Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 18
Capítulo 18. As desvantagens de se estar vivo


Notas iniciais do capítulo

Gente, as jogadas de quadribol, nome de times e plantas usadas no capítulo são do universo HP, quando forem coisas minhas eu aviso! Rsrsrsrs

Confiram se leram o cap. 16, eu pulei ele e o erro reverberou até aqui. T.T)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635649/chapter/18

18. As desvantagens de se estar vivo

Não fiz de propósito.

Me perdoe!

As palavras, diferentes das do Ocaso, não somem. Louise está nessa, tentando me tirar do sério desde o início do dia. Acordei, fui tentar encontrar o exercício de Herbologia no meio do meu monte sagrado de pergaminhos, ao lado da minha cama e essa foi a primeira coisa que eu vi.

Típico dela.

Resolvi mostrar a coisa ofensiva para Tony e Scorp, pra ter uma segunda e terceira opinião, porque sou um cara justo.

—Um grande desperdício de um perfeito pedaço de pergaminho, na minha opinião. – Claro, Scorp. Concordo plenamente.

Tony apenas fez um biquinho e cara de cachorro caído da mudança, em resumo cara de “perdoa ela”.

—Eu nem me importo em perdoar minha gêmea, mas ela não volta pra equipe. – Scorp balançou a cabeça numa afirmação categórica. Desviei para a direita chamando a atenção dos dois. – Vou resolver uns assuntos, encontro vocês no almoço.

Tony e Scorp apenas me olharam com suspeita, mas resolveram não perguntar quais eram esses assuntos. Eu até contaria pra eles sobre o lance do meu celular perdido SEM senha, se não fosse tão humilhante. Minha sorte toda é que eu sou uma pessoa bem conectada.

—Está atrasado, Cesc. – Albus apenas me recepcionou como o mal-educado que ele é.

—Bom dia.

—Lily me disse que precisava falar comigo. Se não for pra marcar uma reunião do Oc. eu nem quero saber! – O maldito falou todo na defensiva, como se eu estivesse pensando em pedi-lo pra se prostituir nos becos de King Cross...

—O que é Oc., Potter? – Ele me sorriu como se fosse muito esperto, mas, Céus, ele não é. – Acha que ninguém vai conseguir fazer uma associação idiota entre a sigla e o nome?

Ele é apenas pior do que a Louise. Como sou sortudo!

—Tem razão! Precisamos de um codinome melhor para a operação! – Esse aí pode dar as mãos a Tony e seguir em direção à um hospício.

—Artie, deixe as ideias para os seres pensantes! De você eu só quero uma coisa: – Quero que mate seu irmão. – Quero que pegue o meu celular de volta das mãos de seu irmão.

Ele fez uma careta, isso porque eu nem sequer disse o que eu realmente queria dizer! Mas assim como fui com Lily, serei rígido com Artie. Não sei o que o Sr. Potter anda fazendo, mas alguém precisa educar essas crianças.

Artie, você sabe que o que seu irmão fez foi errado, não sabe? Ele roubou! Na minha terra gente tem as mãos decepadas por menos... – Ele me olhou cético.

—Na Espanha?

—Vai pegar meu celular de volta! – Apontei o dedo pra ele enfático, o ignorando. Albus apenas passou as duas mãos no cabelo já naturalmente bagunçado, em sinal de exasperação.

—Não posso fazer isso! James anunciou pra Grifinória inteira! Ele tá lá mostrando as suas fotos do Natal... Por que o seu cabelo estava metade verde e metade prata de qualquer forma?

Blaise Zabini sabe. Depois de velho ficou idiota, que nem o filho.

—Isso não importa. Ele roubou meu celular, da mão de uma criança, ainda por cima! Isso deve ser classificado como roubo qualificado e eu acho...

—Cesc, Lily estava tentando filmar o treino da Grifinória, confere?

— Não há provas. – Albus me olhou como se isso tirasse toda a razão da minha indignação! – Isso não vem ao caso mesmo! Dois erros não faz um acerto.

—Olha, mesmo que eu queira te devolver seu celular, e eu quero, James está muito feliz com o brinquedo novo dele! – Eu olhei pronto para argumentar. – A bateria está acabando! Ele vai se cansar, jogar num canto qualquer, aí eu pego e te devolvo, que tal?

—Que tal você apenas pegar o celular, me devolver e eu ensinar uma lição pra ele?

—Que tipo de lição? – Ele me olhou impaciente.

—Vou bater na tecla do roubo, até ficar bem arraigado na mente dele! Quando você me devolver o celular, eu não vou fazer alarde, continuarei cobrando que ele me devolva. Ele vai ficar desesperado quando perceber que perdeu meu celular. E aprenderá uma lição maravilhosa: não roubarás o coleguinha...

—Que tentou filmar suas jogadas secretas! – Ele completou divertido. – Ok, isso pode ser engraçado. Vou dar o meu jeito, mas não garanto que farei hoje.

—Apenas faça. – Falei satisfeito.

— E quanto a reunião do Oc.? – Revirei meus olhos.

— Você será avisado. E pare de falar Oc., senão vou te dependurar pelos pés naquela armadura ali!

Apontei para armadura atrás dele e o idiota olhou. Eu apenas fui embora, porque eu não mereço essas pequenas idiotices alheias.

Entrei no Grande Salão, que já estava cheio como sempre e vi Louise me olhando da mesa dela. Apenas estreitei meus olhos e continuei meu caminho até onde meus amigos estavam.

—A sua irmã é de uma cara de pau...- Rebeca disse olhando pra Louise com desprezo. Não me passou despercebido que recentemente ela esteve no outro lado do julgamento. Duas vezes.

—Eu a perdoarei se ela conseguir ingressos para a festa da Corvinal. – Scorp levantou a sobrancelha e fez aquela cara de “pense nisso”, mesmo ele tendo me dito algo diferente minutos atrás. Derek Drakarr, irmão mais novo de um dos artilheiros da Corvinal virou interessado no assunto.

—Estão sabendo de alguma coisa? – Ele perguntou meio curioso, meio acusador. – Meu irmão não me disse nada ainda e não posso ficar dependendo dele... Aparentemente cada Corvinal só pode levar uma pessoa e ele com certeza vai levar alguma garota.

Derek falou meio emburrado e... Hipócrita, porque eu tenho certeza que se fosse o inverso ele faria exatamente o mesmo.

—Sabemos o que todo mundo sabe. O seu irmão, por um acaso já tem... – Cortei Rebeca antes que ela pudesse fazer o charminho dela. Quer dizer, o charminho pra saber se o garoto que ela quer usar está disponível, pra você vê como ela é.

— Sabe quem tá organizando as coisas Drakarr? – O quartanista apenas deu de ombros, já perdendo o interesse na conversa.

— Sei lá... Provavelmente Haardy tá envolvido... É bem a cara dele ser um pé no saco.

— De fato. – Tony disse me olhando significativamente. – Haardy É um pé no saco.

Sei exatamente o que ele quer dizer com esse olhar. Precisamos de Louise pra continuar a nos dizer o que está acontecendo na Corvinal. MERDA!

Mas não precisa ser hoje, não é?

***

—Fábregas... – Uma voz que já estava ficando bastante conhecida cantarolou meu nome nos corredores das estufas 1 e 2. Coincidência filha da mãe que Potter I estivesse saindo de sua aula de Herbologia na mesma hora em que estávamos chegando para nossa.

—Ora, ora, ora, se não é o ladrãozinho de Hogwarts! – O humor dele azedou automaticamente. – Planejando seus novos crimes, Jason?

—Não me chame de Jason, Fábregas, você sabe muito bem meu nome! – Me fiz de desentendido. – Tenho certeza que você falou perfeitamente bem quando estava manipulando a minha irmã pra me espionar!

—Não seja ridículo! Te espionar? A troco de quê? – Falei bem humorado. – Você é a menor das minhas preocupações... Estava mais interessado em Longbotton, em Weasley II, jogadores de verdade, já sabe.

Ele ficou vermelho, realçando o pouco da cor que tinha nos cabelos. Ruiva, ruiva mesmo só Pottinha nessa família. Ele respirou fundo, lembrando que tem a vantagem da situação, provavelmente.

—Você tem uma fotos muito bonitinhas com o seu cachorrinho... Qual o nome dele? Fluffy? – Que audácia! Zombar do meu cachorro só porque ele é um filhote! Tudo bem que eu não precisava ter colocado uma das minhas gravatas nele... Se arrependimento matasse!

—O nome dele é Perseu*! E quando ele crescer e virar um enorme rottweiler, eu vou trazer ele pra te fazer uma visita. – Sorri com a visão de um Potter estraçalhado. Belas imagens, de fato.

Potter já ia retrucar, mas Scorp foi mais rápido. – Vocês não tem outro lugar para estar não? Porque nós temos aula agora!

—Temos sim, Malfoy. E depois dela vou voltar a dar uma olhadinha no meu novo brinquedo, talvez eu consiga passar a parte das músicas depressivas e chegar em algum rock de qualidade...

—Talvez consiga chegar aos meus nudes, isso te faria feliz não? – HAHAHAHAHA, eu sei que isso foi baixo, mas eu apenas não pude evitar. Vou me autopenitenciar mais tarde, prometo.

Ele estreitou os olhos, mas não disse mais nada. Apenas foi embora com seu grupinho. O que me fez dar risada de maligno que sou. 1x0, Potter.

—Ele podia ter te respondido de 100 maneiras diferentes, por que ficou calado? – Tony me perguntou desconfiado, mas já sendo meio que empurrado pelo pontual Scorp para a estufa 2.

—Ele não tem o raciocínio tão rápido quanto o seu, amigo. – Falei no meu melhor jeito “despistar com elogios”.

—Você está muito cheio de mistérios hoje... Quando pretendia nos contar esse lance do celular? – Ele me perguntou como uma esposa traída. Saco.

—Pretendia que esse assunto já estivesse resolvido a essas alturas, mas não se preocupe, já tenho um homem trabalhando no caso.

—Não estou preocupado. – Ele me deu o seu melhor olhar de desinteresse. Bastante ofensivo, pro meu gosto.

—Pois deveria! Eu tirei fotos de algumas jogadas legais nas férias e agora Potter está em posse delas! – Ele me olhou ainda desinteressado, no fim das contas tirei as fotos mais por tédio do que outra coisa, na casa de Tony não tem eletricidade, imaginem vocês, é tudo por magia tradicional, então tinha que passar tempo nas férias. – Tem fotos de Louise de biquíni em Ibiza...

Tony me olhou, agora com toda atenção do mundo. Pelo amor de Deus, nem tem nada pra ver ali, Louise é uma tábua, coitada. Tony precisa achar outra musa, urgentemente.

Felizmente ele não teve tempo de dizer mais nada, porque professor Longbotton já estava pronto para começar sua aula. Íamos ter a oportunidade de continuar analisando o ciclo de vida das Diafaninas.

Isso porque aparentemente não estamos prontos para ver um Visgo do Diabo de verdade, no alto de sua violência magnânima, então ficamos com sua prima pobre mesmo. Os Longbottons parecem ter nascido pra tirar toda a graça da vida.

***

Faltando dois dias para o jogo com a Grifinória, tentando manter minha cabeça pra fora da água, eis que me aparece as seguintes palavras no meu pergaminho de jogadas.

Traje Formal, preto e branco.

Nas Ruínas, em duas semanas.

Meia noite.

Seu nome está na lista, parece que hoje é seu dia de sorte.

Minhas jogadas viraram cinzas juntos com as letras do Ocaso.

—Cesc?

—Hum...

—Você lembrou de pegar o pergaminho enfeitiçado do Ocaso da mão de Louise? – Scorp me perguntou da cama dele, já sabendo a resposta.

—Um problema de cada vez, Scorp. – Soprei minha vela, desistindo de ficar tentando bolar jogadas noite à dentro.

***

—Que tal fazer sua entrevista com outro jogador dessa vez? – Fiz um gesto amplo para a minha adorada equipe que se arrumava cheia de entusiasmo no vestiário.

A repórter mirim da Grifinória engoliu em seco. – Não pode ser com você mesmo?

—Tony, vem cá! – Meu amigo batedor levantou de seu lugar, com aquela cara e humor do cão que já conhecemos. A menininha deu um passo involuntário pra trás. – Que tal responder algumas perguntas a nossa simpática amiga aqui?

Ele me encarou com a expressão inabalável. Não tenho medo de você, amiguinho.

— Por favor... – A garotinha implorou, não sei ao certo se pra Tony respondê-la ou se pra eu não sair de perto dela, coitada.

—Pode voltar para o seu lugar, Tony. Eu cuido disso. – Sorri tentando parecer mais simpático. – Hoje você só tem cinco minutos, lindinha.

Não me levem a mal, mas o clima não está pra brincadeira. As disputinhas entre as duas Casas, que até mês passado eram divertidas e inocentes, essa última semana tomou uma conotação mais violenta.

Alguns duelos travados, azarações lançadas e pequenas peças, essas últimas com alguma participação minha, admito, passaram do limite. Por isso que temos que ganhar esse jogo hoje contra a Grifinória, não temos escolha.

Mas não estou tendo um bom pressentimento sobre essa partida... Infelizmente.

***

Meu ombro estava me matando, mas ninguém ouviria um pio sobre isso. A curandeira Bordenave estava me ajudando a tirar os protetores, que obviamente não serviam de bosta nenhuma!

—Calma, vamos tirar isso devagar! – Depois que conseguimos tirar o equipamento, ela começou a examinar a área, virando levemente meu braço pra testar ligamentos, ossos e músculos. Respirei fundo pra não morder a mão dela. A que ponto nós chegamos...

—Então... Cadê a... Cadê madame Pomfrey? – Terminei a frase com uma careta de dor. Madame Pomfrey ainda era a chefe da ala de enfermagem, mas, na minha humilde opinião, já estava caducando.

—Foi à uma conferência de Curandeiros na Bulgária, mas não se preocupe, eu sei o que estou fazendo. – Ela sorriu, tentando parecer simpática. Duvido muito disso, minha senhora. – Parece que temos um osso quebrado aqui, foi atingido por um balaço, certo?

—Certo. – Disse de má vontade. Era uma grande droga tudo isso, ser acertado com o seu próprio instrumento de trabalho. Fui traído!

— Essa poção aqui vai fazer seu braço ficar novinho em folha em dois dias! – A maravilha da magia! Tomei a poção com cara de lama e gosto de bile de rato rápido, para não desistir. Sim, sou criativo para nomear gostos.

Mas quando a vi trazendo outra poção, fiquei em alerta imediatamente.

—E essa é para que?

— Para dor. Assim que trocar de roupa te darei uma poção do sono sem sonho e você...

—Não vou tomar essas duas. – Ela me olhou surpresa. Que ideia dessa mulher! Não quero ficar drogado e vulnerável numa cama estranha, o que é que ela tá pensando? Posso ser atacado pelos meus inimigos a qualquer momento!

—Precisa tomar as poções, é para o seu próprio bem. – Ela fez uma cara de séria, mas diferente de Madame Pomfrey, lhe faltava força de espírito. Isso sem falar das rugas... Tenho certeza que Papoula deveria parecer com Bodernave à 200 anos atrás.

—Não. Quero estar bem acordado para sentir a dor. Essa lembrança vai me guiar quando eu estiver pisando nos pescoços de Querrél e Mogilka.

A curandeira olhou assustada com minha veemência beirando a psicopatia. Comecei a trocar de roupa, já que fazer eu me dobrar as suas vontades virou o projeto de vida da Curandeira não-tão-velha-ou-boa e eu não conseguiria sair daqui hoje de qualquer forma.

O barulho de uma turba invadindo a enfermaria, me informou da chegada da minha equipe.

— E aí, como foi? – Pelas caras já sabia o que tinha acontecido.

—Bem, nós perdemos! – Lia me respondeu mais brava do que decepcionada. – Aqueles malditos!

Então é isso, amiguinhos. Perdemos a partida contra a Grifinória.

Quando entrei em campo, sabia que a Grifinória ia jogar no desespero. Além de ser um clássico, uma nova derrota dos leões os tiraria da disputa do campeonato. O que eu e nem ninguém esperava é que com 20 minutos de jogo, Jean-Paul Querrél e Karl Mogilka, batedores da Grifinória, tentariam me acertar com balaços!

Isso mesmo que vocês leram! A Grifinória fez a suja jogada dos Falmouth Falcons, cujo o lema da equipe é "Vamos vencer, mas se não pudermos, arrebentaremos o adversário!".

Essa era uma das estratégias que estava no meu celular.

Eles começaram com jogadas individuais, obviamente consegui rebater o primeiro balaço, porque é isso que eu faço e o passei pra Tony que usou para desorientar o Weasley II e facilitar a jogada de Lia e Heidi no aro central. Até esse momento eu estava muito inocente, achando que tudo ia bem.

Mas o segundo balaço eu não vi chegando e isso foi falha minha. Não é suposto que batedores fiquem tentando acertar uns aos outros, tendo tantas vítimas tão mais suculentas e indefesas em campo, mas acontece... E aconteceu!

Mogilka e Querrél usaram a jogada Dupla-defesa de batedores, que consiste em dois jogadores baterem no balaço ao mesmo tempo, pra lhe imprimir mais força. Eles me acertaram no ombro, o que me deixou desnorteado.

Não era o braço do bastão, mas era o de apoio, então quando eu quase cai da vassoura tentando acertar um balaço em um ângulo particularmente difícil, a árbitra parou o jogo e disse que eu precisava receber atendimento médico.

Em resumo: ela me expulsou de campo.

— Tudo bem, ainda temos um jogo. Ainda estamos no páreo. – Tentei passar um pouco de confiança para a equipe. Afinal de contas, ainda temos um acordo com Haardy! Não que eles saibam.

—Não levamos nem um gol, se isso te consola. – Streck disse animado, em total contraponto com o restante da equipe, que parecia envergonhada. Acenei afirmativamente com a cabeça. Ele cumpriu sua promessa e não me decepcionou, ao menos uma coisa boa nesse jogo.

— Ok, já viram que ele está bem, já podem ir saindo... – Bordenave começou a empurrar o pessoal pra fora.

— Hey! O horário de visitas ainda não acabou! – Tony disse indignado desviando das mãos da curandeira.

—Acabou para pacientes que não tomam as poções que precisam. – Revirei o olhos. No fim das contas não teve jeito, foram todos expulsos da enfermaria. Não sem antes acordar os mortos com gritos de “Te vingaremos”, “Melhoras!” e “Toma logo a merda da poção!”, esse último sendo bem óbvio quem falou.

Fechei os olhos e me preparei para curtir minha dor. Lá pelas duas da manhã, com sono, dor e talvez com um pouco de febre, comecei a ouvir uns barulhos estranhos na enfermaria deserta.

—Tem alguém aí? – Falei para os mesmos vultos da escuridão de antes: biombos, armários e camas vazias. Voltei a me recostar na cama, tentando achar uma posição em que meu ombro não parecesse que ia se desintegrar.

—Ai.

Ok. Isso não foi minha imaginação! Procurei minha varinha com a mão direita, na cômoda ao lado do meu leito.

—Quem está aí? – Meu Deus, se for um espírito do mal? Sim, porque fantasmas são até bem vindos, mas espíritos demoníacos são outra história completamente diferente, não é mesmo?

—Calma, Fábregas! Pode parar de tremer agora. – Uma voz desencarnada falou. Uma voz familiar...

Do nada um vulto se materializou à minha esquerda e involuntariamente um jato vermelho saiu da minha varinha. Droga de magia involuntária!

—Hey! Cuidado aí, idiota.

James Potter, só podia.

Tá vendo porque não aceitei tomar a merda da poção do sono sem sonhos? Eu estava certo depois de tudo.

—O que diabos você tá fazendo aqui, Potter? – Falei, ainda apontando minha varinha na direção do vulto difuso. – Veio acabar o trabalho sujo dos seus amiguinhos? De ladrão à assassino, quem diria...

—Quer calar essa maldita boca? – Ele me disse irritado. – Vim apenas pra ter certeza que estava vivo, já que seus colegas fizeram questão de dizer que você estava entre a vida e a morte, disseram até que tinha sido encaminhado para o St. Mungus...

—Você me viu sair andando do campo! Achou que no meio do caminho eu fui engolido por um hipógrifo? – Eu perguntei querendo ainda mandar uma maldição imperdoável nele. Que raça irritante essa dos Potters!

—Hipógrifos são bem legais na verdade... – Ele murmurou baixinho pra si mesmo, mas eu ouvi, no silêncio absoluto da madrugada.

—Ok, já viu que eu tô vivo. Agora pode cair fora e ter o seu sono da beleza. – Falei enxotando ele, bem típico de grifinórios fazerem a merda e depois se arrepender com a consciência pesada.

—Não seja irritante! Eu sinto muito, ok? Foi pra isso que eu vim aqui... Pra te dizer isso.

—Agora que seu time já está com a vitória tendo usado as estratégias mais sujas possíveis, suas desculpas caem um pouco no vazio, não acha? – Deu pra ver até no escuro o olhar irritado que ele me deu.

—Como se você não fosse fazer o mesmo se tivesse tido a chance... – Ele me respondeu ironicamente.

—Está se colocando no mesmo nível que o meu... Nossa, que mudança! Papai Potter deve estar orgulhoso! – Sorri, mesmo sabendo que ele provavelmente não veria.

—Você é impossível mesmo! – Ele disse chateado. Pobrezinho... Que se foda! Meu ombro está me matando por culpa dele! Por que vocês não acham mesmo que essa ideia maléfica saiu de Longbotton, não é? Ou dos siameses acéfalos?

—Eu quero meu celular de volta, já que está nessa de lamber as feridas com arrependimento... – Apenas joguei verde pra colher maduro, espero que Albus já tenha conseguido pegar de volta meu Caveira, a essas alturas. Sim, dei nome ao meu celular, sou bom nisso também.

—Vou devolver sua porcaria de celular. A bateria já acabou mesmo... – Teria cruzado meus braços em desaprovação se pudesse, mas me contentei apenas em bufar em desagrado. – E também porque não sou um ladrão, como você insiste em dizer!

—Você é exa... – Um barulho me interrompeu. Olhei para a porta da sala/dormitório da Curandeira Bodernave. Uma luz se acendeu lá.

—Algum problema, Sr. Fábregas? – Apenas a silhueta elegante da Curandeira substituta apareceu na porta. Fiquei muito feliz de poder denunciar Potter pra ela.

—Na verdade... – Pera, cadê ele? Olhei ao redor e não consegui ver o maldito vulto do grifinório de jeito nenhum. Não é como se ele fosse uma coisa fácil de ser perder de vista... – Na verdade, vou aceitar aquelas poções agora.

Fui induzido a tomar as drogas da curandeira do mal, porque eu provavelmente estava delirando... Quais as chances de James Potter aparecer na enfermaria pra checar meu estado e pedir desculpas? E depois desaparecer em milésimos de segundo? Só sendo uma peça do meu inconsciente mesmo...

Depois das poções eu não vi mais nada. “Grazadeus”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Perseu, o rottweiler perigoso existe e é meu. É um cachorro que é mais mau-caráter do que perigoso na verdade, do tipo que joga a bolinha pra VOCÊ ir pegar e faz xixi na varanda pra se vingar. Uma versão canina de Cesc, talvez?

Edit: Perseu não está mais entre nós, mas fico feliz de ter registrado ele nessa história.