, o que só a deixou com mais raiva.

—Desculpa, desculpa! Eu mereço apanhar por não ter te contado antes... Se eu deixar você me dar um soco, ficamos bem?

—NÃO! EU QUERO MATAR VOCÊ E DEPOIS SULLIVAN COM SUA VARINHA! – Eu a agarrei com mais força e a trouxe em um abraço apertado. O requinte de crueldade de matar a minha namorada com a minha varinha me impressionou e horrorizou em iguais proporções.

—Você não quer nada disso... – Ela tentou me morder. – Rebeca, chega!

Falei sério e ela finalmente levantou a cabeça e pela primeira vez eu me senti culpado. Ela começou a fazer bico e os olhos a lacrimejar... Olhei para Scorp em busca de ajuda e o loiro só deu de ombros com uma cara de “eca, ela tá vazando”. As fungadas ficaram mais fortes e ela apoiou a cabeça no meu peito.

—Vo-você me traiiiiiiiiiiuuuuuu! – Ai que terror, NÃO! O Salão todo está olhando para a gente, que vergonha! – A Su-sullivan? Eu não merecia i-issooooo!

Scorp apontou para as escadas que davam para os dormitórios, fui conduzindo uma Rebeca chorona para longe dos olhos curiosos e acusadores dos meus colegas de Casa. Sonserinos são criaturas muito unidas, então não ferre com um de nós... Mesmo sendo um de nós.

Sentei ela na minha cama e comecei a consolá-la com tapinhas nas costas. É assim que fazem nos filmes, né? Cadê Tony e seus planos brilhantes? Espero que morto numa vala, assassinado por sua namorada chinesa esquisita.

—Então, Rebeca... Não é o fim do mundo. – Scorp começou a falar, ela não reagiu agressivamente, então ele continuou. – Nem sequer acho que vai durar.

Fiz um gesto obsceno pra ele, por cima da cabeça de minha inconsolável ex-amiga colorida. – Mas a Su-sullivan? Isso foi muito cru-cruel até pra você! – Ela fungou, nada elegante dessa vez.

—Aconteceu... – Ela me olhou ultrajada.

—Aconteceu? Aconteceu... Cesc, acidentes acontecem! Pedidos de namoro envolvem um pouco mais do que atos acidentais. – Ela me disse, enquanto limpava a maquiagem borrada de debaixo dos olhos. Grazadeus!

— No caso de Cesc, acho bem possível que tenha sido um acidente, ele não pensa direito nas consequências... – Olhei para Scorp, ofendido. Se não é para ajudar, não atrapalhe, seu merda!

—Foi isso, Cesc? Ela te enrolou de alguma forma? – Eu revirei os olhos para Rebeca, mas nem devia ter feito, ela estava esperançosa quanto a essa hipótese.

—Claro que não, Beca. – Eu suspirei cansado. – Que mais eu poderia fazer? Eu gosto dela! Não podia deixá-la ir embora...

Ela arregalou os olhos com a minha fala e depois encarou Scorp, que fez aquela coisa estilo “Não disse?”. O quê? O que eu disse de errado?

—Ah, querido.– Agora eu é quem estava recebendo tapinhas consoladores nas costas. O que é que está acontecendo aqui? – Sabe que vocês até que formam um casal lindinho?

Scorp me olhou em dúvida, lá de sua cama, o que não me disse absolutamente nada. Não era ele quem estava trocando olhares de entendimento com essa monstra maluca que parece muito satisfeita consigo mesma agora? Vão se lascar os dois!

—Quer saber? Obrigada, Rebeca, isso foi muito maduro e bipolar da sua parte. – Ela riu e depois voltou a sua bizarra cara de quem compreende muito todas as coisas do mundo. – Que tal jantarmos?

***

Estávamos todos tentando vencer o concurso de quem falava mais alto e contava mais fatos irrelevantes das nossas férias de inverno. E quando eu digo nós, queria dizer os outros estudantes, porque eu só estava ouvindo Scorp descrevendo minuciosamente o Natal dele na Mansão Malfoy, que lindo ele queimando ramos de azevinho na lareira com a chaminé fechada, só para causar um leve pânico nos convidados dos pais dele com a fumaça perfumada.

A senhora Nott estava lá e só por isso eu ri e não porque eu sou uma pessoa cruel nem nada.

Paramos de conversar quando finalmente vimos movimento na mesas de professores. O tradicional discurso volta as aulas ia começar, mas só iria prestar atenção dessa vez porque realmente algo relevante será dito, por causo dos últimos acontecimentos, já sabem.

—Onde está a velha McGonagall? – Cutuquei Tony que estava do meu lado, mas ele deu de ombros, ainda olhando para o púlpito ocupado por aquele cara... O do nome que eu não lembro, mas que eu acho que vi em um jogo de Quadribol a alguns meses atrás.

—Boa noite à todos. Para quem não me conhece, eu sou o professor Brenam, vice-diretor de Hogwarts. – Ele disse com aquele tom de voz severo que alcança todo mundo sem precisar de feitiço de ampliação vocal.

—Essa coisa de vice-diretor não existe. – Tony sussurrou meneando a cabeça negativamente e eu e Scorp apenas reviramos os olhos.

—Gostaríamos de informar a ausência da nossa querida diretora McGonagall neste restante de ano letivo, por razões médicas, mas estamos certos que no próximo ano ela estará novamente conosco.

Ai que coisa horrível! A velha está morrendo! Deu um aperto no coração agora, ela é como a minha terceira avó cheia de atitude e regras! Desde o primeiro dia de aula me encarando com aquele olhar tão severo quanto o seu coque de militar feminina da reserva... Não estou pronto para a perda!

—...a saída das dependências do castelo!– Toda a escola começou a reclamar e a falar alto como se o carinha tivesse dito algo muito polêmico. Bem... Provavelmente ele disse.

—O que foi que ele disse? – Perguntei a um Tony revoltado do meu lado falando o quanto aquilo era absurdo! – Scorp, o que foi que ele disse?

O loiro saiu da sua própria bolha de indignação e falou comigo finalmente. – Ele disse que os treinos de Quadribol estão suspensos e que não podemos deixar as dependências do Castelo!

—O QUÊ? – Todo mundo estava falando alto, mas qual é a indignação que chama a atenção do vice-diretor? A minha, é claro.

—Por favor, acalmem-se! – Ele falou sem gritar, mas a voz reverberou das paredes e nos meus ossos de qualquer jeito. Medo desse cara. – Obrigado. Agora, como eu ia dizendo, essas são medidas de segurança temporárias, tomadas para garantir à vossa segurança pessoal e do Castelo como um todo.

O restante do discurso dele foi falando à respeito dessas novas regras, como se as anteriores já não fossem ruins o bastante. Nada de ar puro, Quadribol ou alegria de viver. As aulas de Tratos das Criaturas Mágicas serão somente teóricas ou em sala de aula, o que não me diz nada já que não peguei essa optativa. O uso das salas mágicas tais quais a precisa e a de duelos só poderão ser feitas mediante a presença de professores ou monitores, blá, blá, blá.

Como se algum dia nós reles mortais do terceiro ano fossemos nos atrever a tentar colocar os nossos nomes na lista de espera da sala precisa. Aquela lista ali tem nome desde antes de eu nascer!

A única coisa boa nessa coisa toda é que os castigos externos estavam proibidos, aqueles do tipo alimentar a Lula Gigante, limpar os vidros das estufas de Herbologia ou aplicar fungicida nas raízes do Salgueiro Lutador, cara, Hogwarts é quase uma Azkaban, porque aquela árvore é maligna, quase perdi meus dentes no segundo ano...

Comemos ainda reclamando de todas as injustiças da vida, a essa altura eu já devia estar acostumado com minha sina, mas não, eu ainda me surpreendo com tudo de ruim que pode me acontecer!

Fiquei um pouquinho com Claire, ante de dar a hora do toque de recolher e voltei para minha querida e amada Sala Comunal, só para encontrar uma balbúrdia atípica, onde Tony parecia fazer um discurso inflamado para uma pequena multidão. O que ele está aprontando agora?

—Não é verdade, Clerence, se a gente fizer do jeito que... Cesc, junte-se a nós! – Ele me chamou com a mão, do alto da mesinha de centro, seu palanque presidencial. – Estava dizendo aqui como podemos nos articular para conseguir derrubar uma dessas regras absurdas.

—E como seria isso, Tony?– Eu cruzei os braços, cético, só porque é meu papel manter a mente de Tony na Terra, se depender de Scorp ele pode voar por Marte à vontade.

—Meu tio-avô, Ignatio Greengrass, faz parte do Conselho de Hogwarts e com certeza ele pode nos dar voz na próxima reunião do Conselho e convencer o restante do coro do contrassenso dessas regras. – Scorp falou muito certo, mesmo que a relação dos Malfoy com os Greengrass seja um pouco frágil pela rebeldia da mãe dele, que resolveu cortar relações com todos os parentes que ainda mantiveram, mesmo após a guerra, o discurso velado do purismo.

—Na verdade, a nossa principal demanda é em relação aos jogos de Quadribol, não podem simplesmente suspendê-los por tempo indeterminado! – Tony bradou e nossos estúpidos colegas o apoiaram. O que é isso? Peguei o atalho errado e vim parar na Grifinória?

—Ele não disse que os jogos estavam suspensos, apenas os treinos externos estavam... Não é como se fossemos treinar com neve até o joelho, de qualquer forma. – Heidi Lowen, nossa artilheira da ala esquerda, falou enquanto colocava os cachos bagunçados atrás da orelha. – Acho que vocês estão se precipitando...

—Cala boca, Heidi! Devia pelo menos tentar disfarçar sua preguiça, pra que se inscreveu no time se não quer jogar? – Romeo ladrou do lado da lareira, infelizmente longe demais para que eu pudesse dar um soco em sua cara, mas Dussel deu uma cotovelada de aviso.

Antes que Heidi o respondesse como ele merecia, eu a parei e resolvi tomar um pouco as rédeas desse bando de loucos, porque para alguma coisa deve servir o título de capitão.

—Os jogos não foram suspensos, apenas os treinos. Resolverei isso com os outros capitães... – Tony já ia começar a retrucar e eu respirei fundo para não enfiar a mão na cara dele também. – Até lá, nós aguardamos.

Ele franziu o cenho para mim e não disse nada. O restante dos alunos da Sonserina se dispersaram com o meu tom conclusivo para continuar a falar de todo aquele absurdo, aberração, contrassenso... Mas meu time se manteve por perto.

—Fábregas, eles vão cancelar o campeonato, só não quiseram dizer isso agora para não aumentar a confusão. – Dussel falou baixo, mas alto o suficiente para que todo o time o ouvisse. Eu sei que ele pode estar certo, mas o que pode ser feito agora?

—Já pararam pra pensar que as pessoas que pensaram nessas regras, o Conselho provavelmente, fizeram isso pensando na nossa segurança de verdade? – Meus queridos companheiros de time fizeram pouco caso da minha racionalidade, isso é que dá falar de segurança com jogadores de Quadribol. – Antes de falarmos com o tio de Scorp, vamos ver o que os outros times acham disso, talvez a gente consiga pensar em alguma saída coletiva pra situação...

—Você e suas “saídas coletivas”, que merda de saída tem para isso? – Tony me perguntou irritado e eu ignorei o tom irônico. Quando ele está com esse humor temperamental nem adianta discutir!

—Eu ainda não sei, Tony, mas esse é o primeiro dia de voltas às aulas, que tal irmos dormir, deixar a notícia ser absorvida, para só depois tomarmos medidas drásticas?

—Converse com os outros capitães, Cesc. – Scorp disse da sua maneira prática e decidida. – Respeito o seu jeito de fazer as coisas, mas amanhã à noite escreverei a meu tio com ou sem a adesão deles.

Ele me encarou seriamente, contando completamente com o apoio de Tony, Romeo, Enrique e Lia, Heidi parecia ainda estar em cima do muro, como eu e não havia nem sinal de Streck. Não tenham dúvida, amiguinhos, quando Scorp diz “deles”, ele está se referindo a mim também nesse bolo, o bolo dos capitães. A lição que tiramos disso é, vice-diretor Brenam:

Não. Mexa. Com. O. Quadribol.


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Notas finais do capítulo

Rebeca, amo! kkkkkkkkk