Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 139
Capítulo 139. Contagem regressiva


Notas iniciais do capítulo

Ok, pessoal, estou postando coisas em uma velocidade que me faz feliz, mas vamos ser sinceros, vai dar para sustentar esse ritmo não.

Como esse capítulo deveria ter sido a segunda parte do anterior no meu planejamento, nem sequer terá uma retrospectiva, ok?

Vamos lá!



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Capítulo 139. Contagem regressiva

Estava fazendo uma cara bem assustadora, praticamente dirigindo meu carro com a força do ódio, porque não é possível que é a isso que a minha vida irá se resumir, a desmascarar bandidos, digo e ao menos com isso Enrique concordava.

Sabe que a gente pode simplesmente escrever uma carta anônima e colocar debaixo da porta de Madame Maxime, não é?— Ele sugeriu como quem não quer nada, meio distraído com algo que soava como videogame, mas ele jurava que era coisa de trabalho.

— Isso seria um pouco irresponsável da nossa parte. - Louise respondeu desconfortável, sentada no colo de um Fred tranquilo no banco do carona, com um sorriso malicioso demais para o meu gosto.

Ex-namorada de amigo não era proibida? Na Sonserina ainda é, só para ficar registrado.

Pelo contrário, cunhada, avisar aos adultos responsáveis sobre os problemas é a regra número um da maturidade.— Enrique falou didático e eu revirei os olhos antes de responder.

— Você só sabe disso porque é a primeira coisa que você ignora quando uma merda acontece, né? - Ele ia me responder, mas eu avistei o alvo e acelerei o carro em um rompante que fez Fred e Louise se desequilibrarem. — A garota azul tá ali!

Ela virou no corredor a esquerda e eu tive que virar também, o que jogou meus passageiros já espremidos no carro de um lado para o outro. Dessa vez Enrique definitivamente estava prestando atenção na gente, rindo.

Deuses, esse carro é melhor do que eu imaginava!— Ele comemorou a eficiência de seu presente e eu teria dado uma piscada em agradecimento, mas precisava dos meus dois olhos abertos para dirigir.

— Se melhor significa Cesc pegando uma detenção mais rápido, esse carro é maravilhoso mesmo! - Louise falou se segurando firme e assim que Joanna avistou a nossa movimentação atrás de si, minha irmã gritou para ela. — ESPERA, A GENTE TEM QUE FALAR COM VOCÊ!

Seja pelo choque ou pelo pedido de Louise, Joanna D'Lefevre esperou até que chegássemos perto e eu estacionasse o carro no seu lado direito, o do motorista em um carro produzido na Grã-Bretanha, para quem não sabe.

— D'Lefevre, entre no carro, precisamos conversar. - Falei como aqueles heróis de filme de ação e a menina, hoje com uma echarpe azul céu noturno contrastando com seu cabelo azul claro, me olhou como se eu fosse insano.

Coisa que eu não estou em condição de negar hoje.

— Mas... Por... Não tem espaço! - Ela falou aflita e eu a olhei com impaciência.

— Por sorte Fred tem duas pernas, anda, entra logo! Não temos o dia inteiro e o futuro do mundo bruxo depende de nós, garota! - Ela olhou para sua principal rota de fuga, depois para o meu carro já lotado, então fui obrigado a ser ainda mais incisivo. — Joanna, entra logo antes que eu passe com esse carro em cima de você!

A garota correu para o lado do passageiro e se espremeu quase saindo pela janela, para não se encostar muito em Fred e não amassar Louise, que estava em cima do meu braço agora. A olhei para ela se ater a seu espaço e não atrapalhar a minha performance de motorista de fuga.

— Por que não podemos ampliar o carro mesmo? - Fred perguntou fazendo uma careta, porque muito provavelmente uma das meninas o acertou onde não devia.

— Porque eu fui proibido, foi uma das coisas que eu tive que prometer a diretoria: que o carro não ocuparia muito espaço, então... - Falei já colocando o dito cujo em movimento, sob o olhar debochado de Enrique na tela do celular grudado no para-brisa. — Eu jurei que eles iriam me deixar dirigir, só não disse que seria sem sacrifícios!

Eu não disse nada. - Ele respondeu como se a cara arrogante de “eu te avisei” não fosse resposta o suficiente.

— Bom, já que temos que usar o carro assim, então que seja pelo menos por pouco tempo! Fala logo o que tem para falar com Joanna, Cesc! Desculpe, posso te chamar de Joanna? É que eu já ouvi falar tanto de você... A propósito, sou Fred Wesley II, a seu dispor! - O grifinório falou com aquele charme barato dele e eu fui logo o cortando.

— Ela está em outra, Segundo, foco na missão! Vamos direto ao assunto: Joanna, por que caralhos voadores você ainda não falou com Lo Presti para marcar a reunião? - Olhei de soslaio para a garota, nos encaminhando para o labirinto, que a essa altura devia estar vazio.

Ela piscou os olhos azuis grandes e inocentes, confusa.

— Eu... Eu não pude falar com Abigail ainda. - Ela falou tímida, corando daquele jeito azulado estranho dela.

— Não pôde falar com a sua melhor amiga que literalmente dorme na cama ao lado? - Falei cético e ela abriu ainda mais os olhos, enquanto dava de ombros desengonçadamente em cima de Fred. — Conta outra, garota!

— Joanna, o caso é sério, a gente precisa resolver logo isso, porque se não ficaremos sem ter como ajudar Lo Presti e os outros. - Louise falou soando sensata como sempre, prendendo a atenção da francesa. — A nossa janela de oportunidade irá se fechar assim que voltarmos para Hogwarts, porque se a gente não apresentar a proposta do campeonato agora, dificilmente vão aceita-la depois.

— Louise tem razão, fora que quanto mais cedo resolvermos, mais tempo Cesc e eu teremos para reestruturar a equipe de quadribol de vocês. - Fred aumentou o argumento da pressão em cima da garota, mas ela fez uma careta de quem não estava muito certa do plano.

— Não sei se Nella vai aceitar vocês interferindo muito na capitania dela... - A garota falou incerta, em um inglês cheio de sotaque para Fred entender também e eu a olhei com estranheza.

— Nella é como você chama Lo Presti em seus sonhos? - Perguntei simpático, mas ainda assim recebi uma cotovelada no pâncreas, da minha irmã horrível, que merece a morte. — Porra, eu tava só perguntando!

— Perguntando coisa que não importa a ninguém! Joanna, acha que pode falar com Abigail ainda hoje? - Minha irmã falou como a epítome da simpatia, nem parecendo que tinha acabado de me aleijar com esse cotovelo ossudo. Ai, tá doendo muito, socorro!

Joanna olhou para a frente, provavelmente se preparando para fazer aquela cena onde a mocinha indecisa finalmente percebe qual é o seu papel na roda do destino, então ela respira fundo e...

— Antonella está ali, vamos falar com ela diretamente.

Ou isso.

Olhamos todos para frente, porque sim, Antonella Lo Presti e seus comparsas, gêmeo loiro e gêmeo moreno, estavam quase sumindo no primeiro atalho do labirinto. Buzinei para eles, que acenaram de volta.

Ok, isso foi bem inesperado.

— Se você tentar enfiar mais três nesse carro, Cesc, eu juro que enfio você em um saco de esterco de fada mordente, antes que você possa dizer...

— Fica quieto, Segundo! Joanna, qual o plano? - Falei sem tirar os olhos do trio, que agora já estava perto o suficiente para fazer uma leitura labial do que eu estava dizendo, se quisessem. Desacelerei ainda mais o carro, quase parando. — Rápido!

— Estacione a carruagem, por favor. - A garota azul falou daquele mesmo jeito que ela assumiu quando precisou resolver a hemorragia falsa de Sebastian: segura e cheia de atitude.

— O que você vai fazer? - Louise sussurrou incerta, mas eu estava animado e Fred parecia apenas muito ansioso para ter espaço para expandir seus pulmões normalmente.

Joanna abriu o carro sem dar satisfação para ninguém, pôs apenas uma das pernas para fora, o suficiente para ficar de pé apoiada na porta e olhou para Lo Presti de igual para igual.

— Antonella, Abigail pediu para te avisar que vai organizar um debate sério entre a esgrima e o quadribol e quer te ver lá. - A garota falou sem hesitar e todos de dentro do carro suspenderam a respiração ante a mentira deslavada. A italiana olhou para os amigos e estava pronta para negar, mas Joanna foi mais rápida. — E ela me disse para não aceitar um não como resposta de você, porque Leiris já topou.

— Quê? Abigail está louca? Eu não vou conversar com Leiris, ele é um...

— Bem, mas dessa vez vai ser diferente, a escola inteira vai estar presente e se você não for... - Joanna consertou a echarpe escura no pescoço antes de dar o golpe final. — Leiris vai ter razão em te chamar de covarde.

— Ele não se atreveria... - Antonella sibilou, fechando as mãos em punho. Eu olhei para a cara de Enrique na tela do celular e ele estava com aquela expressão que dizia “mas vocês estão muito fodidos mesmo!”.

Não posso discordar.

— Sala do coral de ninfas hoje, depois do jantar. - Joanna voltou para o carro, com sua melhor cara de blefe. Fechou a porta e deu dois toques no teto, com a mão pelo lado de fora, para que eu andasse com o carro. — Não se atrase, Lo Presti.

Entendi a deixa e cantei pneu para fora do alcance da garota italiana e dos gêmeos, virei na primeira folhagem livre que encontrei, antes de Joanna desabar em cima de Fred, tremendo da cabeça aos pés.

— Um minuto de coragem para uma vida inteira de glória, hein? - Perguntei divertido e a menina me olhou com os olhos arregalados, sem fôlego.

— Eu não acredito que falei daquele jeito com ela... - Ela sussurrou tocando nos lábios, como se eles tivessem ficado dormentes.

— O que ela disse agora? - Fred perguntou dando tapinhas desajeitados, supostamente consoladores, no ombro da garota, que parecia que tinha esquecido que estava sentada no colo de outro ser humano.

— Nada que seja importante, Joanna fez a parte dela, agora é com a gente! - Eu falei, esfregando uma mão na outra ansioso, no meu cérebro, claro, porque eu ainda estou dirigindo e sou um motorista responsável!

— Vocês perceberam que ela disse que Abigail seria a intermediária do debate e que toda a escola assistiria, não perceberam? - Louise falou nervosa e Fred a olhou confuso, porque os detalhes tinham passado em branco, já que as meninas falaram só em francês e esse não era o forte dele.

E... Por que ele ainda não está usando o Marduk dele para traduzir as conversas? Ok, isso não importa agora, mas vou deixar a pergunta arquivada aqui no meu subconsciente, porque algo me diz que eu vou odiar muito essa resposta.

— Bem, ainda temos umas 4 horas antes do jantar e estamos em 4, então... Fred, vá avisar a Sebastian e Beaumont sobre o debate, Joanna, vá falar com Abigail para mobilizar a escola e Louise... - Tinha acabado de abrir a porta para os dois, Fred e Joanna, saírem no labirinto mesmo, para cumprir suas missões novas. — Louise, você vem comigo, porque precisamos escrever algumas coisas para o grupo de estudo!

— O grupo de estudo? Tem certeza? - Fred perguntou incerto, provavelmente respirando direito pela primeira vez desde que as meninas entraram no carro. Ele havia pulado para fora, dando lugar para Louise ocupar o seu lugar.

— Acho que finalmente chegou a hora de sermos um pouco mais... Estudiosos.— Falei misterioso.

Ah bom, quem diria, Joanna colocou o plano em andamento com mais ímpeto do que qualquer um aqui poderia acreditar que ela tinha, jurava que essa reunião ainda se arrastaria por pelo menos mais uma semana!

Ainda bem que as pessoas ainda conseguem me surpreender positivamente, agora vamos escrever essa primeira edição do Ocaso Mundi e convencer dois terços dos iconoclastas a nos deixar publica-la, tudo isso em 4 horas.

Que a contagem regressiva comece.

***

Não foi difícil começar um burburinho em Beauxbatons, a escola era pequena e todos adoravam saber qualquer coisa que tinha a ver com sua adorada equipe de esgrima heptacampeã, difícil mesmo foi limitar a notícia apenas para os alunos mais velhos.

Bom salientar que ninguém se importava muito com a equipe de Quadribol, mas esse era um quadro que estávamos prestes a mudar.

A pequena sala do coral das ninfas estava abarrotada de alunos dos últimos anos, então assim que eu entrei, fiz questão de usar minha voz de comando para abrir uma clareira onde Sebastian e Antonella deveriam ficar, bem na parte do tablado das ninfas solistas.

Abigail sobrenome alemão impronunciável estava lá também, olhando de cenho franzido para Sebastian, Beatriz Gomes e o restante dos entojados esgrimista titulares. Pedi a todos que se acalmassem e recebi uma piscada em agradecimento da garota apaixonada por debates e discussões em geral.

— Boa noite, colegas, muito obrigada por virem aqui hoje presenciar e participar de um belo exemplo de democracia escolar. - Abigail começou simpática e Joanna sorriu timidamente para mim, atrás da amiga que havia sido manipulada magistralmente por ela. — Iremos ajudar no debate entre a equipe de esgrima e de quadribol e esperamos que todos saiam daqui satisfeitos com o resultado conquistado. Então...

— Antes de começar a discussão, eu gostaria de ter um minuto da atenção de vocês, se não for muito incômodo. - Falei interrompendo a garota alemã e ela fez que sim com a cabeça, levemente contrariada. — Só queria dizer que eu, minha irmã, Louise e meu colega de seleção, Fred Weasley, estamos aqui representando os alunos de Hogwarts e, em um dado momento, vamos pedir a palavra para informar algumas coisas importantes sobre a situação de vocês, que acreditamos, passaram em branco durante todos esses anos de briga.

— Que informações, Fábregas? Se tem algo a dizer, melhor que diga agora! - Leiris falou decidido e até mesmo Lo Presti parecia concordar com ele. Fiz que não com a cabeça.

— Não vamos falar até que seja realmente necessário, mas garanto que mesmo sem o que sabemos, vocês têm muito o que resolver entre si. - Não queria dar uma de misterioso, mas a verdade é que trazer a tona a possível corrupção de um dos profissionais da escola iria roubar completamente a atenção de todo o debate e não foi para isso que viemos aqui.

— Fábregas tem razão, então vamos começar antes que soem o toque de recolher. - Abigail falou decidida. — Eis as regras do debate: cada capitão terá dois minutos iniciais para expor sua causa e então vamos abrir para perguntas alternadas, que poderão ser respondidas pelos dois ou por membros de cada equipe. Ninguém pode falar enquanto não for sua vez, combinado?

— Isso vale para você também, Theuerkauf? - Leiris falou debochado e eu o ameacei com gestos bastante claros. Abigail respirou fundo antes de voltar a falar.

— Vamos evitar as provocações e agir como pessoas maduras também, o que acham? - Ela falou especificamente para Sebastian, que deu de ombros. Já Antonella o olhou como se duvidasse que ele fosse capaz de tal feito. — Então vamos começar: Antonella primeiro.

— Uau, o favoritismo começou cedo... - Gomes resmungou e Joanna a olhou tentando fazer a prima ficar quieta. — Só estou dizendo!

— Se formos falar de favoritismo, a noite vai ser muito longa, não acha? - Um dos gêmeos Sartori - não lembro qual o primeiro nome desse aqui, desculpe - falou debochado.

— Pessoal, foco! Só escolhi Antonella pela ordem alfabética, Leiris! Não houve favoritismo nenhum da minha parte! - Abigail se defendeu, bastante paciente até, para quem todos sabem que adoraria ver a cabeça pálida de Sebastian empalada em uma estaca de madeira.

— Se for por ordem alfabética, deveria ter considerado o sobrenome. - Ele falou como quem não quer nada e a garota só revirou os olhos.

— Comece então, Leiris, se isso vai te fazer focar no que é importante, você pode começar com o seu discurso de abertura. - Ele agradeceu cinicamente, então Abigail fez um feitiço cronômetro, começando da marca dos 2:00 minutos. — Pronto?

— Sim.

— Pode começar. - Ela liberou o cronômetro e Sebastian assumiu a sua pose de pessoa que não aceita que discordem dele, mesmo que ele ainda nem tenha aberto a boca.

— Essa é, honestamente, a minha última tentativa de tentar colaborar com a equipe de quadribol, não vou enrolar vocês e fingir o contrário. Esse impasse começou antes de minha gestão e Lo Presti parece bastante disposta a levar isso até as últimas consequências, mas eu não estou.

“Em todo o caso, gostaria apenas de esclarecer dois pontos: não temos nenhum poder sobre os investimentos que são destinados para a equipe de quadribol e a única forma que temos de garantir os nossos próprios ganhos, é através dos nossos bons resultados.

Começamos uma trajetória de sucesso ainda sem patrocinadores e agora carregamos tudo nas costas! Desde que me tornei capitão, durmo e acordo com um único número na mente: 21. Esse é o exato número de membros titulares que podemos ter na equipe de esgrima em cada eliminatória dos campeonatos e toda semana preciso informar a mais de 40 atletas igualmente esforçados, que nessa rodada eles estão fora da equipe oficial.

Não posso ficar me estressando e nem estou disposto a dedicar mais tempo do que esse aqui para resolver os problemas alheios, porque toda vez que eu tenho que dizer um ‘você está fora’ para um dos meus esgrimistas, sinto que estou destruindo o sonho deles, então tenho que focar no que é melhor para a minha equipe.

Tendo dito isso, o segundo ponto é que vocês se ressentem com muitas coisas do passado, como se tivesse sido nossa culpa que...”

— Tempo esgotado. - Abigail apontou para o cronômetro, então Leiris se calou, obediente como sempre. Beaumont o cumprimentou com um toque discreto no ombro. — Mesmo tempo para Antonella.

O feitiço começou a contar e Antonella, assim como Sebastian, não perdeu tempo com introduções e cumprimentos a plateia. Os dois eram práticos e convincentes, páreo duro conseguir que um dos lados ceda hoje.

— Legal você começar seu discurso com o quão difícil é para você destruir o sonho de seus atletas... Pois bem, você destrói o sonho de vários jogadores da minha equipe todos os dias e não parece se importar o mínimo com isso! - Antonella falou com cinismo, arrancando um revirar de olhos de Sebastian.

“ Vocês da esgrima pelo menos estão seguindo o curso natural da vida: dando oportunidades iguais para todos e selecionando os melhores e quanto a nós? Nem sequer temos lugar para treinar!

Você, Leiris, adora dizer o quanto somos preguiçosos, mas não sabe que já tentamos treinar sob o teto baixo da nossa barreira de proteção, mas fomos parados porque os balaços estavam acertando vitrais e estátuas do jardim, tentamos jogar do lado de fora, mas não há feitiço de aquecimento no mundo que impeça as cerdas das nossas vassouras de congelarem e quebrarem no vento da montanha e para completar...”

— Tempo esgotado. - Dessa vez Abigail deu a notícia com um pesar no rosto, ela não queria cortar o discurso da amiga. Provavelmente por isso mesmo Antonella assentiu e se calou, sem reclamar. — Agora que já sabemos um pouco dos sentimentos dos dois lados, vamos tentar organizar esse bloco em conquistas práticas, através de perguntas e respostas. Por favor, Leiris, comece novamente, você tem um minuto para fazer sua pergunta.

O cronômetro foi enfeitiçado para a marca de 1:00 e Louise apertou meu braço, nervosa. Ela tinha pedido, não, implorado para Sebastian usar o tempo dele com sabedoria, sem acusações e deboche e agora era a hora de saber se ele ainda se lembrava dessa promessa.

— Ok, vou começar com uma pergunta simples. Você desde sempre, Lo Presti, adora dizer que a culpa é nossa por todas as mazelas que recaem em seu time, acusa e nos chama de... Câncer, que eu pesquisei e é uma doença trouxa muito, muito ruim, para quem não sabe. - Sebastian fez um adendo para os outros bruxos puro-sangue como ele e de alguma forma, a ignorância dele sobre o assunto pareceu adorável. — Então eu te pergunto: o que você acha que nós podemos fazer para mudar sua situação?

Ele não usou todo o tempo, mas Abigail não deixou que Antonella respondesse logo, ela nos obrigou a praticar o que o nosso professor de Debates chama de escuta ativa, que é quando você deixa o silêncio ter um papel importante na discussão e faz com que os oradores aprendam a controlar melhor o seu tempo de fala.

Os nossos colegas que não estavam acostumados com a prática se sacudiram inquietos e começaram aquela nuvem de burburinho que logo se transformaria em uma tempestade, mas graças a Merlin o cronômetro zerou e foi reiniciado pela facilitadora do debate.

— Sua vez, Antonella, você tem um minuto para responder a pergunta e mais um minuto para elaborar uma nova questão para Leiris. Então vou abrir o debate para perguntas da plateia, que os dois terão que responder, ok? - Ela confirmou com um e depois com o outro e assim que ambos acenaram o entendimento, ela começou a contar o tempo da capitã do time de Quadribol. — Valendo.

— Não vou me alongar no tempo para falar de cada vez que sua má vontade e arrogância ficaram no caminho de qualquer conversa, porque eu vou pular logo para as ações práticas que vocês podem fazer para melhorar a distribuição de recursos dos esportes:

“Primeiro vocês podem organizar o horário de uso da academia e seus equipamentos. Eu sei muito bem que você tem 60 atletas para administrar, Leiris, então faça dos seus 60, 75 com os nossos, o que no máximo vai acrescentar uns dez minutos de treino, caso os seus atletas tenham que revezar os aparelhos com os meus.

Não faça essa cara de nojo, nós não contaminamos o ambiente, como você disse uma vez, nós não somos arruaceiros e não vamos desconcentrar vocês, porque não é como se ainda não tivesse sido inventado feitiços antirruídos, vamos começar por aí!”

— Antonella, tempo encerrado para a resposta, agora você tem que fazer a pergunta. - Abigail alertou e a minha colega de cargo a olhou indignada.

— Você não acha que esse tempo tá passando rápido demais não? - A garota siciliana pôs as mãos na cintura e toda a escola, que já conhecia o jeito de ser de Maria Antonella Lo Presti, deu risada da pergunta.

— Ao menos está passando rápido para todo mundo, vou começar o tempo da pergunta, tudo bem? - Abigail perguntou divertida e a garota de cabelos curtos e sardas fez que sim com a cabeça, ainda contrariada. — Tempo valendo.

— Vou usar meus dois segundos para continuar falando que você, Leiris, além de organizar os horários de treino, poderia organizar também os suplemento energéticos, porque eu sei que você tem como aumentar o pedido de poções engarrafadas e literalmente tem uma fonte decorativa disso, então para de ser um babaca! - Antonella falou e Sebastian apontou para Abigail, para que ela controlasse a garota. A alemã fez um gesto de repreensão e a capitã só revirou os olhos como resposta, antes de concluir seu raciocínio. — Então essa vai ser minha pergunta: dá para você deixar de ser um idiota egocêntrico e egoísta e por favor agir como uma pessoa minimamente humana?

— Olha aí, Theuerkauf, ela nem está levando a sério! - Um dos esgrimistas do grupinho de Sebastian reclamou, mas o próprio capitão de esgrima nem ligou tanto para as ofensas, ele já devia estar acostumado com aquilo, Lo Presti não era exatamente conhecida por ser a rainha da sutileza.

— Permissão para conversar com minha equipe antes de dar a resposta? - Sebastian pediu a Abigail, que estava prestes a responder, quando foi interrompida pelo outro gêmeo Sartori, dessa vez o de cabelo loiro comprido.

— Precisa de quantas pessoas para te ajudar a saber se é possível deixar de ser um otário ou não? - Os espectadores deram risada e Sebastian pôs os olhos em fendas, mas Abigail recuperou o controle da situação rapidamente.

— Vocês têm dois minutos, que é o tempo que a equipe de quadribol terá que ficar caladinha porque não está respeitando as regras! - Ela reclamou entredentes, fuzilando com o olhar o lado que obviamente ela gostava mais, mas que não estava se comportando direito.

Eu e Louise nos entreolhamos, porque era exatamente assim que nossa avó paterna falava com a gente quando queria evitar gritar e bater as nossas cabeças em todos os postes da rua até chegarmos em casa, depois de termos feito ela passar vergonha na igreja.

Bons tempos quando nossa avó ainda tinha agilidade para pegar nós dois pelo colarinho para dar uma bronca monumental.

A equipe de esgrima se reuniu cabeça com cabeça, em um grupinho de sete ou oito esgrimistas, então o restante das pessoas na sala começaram a conversar entre si, alguns até foram se sentando no chão ou se apoiando nas paredes e na mini-arquibancada onde o coral ensaiava seus números de fim de ano.

— E então, quando vai ser o melhor momento para falarmos? - Perguntei para o meu próprio “time" no momento e Fred deu de ombros, mas Louise respondeu com cuidado.

— Acho que o melhor vai ser depois da resposta de Sebastian, antes que abram para o público, porque vai ser muito difícil prever o nível que essa discussão vai chegar. - Ela falou com a mão sobre os lábios, para ninguém ver do que se tratava nossa conversa. — Eles estão indo até bem, não acham?

— Melhor do que eu achei que pudessem se comportar... Mas e aí, quem deve dar as más notícias? - Fred perguntou, com as mãos nos bolsos e olhar no grupo de franceses elegantes e arrogantes, que pareciam ter chegado a um veredicto.

— Eu falo, vou tentar ser o mais breve possível. - Louise falou com segurança e eu soube que ia dar certo desse modo, porque ela não iria começar a estudar em um curso de diplomacia internacional a toa, ela sabe o que está fazendo.

Sebastian voltou para seu lugar no tablado de solistas, muito perto de Antonella e Abigail para ser saudável para sua espécie, devo salientar.

— Conversei com meus colegas de equipe, que são os maiores afetados pelas consequências de minhas decisões e... - Ele olhou para os colegas novamente, recebendo um assentimento de Anne Beaumont e Beatriz Gomes para continuar. — E decidimos atender o pedido feito. Estamos dispostos a encontrar um horário no calendário da esgrima para encaixar os jogadores na academia e os suplementos nem sequer chegam a ser um problema.

— Não é justo que nossos reservas tenham mais prioridade que os seus titulares, Lo Presti, então vamos começar a reorganização da agenda por aí. - Anne Beaumont acrescentou e os poucos jogadores remanescentes no time comemoraram, Antonella sorriu com uma dose de sarcasmo.

— Viu que nem doeu? - Sebastian fez sua cara de quem não tinha achado graça nenhuma na brincadeira da outra capitã, mas Gomes pareceu que levou tudo numa boa, inclusive acabou piscando e apontando para a prima, como se dissesse que tinha sido graças a ela que tudo tinha se resolvido.

Antonella pareceu ver a ação e encarou Joanna com curiosidade. Se a garota azul quiser, posso ajuda-la a transformar essa curiosidade em algo ainda mais interessante para ela, vocês bem sabem que ser interessante é comigo mesmo!

— Ok, isso foi bem legal da parte da equipe de esgrima, vamos dar uma salva de palmas para eles, pessoal! - Abigail falou só um pouquinho irônica, mas a galera de Beauxbatons não pareceu ver nada de estranho, porque ovacionaram seus esgrimistas, não só talentosos, como caridosos também, não é mesmo?

Quando você quer gostar de uma coisa, não tem quem faça você mudar de ideia e isso servia para o fato de que os esgrimistas só resolveram ser caridosos agora, quando poderiam ter resolvido esse impasse muito antes. Tente a ironia com seus colegas na próxima vida, Abigail. Ela fez menção de retomar a fala depois dos aplausos, mas Louise foi mais rápida.

— Antes de passarmos para as perguntas da plateia, gostaria de compartilhar com vocês algumas coisas que descobrimos nos últimos dias. - As pessoas foram se acalmando até todas estarem prestando atenção na minha irmã, que sorriu simpática para toda aquela atenção. — Bem, estive lendo alguns contratos antigos da escola e descobri alguns pontos que acho importante trazer para discussão.

— O contrato da escola? De que contrato você está falando? - Sebastian perguntou confuso, porque essa parte nós não tínhamos conversado com ele ainda, não tivemos tempo, na verdade.

— O contrato de vocês com os FerrZ, o patrocinador da escola. - Fred falou no lugar de Louise, que o incentivou a continuar agora que havia começado. — Patrocinador de toda a escola e suas equipes esportivas, que fique bem claro.

— Tomei a liberdade de fazer uma matriz de análise dos últimos três contratos e... Passei os dados para o nosso jornal secreto de Hogwarts, o Ocaso, que eu recomendo que façam a leitura completa, ao que parece a edição sairá em breve... - Ela falou se fazendo de desentendida e uma voz soou mais ao fundo, uma voz inglesa e conhecida, para ser mais específico.

— Como sabe disso, Fábregas? - Samuel abriu espaço até a fileira da frente, com uma cara de falsa confusão. Furão maldito, vou escalpelar ele para fazer um par de luvas novas!

— Porque eu decifrei o enigma deles, Aizemberg, passei minhas descobertas via código e eles me garantiram que iriam escrever um artigo sobre todo o caso. - Louise falou metida, como se só ela tivesse cérebro por aqui, o que surtiu o efeito desejado.

— Não se gabe como se só você tivesse decifrado aquele enigma besta, eu fiz isso logo na primeira semana! - Aizemberg se gabou também, camuflando qualquer suspeita sobre Louise ser uma iconoclasta e eu agradeço a Merlin pela arrogância natural da minha casa. — Sabe o artigo do circo de Carl Dolus? Eu que fiz eles escreverem. De nada, priminha.

Ele falou isso olhando para Juliet, que estava bem discreta e dissimulada ao seu lado. Eu e Fred tivemos que controlar a risada, porque se eu bem me lembro, aquela edição fez com que Juliet perdesse sua autoridade máxima no clube de teatro, tendo que dividi-la com outras pessoas, coisa que não deixou ela nada feliz.

Com um primo escroto desses, ninguém precisa de inimigos.

— Bem, isso não vem ao caso, Aizemberg, porque o que eu tenho para falar agora é coisa séria. - Louise retomou a palavra e a atenção de todos, pois não era do interesse de ninguém dispersar o publico com bastidores de um Ocaso que eles teriam a honra de conhecer logo mais. — Acredito que vocês estão sendo... Roubados.

Minha gêmea falou isso com uma careta de constrangimento, olhando especificamente para Antonella e os jogadores de quadribol. A italiana já ia esbravejar com os esgrimistas, tão pasmos quanto ela, mas eu intercedi e me meti entre eles.

— Não pela esgrima, mas por alguém que deveria zelar igualmente pelos dois. - Falei tomando o campo de visão da capitã esquentada e ela me olhou ainda mais confusa. Louise se colocou ao meu lado para esclarecer as coisas.

— Tudo que eu vou falar aqui hoje está no contrato entre Beauxbatons e as Indústrias FerrZ, que eu encontrei na sede deles, em Paris. - Ela começou ampliando a voz, mas foi interrompida pelo gêmeo moreno, com quem ela estava flertando há algumas semanas.

— Por que foi até Paris para ver isso? - Ele perguntou confuso, mas soando com uma nota de esperança, como se achasse que havia uma chance, lá no fundo, dela ter feito isso por ele.

Coitado.

— Nunca questione os motivos para uma garota corvinal se interessar por algo. - Louise falou charmosamente, mas depois ficou séria de novo ao encarar o restante dos nossos colegas. — Pessoal, silêncio, por favor, é sério.

Ela pediu e dessa vez todos se voltaram para escuta-la.

— Existe uma cláusula no contrato que atrela a construção de estruturas na escola feita por terceiros, no caso os FerrZ, a necessidade de um esporte que usufrua dessa instalação, porque Beauxbatons não pode ter uma instalação apenas para uso financeiro, precisa que haja um aspecto educacional envolvido.

— Sim, a arena está atrelada a equipe de esgrima, por isso não tem como a equipe se desfazer, eles teriam que encontrar outra utilidade para o espaço. - Sebastian adicionou e Louise sorriu para sua contribuição.

— Exato, mas estava me referindo ao estádio, que faz com que a equipe de Quadribol esteja ainda mais segura do que vocês. - Minha irmã falou com calma, se virando agora para falar com Antonella. — Enquanto uma arena pode ser usada para outros esportes, como duelos marciais ou dança, que é uma vocação da escola, um estádio tem apenas um esporte bruxo atrelado a ele.

— Mas... A escola usa o estádio para jogos da liga francesa e até mesmo de outras ligas, eles não precisam da gente... Não é? - Antonella perguntou, realmente parecendo perdida e Louise apenas sorriu misteriosamente.

— Eles precisam de vocês. - Ela falou sucintamente, com todas as letras e deixou que a informação pairasse por algum tempo na multidão, para que fosse devidamente absorvida.

Louise era mesmo parente de Erick, não tem como negar.

— E por que a FerrZ parece investir tão pouco em uma equipe que eles precisam que exista, para continuar explorando o estádio que eles gastaram uma fortuna para construir? - Beatriz Gomes fez a pergunta certa, na hora certa.

— Aí é que está: eles não investem pouco. - Louise soltou mais essa bomba e dessa vez Antonella se pronunciou irritada.

— Olha só, Fábregas, sem querer cortar seu barato, mas eu posso te atestar com 100% de certeza que os FerrZ não nos dão um nuque sequer para comprar uma lixa de vassoura, quanto mais fazer um “investimento"! - A capitã falou indignada e Louise só olhou para mim e para Fred antes de dar a cartada final.

— Os iconoclastas, as pessoas que escrevem o jornal que eu mencionei no início, me disseram que eu só posso falar até aqui, para não me prejudicar ante a escola. - Ela falou soando nervosa, mas eu sei bem que aquilo tudo era só fachada, Louise era uma mestre nesse jogo. — Tudo que eu posso dizer é que está no contrato o montante que eles teoricamente repassam para vocês e cá entre nós, quão tolos eles teriam que ser a ponto de dizer que pagam uma coisa que eles não pagam?

— Eu tenho uma pergunta ainda melhor: quão tola a escola, única responsável por administrar os recursos do patrocínio repassado, teria que ser para não cobrar um valor previsto em contrato? - Sebastian me encarou, assim como Antonella, então eu levantei as mãos em sinal de defesa. — Vamos deixar vocês a sós para responder às próprias perguntas.

Eu me dirigi a porta da sala com Fred em meu encalço, mas Louise ficou para trás.

— Leiam o Ocaso com atenção quando a edição sair e... O que quer que decidam fazer... Façam juntos. - Ela disse com calma, olhando nos olhos de cada um dos capitães, que a encararam de volta bastante intrigados.

Bem, agora vamos deixar o Ocaso fazer sua magia.

***

Ninguém nunca nos acusou de pouca ambição, afinal temos alguns sonserinos entre os nossos, mas ir tão longe a ponto de estar falando, nesse exato momento, com milhares de alunos de várias escolas ao redor do mundo...

Ambiciosos nem começa a descrever o que nós somos.

Bem, para quem não nos conhece, nós somos um grupo de alunos de Hogwarts chamado iconoclastas e isso que estão lendo em seus pergaminhos, cadernos ou jornais é o que adoramos chamar de Ocaso.

E o Ocaso nada mais é do que um canal de comunicação dos estudantes de Hogwarts usado para contar a verdade e deixar arder a chama inquisidora e inquieta da juventude. Poético? Sim, às vezes somos mesmo, beirando a canastrice, mas tenho certeza que logo irão se acostumar com a gente..

Mas hoje não viemos apenas nos apresentar, viemos trazer novidades interessantes para todos os estudantes do mundo, então vamos deixar logo uma coisa bem clara: não pensamos por vocês e não escrevemos pouco, então se não estão curiosos para saber do que estamos falando...

Podem se sentir livres para amassar o que quer que seja que você esteja segurando para nos ler e jogue fora. Sim, pode jogar fora, não vamos ficar ofendidos, pelo contrário, a rejeição faz parte do show dos rebeldes.

No entanto, se você ainda está nos lendo, imaginamos que tenha algum interesse em nos ouvir, então leia até o final, ou sua mão irá cair e nascerá verrugas na ponta de seu nariz (se é que já não tem).

Agora vamos falar do assunto de hoje: Beauxbatons.

Sim, a nobre escola francesa, vibrante como os jardins do Loire, perigosa como os picos dos montes Pirineus... Nem precisamos gastar nossos elogios para essa joia em forma de palácio, eles mesmos se elogiam sozinhos com tamanha graça e elegância.

De toda sorte, não viemos falar das partes boas já mundialmente conhecidas e sim das ruins, que nem sequer os próprios Beuax parecem conhecer e para isso, vamos começar com uma pergunta bem simples e inocente:

O que acharam do desempenho da escola francesa no campeonato mundial de Quadribol?

A etiqueta manda que nós sejamos gentis e nos atenhamos apenas ao que há de positivo para exaltar, então devemos falar de como os uniformes temáticos deles, celebrando cada adversário, estiveram incríveis e como eles mesmos, os jogadores, pareciam incrivelmente atraentes vestindo tais uniformes.

Faríamos isso, porém infelizmente Hogwarts nunca teve aulas de etiquetas, então vamos ser nada mais, nada menos do que brutalmente honestos:

Foi uma vergonha!

Mahoutokoro, Durmstrang e Salem ganharam um saco de pancadas belíssimo para bater e nenhum deles desperdiçou a oportunidade. Faltava técnica, coesão, estratégia e tudo mais que compõe uma equipe digna de estar representando sua escola em um evento mundial.

Vocês nesse exato momento devem estar chocados, pensando “Iconoclastas, como podem falar isso assim? Vocês são uns monstros!”, bem, a verdade é que não conseguiríamos dormir a noite se estivéssemos falando da verdadeira equipe de Beauxbatons, coisa que não é o caso.

Aqueles caras lá, que voavam perdidos em campo, torcendo para que a partida acabasse de uma vez, não eram a verdadeira seleção de Quadribol da escola francesa, a maioria dos jogadores ali nem sequer gosta de praticar esse esporte, a começar pelo capitão, que assumiu a capitania da equipe de esgrima depois pelo seu nobre sacrifício.

Sim, ele sacrificou a temporada inteira dele no esporte que ele ama, apenas para que Beauxbatons tivesse um atleta de verdade montado em uma vassoura nos dias da partida.

Escandaloso, não?

Agora vocês devem estar se perguntando: por que eles simplesmente não disseram não ao campeonato, se não tinham uma equipe para competir?

Bem, meus caros, acontece que eles tinham, mas essa história é bem complexa, então vamos tentar resumir tudo em forma de um conto divertido, livre para todos os públicos:

Era uma vez uma escola que tinha gostos caros, então ela procurou um patrocinador para deixar suas contas fora do vermelho. Esse patrocinador era uma empresa estrangeira, que estava louca para finalmente entrar no mercado europeu de quadribol juvenil.

O acordo foi fechado, mas a verdade é que a pobre escola não parecia ter vocação para o esporte, mesmo ganhando um investimento massivo para melhorar. Mas para sorte de todos os envolvidos, os talentos que não foram encontrados no quadribol, estavam todos na esgrima, então o patrocinador resolveu investir uma fortuna nos espadachins franceses.

Ora, mas vejam bem, o patrocinador gostava de quadribol e embora estivesse lucrando muito com a esgrima, eles ainda queriam se estabelecer no esporte que haviam escolhido para investir lá no início do conto!

Então resolveram construir um belíssimo estádio para animar um pouco as coisas entre os jogadores da escola.

Mas ainda assim a equipe de quadribol parecia não vingar, também pudera, eles nem sequer tinham um campeonato decente para jogar, apenas ligas amadoras! E com a rotina de estudos, não tinha muito como os estudantes saírem da escola para participar de campeonatos que não fossem em finais de semana.

Ai, ai, se ao menos eles tivessem uma outra escola para jogar...

Espera, não vamos pular as partes da história, primeiro a gente vai para o passado recente, imediatamente antes do campeonato mundial: a equipe tem uma capitã comprometida com o esporte há dois anos, Maria Antonella Lo Presti e essa garota... Olha, revoluções históricas já começaram com líderes menos engajados que ela!

De qualquer sorte, a garota italiana começou a cobrar os investimentos e atenção da direção da escola e dos patrocinadores, porque não era possível que tivessem tanto para a equipe de esgrima - que tinha uma arena, academia e até mesmo uma fonte esnobe de poção restauradora que a gente nem sabe para que diabos serve - e nada para eles.

Raciocínio lógico, não?

Então os jogadores de quadribol viram no campeonato mundial uma oportunidade de reivindicar seus direitos, afinal aquele era um evento com transmissão mundial, cujo patrocinador daria toda atenção devida, certo?

O pior é que estava certo mesmo, mas não foi bem isso que aconteceu.

A equipe foi suspensa semanas antes do campeonato pela rebelião e para não retirar a participação da escola do evento, aborrecendo assim os patrocinadores, os responsáveis pelo time acharam que seria esperto colocar o mais próximo de jogadores que eles tinham disponíveis no momento: os esgrimistas.

Talvez fosse melhor ter escolhido as dançarinas de balllet, porque os esgrimistas além de estarem pouco acostumados a depender de integração com terceiros para conseguir seus resultados, ainda tinham uma enorme rixa com a equipe de quadribol e, por consequência, pouco apreço pelo esporte em si.

E eu acho que todos nós lembramos dos belíssimos resultados desse incrível plano, não é?

Então vamos analisar o quadro atual do esporte da escola, que como todo mundo já sabe, trata-se de Beauxbatons, porém vamos manter o nome do patrocinador distante desse pergaminho, Merlin e toda a Trindade bruxa nos livre de um processo vindo direto da América Latina, não é mesmo?

O quadro é o seguinte: jogadores de quadribol desmotivados, maltratados e suspensos, sem apoio e sem campeonato para jogar, tendo seu único momento possível de glória roubado bem debaixo de seus narizes pelos seus rivais da esgrima.

Do outro lado, esgrimistas desfalcados por uma temporada, inclusive perdendo um de seus principais atletas, tudo porque os jogadores de quadribol tinham que se rebelar justo na hora que era para eles mostrarem serviço! Humilhados em rede internacional, irritados por ter que abandonar seu esporte, tendo que carregar nas costas e justificar os investimentos na escola ainda assim...

Não nos admira que tenhamos encontrado uma escola completamente fragmentada assim que chegamos aqui!

Vejam bem, Hogwarts é dividida em quatro grupos distintos e nossa rivalidade é épica, mas por mais que a gente tenha nossas diferenças e rusgas aqui e ali, nós nunca agimos como se o interesse de um grupo fosse de encontro com o interesse do outro.

Nunca.

Dizer que um professor tem um queridinho, que as ampulhetas que contam os pontos favoreceram uma casa ao invés da outra, acusar uma equipe de trapacear em um lance específico do jogo... Nisso nós somos bastante experientes, mas é muito diferente de acreditar que a existência de um grupo fere a nossa existência.

Tem sido uma experiência no mínimo inquietante ver toda essa dinâmica escolar pouco saudável, mas ainda assim teríamos deixado passar tudo em branco, se não fosse as informações que recebemos de uma de nossas colegas.

Lembrem-se sempre disso: vocês são nossos olhos e ouvidos.

A garota em questão pediu para não colocarmos seu nome aqui, mas a verdade é que nem sequer é um segredo, já que ela se pronunciou abertamente na frente das equipes de esgrima e quadribol de Beauxbatons e de algumas dezenas de outros colegas, mas pedido é pedido, então não vamos contraria-la, em todo o caso, eis os pontos que ela descobriu:

— Tanto a equipe de esgrima quanto a de Quadribol têm suas existências garantidas graças às duas grandes construções feitas pelos patrocinadores nos últimos dez anos, então, não importa o que aconteça, Beauxbatons sempre contará com esses esportes;

— Para que existam, os dois esportes precisam de investimentos e enquanto os recursos ficam claros na esgrima, com seus equipamentos de ponta, diárias para fora do país e acompanhamento de profissionais especializados mensalmente, os jogadores de quadribol não contam com nada disso;

— A escola gere o recurso destinado às atividades esportivas, que como já dissemos, vem em sua maioria do patrocinador e outro montante dos eventos feitos no terreno escolar;

— Há um valor mínimo que deve ser destinado para cada equipe, o aumento do montante estando condicionado ao resultado conseguido na temporada. Mas cabe ressaltar: há um valor mínimo;

— Todos os gastos devem ser justificados para o patrocinador;

Bem, esses são os pontos principais que nossa colaboradora “anônima” levantou do contrato disponível em todas as sedes do dito patrocinador, que já dissemos, também não iremos citar aqui hoje.

Para complementar esse emaranhado de informações que deve estar fervilhando em suas cabeças, eis o que um dos nossos conseguiu averiguar por conta própria, porque a gente também conta com pesquisadores talentosos, para quem não sabe:

— A estrutura do estádio da escola respeita as diretrizes internacionais de altura e estranhamente suas proporções ultrapassam a altura da barreira mágica de Beauxbatons para isso, afinal os jogadores profissionais precisam de céu para poder voar;

— Basicamente, a escola foi capaz de empurrar a barreira mágica para cima no limite do estádio, mas não o fez no restante da propriedade, o que pode parecer sem importância, mas não é, quando avaliamos o próximo ponto;

— Construíram um maldito jardim de tulipas no meio do estádio! Como se não houvessem jardins suficientes dentro e fora do Palácio! E isso é tão absurdo, principalmente quando você percebe que simplesmente não há outro espaço para os jogadores de quadribol treinaram no chão: não tem campo, não tem área verde, nem ginásio... Só jardim e montanha! E para completar, o “teto” da escola é baixo, nem dá para treinar com as vassouras!

Sim, ficamos irritados, temos pouca tolerância para a estupidez no geral.

Então agora deixamos esses questionamentos para vocês:

Por que diabos construíram um jardim em uma área propícia para o treino da equipe de quadribol?

Por que não levantaram a barreira de proteção da escola para que os jogadores pudessem treinar fora do estádio, nos dias em que há eventos externos (e como há eventos externos naquele estádio)?

Por quê não repassam o valor mínimo que o patrocinador destinou para a equipe de quadribol?

A quem essa série de falhas está beneficiando?

Essas perguntas, meus caros, nós não vamos nos arriscar a responder, até porque esse é um problema dos alunos de Beauxbatons e eles é que precisam decidir se isso os incomoda o suficiente para ir em busca de respostas ou não.

Para o restante do mundo fica apenas o conto legalzinho (foi legalzinho, admitam!) e para os nossos colegas de Hogwarts deixamos uma inocente indagação:

O que acham de uma quinta equipe, internacional, no nosso campeonato de Quadribol?

Ass.: os Iconoclastas.


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Notas finais do capítulo

Quem estava com saudade do Ocaso?

Bjuxxx



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