Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 15
Capítulo 15. As incertezas do amanhã.


Notas iniciais do capítulo

Ai, que profundo esse título! Alguém realmente faz correlações do que esses títulos que eu coloco significam, ou apenas passam batidos?



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Capítulo 15. As incertezas do amanhã.

—Você ainda não respondeu, Hataya, toda criança japonesa bruxa tem ou não tem um kappa como bichinho de estimação? – Eu e Scorp reviramos os olhos automaticamente. Você vê? Isso que dá tentar fazer a integração entre Casas, que deveria ser obrigação da diretora, sozinho.

—Bem, como eu já disse... – Pela quinta vez ou poderia ser a milésima, ele disse. – Eu não sou japonês realmente, meu avô é que é! Então eu não sei dessas coisas, eu nunca estive no Japão!

Vou te dizer, Aidan é muito paciente, é por isso que eu acabo sempre dando um soco em Tony. Vai contra a minha natureza, que como já disseram antes, não é nada belicosa, apesar de gostar de umas intrigas de vez em quando, mas ele acaba sendo tão irritante, que é inevitável bater nele.

—Como crianças bruxas poderiam criar um anfíbio do tamanho delas, que precisa de água para viver? – Scorp perguntou sem paciência. – Você não vê nada de errado nessa sua teoria, Tony?

—Pode ser que sim, pode ser que não. – Eu desisto de Tony. Mas pelo menos Aidan estava se divertindo, mostrando que ele foi uma ótima escolha minha. 10 pontos para Sonserina.

—SAIU MAIS UMA EDIÇÃO! – Uma garota negra da Corvinal passou gritando, falando com uma amiga que ia mais à frente.

—Opa, algum de vocês tem um pergaminho fácil? – Ok, a gente precisa parar de dar esses sorrisinhos sincronizados ou as pessoas vão começar a desconfiar da gente. Aidan continuou nos olhando inocentemente.

—Por um “OCASO” eu tenho. – Não, Tony, não faz isso. Mas tive que rir disfarçadamente. Nos juntamos para ler a mais nova edição da “resistência”, para economizar pergaminho, que não dá em árvore.

OCASO

A Grande Escadaria parou!

Também estamos chocados, amigos! É quase como receber um ÓTIMO em Poções (os lufanos sabem do que estamos falando)!

 

—Sabemos mesmo... Quer dizer, não, nunca nem tivemos a oportunidade de saber. – Aidan disse divertido. Bradbury fazendo a tristeza da criançada como sempre!

Agora, vejamos se não é algo a ser discutido abertamente, já que ainda não vimos nem um sinal de que as coisas vão voltar ao normal!

Três técnicos do setor de Departamento de Mistérios, aquele lugar macabro que sua mãe dizia que ia te deixar quando você se recusava a comer todo o ensopado de rins do prato, chegaram nas primeiras horas de ontem para tentar resolver o nosso probleminha.

Parece que a coisa foi séria, porque nada foi feito ainda.

Que. Novidade.

Apenas para contextualizar o assunto:

De acordo com o livro Hogwarts: uma história, a construção da nossa amada escola se deu em menos de três anos, recebendo anexos de acordo com as necessidades que foram surgindo com o passar dos séculos. Os quatro fundadores uniram seus poderes para construir uma estrutura inteiramente mágica, utilizando as terras sagradas da antiga cultura megalítica escocesa, com o intuito de erguer uma construção baseada nos princípios da Magia Elementar:

Adaptável como a água, porém sólida e confiável como a terra, com a energia do fogo e equilibrada como o ar.

Sonserina, Lufa-lufa, Grifinória e Corvinal, respectivamente.

Agora que já estamos todos menos incultos, vamos aos pontos que realmente interessam:

— Hogwarts foi construída com magia elementar sim, mas reconstruída depois da última guerra com o quê?

—Como o cancelamento de feitiços como os de não-funcionamento de artefatos trouxas, nas aulas de Estudos dos Trouxas, ou a desativação de passagens como a infame Câmara Secreta, criada por Salazar Sonserina poderiam afetar a magia da escola como um todo?

E a principal pergunta:

—Se a Grande Escadaria parou o que mais pode parar?

Claro que isso são só questionamentos que passaram pelas nossas cabeças... Talvez completamente descabidos, afinal, até onde sabemos as escadas podem voltar a funcionar amanhã e tudo isso terá sido apenas mais um episódio curioso para a próxima edição dos livros à respeito de Hogwarts.

Claro que não contamos com isso. E você?

Ass: os Iconoclastas

—UAU! Estamos perdidos! – Aidan disse enquanto sacudia as mãos para se livrar das cinzas do que restou do pergaminho.

—Não necessariamente... Eu particularmente acho que isso das escadas foi um problema pontual. Assim como os feitiços de proteção da escola, talvez a Escadaria só precise de um reforço periódico que a direção deixou passar. - Scorp falou no seu melhor tom professoral. Para ser totalmente justo, foi exatamente isso que ele falou na reunião de ontem também.

—Eu acho que quando menos esperarmos estaremos comendo cera de velas caídas do teto enfeitiçado do Salão, porque essa escola está morrendo, olha só! – Tony apontou para as ampulhetas de pontos. – A Lufa-lufa tá na frente de todo mundo na Taça das Casas.

—Ha.Ha.Ha. Fizemos por merecer e ficaremos melhor ainda quando ganharmos o jogo de sábado contra a Corvinal. – Hataya falou esperançoso ou deveria dizer, delirante?

—Algumas pessoas gostam de se iludir, hein? Como é viver nesse mundinho colorido seu? As nuvens tem gosto de algodão-doce? – Aidan sorriu sem se sentir intimidado.

—Na verdade...

—Hey, Aidan! Vamos pra aula? – Uma garota de cabelos castanhos escorridos sem graça olhou pra ele, meio em dúvida quanto a se aproximar ou não da gente. NÃO SE APROXIME! HAHAHAHA, mentira, nem somos tão perigosos assim. Só Scorp, ele é perigoso.

—A gente se vê mais tarde, pessoal?

—Claro, vá pela sombra! – Eu disse acenando simpaticamente. A garota da Lufa-lufa continuou nos olhando intrigada, até bater de frente com um Corvinal apressado. Eles não mudam mesmo.

—Ok, temos aula de quê agora? – Eu perguntei esfregando as minhas mãos, ainda era outono, mas o sistema de calefação de Hogwarts é podre, tem vento frio vindo até de baixo se bobear.

—Astronomia. – Tony disse empolgado.

—Nãããããoooo... – Eu e Scorp nos lamentamos.

—A qual é? Vocês também não gostam de nada, não sei porque se dão ao trabalho de levantar da cama.

—Eu gosto muito de DCAT. – Scorp falou apenas por falar. – Apenas das aulas práticas, obviamente. – Acrescentou rapidamente.

—Gosto de Transfiguração! Um dia serei bom o suficiente pra mudar certas caras de Troll que tem por aí. Ou pra transfigurar uma cadeira mais confortável no Grande Salão, o que der primeiro.

—Planos ambiciosos, Cesc. Como sempre. – Tony me falou, dando tapinhas no meu ombro.

Sem as escadas tudo estava ridiculamente mais difícil. Hogwarts sempre teve várias escadas auxiliares, até porque nem sempre dá pra chegar na Grande Escadaria, dependendo do ponto do castelo onde você está, mas essas que sobraram são todas circulares e eu estou começando a ficar tonto de tanto girar que nem peru.

Rebeca se aproximou da gente e eu fechei a cara automaticamente. Não estamos nos falando desde que joguei umas verdades bem jogadas na cara dela. E ela como a grande cabeça-dura que é, é incapaz de pedir desculpas. Não ligo, estou bem servido de damas de ferro na minha vida.

—Então meninos, o que acharam? – Ela perguntou, se posicionado de um jeito que mostrava que estava me ignorando de volta.

—Ela fez o que combinamos perfeitamente, como tudo mais que ela faz. – Tony falou sorrindo.

—Por favor, Scorpius, diga a senhorita Wainz para sair da nossa frente, porque não queremos chegar atrasados à aula. – Rebeca me olhou com raiva. Só lamento.

—Não.

—Tony, por favor!

—Senhorita Wainz, por favor...

Rebeca apenas deu a volta bufando e pisando duro como a delicada lady que ela é. Você fez por merecer, nojenta!

—Não está fazendo isso certo. Precisa ignorá-la de verdade, ela não existe! Nem se dê ao trabalho de reconhecer a presença dela com piadinhas do tipo “tem uma mosca zumbindo aqui?”.

—Isso é muito difícil, Scorp, como você consegue? – Perguntei exasperado. Scorp é o mestre do gelo, como eu já cansei de dizer a vocês. Se ele tá te ignorando, ele nem olha pra você. Às vezes fala por cima do que você tá falando. Ele ensinou a mim e a Tony como ser ignorado é mil vezes pior do que ser odiado.

Não existir passou a ser meu maior medo.

—Eu aprendi com a melhor! Vó Narcisa quando está brava com alguém... Já vi gente grande implorar pra ela reconhecer sua presença.

—É uma Black. – Tony disse como se isso explicasse tudo. -Falando em Blacks, a gente vai ver essas estrelas hoje ou o quê?

—Temos aula prática à meia noite, então tratem de prestar atenção no que o professor vai dizer, ou vão ficar caçando cometas e levar um Deplorável. De novo.

—Que desnecessário você lembrar disso. – Falei fingindo tristeza. Não sei porque isso acontece, parece sina, eu sempre tenho que ter um Deplorável no meu boletim de Astronomia, faça chuva ou faça sol.

—Porque não elevadores? Como no Ministério? – Tony perguntou do nada, quando estávamos lá pelo trigésimo degrau da escada da torre de Astronomia, que fica no sétimo andar.

—Isso é um ultraje! Você quer que todos os tijolos mágicos caiam na nossa cabeça? Já viu que a escola tá irritada com a nossa cara e ainda pede mais alterações? – Falei de um só fôlego, meio parando, porque ou eu bem falo ou eu ando.

—Teoricamente... Era pra termos... Um bom condicionamento físico... Sendo jovens e... Tudo mais. – Fortescue falou respirando alguns degraus acima, meio arroxeado.

—Você não vai morrer não, né? Porque eu seria obrigado a te empurrar escada abaixo... – Eu disse para o Corvinal ofendido. Ele estava meio acima do peso, mas isso não justifica esse mal-estar todo, já devia estar acostumado. Se passassem um filme das nossas vidas em Hogwarts, metade do tempo seria subindo e descendo escadas. Sem brincadeira.

—Talvez se você parasse de tomar todo o estoque da sorveteria da sua família... – Tony falou despretensiosamente. – Aliás, meu pai falou que quer que sua tia volte a produzir Delícias Gasosas, ninguém nunca entendeu porque pararam.

—Ignore eles, Kyle! – A irritante da minha irmã surgiu do nada e passou por mim como a cavala que é. – Vamos andando, menino, só mais uns degraus.

Ela enlaçou o braço do garoto gordinho e foi meio que arrastando ele escada acima, Claire veio logo atrás distraída.

—Senhorita Sullivan, posso ter a honra da sua companhia? – Ela sorriu quando notou que éramos nós.

—E aí, meninos, como vai a força? – Perguntou ainda meio avoada.

—A força vai meio fraca se quer saber... – Scorp deixou passar toda e qualquer referência de Star Wars. Triste. – Não ajuda ter que carregar esses livros pesados pra cima e pra baixo, né?

—Aprendi um feitiço muito interessante com Rose pra melhorar isso! – Claire disse animada como uma lufana no Halloween. – Querem que eu ensine?

Claire passou os próximos 5 minutos explicando a gente o tal do feitiço de expansão que ela havia aprendido com a Weasley e a pergunta que não quer calar:

POR QUE NÃO ENSINAM ISSO NO PRIMEIRO ANO?

Tudo bem que não é lá muito fácil, eu mesmo tive que tentar duas vezes antes de acertar, mas a menos que o Ministério tenha um projeto secreto de transformar jovens em burros de carga, esse feitiço deveria ser ensinado à todos que não querem acabar os anos escolares corcundas!

Finalmente chegamos na sala da Torre de Astronomia, que diferente da parte de cima, muito interessante, com o observatório e os equipamentos todos, é apenas uma sala comum, apenas com a diferença de ser uma sala redonda.

Hesitei na porta já que minha dupla usual é aquela que não deve ser nomeada. Que transtorno essa história de colocar os alunos para sempre sentarem em duplas! Olhei com a minha melhor cara de pidão, à lá Pottinha, pra um dos meus melhores amigos quebrar esse galho pra mim e ir sentar lá com a chata da Wainz.

Tony se sentou no seu lugar habitual e começou a folhear o livro de estudos, dando uma de “João sem braço”. Muito bonito, amigo. Scorp olhou desgostoso pra ele!

—TÁ! Eu vou. Mas você fica me devendo essa! – O loiro me disse enquanto apontava pra mim, chamando a atenção de todo mundo. Ele foi andando infeliz para a carteira que Rebeca já ocupava. Provavelmente dispensará a ela o tratamento de gelo nível 6. Coitada.

Me sentei ao lado de Tony na segunda fileira, vendo-o começar a anotar alguma coisa no pergaminho.

—Você é canhoto? – Ele levantou e me olhou sem paciência. Tá, esse é o tipo de coisa que eu deveria saber, mas não é como se eu visse Tony escrevendo com frequência, acho que desde as aulas de Poções do primeiro ano não fazemos dupla nas aulas.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o professor Piece se aproximou do quadro e olhou em dúvida para a turma.

—Essa aula não era com a Sonserina e a Lufa-lufa? – Todo mundo olhou pra ele segurando o riso, pelo menos o lado verde da sala tentado a dizer que ele estava alucinando. Mas os Corvinais são extremamente sem-graças e cortaram nosso barato.

—Foi feito um pequeno reajuste de horários, o aviso foi colocado nos murais e saiu no jornal da escola. – Um garoto de grandes óculos azuis falou do fundo da sala. NERD!

—Ah, sim, claro! – O professor fez um gesto com as mãos tirando importância do fato. Ele provavelmente leu algo à respeito mas não deu a devida atenção, bem típico desses velhos excêntricos. – Abram seus livros de estudo na página 37, por favor.

Capítulo 2. O Mapa Astral: simbologia dos signos.

Como visto no Capítulo anterior, os planetas e astros que compõem o Sistema Solar possuem suas características e simbologias influenciando diretamente na existência dos seres vivos. Algumas influências são mais facilmente identificadas, como a da Lua Cheia sobre as criaturas lupinas e as estações do ano produzidas pelo posicionamento da Terra em relação ao Sol que afetam todo o globo.

Neste Capítulo começaremos a desvendar as influências positivas e negativas do posicionamento de cada astro na existência dos bruxos nascidos sob o mando do mesmo. Começaremos a estudar a Simbologia dos Signos.

É interessante ver como certos conhecimentos transitam entre o mundo bruxo e o mundo trouxa. Voltando para a realidade trouxa, as pessoas que baseiam sua vida no estudos das constelações, astros e estrelas e suas influências na vida são taxadas de “alternativas”, pra não dizer coisa pior. A Astronomia no mundo trouxa estuda aspectos bem diferentes dos de Hogwarts.

No mundo bruxo, Astronomia seria o que chamamos de “Astrologia” no mundo trouxa e lá todo esse conhecimento é tratado como uma “pseudociência”. Para você ver que nenhum conhecimento é 100% certo, as coisas variam de cultura pra cultura, de época para época e assim vai.

A aula transcorreu em paz, com o professor explicando os principais aspectos positivos e negativos de cada signo, parei para prestar atenção no meu.

—Outro signo do elemento Ar é Libras, seus aspectos positivos são: cooperativo, equilibrado, artístico, diplomático, interessado e sociável. – Hum, nada mal, hein? Claro que sei que não sou todas essas coisas, mas esses aspectos sempre retratam pelo menos uma das características norteadoras da personalidade da pessoa. – Os aspectos negativos são: manipulador, indeciso, facilmente influenciável pelos outros, superficial.

Ou não.

Tony estava tomando nota de tudo freneticamente, não sei ao certo o porquê já que muitas dessas informações tem no livro, mas eu que não vou atrapalhar a concentração do coleguinha.

Tony é 100% sonserino sob a lógica da Astronomia bruxa, de Escorpião, do elemento água, faz aniversário dia 20 de novembro. Os aspectos negativos dele são meio assustadores: possessivo, controlador, desconfiado, vingativo, DESTRUTIVO.

Ele olhou pra cima e me deu um sorriso inocente, completamente alheio as minhas divagações, mas eu já estive em um vestiário com o “Tony pronto para matar” e sei que o lado “bobo” dele vem do lado controlado e perceptivo do signo. Ele disfarça bem suas piores características.

Em resumo, não aposte suas fichas em pessoas que estão sempre no mundo da lua, parecendo perdidas, mas que de repente aparecem com planos geniais, prontos para o ataque: predadores nunca mostram as garras até que seja tarde demais.

Scorp estava do outro lado tentando explicar algo para Wainz no livro, ela olhava não dando muito crédito a ele. Rebeca é de Touro: teimosa, obstinada, possessiva, materialista... Não tem nada de bom nela, é desperdício de ar completo!

Já Scorp é de Virgem, assim como a Weasley, eu desconfio, porque ambos são criteriosos, organizados, críticos e se queixam de tudo. Weasley ainda é puritana, só pra colocar a cereja no bolo.

—Para a aula de logo mais, à meia noite, preciso que tragam a sua luneta padrão ou o seu telescópio catadióptrico, este último para aqueles que pretendem se aprofundar na matéria depois dos NOM’s.

—Porque estamos falando de NOM’s, falta um século pra isso ainda! – Tony sussurrou pra mim preocupado, eu fiz o tradicional gesto de “sei lá” com os ombros.

—A atividade de hoje consiste em traçar o posicionamento atual do astro que rege o seu signo, apenas duas coordenadas serão cobradas no relatório, aproveitem que não vai ser sempre assim fácil. – Eu gemi internamente, porque eu sou péssimo com coordenadas, só sei leste, oeste, norte e sul, porque sou obrigado a me locomover dentro dessa escola sem placas de direção e nem serão essas que iremos usar hoje. – E vou querer um pergaminho de 45 cm explicando como esse posicionamento influencia no seu signo.

Ele olhou satisfeito, apoiando as mãos dadas em cima da sua barriga saliente. Professor Piece é o típico senhorzinho que é um ótimo estudioso, mas que quando vem para sala de aula se torna o seu professor excêntrico que fica caminhando naquela linha tênue entre o seu amor e ódio.

O que ele explica: amanhã vai chover por causa da alta umidade relativa.

O que ele cobra: calcule o índice pluviométrico na região x, levando em consideração os efeitos do fenômeno El Niño.

Por isso eu amo Hogwarts, a única escola no mundo que você vem para ser autodidata!

***

Eu estava meio animado para ir assistir ao jogo da Lufa-lufa e da Corvinal no sábado, mas havia esquecido que antes disso, na quinta, teríamos a tradicional festa de “encha a cara com o ponche batizado e jure que não sabia” Halloween de Hogwarts.

Eu até que gosto de ver como as pessoas conseguem se fantasiar ridiculamente, mas ainda assim passar vergonha de formas totalmente diferentes. E também gosto desses bailes porque todo motivo é motivo para achar uma garota que esteja afim de um lance de uma noite só, né?

Mas hoje eu não estou no espirito de festa, estou com preguiça, mentalmente cansado, sem clima, vocês sabem, a cama está parecendo muito macia e quentinha e descer pra quê? As mesmas caras falsas, papo chato... É, com essa vibe Lana del Rey é melhor ficar aqui mesmo no quarto.

—Ei, você não vai para o baile de Halloween não? – Não, não tô afim. Não tô afim nem de mudar de posição, mesmo que precise já que meu nariz está coçando.

Espera um minuto aí! O que Pottinha está fazendo no meu quarto?

—O que você tá fazendo aqui? Quem te deixou entrar? - Ela me olhou usando um estranho artefato na cabeça que lembra um morcego. O que é isso? Fantasia conceitual?

—Eu vim saber porque você não está envergonhando o nome da sua família como Tony e Scorp lá no Grande Salão!

—Porque eu não quero e tem mais, vocês ficam brincando, mas amanhã é dia de Todos os Santos, ou seja, hoje é dia de quem, hum? Pois é, eu não vou.– Eu senti a cama afundar um pouco quando Lily sentou e respirou fundo.

—Tony disse que você foi ano passado, mas que hoje você está sofrendo de "frescurite aguda". - Então eu sou hipócrita sim, eu quero é novidade! Não quero ir, que coisa dessas pessoas que não deixam as outras ficarem de boa, na sua!

—Então? Tem alguma coisa a ver com o fato de que Rebeca também não quer ir?

—Não sei como você fez essa conexão nessa sua cabecinha de fogo!– Ela me olhou como se soubesse de todas as respostas do cosmo. Arrogância é de família, não? - Deviam conversar, vocês dois. Fazer logo as pazes.

—Pera, não é o Focinho de Cérbero tocando agora? Não acredito que você não vai mostrar seu morceguinho encantador pra eles!

—Eu vou sim! - Lily falou animada. - Mas você vem comigo.

—Como você fica bonitinha toda iludida...

17 minutos depois.

—Eu já estou me divertindo?

—O QUÊ? - Scorp falou enquanto tentava se sobrepor a música alta da festa. - VOCÊ QUER UM PONCHE?

—EU ACHO QUE ISSO TÁ BATIZADO!!! – Avisei apenas por boa educação, já que é óbvio, sempre está.

—EU SOU UM LESADO? VOCÊ É QUE É, IA FICAR LÁ DEITADO POR CAUSA DA WAINZ, DA WAINZ, PELAS CEROULAS FURADAS DE MERLIN!

—EU NÃO... Esquece!– Ele fez uma cara de quem não ouviu nada. Eu apenas gesticulei para a mesa de comidas. Ele me deu um legal, entendendo que eu ia dar uma circulada.

—Pensei que estava na fossa por causa da Wainz e que não viria...– Olhei para a ruiva que estava mais estranha do que o normal, provavelmente vestida de alguma figura histórica que ninguém conhece.

—Não concedo entrevistas sem antes falar com meu agente. – Falei tentando encher meu prato com o máximo de comida possível. Depois iria tentar achar algum canto escuro pra comer sem ser incomodado.

—Qual é seu agente, o elfo doméstico loiro ou a versão capenga do Barão Sangrento ali? – Ela apontou para um Tony que dançava estranhamente com uma garota vestida de fada que estava girando ao redor dele.

Drogas agora são permitidas por aqui? Dei de ombros pra ela, provando uma das Acidinhas que estavam quase caindo do meu prato.

—Ou seria a Wainz sua agente?

—Que interesse é esse pela Wainz, hein, Weasley? Quer que eu te arranje um encontro com ela?

—Só queria saber o que aconteceu com a duplinha inseparável... Problemas no paraíso? Ou deveria dizer, no inferno? - Nem me dignei a dar uma resposta a ela.

Peguei minha montanha de comida e fui para a Grande Escadaria, completamente abandonada agora. Isso é muito triste. Sentei no degrau de uma das escadas e coloquei meu prato do lado. Weasley sentou junto dele.

—Isso é bolo de caldeirão? Que delícia, eu não tinha visto! – Porra, ela me seguiu! Dei um tapa na mão dela que já estava quase no MEU bolo de caldeirão. - Qual o seu problema?

—Qual é o SEU problema? – Disse a ela indignado. - Por que tá me seguindo?

Ela deu de ombros, apenas se recostando mais na escada, relaxada. Ok, o que fizeram com a Weasley?

—Apenas tentando entender... - Ela disse suspirando, olhando a escada meio chateada. – O que você acha que realmente aconteceu?

—Comigo e Rebeca? – Ela me olhou com a típica cara de "sério?". - Ah, com as escadas... Não sei, tem um monte de ideias passando pela minha cabeça agora.

Ela me olhou seriamente, apenas olhou. Fiquei meio incomodado e levantei uma sobrancelha.

—Tudo que eu consigo pensar é que não é um bom presságio... – Ela completou ainda me olhando esquisito.

—Sério? Achei que acreditasse que era só um problema técnico como você escreveu na "versão oficial"...–Ela se inclinou pra frente jogando o cabelo mais armado do que o normal por cima de um dos ombros.

—Você pode pensar o contrário, mas não acredito em TODAS as "versões oficiais", eu tenho senso crítico. – Ela suspirou. - Às vezes queria ter a mesma liberdade dos Iconoclastas...

—Eles não são livres, Weasley, não se engane. - Ela me olhou sem entender. - "A voz que se cala para ser ouvida", "o rosto que se esconde para se mostrar", essas são as armas de quem se sente oprimido e não livre.

Ela me olhou estranho. Merda, falei demais.

—De quem são essas frases? - Ela perguntou parecendo interessada de verdade.

—São de um movimento chamado Zapatismo... Eles lutam pela igualdade lá no Sudeste do México, meu avô é um estudioso do assunto. Um sociólogo.

—Que legal isso! - Ela parecia genuinamente surpresa, acho que as pessoas simplesmente esquecem que eu sou nascido trouxa.

Talvez Claire tenha razão no fim das contas. Talvez eu esteja muito preocupado em parecer algo que eu não sou.

—Louise nunca te disse isso? Achei que fossem amigas.

—Nós somos, mas a gente não conta tudo uma pra outra, não esses detalhes de qualquer forma.– Weasley falou na defensiva.

—Não é um detalhe, nosso avô, na verdade tio-avô é um doido de pedra, anticapitalista e tudo mais. Ele sempre chega causando nos encontros de família! – Eu dei risada com a memória da discussão dele com minha avó, ele a chamou de "Carola da Bufunfa", bem coisa de velho.

Ela sorriu, provavelmente lembrando do seu próprio caso de barraco familiar.

—Queria escrever o que eu penso. É um saco ter que deixar as matérias na mão dos bestas dos meus colegas de jornal, eles fazem tudo de qualquer jeito.

—Isso que dá colocar amiguinhos no trabalho. Você não gostava, mas eu e Rebeca estávamos lá porque gostamos de escrever.–Ela me olhou franzindo a testa, cética. - E porque gostamos de te confrontar também, obviamente.

—Por que isso, hein?

—Porque você é chata, eu já te disse um milhão de vezes!

—Não pode tentar irritar todo mundo que você acha chato.– Ela falou ficando irritada nesse exato momento. Que poder esse o meu! Um dom e uma maldição.

—Não tem nenhuma lei que me proíba. E não é apenas chata, é uma chata que influencia os outros a serem chatos!

—Ora essa, quem você pen...

—Tá vendo? Está falando como uma velhinha de novo!

Ela se levantou agora ofendida de verdade, o vestido estilo cigano subiu um pouco com o movimento brusco, o que até o deixou mais interessante.

—Você é impossível mesmo! Não pode ter uma conversa civilizada por 5 minutos?

—Até por 10 minutos, mas qual a graça disso? – Falei dando meu sorriso de Coringa.

Ela saiu irritada e eu fiquei com meu humor repentinamente melhor. Hum, esse bolo de caldeirão é uma delícia mesmo!

Já bem alimentado e mais animado, voltei pra festa que já estava meia subida de tom, os mais novos tinham sido encaminhados para cima, isso significa dizer que eu era provavelmente o único terceiranista por aqui. O resto ou estava já no quarto ou estava em algum corredor ou sala deserta por aí.

Resolvi pegar um último quiche de alho-poró, apenas porque comida boa não se recusa, quando fui parado por ninguém mais, ninguém menos do que James Potter.

—Eu vi você saindo com a minha priminha a alguns minutos atrás, devo me preocupar, Fábregas?– Eu não tenho paciência pra isso.

—Se um dia eu sair com sua priminha com segundas intenções, eu que vou ter que ficar preocupado... Sem ofensas!– Ele franziu a sobrancelha, mas depois relaxou a expressão completamente, lembrando muito Pottinha, que bizarro!

—Seria estranho vocês dois juntos, não combinam em nada mesmo. – Ele falou se aproximando com um sorrisinho estranho. OK, sinal de alerta. Ponche batizado fazendo seu trabalho.

—Potter, então...– Ele invadiu meu espaço pessoal, olhei ao redor pra ver se alguém mais estava vendo isso, ou se era apenas um truque de luzes. – Eu meio que tenho que... Tchau.

De qualquer forma, não fiquei muito tempo para saber o que estava realmente acontecendo. Eu nem disfarcei, sai correndo na maior, porque eu não sou obrigado a lidar com grifinórios bêbados.

Fora que... James Potter é gay? Ou bi, que seja? Se eu escrevesse uma coluna de fofocas isso teria sido material de ouro, mas eu não faço isso.

Além do mais, não é da conta de ninguém, não é? Nem mesmo da minha, que quase recebi uma cantada. Ou talvez eu apenas esteja imaginando coisas e o pobre do Potter estava fazendo apenas uma constatação óbvia: eu e Weasley não combinamos!

É, é isso. Seu arqui-inimigo não tem uma queda por você, Cesc, pare de assistir esses filmes americanos teens, isso estraga o cérebro! E tenho dito.


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Notas finais do capítulo

Não shippem ninguém ainda e tenho dito.