Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 17
Capítulo 17. O dia sem fim.


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo aparece um jogo de minha autoria que já foi mencionado na história antes, o Cartas de Cassandra. É tudo sobre dedução, manipulação e poker face, a cara da história não? Se tiverem alguma dúvida, ou se algo ficar mal explicado, é só me perguntar nos comentários que eu respondo.

(Confiram se leram o 16, pq eu fiz merda e esqueci de postar, mas já consertei!)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635649/chapter/17

Capítulo 17. O dia sem fim.

Ok, preciso ficar muito frio agora.

Sombrio e escuro, em mim você encontra as respostas do amor e da sorte. Da dor e da cura.

Essa é a segunda carta que faz referência a um lugar, na primeira tirei:

Não há céu, não há luz, o único brilho que se pode ver aqui é o brilho do fogo nos pequenos vidrinhos que possuo.

Estamos jogando Cartas de Cassandra a quase meia hora agora e Pottinha está fungando em meu pescoço nesse exato segundo. Maldita hora que eu aceitei ser seu mentor no jogo.

—E agora, Cesc?— Ela me perguntou, destruindo toda e qualquer possibilidade de diminuir a importância da carta. Assim fica difícil, Lily.

—Descerei ela mesma.— Tony tirou a atenção do meu rosto automaticamente. Geralmente apenas descarto na mesa cartas que eu não vejo muita importância. – Porém descerei ela virada pra baixo.

Meus três amiguinhos levantaram a cabeça, olhando em minha direção sincronizadamente. Sorri para Pottinha. Obviamente falar pistas, ao invés de mostrá-las é uma estratégia bastante arriscada, porque a carta pode brilhar avermelhada, caso eu esteja mentindo ou omitindo uma informação essencial.

—Fala logo, Cesc, não temos a noite toda.— Sorri para Rebeca, deixando-a ainda mais impaciente.

—Sou um lugar fechado... Com muitos sabores, cores e cheiros. — Todos olhamos para a carta, mas ela se manteve no mesmo tom pardo de sempre, com o seu olho de Hórus* brilhando escuro no verso.

Tony franziu o cenho pra mim, sabendo que eu estava distorcendo o significado da carta descaradamente, sem mentir entretanto. Do jeito que eu falei, o lugar da profecia poderia ser uma sorveteria, uma cozinha, um restaurante... Mas a minha outra carta me conta uma história diferente. É um maldito Laboratório de Poções, certeza.

Agora era a vez de Rebeca. Ela pegou displicentemente sua carta da plataforma central e sorriu, corando levemente. Provavelmente prevendo a deliciosa sensação que seria ganhar de todos nós ao mesmo tempo.

—Eu apresento a profecia.— Argh! Rebeca é uma ridícula! Scorp bateu a cabeça na mesa repetidamente, demostrando sem nenhuma sutileza o que ele pensava da atitude dela e Tony apenas juntou suas cartas em um bolo e revirou os olhos.

—Você tem certeza disso, Rebeca?— Eu perguntei, tentando salvar a partida. Pottinha olhou concentrada pra toda a cena.

—Mas que bosta, Cesc! Ela já falou! Agora vai ter que anunciar a profecia, errada como sempre.— Scorp terminou seu discurso dramático jogando as cartas dele na mesa.

—Prossiga, Rebeca.— Tony falou já aguardando o blefe da nossa amada monstra.

—Pois bem: meia noite, solstício de inverno, amor proibido, no boticário.— Ela disse bastante orgulhosa. As cartas começaram a brilhar, verdes, aquelas que traziam as pistas corretas da profecia e vermelhas as que estavam ali apenas para nos distrair.

Joguei minhas cartas viradas pra cima na mesa. As duas cartas de “lugar” que eu tinha tirado, brilharam verde como eu já sabia que fariam.

—Era no laboratório de poções, sua anta! — Scorp, um amor de pessoa como sempre apontou para as minhas cartas na mesa. Rebeca fez um gesto obsceno com a mão.

— E morte por traição, não amor proibido.— Tony juntou sua carta verde que dizia “Todo o sentimento bom virou fel.” com a de Rebeca que dizia “Meus braços serão sua morada eterna.”

—MERDA!

—Você sempre faz isso! Custava esperar mais um pouco?— Falei irritado. Comecei a juntar todas as cartas, diferente do baralho trouxa não precisava me preocupar em embaralhá-las, as Cartas de Cassandra arrumavam uma nova profecia e pistas falsas sozinha.

—Vão querer jogar de novo?— Tony perguntou despretensiosamente.

—Só se Rebeca não jogar mais.— Scorp falou venenoso como sempre.

Meu direito de resposta foi tirado no momento em que Lia chegou, se apoiando na mesa, bem ao meu lado.

—Cesc, precisamos conversar.— Ela falou seriamente, de braços cruzados. Percebi que mais atrás dela Habermas e Lowen pareciam querer o mesmo.

—Não, não e não. – Disse apontando para cada um dos meus artilheiros sabendo exatamente do que se tratava.

—Mas Cesc, ele vai entregar as nossas cabeças de bandeja para a Grifinória!— Heidi disse quase choramingando, merda, eu odeio quando fazem isso.

—Já falamos sobre isso, Streck fica. Não tem outro jeito...

—Tem meu primo Marco...

— Eu vou estuporar seu primo Marco da próxima vez que eu colocar os olhos nele, Romeo.— Levantei da cadeira para encarar meu time de frente. Mas que grande bosta de trasgo montanhês! Pra que diabos eu fui querer trazer esse negócio de “democracia participativa”?

—Você está apenas sendo cabeça-dura, Cesc!— Lia me disse insolente, do alto de seus 1,55m de altura. Olhei pra baixo, como essa garota gosta de irritar! Aliás, todas elas gostam.

—Não estou sendo cabeça-dura, estou respeitando as regras. Não posso expulsar um jogador só porque me deu na telha. Tony, me ajuda aqui...— Me virei para o meu melhor amigo que apenas se recostou folgadamente em sua cadeira e deu de ombros.

—Sabe que eles estão certos, não? – PORRA, TONY! Senti as cartas de Cassandra que estavam na mesa caírem no chão por conta de um pulso de magia involuntária.

—Se acalme. Não precisa fazer uma cena. — Rebeca chegou perto de mim num piscar de olhos. – Estamos no meio do MALDITO salão comunal. — Ela sussurrou pra mim.

Respirei fundo e dei um sorriso falso para os meu colegas de equipe que me olhavam agora com um pé atrás. Bom.

—Ok.— Os três artilheiros me encaram surpresos. Continuei falando, dando uma olhada superficial pelo salão verde e prata, todos pareciam bem curiosos em ouvir a discussão do Time de Quadribol da Casa – Me tragam isso por escrito e vou ver o que posso fazer. Falarei com Bradbury.

—É só o que estamos pedindo.— Lia me disse meio aliviada.

—Não, Lia. Está me pedindo para trair um dos nossos.— Eles pareceram incomodados com a verdade. – Mas farei do jeito que vocês querem.

Os três acenaram com a cabeça e saíram da nossa Sala Comunal, provavelmente muito satisfeitos por terem conseguido dobrar o idiota e influenciável capitão deles. Deus, é foda controlar um bando de cobras! Me joguei de volta na cadeira mentalmente exausto.

—Não sei porque fica tão na defensiva com Streck, Cesc! O cara é muito ruim!— Tony me disse, enquanto reunia suas cartas de volta com um aceno de varinha.

—Essa não é a questão.

—E qual é a questão então?— Scorp me perguntou curioso.

—O ponto é que eu o coloquei no time, eu tomei a decisão. Quero dizer, vocês estavam lá, viram como ele foi bem no teste! Como de repente ele se tornou um goleiro que deixa passar 9 entre 10 goles?

—Ele teve sorte no dia...— Scorp falou mais pra si mesmo do que para nós.

—Se eu errei com ele, posso ter errado com outros também.— Falei olhando intencionalmente pra o loiro a minha frente.

—Não foi esse o meu caso, eu apenas não peguei o pomo, não se esqueça! — Ele me disse sorrindo tranquilamente.

Suspirei frustrado.

—Eu sei lá... Acho apenas que me precipitei ao me tornar capitão tão cedo...— Pottinha, que eu nem lembrava que estava na mesa com a gente, colocou a mão em cima do meu braço de forma consoladora.

—Me empresta seu celular. — Eu olhei pra ela sem entender. — James tem treino amanhã de tarde, vou cumprir minha promessa.

Provavelmente mais uma decisão equivocada minha, mas que se dane! Tirei a senha de bloqueio do meu telefone pra facilitar o trabalho de filmar o treino da Grifinória e entreguei para Lily. E seja o que Deus quiser.

***

Na manhã seguinte já estava me sentindo um pouco menos um lixo de ser humano e mais como o antigo Cesc. Lia veio trazer o pergaminho pedindo a saída de Streck com a assinatura de todo o time, inclusive a de Dussel, que não estava no motim de ontem. Adicionei a minha no fim da lista e a sensação foi tão ruim quanto eu achei que seria.

—Professor Bradbury, preciso falar com o senhor.— Hoje nosso querido diretor da Sonserina estava usando um colete vinho por baixo das vestes escuras, que combinava estranhamente com seus óculos quadrados.

—Fale, Sr. Fábregas.— Ele me disse parando no meio do corredor, nem se dando ao trabalho de me encaminhar a sua sala. Eu aparentemente não valho tanto. Ele pousou os olhos escuros, por trás dos óculos em mim com curiosidade.

Estendi o pergaminho traidor para ele. Droga, eu apenas detesto isso, quer dizer, eu sei que faço coisas levemente duvidosas às vezes, mas nunca antes havia apunhalado um colega pelas costas, normalmente eu faço isso olhando bem dentro dos olhos do inimigo.

Isso me faz lembrar que talvez, só talvez, seja exatamente o que eu estou fazendo com a Weasley e seu jornal... Bem, a diferença é que ela não é da minha Casa e nunca confiou em mim. Então são situações completamente diferentes. Eu acho.

— O que é isso?— Ele abriu o pergaminho e fez uma leitura rápida do conteúdo. – Tem certeza de que é isso mesmo que você quer?

Dei de ombros. – É o que o time quer.

Ele puxou uma pena de dentro das vestes, aparentemente comum, mas ele não precisou de tinta alguma para assinar seu nome no pergaminho. Me fez lembrar de Tony usando a caneta dada por meu pai, no nosso primeiro ano, que eu até hoje carrego para todos os lugares.

—Aqui.— Ele me devolveu o pergaminho agora com a sua assinatura, brilhante por conta da tinta fresca, logo abaixo da minha. -Entregue isso ao Sr. Streck você mesmo.

Ele me deu as costas me deixando apenas encarando suas vestes negras, da mesma cor que seus cabelos. Deus, como odeio esse homem.

Quando finalmente cheguei para a aula de Transfiguração, a turma estava num burburinho só. A professora não havia chegado, por isso todo esse barulho infernal. Sentei ao lado de Rebeca, que logo me passou um pergaminho em branco. Qual não foi a minha surpresa ao ver as letras já familiares do Ocaso aparecerem na minha frente.

Ocaso

Haverá uma festa em breve, senhoras e senhores, horário e local a serem divulgados em breve. Deveria ser algo apenas para os Corvinais e seus convidados, mas isso não parece certo, não é?

Todos nós gostamos de nos divertir. Alunos do quinto ano pra cima, vocês logo mais ficarão sabendo dos detalhes. O restante, reze para ser considerado importante o suficiente para ser convidado.

Ass. Os Iconoclastas.

Mas que diabos? Olhei em dúvida para Rebeca e ela apenas me encarou de volta com um olhar que dizia muito, mas basicamente “Eu te avisei que sua irmã era problema.”

Assim que a aula acabou corri pra tentar encontrar Louise. Ela tinha Poções ou talvez História da Magia... Merda! Me encaminhei apressadamente para a Grande Escadaria, que ainda não tinha voltado a se mover, mas tinha sido arrumada para funcionar como grandes escadas paradas e sem-graça.

Fui interrompido por Streck no caminho. Ai, Merlin, eu mereço!

—Professor Bradbury disse que você queria falar comigo. — Claro que ele disse.

—É, mas não agora, estou com um pouco de pressa...— Já ia passando por ele quando ele me bloqueou colocando a mão no meu ombro. Olhei pra ele seriamente.

—Eu sei do que se trata, ok? Você e o restante da equipe me querem fora do time.— Droga. Olhei ao redor vendo que algumas poucas pessoas estavam olhando. Principalmente sonserinos, que já sabiam sobre o quê estávamos falando. Bando de fofoqueiros sem remédio.

—Não precisamos falar disso aqui, Daniel. — Eu sussurrei tentando colocar um pouco de juízo na cabeça desse idiota.

—Me dê mais uma chance! Só uma! Contra a Grifinória, se eu for mal novamente, você pode me chutar para fora do time que eu não vou nem reclamar!

—Streck, não depen...

—Sei que os outros estão te pressionando para me expulsar! Habermas deixa isso bem claro, sempre que tem a oportunidade, mas estou te pedindo, me dê só mais essa chance! Você não vai se arrepender.

Ah, por Merlin, sinto que vou me arrepender e muito dessa decisão no futuro, mas esse pergaminho está pesando uma tonelada no meu bolso, então...

—Ok, Daniel. Só mais essa chance.

Ele sorriu confiante. Espero que ele continue sorrindo assim, após o nosso jogo.

***

Não foi até a hora do almoço que encontrei Louise. Ela já estava se encaminhando para o Grande Salão, quando me viu a encarando da porta de entrada. Fiz um sinal para ela me acompanhar até o lado de fora do castelo, mas a cretina fez que não com a cabeça.

Fiz menção de ir até ela, mas a muito covarde apenas correu para dentro do Salão. AH, eu odeio covardia, Louise! Até parece que isso vai me impedir de arrastá-la pra onde quer que eu queira.

Entrei no Salão me dirigindo direto para a mesa da Corvinal, mas parei no meio do caminho vendo que a minha querida irmã não estava lá. Apenas olhei ao redor, porque ela não pode simplesmente ter desaparecido no ar, não é?

Não. Ela estava na mesa da Grifinória.

Todo meu ódio acumulado em todos esses anos veio à tona. Desde a época em que ela roubava minha chupeta, passando pelo chute que ela deu na roda da minha bicicleta me fazendo cair no lago lá perto de casa, quando tínhamos 7 anos, até chegar hoje. Todos esses momentos em que ela apenas me sacaneou e saiu com as suas me surgiram na mente.

—Louise, precisamos conversar.— Ela apenas me olhou sorridente e levemente desafiadora. Respirei fundo pra não lançar um feitiço naquela cara cínica.

—Agora não, Cesc. Eu e Frank vamos finalmente almoçar juntos.— Ela me falou enquanto abraçava Longbotton de lado. Estou com pena dele nesse momento, sendo usado assim, descaradamente.

—Não tenho medo de Longbotton, Louise, precisamos falar AGORA.— Ela me olhou meio assustada e com razão. Ultimamente não estou no meu melhor temperamento. Ela resolveu que era melhor mudar de tática.

—Não fiz pra te confrontar, Cesc, apenas es...— Meu Merlin, ela estava mesmo falando do Ocaso na mesa da Grifinória? Até Albus que estava sentado um par de cadeiras ao lado de Longbotton pareceu empalidecer um pouco com isso.

—LOUISE!— A taça perto dela estourou. Ok, isso aí não fui eu. Não pode ter sido.

—Ok, Fábregas, apenas vá embora. –James Potter, saído sabe se lá Morgana de onde, me empurrou no peito.

—Não se envolva, Potter.— Eu disse tentando me acalmar, mas não sendo exatamente ajudado pelos grifinórios que pareciam achar que eu iria tentar alguma coisa física contra a minha própria irmã.

—Apenas saia.— Ele me olhou sério, estranhamente sem a raiva já tão típica dele. Olhei pra Louise que praticamente se escondia atrás de Longbotton. O idiota em questão se achando o herói, me encarando emburrado, como se eu ligasse pra a opinião dele.

—Louise, você está...- Iria completar com um “fora”, mas voltei atrás no último segundo, não querendo levantar suspeitas sobre “da onde ela está sendo expulsa”. Respirei fundo e disse ao invés: - Você teve sua chance!

Ela não era idiota, com certeza entendeu o recado. Me afastei do Potter mais velho, que ainda estava com os braços um pouco levantados, como se quisesse me impedir de atacar seu amiguinho e a namorada infernal nele.

Antes de sair, ainda pude ouvir Louise sussurrar para seus amigos estúpidos. –Calma, gente! Ele é inofensivo, está apenas chateado...

Eu estou um pouquinho mais do que chateado, irmãzinha.

Sentei na mesa da Sonserina e fui recepcionado pelo meu usual comitê de boas-vindas.

—Vou ter que andar atrás de você a cada segundo do dia agora? — Rebeca me perguntou enquanto se aproximava mais de onde eu estava sentado.

—Não sei do que está falando. – Comecei a me servir de ervilhas, estranhamente sou aficionado por comidas verde.

—O que foi toda aquela cena com a Lou, hein?— Tony me perguntou irritadinho. Pelo amor de Merlin, Louise não precisa de todo um exército de defensores não!

—Estava apenas cobrando satisfações. – Eles me olharam incrédulos, daquele jeito irritado, até mesmo Scorp que é a favor de medidas drásticas. — O quê?— Falei de boca cheia.

—No meio do Salão? Na mesa da Grifinória?— Scorp me perguntou exasperado. Terminei de engolir o pedaço de carne que estava mastigando e apontei pra ele com o garfo.

—Ela estava se escondendo de mim, a covarde!— Scorp apenas jogou as mãos pra cima em rendição.

—Ela se escondeu na Grifinória justamente porque sabia que lá era fora de seus limites e o que você faz? Vai até lá e faz um showzinho sem pé nem cabeça pra todo mundo ver! — Tony me disse bravo, jogando uma ervilha em minha testa. Nem adianta ele disfarçar, está assim provavelmente porque a viu nos braços de outro.

Devolvi com um punhado de ervilhas do meu próprio prato, um par delas entrou na camisa dele pela gola, o que me fez rir. Ele até tentou se sacudir, mas desistiu, já ia pegando o filé do prato, não quero acreditar que pra jogar em mim. Quando foi interrompido por um pigarro familiar.

—Ram, ram...— Olhamos para cima para encontrar nossa querida diretora olhando pra gente severamente. –Sr. Zabini, espero que não esteja pensado em fazer o que acho que está.

Tony que ainda estava com a mão suspensa em direção ao bife, a abaixou rapidamente. McGonagall fez um aceno seco, de aprovação. Ficamos esperando pra ver o que ela iria falar com a gente.

—Sr. Fábregas, tem tido emissão involuntária de magia ultimamente? — Olhei para a cara de Scorp que foi o único que arregalou os olhos, sem disfarçar a surpresa pela pergunta.

—Hum... Não... Acho que não. — Falei como se estivesse tentado lembrar de algum episódio. Olhei pra Rebeca e ela apenas sussurrou um “com certeza não” de volta, me acobertando.

—Caso aconteça, com qualquer um de vocês...— Ela acrescentou tardiamente. — Procure o diretor de sua Casa, é algo completamente natural, mas pode ser perigoso se não for vigiado de perto.

— Sim, senhora.— Todos nós acenamos afirmativamente, como as crianças angelicais que somos. Ela pareceu satisfeita. Foi embora depois disso.

Fiquei batendo a ponta do meu garfo pensativamente na boca. Nunca tive essas “emissões de magia involuntária” antes, nem quando eu era bebê, por que estaria tendo agora? Estou tão destemperado assim? Fui acertado por mais uma ervilha voadora. Olhei pra Tony sem acreditar.

—Você se controle! — Ele me disse apontando o dedo acusadoramente.

—E você se comporte, sua peste. — Devolvi no mesmo tom.

Voltei a comer meu almoço calado, ocasionalmente mostrando minha boca cheia de comida pra Tony que ficava me mandando indiretas do tipo “deveria tomar uma poção calmante”. Vai se ferrar, todos vocês! É o que eu diria se não estivesse mais preocupado em terminar meu almoço.

***

Recebi uma coruja com uma mensagem de Lily já no fim do dia, me pedindo para encontrá-la na sala de estudos do segundo andar.

Quando entrei, a vi sentada na nossa mesa usual, parecendo nervosa. Me aproximei e sentei ao lado dela, relaxadamente. Ela levou um susto.

—E aí, Pottinha? O que manda de novo? — Ela me olhou com a cara de um cervo pego no farol.

—Cesc, me desculpa...— Ela começou quase chorando.

—Lily, o que foi?— Sentei direito na cadeira, preocupado. Ela respirou fundo e passou a parte de trás da mão no nariz, como se tentando se controlar melhor.

—Eu per-perdi seu celular.

—Como assim perdeu? — Eu falei tentando entender como alguém perde um iphone que tem uma capa preta com uma caveira mexicana do “Día de los Muertos” verde no fundo.

—Eu... James pegou.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse é um daqueles dia que simplesmente dá tudo errado, quem nunca passou por isso?

*Olho de Hórus faz referência àquele símbolo egípcio, do olho que tudo vê e também é uma homenagem sutil a um personagem que eu ainda estou descobrindo quem é na maravilhosa fanfic Indigna Rosa Negra, de Ly Anne Black. Se ainda não viu, não sabe o que está perdendo.

Foto da caveira no celular de Cesc:

http://www.trekosecacarekos.com.br/media/catalog/product/cache/1/image/650x650/9df78eab33525d08d6e5fb8d27136e95/c/a/cabideiro-caveira-mexicana.jpg