Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 16
Capítulo 16. Incertezas


Notas iniciais do capítulo

Mas q diabos aconteceu aqui? Eu coloquei dois títulos parecidos e na hora de programar a postagem deixei o 16 de fora, acho q só eu consegui essa façanha na vida! Palmas pra mim...



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Capítulo 16. Incertezas

—É impressão minha ou hoje está muito frio? – Falei enquanto subia as arquibancadas em direção ao setor misto, onde os alunos de outras Casas poderiam assistir aos jogos em paz.

—Como você é friorento, devo me preocupar com isso atrapalhando o seu voo no nosso jogo? Vai estar mais perto do inverno... – Como Tony é compreensivo, hein?

—Não, eu sei uns bons feitiços aquecedores, fora que vou usar minha segunda pele da Nike. – Ele me olhou em dúvida. – É uma roupa trouxa para esportistas, ela mantém a temperatura do atleta equilibrada.

—Como? – Scorp me perguntou já sentando no lugar. Essa é aquela típica pergunta capciosa. Parece simples, mas na verdade é difícil pra caramba de responder tipo “Por que o céu é azul?”.

—É um tecido especial. – Fui me ajeitar ao lado dele, o loiro já estava pronto para continuar me interrogando. – Isso vai ter que te bastar por hora.

Tony sentou do meu outro lado, o que me deixou, se não confortável, ao menos mais quente, já que tenho dois bloqueadores de vento. A torcida da Lufa-lufa estava barulhenta além do limite, pois estão alguns pontos à frente na Taça das Casas. Nós estamos em terceiro, a vida é muito cruel e meu colegas que gostam de azarar os mais novos também.

Eu já passei dessa fase, juro.

A multidão estava numa animação contagiante para uma manhã nublada de sábado. Tony apontou para o que seria, possivelmente, um Aidan usando uma máscara de bandido em homenagem ao Texugo de sua casa, andando de um lado para o outro com mais três amigos ao ritmo da banda da Lufa-lufa.

Eles são desafinados demais.

Pottinha chegou junto com Rebeca, pedindo um espacinho pra sentar perto da gente, só deixei porque Lily estava trazendo comida e porque elas estavam sentando ao lado de Tony não do meu.

—Que bom que ainda não começou! Vou te dizer, Quadribol é a melhor coisa que tem nessa escola! – Lily disse animada usando um par de orelhas amarelo e preto completamente destoante junto ao seu tradicional cachecol verde e prata.

—O que tem nessa cestinha, Chapeuzinho Vermelho? – Eu perguntei já futucando a cesta que a ruivinha trouxe, sem nem me incomodar de estar esmagando Tony no processo.

—Sai, não é para agora, o jogo nem começou! – Lily disse enquanto tentava tirar a cesta do meu alcance. Rebeca tirou a comida da mão dela e a colocou a seus pés como uma boa-estraga prazeres que é.

Voltei pro meu lugar emburrado, vou te dizer, nem eu estou aguentando mais essa briga besta entre mim e Rebeca.

—Ok, eu te perdoo, Wainz, pode parar de ser tão amarga. – Eu disse olhando pra frente, mas bem consciente do movimento brusco que ela fez para olhar pra mim.

—Me perdoa? Não me lembro de ter te pedido perdão! - Olhei pra ela e sorri cinicamente.

—Você me pede perdão toda vez que se aproxima, mesmo que não admita! – Ela agora parece furiosa. Mas eu estou certo como sempre, ela só é muito teimosa para admitir.

Quando Rebeca ia começar o show dela, Lily a interrompeu cheia de autoridade, nascida sabe se lá Deus de onde!

—Está bom pra mim, Rebeca! Ele te perdoa sem você pedir e você não pede perdão, mas aceita o que ele te oferece. TODO MUNDO SAI GANHANDO!

Tony levantou repentinamente gritando.

—É ISSO AÍ! POR MIM TODO MUNDO SAI PERDENDO HOJE, LUFA-LUFA E CORVINAL! - O comentário aleatório de Tony rendeu várias reações, as nossas foram de risos, porque, do contrário, seriam de choro com o tamanho da loucura que acomete o nosso amigo em dias de jogos.

A dos Corvinais e Lufanos foram em forma de vaias, mesmo eu estando bem certo de que 90% deles não saberiam dizer o que Tony gritou, nem que suas vidas dependessem disso.

Rebeca perguntou por cima das vaias. – Estamos de bem?

Dei de ombros, como quem não se importa e virei pra frente. Não sem antes ver o sorrisinho discreto que ela deu pra si mesma. Teimosa.

Shawna e Jerry se posicionaram em seus lugares perto da diretora. Hoje ela estava sentada ao lado de um senhor grisalho, de feições duras. Não o reconheci como sendo nenhum dos nossos professores. Perguntei à Scorp, que sabe melhor dessas coisas de cargos, quem era o figurão ao lado da diretora.

—Aquele é o vice-diretor Brenam! – Ele falou franzindo o cenho tentando lembrar de mais alguma coisa. – Meu pai me disse algo sobre ele, mas não consigo lembrar...

—Acho que ele já esteve em uma das festas de Natal lá de casa... – Tony disse em dúvida, tentando pegar um melhor vislumbre do vice-diretor. – Deve ser um dos amigos de algum dos seis ex-maridos de minha avó.

—Achei que sua avó tivesse casado 9 vezes!

—Sim, mas três não são ex-maridos, estão enterrado embaixo de sete palmos de terra. – Scorp fez um “Ah” e se distraiu como se fosse algo muito normal enterrar três maridos. Eu olhei para a cara de Pottinha que tinha uma expressão engraçada no rosto. Rebeca deu risada de nossas caras.

—BOM DIA, CAROS COLEGAS! ME CHAMO SHAWNA MCLAINE E SEREI SUA ANFITRIÃ NA FESTA DE HOJE!

—ALÔ, ALÔ, HOGWARTS! DOWSON FALANDO, QUEM ESTÁ ANIMADO PARA A PARTIDA DE HOJE? - Ai meus ouvidos, se o prêmio for para a torcida mais barulhenta de todas pode entregar as medalhas de ouro, prata e bronze para a Lufa-lufa, eles se empolgam demais!

Não tinha ficado claro no jogo passado da gente contra eles, porque provavelmente a adrenalina em campo deve ter me deixado surdo temporariamente, mas agora eu os estava ouvindo em alto e bom som.

Olhei desesperado pra Tony “Ainda dá tempo de sair?” falei articulando as palavras sem fazer nenhum som, Tony apenas fez que não, sombriamente. Típico.

As aberturas foram aquele tradicional show de luzes e pirotecnia mágica que no fundo, no fundo, sempre adoramos ver. Lily colocou as duas mãos sobre o coração e olhou para tudo encantada com a expressão “manhã de Natal” no rosto. Encantadora.

Mas depois que os dois times foram anunciados Pottinha mudou para uma expressão enlouquecida e fez coro com Tony se segurando na cadeira.

—EU QUERO VER SAAAAAAANGUEEEEEEEE!

Medo.

E o jogo começou.

— SIMAS GANHOU A DISPUTA PELA POSSE DA GOLES, PASSOU PARA CORPMAN, QUE VOLTOU PARA SIMAS. O’BRIEN REBATEU UM BALAÇO ERRANTE QUE VINHA EM DIREÇÃO A SUA NAMORADA, POR ENQUANTO A LUFA-LUFA MANDANDO COMPLETAMENTE NAS AÇÕES DO JOGO.

Haardy pareceu perceber o mesmo que Dowson e começou a latir instruções para os batedores dele. Ginns deu um mergulho estranho parecendo que iria defender a artilheira de rebote da Lufa-lufa lá embaixo, mas ele apenas desviou levemente a trajetória do balaço que foi mais efetivo na sua busca pelo sangue da baixinha Maggie Duran.

— Nossa, isso foi baixo! – Tony disse sorrindo sadicamente ao ver a garota sem fôlego por ter sido atingida no plexo solar. – Esse cara... Ele me emociona!

Me emociona também, é de uma ruindade atípica aos corvinais. Ou será que não?

—GILLY, DAS FAMOSAS GILLYWATER, ACEITO AMOSTRAS GRÁTIS, NÃO GOSTOU DE VER COMO GINNS CUIDOU DE SUA COLEGA DE TIME E FOI COBRAR SATISFAÇÕES!

—UOU! ISSO NÃO PODE SER LEGAL! – Quando batedores resolvem se estranhar não é um negócio bonito de ver. Do que eu estou falando? É fantástico! É como em jogos de hóquei no gelo, eles largam os bastões e começam a se empurrar e se bater ao estilo trouxa. Isso é entretenimento de qualidade, amigos! – A JUÍZA HOOCH RESOLVEU PARAR O JOGO! PENALIDADE À FAVOR DA CORVINAL.

—SOU SÓ EU, OU DE REPENTE O SR. GILLY, AINDA QUERO MINHAS AMOSTRAS GRÁTIS, ESTÁ PARECENDO ATRAENTE AGORA? – Rebeca levantou da cadeira acenando afirmativa e enfaticamente e Lily apenas gargalhou gostosamente.

Olha só que esporte democrático e familiar o Quadribol é! Agrada à todos os públicos! Menos a McGonnagall que estava chamando atenção de Shawna por ser tão deliciosamente descarada! Como assim, McDonalds? É disso que o povo gosta!

—A PENALIDADE DISCUTÍVEL... – Olha só Dowson mostrando que torcer para sua Casa enquanto narra não é coisa exclusiva de sonserinos. – VAI SER COBRADA AGORA.

Um minuto de silêncio em nome da beleza de Sienna Böettcher.

Eu vou ser completamente sincero, eu não sei pronunciar o sobrenome dela, acho que é alemão, mas quem se importa? ELA. É. LINDA.

—As fantasias daquele dia com o café de Lia. É ela cara! Essa loira linda, vestida com o uniforme e tudo! Minha fantasia, eu quero. – Tony balbuciou quase ajoelhando para ver a artilheira se posicionar para cobrar a penalidade.

—Você não era afim da minha irmã? – Eu perguntei sem querer tirar os olhos do campo, Tony me olhou por meio segundo e voltou a olhar para a sua fantasia humana.

—Ainda sou, mas... O que uma coisa tem a ver com a outra? Você ia preferir que eu tivesse fantasias com a sua irmã?

—Não.

Sienna se posicionou, mordendo os lábios fazendo metade do estádio muito feliz. Hooch autorizou a cobrança. A linda loira acelerou em sua vassoura, fingiu que ia jogar no aro da esquerda mas, no último momento cortou e conseguiu mandar a goles no aro central bem debaixo do nariz de Olivander.

—FINALMENTE O PLACAR FOI ABERTO, 10 PARA A CORVINAL, 0 PARA LUFA-LUFA!

—O jogo está dificílimo, parece que cada ponto vai ser chorado! – Scorp falou super empolgado. Mas ele estava enganado, depois do primeiro, os gols finalmente foram saindo, um atrás do outro.

—O que foi aquela curva que Duran acabou de fazer? – A Lufa-lufa empatou o jogo em 40 x40. Eu estava com as mãos na cabeça. – Estou tão feliz dessa baixinha não ter jogado contra a gente!

Tony estava rindo também, me chamou para um high-five, que eu retribui, nós pulamos uma fogueira retada, a Lufa-lufa ainda estava desfalcada contra a gente, mas baby, ela não está mais! Talvez Aidan não estivesse delirando depois de tudo.

Corpman fez 30 pontos seguidos, sob a proteção do namorado que não se importava em deixar o resto da equipe descoberto para ir proteger seu amor. Se fosse na minha equipe, eu ia meter a mão nas fuças dele, onde já se viu uma coisa dessas?

—COBRE O SIMAS, DESGRAÇADO! –Tony estava desesperado com a idiotice de O’brien também, mas mesmo que o batedor tivesse ouvido já seria tarde demais, Burke acertou um balaço nas costelas do artilheiro.

—OUTCH! A CORVINAL VESTIU A ROUPA VERDE E PRATA HOJE FOI?– HEY! Shawna deu uma cotovelada nada discreta em Dowson por esse comentário infeliz. Obrigado, amor.

Depois dessa, Drakarr, da Corvinal, que estava caçando borboletas o jogo inteiro resolveu marcar um gol, com direito a ficar de ponta cabeça e tudo.

—HOJE É O DIA DAS JOGADAS INDIVIDUAIS! DRAKARR, QUERIDO, NÃO SE ESQUEÇA, HOGSMEADE, PRÓXIMO FINAL DE SEMANA! – Dessa vez McGonnagall não falou nada, apenas estreitou os olhos perigosamente. Que ela não ouse tirar Shawna da locução, pelo amor de Merlin!

Tony me cutucou e apontou para alguns metros acima das nossas cabeças. Haardy estava olhando alguma coisa. Spark pareceu ter sentido a presença do pomo também, porque EU JURO, o pescoço dele virou quase que no mesmo ângulo do da menina do exorcista.

Ele veio atravessando o campo inteiro como o macarrão veloz que ele é e deu um encontrão em Haardy digno de seleção britânica!

—ELE APRENDEU ESSA COMIGO!!! – Eu gritei vibrando junto com o restante da escola, eu sei, às vezes eu me empolgo.

Spark e Haardy começaram uma disputa meio desleal pelo pomo, quero dizer, havia mais chutes e cotoveladas do que deveria ser permitido... É ASSIM QUE EU GOSTO!

Spark levantou o cotovelo mais do que devia e acertou o nariz de Haardy, hahahahaha, que dia bom pra enxergar, meu Deus! A torcida está delirando, juro que a gente vai botar essa porra de estádio abaixo!

Macarrão se esticou sozinho, sozinho e aí a Lufa-lufa fez uma festa de acordar os mortos! Bati palmas, porque foi um jogão. 220 x 50, pra Lufa-lufa, se você não sabe fazer contas. Olhei pra Tony e ele estava pulando abraçado a Pottinha e Rebeca, olhei pra Scorp e ele estava olhando estático pra comemoração da Lufa-lufa no campo.

—Qual o problema, Scorp? Os caras mereceram... – Eu disse cutucando Scorp na altura das costelas.

—Cesc... Haardy nunca vai te dar o pomo agora.

Oh, céus! Eu tinha esquecido desse detalhe.

FU-DEU.

***

Enquanto meus amigos foram gastar o dinheiro que eles tem e o que eles NÃO tem, porque ainda não recebemos nossas mesadas, em Hogsmeade, eu estou aqui, olhando para a nossa linda janela que dá para o fundo do Lago Negro, admirando o bom trabalho dos elfos domésticos em deixar uma janela tão limpa.

Uma janela que dá para um Lago que tem o nome de Negro. Quase não dá pra ver nada, então...

As lógicas de Hogwarts me matam, mas não tenho tempo pra pensar sobre isso agora. Preciso pensar o que fazer em relação a Martin Haardy. Scorp tem razão, o capitão da Corvinal não vai querer arriscar perder agora, mesmo com o trato que fizemos no início do ano letivo. Ele não nos dará 150 pontos DE. JEITO. NENHUM.

Ok, estou surtando, mas isso realmente faz com que a nossa vitória contra a Grifinória seja ainda mais necessária.

Vital.

O campeonato está embolado, Sonserina em primeiro, ganhamos de 270x70, Lufa-lufa em segundo com 220x50, mas com um jogo a mais, e Corvinal em terceiro, numa situação complicada, por causa da vitória magra por 160x30 e essa nova derrota. Uma pausa para saborear isso:

A Grifinória em último.

Hum, que delícia! Eu sei que eles não são um adversário que deve ser subestimado por causa de um jogo, mas posso curtir o momento? Obrigado.

Vamos fazer uma análise do time da Grifinória seriamente agora, nossos próximos adversários:

Frank Longbotton é o terror dos goleiros, ele é rápido e mesmo sendo o idiota que ele é, estaria escalado para a minha seleção de Hogwarts, sem nem pensar duas vezes.

Weasley II, diferente de Streck, sabe fechar as pernas nos aros... Isso explica porque a Corvinal acabou o jogo fazendo apenas 10 pontos no gol deles.

Potter é outra história, ele é bom, não extraordinário que nem os anteriores, apenas bom, mas tem dois guarda-costas estilo segurança de boate trouxa: grandes e assustadores e eu já falei grandes? Porque eles são grandes.

Mogilka e Querrél. Alemanha e França. Eles são ingleses até onde eu saiba, mas é para dar o clima, afinal a segunda guerra mundial trouxa foi bem isso aí, hein? Inglaterra, Alemanha e França, combinação sempre explosiva. Eles são os típicos brutamontes que não são brilhantes, mas dividem o mesmo cérebro. Literalmente.

Se eu e Tony temos um certo sincronismo de movimentos por conta da nossa amizade, esses dois são simplesmente siameses, um está onde o outro precisa...

Cara, esse jogo vai ser difícil!

Pottinha quebrou a minhas linha de raciocínio derrotista, ainda bem, com sua usual alegria serelepe. Adoro essa palavra, adoro essa menina.

—Ué, pensei que estaria em Hogsmeade, por que não foi? – Ela falou depois de conseguir empurrar uma grande poltrona verde escuro para perto de onde eu estava, fez tudo ao estilo trouxa, causando estranheza no restante dos sonserinos do salão comunal.

—Pensou errado. Tive que ficar, porque tenho muitas coisas pra fazer. – Falei ainda concentrado em meus problemas de líder de canoa quebrada.

—Coisas do tipo olhar seu reflexo na janela? – Ela me perguntou num tom de voz petulante. Virei minha cabeça para finalmente encará-la.

—E você, hein? Não tem umas azarações pra levar pelos corredores da vida não? – Ela fez uma careta engraçada.

—Puxa! Só estava tentando entender...

—Pois nem queira, meus problemas começam e terminam na família Potter/Weasley.

—O que foi que meu irmão fez dessa vez?– Bem, devo falar a ela da cruz que ele é como apanhador do time que eu odeio ou como o bêbado que me passa cantada nas noites da vida?

Vou optar por preserva a inocência de Pottinha por mais algumas horas.

—Ok, Lily, percebe que não te chamo mais de Liv?Ela fez que sim com a cabeça. – É porque você já é uma de nós agora!

Ela ficou pensativa, mas novamente concordou comigo.

—Vou precisar de um favor seu, Lily e você não vai gostar de fazer... – Ela me olhou apreensiva. – Preciso que vá ao treino de seu irmão e me diga tudo que puder sobre os planos dele pro jogo do fim do mês.

Ela arregalou os olhos e abriu a boca. Bem, não posso tê-la surpreendido tanto, qual é!

—Cesc, eu... Ele é meu irmão! Não posso traí-lo assim! – Ela me disse desesperada, tentando me convencer de algo que não faz o menor sentindo pra mim.

—Lily, é só um jogo! Você não vai estar cometendo nenhum crime e nem nos dando nenhuma garantia de vitória, estratégias e planos não definem partidas. – Manipulador, manipulador, MANIPULADOR! – Precisa ser sincera comigo agora, Lily. No dia 28 de novembro, você estará usando quais cores?

Ela engoliu em seco e me fez uma cara de dar dó mesmo, eu tenho coração e sinto muito por ter que fazer isso com Lily. Mas é por um bem maior. Ela finalmente respirou fundo e me disse com firmeza.

—Estarei usando verde e prata.

Boa garota.

***

Inspira. Respira. É só impressão, Cesc. Ninguém está observando você. Dei uma risada automática de algo besta que Tony falou. Eu sei que provavelmente ele sabe que eu não estou 100% aqui, mas ele vai levar a encenação da gente até quando for necessário.

—Mas, sério, Cesc, você perdeu mesmo! Nunca vi algo tão ridículo, aquele corvinal, como é mesmo o nome dele?

—Heitor Trent. – Tony completou.

—Sim, Trent! Ele não sabe duelar com varinhas e não sabe duelar ao estilo trouxa, então o fim dele foi inevitável: O’Brien enfiou a cara dele na lama! – Scorp estava muito entretido na história de como um corvinal que não sabe perder, Trent, acabou perdendo a dignidade.

—Vamos combinar que ele até estava com a razão, O’Brien vacilou no jogo, mas ele saiu com a vitória e os colegas de casa dele não estão reclamando. – Tony falou, dando de ombros.

—Ok, crianças. Tenho que enviar uma carta para minha avó, senão receberei algum artefato das trevas amaldiçoado no próximo correio, por ser um neto tão ausente, vocês sabem. – Scorp deixou a mesa do almoço de bem com a vida. Até cantarolando, vejam só, o que uma treta faz com o humor dele. A perfeita imagem do psicopata juvenil, eu diria.

Olhei para Tony, que continuava a comer seu pastelão de rins, distraidamente.

—Tony.

—Oi. – Ele olhou pra mim subitamente interessado.

—Pode olhar discretamente para a mesa da Grifinória e me dizer se James Potter está me encarando? – Vejam bem, eu disse DISCRETAMENTE. Por que inferno Tony olhou parecendo a invocação do mal?

—Está. – Tony continua olhando.

Dei um soco no saco dele. Ele xingou alto e deu um soco na mesa pra terminar de chamar toda a atenção do Salão pra gente. Segurei automaticamente os braços dele, porque ele já estava querendo revidar.

—Não, você mereceu. – Eu disse entredentes, porque não é fácil controlar Tony. – Eu disse pra olhar discretamente!

—Eu vou revidar. – Ele me disse com raiva. – Você sabe que eu tenho direito! Vou bater com a mesma força...

—Não.

—Sim.

—Não. Você nunca bate com a mesma força, você semp...

—O que vocês dois estão fazendo? – Rebeca perguntou divertida. Eu automaticamente larguei Tony, porque isso já estava ficando ridículo. Grande erro.

—PORRA! – Ele revidou. Como eu o odeio. – HIJO DE PUTA!

—Estamos apenas... Você sabe, almoçando. – Tony deu um sorrisinho sacana e eu apenas dei a ele um olhar feio. A gente resolve isso mais tarde sua vadia!

—Eu fico uma semana fora e vocês se tornam mais esquisitos do que já eram... – Rebeca sentou do meu lado, como se essa semana mencionada nunca nem tivesse existido. – O que mandam de novo?

—Estamos no aguardo de certos acontecimentos... – Eu disse ainda sentindo dor, porque Tony SEMPRE bate mais forte!

—Que acontecimentos? – Rebeca perguntou interessada. Tony apenas deu de ombros, por fora.

—Falo com vocês mais tarde, quando Scorp voltar. - Falei já me levantando e deixando os dois idiotas me olhando estranho. – Agora, com sua licença, tenho que resolver alguns assuntos urgentes.

Vide falar com Claire que estava saindo sozinha do salão agora.

Fazendo um pequeno inventário das minhas amizades mais próxima para saber com qual eu posso contar para falar de problemas relacionados a... Bem a... Como dar um fora em “um garoto que você odeia, mas ainda assim não quer machucar os sentimentos dele”, o panorama é o seguinte:

Tony: iria usar isso para RIR infinitamente da cara do Potter.

Scorp: provavelmente iria me dizer para seduzi-lo e fazer ele desistir do jogo ou algo nesse nível, porque ele não presta.

Rebeca: Ia chorar e dizer que eu sou um amigo muito mau por roubar o garoto das fantasias dela. Engraçado que para fantasiar, grifinórios prestam, para fazer amizade... Nem tanto. É uma ridícula mesmo.

Lily: Conflito de interesses.

Louise: Prefiro morrer a pedir conselhos para a minha gêmea do mal. Ou do bem. Depende do ponto de vista.

Lia: Favor ler a definição de Tony.

Bem, só me resta a Claire. A boa Claire, a inteligente Claire, a...

—Claire!!! – Chamei quando ela já estava quase atravessando o portal de entrada do castelo. Pelo livro que ela estava segurando, provavelmente ia aproveitar para ler um pouco debaixo de alguma árvore. Na minha opinião já está muito frio pra isso, mas quem sou eu pra julgar o frio dos outros?

—Oi. O que foi? – Ela me disse simpaticamente. Sim, a Claire simpática é perfeita.

—Então... Tenho uma coisa meio estranha para te perguntar. Na verdade é mais um conselho. – Não conselho não, Cesc! Que é isso? – Uma situação hipotética. Isso, hipotética.

—Uma situação hipotética, sei.– Ela me deu aquele sorriso de quem sabe melhor.

—É hipotética, Claire, me ajude aqui, por favor. – Ela riu abraçando o livro. Continuamos andando até uma árvore mais próxima, numa circunstância bem semelhante a de alguns dias atrás, só que o clima entre a gente agora tá melhor.

Eu sentei em uma das raízes mais altas e ela apenas sentou com as pernas para o lado, na grama mesmo.

—Prossiga com a situação hipotética que está te afligindo. – Ela falou cheia de graça.

Respirei fundo e se não me conhecesse melhor poderia dizer que eu estava corando. Só que eu não coro, porque isso é ridículo.

—Então... Tem essa pessoa... Hipoteticamente falando, claro.

—Claro.

—E... Ela gosta de você, mas você não gosta dela, como dizer isso sem magoar os sentimentos do... da pessoa? – Falei tudo de uma vez e esperei. E esperei.

Claire está olhando para os cordões do cardigã azul dela, brincando com eles, bastante pensativa.

—Você tem certeza que não gosta dessa pessoa? – Ela perguntou baixinho.

—Absoluta! – Meu Deus, eu e Potter? Sr. e Sra. Hagrid, Sr. e Sra. Flitwitck, Sr. e Sr. Fábregas-Potter... SOCOOOOOOORROOOOOOO!!!! – Tenho certeza absoluta.

—Talvez ela...

—A pessoa.

—A pessoa. Talvez essa pessoa já tenha entendido a sua recusa e você não precisa dizer mais nada. – Ela disse me olhando seriamente.

—Ainda estamos falando hipoteticamente, viu? – Ela riu e virou o rosto para o lago.

—Você é mesmo uma figura, Cesc...

Ok, então Claire acha que o Potter já pode ter entendido a minha recusa, que vamos combinar, foi bem óbvia. No entanto ele estava bêbado, talvez nem se lembre de ter feito nada e se for mais do que uma atração bêbada, que já é estranha por si só, é possível que ele tente algo de novo futuramente.

Ou talvez eu apenas esteja pensando muito em algo sem importância. Bem a minha cara isso, né?

—Ok, Claire, muito obrigado pelo... pela conversa! Vou deixar você com seu livro agora.

—Ok. – Ela me disse já meio distraída.

Voltei correndo pro castelo, com o ânimo renovado por ter um problema a menos na minha vida.

Ou não.

—Fábregas.

Para o meu horror absoluto, Potter estava me esperando virando a primeira esquina da “Não acredito” com a “Só podia ser comigo.”

—Potter.

—Posso saber o que você e seu amiguinho tanto olhavam para a minha mesa hoje no almoço?– Ele perguntou de braços cruzados e com a cara dele de “Desprezo todo e qualquer sonserino”. Bem se eu não tivesse visto com meus próprios olhos a outra cara dele, acharia que aquele lance do Halloween foi pura imaginação minha.

—Estávamos apenas apreciando a beleza leonina! É uma das partes boas de se ter olhos na cara. – Ele aumentou ainda mais a carranca.

—Fábregas, eu tenho a sensação de que você pode estar com alguma impressão errada sobre mim... – Ele disse sério de um jeito “é bom não estar pensando besteira.”.

—Não, só as impressões certas, temo. – Ele me olhou alerta. – Eu só espero que VOCÊ não esteja com a impressão errada...

Eu gosto de deixar as coisas subentendidas, mas o meu medo é que em situações como essa, pessoas burras como o Potter, entendam tudo errado e interpretem minha resposta como “a impressão certa é eu que eu tô afim de você também”.

—Vamos deixar uma coisa bem clara, Fábregas, se eu ouvir o meu nome na boca de...

—Seu segredo está a salvo comigo! – Dei o meu melhor sorriso “pode confiar, cara”. – Eu até que fiquei meio lisonjeado com...

Ele se aproximou perigosamente e eu quase dei um passo institivamente pra trás. Porra, que medo.

—Está brincando com fogo, Fábregas! – Muita raiva nesse olhar, socorro. – Vai se arrepender de mexer comigo.

Ok, eu até poderia pensar que eu é que entendi errado o lance da festa, que talvez ele falasse com qualquer alma viva ou morta daquele mesmo jeito que ele falou comigo...

Mas por que, Merlin, ele olhou pra minha boca DAQUELE jeito antes de se afastar de mim?


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Notas finais do capítulo

Mil perdões. Largarei as "dorgas".