Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 138
Capítulo 138. Conclusões inconvenientes


Notas iniciais do capítulo

Estou brilhando, mais um capítulo essa semana, viva!

Vamos recaptular os pontos principais para vocês entenderem o capítulo de hoje:

— Os alunos precisam tirar boas notas semanais para sair da escola nos finais de semana;
— Fred quer sair para fazer um estágio nas empresas Dussel para conseguir bolar um sistema de segurança para o Ocaso;
— Falando em segurança, tanto ele quanto Enrique alertaram a todos para não se meterem mais com os FerrZ;
— Obviamente nem Tony ou Cesc ouviram o alerta e Louise ainda surgiu como boa opção para investigar tudo;
— E eles só começaram a olhar atentamente para os FerrZ depois de ver que havia algo de errado com o patrocínio deles para as equipes de esgrima e quadribol;
— O que significa dizer que eles ainda não conseguiram resolver as coisas entre Lo Presti e Leiris com o intermédio de Joanna D'Lefevre, a garota azul.

Acho que com isso já da para refrescar a memória de vocês.



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Capítulo 138. Conclusões inconvenientes

— Diz assim para ela “Tracy, Cesc mandou dizer que não deseja o seu mal e sim a sua morte, que é a coisa mais caridosa que alguém pode desejar a você.”. - Ditei para Aidan na vídeo chamada e ele me olhou horrorizado.

— Não posso dizer isso, é horrível!

— Chama o Dark Aidan então! Cadê Ark? Chama ele aqui! - O dispensei com a mão, porque eu não preciso de gente com coração mole agora.

— Eu sou Ark e você nunca vai encontrar nenhuma versão de mim que tenha coragem de desejar a morte de uma garota! - Aff, o suposto Aidan das Trevas falou dramaticamente e eu revirei os olhos.

— Te falta maldade. - Funguei, desdenhoso.

— Sim, ainda bem! Esse é o tipo de coisa que você deveria querer eliminar da sua vida de pessoa melhor! - Ele respondeu exasperado e eu sorri inocentemente para ele. O pior é que ele tem razão.

— Olha, sem dramas! Não desejei a morte dela para amanhã, foi mais como “não te desejo uma vida eterna, porque isso seria uma tortura” ou algo assim. - Ele me olhou sem dar muito crédito e eu resolvi colocar um ponto final na conversa. — Ok, quer saber? Não fale nada para Tracy, mas quando ela te apunhalar pelas costas, não diga que eu não avisei! Todo mundo esquece que essa garota tentou me matar!

— Mas antes você a humilhou na frente do mundo todo... - Aidan apontou como quem não quer nada e eu fiz a minha melhor cara de ofendido.

— Em que planeta assassinato e humilhação se equivalem? - Perguntei com toda a minha indignação sensata e Aidan fez uma careta, porque não há argumentos contra isso. Claro que não, porque essa história toda é absurda!

— Ok, você tem um ponto. Mas foi uma...

— Se um adulto cometesse os dois crimes, por qual você acha que ele seria preso: opção 1, transformar um vestido em animal morto ou opção 2, colocar veneno na comida dos inimigos? - Olhei para ele com minha melhor expressão sarcástica e ele sopesou a resposta com má vontade, porque colocando nesses termos, fica bem óbvio.

— Você venceu, o que ela fez foi pior! Não sou o maior fã dela também, mas Harmond e Hui tem se esforçado bastante para entender todo o lance da pedra de Enrique para nos ajudar, então... - Ele deu de ombros, de mãos atadas metaforicamente.

— Tá certo, use ela e depois a descarte como uma meia velha, mas devo dizer que isso é muito sonserino da sua parte. - Aidan ia contrargumentar, mas o sinal da classe tocou. — Tenho que ir, Aidancórnio versão das Trevas, que não é tão das Trevas assim, a Etiqueta me chama!

— Tenho certeza que você está indo bem nessa aula... - Ele falou com ironia, fazendo graça e eu apenas fiz um gesto obsceno com o dedo médio. Esse é o Dark Aidan, então eu posso ser ofensivo.

E o feitiço da sala de aula convenientemente não bloqueia ofensas gestuais.

Desliguei o telefone e alguns segundos depois Fred se jogou na cadeira ao lado da minha, mostrando que continuava o mesmo ogro de sempre, que nem sentar sabia direito.

De acordo com madame Bonaly, sentar era uma coisa que devíamos ter aprendido a fazer certo aos seis meses de vida, porém isso obviamente não aconteceu.

E eu sentando errado todo esse tempo, hein? Quem diria...

— Você decorou o cerimonial e protocolo de um debute na sociedade? - Fred perguntou desgostoso, pronto para ler a matéria acumulada nos dois minutos antes da aula começar e eu só fiz uma careta para o tema.

— Sim e o que me consola é que, segundo Louise, é praticamente o mesmo cerimonial de uma posse para cargos do Ministério, coisa que será útil quando eu for eleito Ministro.

— Do que?

— Do Ministério Bruxo Europeu. - Eu falei cinicamente e Fred me olhou com aquele sorrisinho debochado dele.

— Esse cargo nem existe!

— Ainda. - Falei misterioso e antes que ele pudesse criticar meus sonhos ambiciosos, a professora chegou, estalando o dedo para calar a leve bagunça antes de sua aula.

Fred resmungou mal-humorado, porque não deu tempo nem dele virar a primeira página do livro. Quem mandou ficar perdendo tempo sendo um babaca?

— Bom dia, senhoritas e senhores, por favor: postura ereta, sem braços e pernas cruzados, contato visual direto. - Ela apontou para seus olhos por sobre o óculos, sinalizando o contato visual e encarou toda a classe daquele seu jeito severo.

Não preciso dizer que Fred ao meu lado teve que consertar tudo, não é?

— Certo, certo... - Ela olhou mais suavemente para toda a gente e depois deu duas voltas elegantes com a varinha de madeira clara e floreada. A sala atrás dela dobrou de tamanho, ou melhor, revelou um pequeno salão de baile. — Iremos fazer uma simulação de entrada protocolar por antiguidade, fingiremos que a idade traz sabedoria e distinção a todos. Se organizem, por favor.

Ela sorriu com sarcasmo e eu dei uma cotovelada de leve em Fred, porque ele era um dos mais velhos da turma. Ele me olhou sem entender. Como todo mundo estava se levantando, fiz um malabarismo para me levantar dando as costas a professora, só para ter a chance de sussurrar a resposta para ele.

— Mais velhos a direita. - Apontei para onde os setimanistas estavam se colocando, perguntando as datas de nascimento para organizar as filas. Ele correu para assumir seu lugar de segundo mais importante por esse protocolo.

Quem diria, eu ajudando colegas com respostas... Grifinórios, ainda por cima! Estamos vivendo tempos sombrios.

No último final de semana, nem eu, muito menos Fred, recebemos permissão para sair de Beauxbatons, por causa da avaliação semanal negativa da professora de Etiquetas carrasca, então eu precisei tomar providências quanto a isso, afinal eu tenho coisas importantes a fazer fora daqui - novembro está logo ali e eu preciso de permissão para ir ver Tony no Brasil, no aniversário dele - e Fred também, com todo o lance do estágio nos Dussel para melhorar a segurança do Ocaso.

Estranhamente eu consigo decorar os textos da aula com a ajuda do meu Marduk adorado - agora é adorado, me deixa - mas é muito difícil tirar essa suposta má educação que existe em mim, logo minhas escapadas de Beauxbatons estão comprometidas até eu não melhorar a nota nesse purgatório!

Mas problemas de comportamento a parte, este era um trabalho coletivo, com avaliação igualmente coletiva, então Emile Beaumont, monitor da turma, fingia que não sabia as respostas para nada - tínhamos que ter lido o material que ele entregou pessoalmente a cada um, ora - já Gomes havia se intitulado a senhora organizadora do cerimonial e protocolo e estava nos dando ordens como uma general.

— E Fábregas fica aqui no final da linha do quinto ano, porque é o mais novinho. - Ela falou com um sorrisinho irritante e eu só a olhei do topo da minha classe e refinamento.

Quando todos estávamos prontos, a professora pediu para nos organizarmos no protocolo do centro métrico, já que estávamos em número ímpar. Emile foi escolhido como autoridade máxima, ficou no meio da fila e então Sebastian ao seu lado direito, eu do esquerdo, Beatriz ao meu lado, Fred do lado de Sebastian e assim que acabou o critério de distinção, as pessoas se organizaram de acordo com a idade novamente.

Não passou despercebido que o capitão mundial de Quadribol ficou abaixo do Capitão de esgrima na hierarquia. Tudo bem que Gomes tinha que ficar na frente de Fred mesmo, porque ela era vice-capitã, mas eu tinha que estar ao lado direito de Emile, não no esquerdo!

— Madame Bonaly, acho que a ordem está equivocada, eu deveria estar ao lado direito do homenageado, afinal, minha patente é maior do que a de Leiris, eu sou campeão mundial! - Falei humildemente e Fred riu ao ver Sebastian revirando os olhos.

— Eu sou capitão do time heptacampeão mundial. - Sebastian se defendeu com sua arrogância característica.

— A esgrima não ganhou os sete títulos sob sua direção. - Eu falei com confiança, porque ele tinha assumido a equipe nas férias e obviamente ainda não tinha ganhado nenhum campeonato, diferente de mim, que sou campeão até dormindo!

— Essa é uma boa questão a ser discutida. Senhor Beaumont, esclareça a ordem adotada para o senhor Fábregas. - A professora pediu ao seu melhor aluno, empoada e Beaumont seguiu seu exemplo.

— Estamos levando em consideração as conquistas da instituição que vocês representam, nesse caso, a equipe de esgrima de Beauxbatons tem mais títulos e prestígio do que a equipe de Quadribol de Hogwarts. - Emile falou didaticamente e eu me controlei para não gritar um “como é que é, Up altas aventuras?” na cara dele.

É a mesma coisa que dizer que um capitão de futebol americano que ganhou trocentos jogos mundiais dentro de sua própria bolhinha americana, é mais importante que um capitão de futebol que ganhou um mundial com o mundo todo de verdade!

Mas eu mordi minha língua para encontrar um argumento menos ofensivo para todos os envolvidos, leia-se os franceses metidos.

— No manual de cerimonial e protocolo não fala sobre as instituições e sim sobre as autoridades, logo a minha autoridade é maior do que a de Leiris, que não tem título próprio. - Estava bem disposto a mostrar a página e o parágrafo, mas a professora apenas me olhou com sua expressão de entojo de sempre.

— Essa é sua opinião. - Ela falou friamente e depois me deu as costas para resolver uma questão que surgiu na ponta direita da fila.

MAS O QUE DIABOS ACONTECEU AQUI?

Não é questão de opinião quando um especialista no assunto escreve sobre o tema! Já ia atrás dela, não sem antes buscar meu livro, mas Sebastian me segurou pelo braço. Olhei para ele indignado pela audácia.

— Vale mesmo a pena brigar por isso? - Ele me perguntou com sua expressão cansada da vida de sempre e eu voltei para o meu lugar, engolindo todo meu veneno, afinal eu sequer posso xingar nessa sala de aula estúpida, mesmo que por baixo do fôlego.

— Vocês franceses tem um jeito bem interessante de lidar com conflitos... - Falei com sarcasmo e Lo Presti, ao lado de Gomes, abaixo da portuguesa e de Fred na hierarquia da professora, mesmo sendo capitã de uma equipe, riu com pouco humor.

— Nem me fale. - Ela olhou para a frente, pouco disposta a continuar a conversa e eu me chutei mentalmente por levantar de novo esse assunto antes da reunião que iríamos fazer com os dois capitães da escola francesa.

Que péssimo timing!

Falando nisso, onde estava Joanna azulada, que tinha prometido que iria falar com Abigail, para falar com Lo Presti sobre a reunião de conciliação? Pelo que eu estou vendo, ela não falou nada com ninguém, mas que garotinha irritante, viu!

Fizemos mais algumas palhaçadas arbitrárias de cerimonial, com a professora sabatinando os critérios utilizados em cada ordem - de acordo com seus preconceitos, madame Bonaly - e depois fizemos o início da fila para a entrada no baile usando a ordem métrica, Emile ficando ao lado de Beatriz, Sebastian e Lo Presti juntos e eu com uma anônima qualquer do quarto ano.

Achei bem feito eles dois caírem juntos, mesmo se odiando, porque Antonella era a segunda garota mais a frente na lista. A professora puxou um gramofone gigante do fundo da sala e iria começar a tocar um baile para simular a abertura do evento, quando o sinal tocou e todo mundo fugiu da sala como o diabo foge da cruz.

Oh, que pena, não vai ser hoje que veremos Sebastian e Antonella bailando pelo salão...

Peguei minhas coisas e segui Fred para fora da aula mais purgante de toda a face da terra, sério, nenhuma matéria de Hogwarts jamais chegou aos pés de chatice dessa coisa aqui e a professora não faz nada para ajudar os assuntos já insuportáveis por natureza!

— Eu não aguento mais Etiqueta, eu vou alegar insanidade para conseguir um atestado... - Fred resmungou passando a mão na testa, como se estivesse com dor de cabeça.

— Daqui a pouco Hogwarts vai estar consertada e nunca mais teremos que ver nada do tipo na nossa frente outra vez. - Falei levemente esperançoso, mas resolvi trocar de assunto antes que essa esperança morresse de uma vez. — Mas vamos falar de problemas reais: o que você e as Annes descobriram até agora sobre os Lestrange? Alguma informação nova? Sim, porque eu tenho que ficar te cobrando, antes que você argumente falta de interesse da minha parte!

— Você realmente não estava interessado no assunto, Cesc! Mas quer saber mesmo o que descobrimos até agora? Nada além do conhecimento comum, o que que significa bem pouco, quase nada. - Fred suspirou mal-humorado e eu nem sequer sei o porquê, afinal eu e Louise nem ficamos infernizando ele por ser um ser humano ridículo e falso. — As informações mais interessantes a gente tirou de boatos antigos e do livro novo de Skeeter, mas sabe-se lá quanto daquilo é confiável!

— Como assim você já chegou na letra “L" do livro? Eu ainda estou nos Black! Aquele capítulo parece a história sem fim! - Falei surpreso, porque os Black tinham um background bem robusto, que precisava ser esclarecido, segundo Rita, para justificar o comportamento e ações de alguns legados mais para frente, inclusive em outras famílias nobres.

— Eu fui pelo índice, Cesc! O livro tem mais de 500 páginas, divididas em 28 capítulos e eu tenho muito material dos NIEM para revisar! Não dava para ler tudo. - Ele falou sem paciência e eu o olhei cético.

— Desde quando você estuda para alguma coisa?

— Voltando para os Lestrange: o que sabemos é que o ramo francês só tem uma treta de gente roubando a esposa alheia com maldição Imperius, nada que seja relevante para o nosso caso. Se a caixa tiver vindo daqui, ficaremos basicamente em um beco sem saída, porque nem no Witchound eles aparecem direito. - Ele me ignorou completamente, o que foi até bom, porque temos assuntos mais importantes para resolver do que o programa de estudo de Fred.

Ou a falta dele.

— Mas e o ramo britânico? - Perguntei curioso, recebendo um sorriso malicioso.

— De acordo com Skeeter, a Grã-Bretanha foi brindada com a parte mais polêmica do clã. Sabemos que o último herdeiro da linhagem principal vivo está atualmente foragido de Azkaban, Rabastan Lestrange. - Ele relembrou e eu fiz que sim com a cabeça.

— Fugiu da prisão há dois verões, quando estava sendo transferido para Olhoaren. - Me lembro bem da história, deixou minha mãe de cabelos em pé na época: um fugitivo bruxo perigoso nas vulneráveis ruas da Espanha, que perigo!

— Isso. Estamos seguindo mais ou menos essa linha de raciocínio: ele poderia ter ido disfarçado até Uagadou para levar a caixa de música para o poço dos desejos, onde eu a encontrei, mas porque ele a deixaria lá? Ele é um fugitivo, ter uma caixa que troca sua mente de corpo é o maior trunfo que um cara assim pode ter! - Fred falou frustrado com a não resposta do nosso mistério.

— Você disse que a caixa estava avariada, o que é um ótimo motivo para abandona-la, fora que a transformação é com tempo limitado, ele teria que manter alguém de refém, usando uma varinha roubada e o Nilo Branco de Uagadou teria pego ele, afinal é um excelente sistema de segurança... - Enumerei os fatos e Fred concordou com a cabeça. — Acho que ele deve ser só um dono antigo por ser da linhagem principal, mas a caixa não devia estar com ele, Lestrange esteva preso em Azkaban por mais de vinte anos!

— Devia estar com os Aizemberg ou com os Bertrand, que não são os únicos Lestrange de sangue na Ilha, mas são os únicos que possuem a guarda dos bens familiares da linhagem principal. - Fred me informou e eu o encarei curioso.

— Rita disse isso?

— Tem no livro dela também, mas você encontra nos arquivos dos processos de expurgo dos comensais da morte no início dos anos 2000. - Ele falou a título de informação e eu olhei interessado. — Os objetos e relíquias familiares foram passados para as mãos das linhagens remanescentes que comprovaram que não tinham envolvimento com o purismo ou a causa de Voldemort. Foi um processo demorado e doloroso para a comunidade bruxa, porque muita coisa foi incinerada por falta de responsáveis.

— Em mim não doeu nada.

— Chamou-se de expurgo porque aquelas linhagens que não conseguiram comprovar sua neutralidade ou oposição na guerra, tiveram seus pertences queimados em audiências públicas, Cesc! Relíquias familiares, joias, retratos agonizando, livros antigos... Tudo queimado com fogomaldito controlado na frente de centenas de pessoas. - Ele falou com seriedade e eu dei de ombros.

— Provavelmente foram coisas de famílias das trevas, não tenho pena, se quer saber. - Falei com pouca simpatia, porque pessoas que não são a favor da minha existência, não merecem tolerância, ainda mais que foram só objetos queimados.

Me chame quando estivermos falando de gente sendo torturada e morta, como muito deles fizeram, aí a coisa muda de figura.

— Os Malfoy perderam bastante coisa familiar, só para você saber. Draco Malfoy conseguiu usar seu dinheiro para atrasar o processo dos principais bens até seu herdeiro ilibado de crimes nascer, mas uma grande parte das relíquias Malfoy foram extintas. - Fred me olhou sabendo muito bem que eu não desejo o mal para a família de Scorp diretamente. É diferente quando eles têm rosto. — Isso se você acredita nos laudos técnicos.

— O que isso quer dizer? - Perguntei confuso, porque é bem a cara de Fred dar uma palestra moralista até eu me sentir culpado e depois dizer um “não é bem assim”.

— É aí que entram os boatos antigos que eu mencionei! - Ele falou mais animado e eu o olhei com mais suspeita. Fred animado é sinônimo de problema. — Veja bem, há dois rumores fortes sobre a verdade desses bens tão preciosos para o mundo bruxo sendo destruídos...

— Preciosos em que sentido?

— Artefatos antigos são extremamente poderosos e é bem difícil engolir essa história de que o Ministério simplesmente queimou uma parte basilar da História bruxa resguardada nos acervos particulares dos partidários de Voldemort! - Ele falou com sentimento e eu fiz minha melhor cara de surpresa.

— Você falou chique para caralho agora, madame Bonaly ficaria orgulhosa! – Elogiei com um xingamento, ainda mais que estávamos agora longe de qualquer sala de aula, entrando no meu carrinho lindo e cheiroso. — Mas continue.

— Certo... Onde eu estava? Ah, sim! Nos primeiros anos pós-guerra, houve a caça aos comensais foragidos, tio Harry liderou a marcha, mas depois de todo mundo devidamente julgado e preso, começou-se a questionar o que seria feito com as fortunas congeladas. - Fred falou com paciência e eu fiz que sim com a cabeça, prestando atenção no conto.

— Sim, é importante saber para onde vai toda a grana.

— O dinheiro não era o problema, porque isso foi facilmente assimilado e dividido em processos internos entre Gringotes e os herdeiros das fortunas, o problema mesmo eram os artefatos das trevas ou de natureza desconhecida, diretamente ligados as famílias. - Fred falou e eu fiz uma curva fechada com o carro, quase passando por cima do pé de uma bailarina melindrosa.

— Muito mais coisa das trevas do que de outras naturezas, imagino...

— Muita coisa poderosa, algumas só ativadas por herdeiros consanguíneos e outras realmente assustadoras. - Ele disse sinistramente e eu o olhei de esguelha. Mas não foi o que eu disse, maldito? — Mas veja você, antes da lei do expurgo ser promulgada tal como eu te falei, houve uma série de saques nas mansões tradicionais sem lordes.

— Saques? Como assim? Uma horda invadindo e quebrando tudo com tochas e aqueles garfos gigantes? - Perguntei curioso, porque nunca tinha parado para ler essa parte da história recente do mundo bruxo.

— Não, nada disso. Foram saques organizados, em várias mansões, com intervalos de semanas entre eles e só alguns meses antes dos funcionários do Ministério fazerem o inventário de cada família. - Fred falou com um sorriso ladino e eu franzi o cenho para a acusação implícita de alguém se beneficiando com isso.

— Então teve gente roubando o que seria incinerado?

— Exato! E não era qualquer roubo, os caras que faziam isso passavam por sistemas de seguranças lendários, saqueavam, pichavam as paredes e então saiam como verdadeiros fantasmas. A maioria das pessoas dessa época se lembram do grupo como Robin Hoods modernos. - Fred se esticou para pegar um refrigerante no meu baú traseiro e eu parei o carro para um grupo de quartanistas atravessarem a rua.

— Suponho que nem todos pensavam assim... - Sugeri com cuidado.

— Não. Alguns tinham certeza que eram os encapuzados Inomináveis pegando objetos interessantes para eles, para duplicar e depois queimar a cópia, guardando o resto no Departamento de Mistérios. - Fred apontou a ideia com a garrafa verde escuro.

— Isso seria roubo, que coisa perigosa de se dizer sobre agentes da lei!

— Isso seria misterioso e justificaria o porque de terem escolhido queimar, ao invés de doar para a ciência, museus ou fazer leilões, que foram ideias bastante defendidas na época. - Ele deu mais alguns goles e eu tive que concordar com a hipótese. — Hey, você pode voar um pouco? Preciso fazer um teste importante.

Olhei com um leve estranhamento para Segundo, mas ainda estava entretido com tudo que ele tinha acabado de dizer. Peguei a primeira saída em direção às portas francesas que davam para o jardim oeste do Palácio.

Ninguém sabe porcaria nenhuma sobre os Inomináveis, então eu literalmente não colocaria minha mão no fogo por eles, mas se for esse o caso, Fred está sugerindo que de alguma forma quem quer que tenha roubado a caixinha Lestrange fez isso debaixo dos bigodes curvados de uma das mais temidas e misteriosas organizações governamentais do mundo bruxo!

Não acho que tenha sido isso que aconteceu.

— Ok e qual era o outro boato corrente na época? - Perguntei acionando todas a engrenagens de voo, verificando se os feitiços estavam todos ok como dizia o manual que Enrique fez questão de ignorar na última vez que estivemos juntos.

— Você não vai gostar dessa parte.

— Desembucha logo, Fred! A gente não tem o dia todo! - Mal tínhamos meia hora, mas Fred era um Weasley e Weasleys gostam de nos fazer perder tempo.

— Certo... Nossa, isso dá uma pressão estranha no estômago! - Ele falou surpreso quando eu iniciei a decolagem, que por ser por magia, podia ser em ângulos bem pouco confortáveis. Fechei os vidros e estabilizei a pressão na cabine. — Bem melhor.

— Continue, Fred. Qual o outro boato? - Falei sorrindo ao constatar que passei por um fio em cima das tulipas holandesas que começavam a bordar o símbolo de Beauxbatons feito de flores em um aclive do jardim.

— Bem... Algumas pessoas acham que os Dussel foram os responsáveis pelo saque. - Ele falou com cuidado, mas eu nem sei o porquê, não é como se eu achasse que a família do meu namorado não fosse capaz de algo assim. — Veja bem, a época dos saques coincidiu exatamente com o mesmo período que Ciaran Dussel arrecadou verbas de investidores não declarados, uma fortuna suficiente para tirar Ikley Moor do papel.

— Olha, Fred, não querendo desmerecer suas pesquisas fofoquísticas, mas já desmerecendo, até eu sei que Ikley Moor é mais antigo que algo dos anos 2000! - Falei tocando com a ponta do dedo na luzinha piscando no painel verde de submarino. Que diabos significa esse sinal? Não me lembro de ter visto isso no manual.

— Não estou me referindo ao estádio dos Dussel tal qual conhecemos hoje! Cesc, pode parar o carro aqui, por favor? Sim, deixe-o planando. - Ele falou isso enquanto abria sua janela e atirava a garrafa de refrigerante vazia para cima, em direção ao céu. Um clarão forte nos cegou por um segundo. — Hum... Como eu suspeitava.

— Porra, Fred! Que merda foi essa? - Perguntei indignado de verdade, puto das minhas calças, como diria Tony, mas ele só fechou a janela e sinalizou para eu aterrissar.

— Esse é o feitiço que envolve a escola e permite que o frio e os trouxas fiquem de fora dos terrenos. - Ele falou com um sorriso meio maroto e eu tive que me repreender mentalmente, afinal isso era meio óbvio. — Aparentemente eu estava certo em pensar que essa também é uma barreira altamente perigosa.

— E o que isso significa?

— Tudo a seu tempo, meu caro. Agora voltemos para o lance do estádio: Ikley Moor sempre foi apenas isso, uma arena de esportes simples, até que os Dussel o compraram e construíram a maior parte dos seus laboratórios secretos no subterrâneo dele. - Fred falou com mistério e eu o olhei com suspeita.

— É no subterrâneo mesmo ou você falou isso para dar efeito dramático? - Perguntei cético e ele deu risada.

— As duas coisas, mas isso não é relevante, porque Dussel pai conseguiu o dinheiro para construir a sede principal do jeito que queria, a Dussel irmã passou a coordenar as operações, o namorado de Jweek ficou com os acordos e o mais velho do trio começou a entregar um monte de projetos dignos de um laboratório secreto! - Ele apontou espertamente e eu fiz que sim com a cabeça.

— E o dinheiro para isso tudo tinha que vir de algum lugar obscuro, imagino. - Falei sopesando as possibilidades, ao mesmo tempo que aterrissava, pronto para encontrar com Louise. Ela tinha mandado uma mensagem mais cedo, marcando uma reunião “importante”.

Ênfase nas aspas.

— Não me leve a mal, todo mundo sabe que os Dussel são podres de rico, mas o montante de dinheiro necessário para erguer uma obra daquelas sozinhos, sem a ajuda de outros sócios, porque naquela altura era só eles, nenhum empresário tem para dispor assim, em um intervalo de cinco anos. - Fred estalou os dedos e me olhou com seriedade. — Quando você faz coisas do tipo sem justificar nada a ninguém e sem aparentemente sofrer questionamento da lei... As pessoas comentam.

— Ninguém tentou investigar a origem de todo o dinheiro deles? - Perguntei surpreso e Fred me olhou com aquele sorrisinho filho da mãe dele.

— Não diga que ouviu isso de mim, mas metade das coisas que os Dussel fazem ninguém investiga e nem sabe do que se trata. - Estacionei o carro do lado de fora do Café, porque iríamos almoçar com Louise em uma das cabines reservadas, normalmente usadas pelos turistas e visitantes. Fred continuou com sua confissão contra seus futuros empregadores. — E por metade, eu quero dizer tudo.

— Significa dizer que eles têm pessoas dentro do Ministério... - Sugeri e ele deu de ombros.

— Enfim, é o que dizem no meio empresarial esse dias: se você não tem um contrato com seu nome nos cofres Dussel, você não é ninguém no mercado. - Fred riu e eu o olhei meio chocado, porque eu não sabia que estava me associando com uma família tão importante. — Não faça essa cara, a maior parte desses acordos é inofensiva.

— Eu tenho medo é daqueles acordos que ninguém sabe... - Encerrei o assunto, acenando para Louise, que estava debruçada sobre a mesa de Dominique. Ela se despediu das amigas, antes de se encaminhar para a cabine em que iríamos almoçar longe de ouvidos curiosos.

— E aí, Lou? O que manda de novo? - Fred cumprimentou minha irmã com um beijo na testa, de um jeito que ele só deve fazer agora que Frank não tem mais nada a dizer sobre isso. Louise sorriu contente para ele.

— Tenho algumas novidades, mas antes preciso conferir uma coisa: como vocês estão indo em Etiqueta? - Ela perguntou com um tom severo e eu e Fred nos entreolhamos antes de responde-la.

— Acho que... Acho que esse final de semana a gente vai conseguir boas notas para sair! - Fred hesitou, mas depois completou tudo com um sorriso falso no rosto. Louise encarou um, depois o outro, aborrecida.

— Pelo amor de Deus, meninos! A gente precisa de vocês fora daqui no final de semana! Nem tanto por Cesc, mas você precisa agilizar aquele sistema de segurança para o Ocaso que havíamos discutido mês passado! - Ela falou brava e eu aproveitei a bronca direcionada mais para Fred do que para mim, para checar o menu do dia.

Opa, comida mediterrânea, adoro!

De entrada pedi uma salada fria de lulas, Fred foi com um espinafre gratinado com queijo brie e Louise escolheu um gaspacho, como sempre, porque ela tem um vício em tudo que tem tomate. Ela ainda pediu uma sugestão do chefe para o prato principal e um mix de frutas da época com zabaione de mel e alecrim para nós três, autoritariamente.

Fiz cara feia para ela.

— Ok, admito que foi vacilo meu ainda não ter começado o projeto das assinaturas despistadoras, mas embora eu não tenha colocado as mãos no equipamento propriamente dito, eu estive lendo um ou outro material de apoio, então vai dar tudo certo. - Fred se defendeu sonso e depois tentou encerrar o assunto. — Mas não é como se precisássemos disso para ontem, já que o Ocaso está suficientemente seguro, por hora.

— Bem, não por muito tempo, espero. - Louise falou e eu e Fred a encaramos confusos. — Eu disse que tinha novidades, não disse? Tenho exatamente duas, uma boa e uma ruim, qual vocês preferem ouvir primeiro?

Ela falou isso enquanto se servia do antepasto de berinjela agridoce que tinha na mesa junto a cestinha de pães artesanais e eu a olhei realmente curioso.

— Quão boa e quão ruim são essas novidades? - Perguntei bastante interessado, porque isso influencia e muito, nas minhas decisões de escuta colaborativas.

— A boa é boa mesmo e a ruim é mais inconveniente do que má. - Ela falou depois de mastigar a comida, enquanto sopesava a resposta. Fred dessa vez tomou a palavra.

— Então nos dê a boa notícia primeiro, talvez ela nos traga força para aguentar os inconvenientes da vida. - Ele falou divertido e eu concordei com a cabeça, era uma boa estratégia para lidar com os problemas.

— Okay! A boa notícia é que eu andei lendo os contratos e arquivos da FerrZ para me preparar para o encontro entre os capitães e acho que descobri um jeito de ajudar a equipe de Quadribol efetivamente. - Ela falou contente e eu nem esperei saber do que se tratava para cumprimenta-la com um “toca aqui” animado.

Quando Louise tem uma ideia, geralmente era algo muito bom, esse é possivelmente sua melhor qualidade!

— Espera um minuto! Não tínhamos combinado que deixaríamos os FerrZ em paz, porque eles são barra pesada? - Fred escolheu justo hoje para ser sensato e ter uma memória boa... Que inferno! — Onde você encontrou esses documentos, de qualquer forma?

— Na sede deles de Paris! Estive lá com Nique no dia seguinte da festa de Cesc. - Louise falou bem humorada e completou, divertida, apontando o dedo para o nariz de Fred. — Você não se lembra, porque estava de ressaca em casa naquela manhã. Os dois estavam, na verdade.

— Não importa! Não era para você ter ido mexer com eles sem falar com a gente sobre o assunto antes! - Fred repreendeu, o que fez minha gêmea orgulhosa fazer aquela expressão ofendida que precedia um vendaval de argumentação indignada por parte dela..

— Pois eu fui nos arquivos públicos deles, pesquisar uma coisa inofensiva e... Quer saber? Cesc e Tony não pareceram preocupados quando me pediram para fazer isso. - Porra, garota, a gente nasceu junto, mas não precisa se foder junto!
Fred me fuzilou com o olhar.

— Você prometeu a seu namorado que não iria mexer com os FerrZ! A palavra sonserina não vale nada? - Ele me perguntou acusador e agora quem ficou ofendido fui eu!

— Eu não dei minha palavra para bosta nenhuma! Você e Enrique decidiram tudo arbitrariamente e eu até concordei que não iria fazer nada perigoso para o Ocaso, coisa que eu cumpri, mas não falei nada sobre dar uma de peixe morto na lagoa! - Falei com agressividade e Fred apenas franziu os olhos, como se não acreditasse em mim. — Pedi a Louise para olhar os contratos dentro da normalidade, para nos ajudar com o lance da reunião e só! Eu não estou tentando tirar esqueletos do armário de ninguém.

— E não seria exatamente um problema se estivéssemos tentando, porque se alguém, que eu não vou citar o nome, tivesse ido fazer o sistema de segurança ao invés de ficar usando um artefato poderoso para trocar de corpo debaixo do nariz de todos os Iconoclastas, nada disso seria um risco! - Louise falou cínica, deixando Fred realmente emputecido.

Ninguém mandou mexer com dois Fábregas ao mesmo tempo.

— Eu já pedi desculpas pelo lance da caixa de músicas e pela falha com a segurança, mas não tente virar o jogo, garota! Vocês dois também agiram pelas costas do grupo, então não têm moral para ficar jogando nada na minha cara! - Ele esbravejou, depois olhou ao redor, para ver se tinha alguém prestando atenção na nossa conversa. Não tinha. — Então que tal colocarmos um ponto final no assunto?

— Por mim tudo bem.

— Que seja... - Falei fazendo pouco caso, mas depois encarei Louise com um sorriso animado novamente. — Mas sim, gêmea maligna, o que você descobriu no contrato dos FerrZ?

Fred estava pronto para dar outro chilique, mas os nossos primeiros pratos surgiram na mesa e Louise se aproveitou da distração dele com a comida para responder minha pergunta e nos colocar de volta no assunto que importava.

— Descobri que Leiris falou a verdade, o patrocínio não costumava ser majoritariamente da esgrima, passou a ser de uns dez anos para cá. - Ela deu a primeira colherada na sopa fria de tomate, então continuou a explicação. — Eles ganharam dois campeonatos sem patrocínio ou investidores e então os FerrZ começaram a dar dinheiro e estrutura para eles.

— Sim, mas o que tem de importante nisso? - Perguntei só a titulo de curiosidade, porque tinha certeza que tinha mais coisa aí.

— Bem, a parte interessante é que nos primeiros contratos, os FerrZ investiram justamente naquilo que eles mais conheciam: no Quadribol. Porém a equipe não deu bons resultados e o país nunca acolheu bem o esporte e... O resto vocês já sabem. - Ela sorriu convencida, voltando a comer, então dessa vez Fred se pronunciou sem ser um babaca.

— E como isso pode ser uma boa notícia para gente? Se os FerrZ perderam mesmo o interesse no Quadribol, vai ser ainda mais difícil convence-los a voltar a investir, porque significa dizer que eles fizeram análises e estudos de mercados para chegar nessa decisão. - Fred falou com conhecimento de causa, já que a empresa do pai dele patrocinava algumas coisas na Grã-Bretanha.

Fiz uma careta para a péssima perspectiva pela frente, mas me enchi de esperanças ao ver que Louise não tinha se abalado nem um pouco com aquela conclusão.

— Seria ruim realmente, isso se Tony não tivesse me confirmado ontem que sim, a FerrZ tem tentado entrar na liga juvenil europeia de Quadribol há pelo menos dez anos! Por isso eles vieram para Beauxbatons para início de conversa. - Ela falou animada e eu confirmei com a cabeça.

— Sim, eles ficaram bem felizes quando conseguiram Tony, esperam fazer uma manobra contratual para ter o primeiro aluno de Hogwarts patrocinado por eles, quando voltarmos ao castelo. - Falei de boca cheia, sendo recriminado com o olhar por Louise.

— E isso significa... - Fred gesticulou com o garfo e até eu sei que isso é falta de educação. Louise o fuzilou com o olhar também.

— Significa que eles vão ficar bem animados com a perspectiva de Beauxbatons jogar o campeonato de Hogwarts. - Minha irmã genial falou com um sorrisinho arrogante e eu e Fred nos entreolhamos animados.

— Mas é claro! Eles vão ver isso como uma grande oportunidade de entrar em Hogwarts pela porta da frente! - Fred concluiu o raciocínio e parabenizou minha irmã pela descoberta. — Tem razão, Lou, essa é uma ótima notícia mesmo e pode nos ajudar a acalmar Lo Presti na reunião.

— Sim, assim espero, mas agora deixa eu falar a má notícia. - Ela cortou nosso barato e tanto eu quanto Fred concordamos em arrancar o curativo logo de uma vez, antes do prato principal chegar a mesa.

— Vá em frente, estamos prontos para o inconveniente, porque nada nessa vida é simples, não é mesmo? - Resmunguei conformado, assistindo nossos pratos de entrada vazios desaparecerem por magia.

— Precisamos do sistema de segurança para o Ocaso porque... Acho que alguém está se beneficiando com a ruína do time de Quadribol e devemos investigar. - Louise falou com uma careta de leve e eu já fui logo antecipando a merda que vinha pela frente.

— Por favor, não diga que...

— O coordenador de esportes e cultura é o responsável pelo repasse do dinheiro para as equipes e grupos e ele não tem feito muito bem o seu trabalho. - Eu revirei os olhos para a chatice do mundo dos adultos, porque eles eram tão previsíveis, sempre tem um para tentar passar a perna nos demais. — E não é só isso, ao que parece, foi ele quem sugeriu a suspensão da equipe de Quadribol pelos protestos antes do campeonato, a FerrZ não teve nada a ver com isso.

— Foi isso que Sebastian e Beaumont deram a entender e olha que eles não se falam e me disseram em momentos diferente. - Confirmei a informação e Fred me olhou pensativo.

— Acha que o cara fez de propósito? Ferrou a equipe de Quadribol para que eles não se dessem bem no campeonato? A troco de quê? - Ele perguntou coçando o queixo de leve, então Louise retomou a palavra.

— Bem, não sei exatamente os motivos, nem se é verdade, só sei que é uma hipótese real. Acontece que, por causa do estádio de Quadribol, a escola é obrigada a ter um time para justificar a estrutura e porque a FerrZ é a única patrocinadora de tudo, eles pagam um valor mínimo anual específico para a manutenção da equipe. - Louise falou olhando de mim para Fred e eu fui obrigado a perguntar.

— E é um valor irrisório ou robusto? - Perguntei meio que já sabendo a resposta.

— Não entendo muito de gastos de equipes patrocinadas, mas partindo do pressuposto que as equipes de Hogwarts têm apenas custeio de uniformes e algumas vassouras velhas nos armários... - Louise deu de ombros, antes de completar seu raciocínio. — Definitivamente não era para Lo Presti está por aí mendigando sobras da esgrima.

— Isso significa dizer... - Fred começou e eu completei a contragosto.

— Que a gente vai ter que desmascarar mais um bosta sanguessuga. - Falei irritado, mas ao menos meu almoço chegou bem na hora para me alegrar um pouco. — Vou começar a cobrar por esse tipo de servicinho de merda, que fique registrado!

Eu só espero que esse cara não seja pior do que Bradbury...


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Notas finais do capítulo

Decidi cortar o capítulo no meio, então o próximo será uma continuação direta desse e não em AdC.

Bjuxxx

P.s.: Como eu assisti AFEOH 2 recentemente, tem uma informação nesse capítulo que apareceu no filme, quem conseguiu identificar?



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