Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 12
Capítulo 12. A ressaca.


Notas iniciais do capítulo

O que acontece depois da primeira publicação... Deu tudo certo?

Diálogos em espanhol terão sua tradução feita [assim].



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Capítulo 12 – A ressaca.

Assim que chegamos no Salão Comunal vimos a grandeza do que fizemos. Todos pareciam estar possuídos, falando alto, fazendo suposições e discutindo. A mesa dos professores parecia confusa, os monitores-chefes tentavam explicar o que estava acontecendo, mas no fim das contas ninguém tinha uma cópia do Ocaso para apresentar como evidência do acontecido.

Perfeição.

A mesa da Sonserina era com certeza a mais tranquila, ainda absorvendo toda a história. “Então tínhamos todos sidos prejudicados por causa do erro de uns poucos colegas?” Esse parecia ser o pensamento geral na nossa mesa.

Streck, Dussel e Habermas não estavam ali, provavelmente com medo de sofrerem algum tipo de humilhação ou retaliação e isso me fez sentir um pouco culpado, não queríamos constrangê-los, tínhamos outro alvo...

Se bem que ser acusado de beber uísque de fogo e ser encontrado na sala da diretora pelado me parece um grande constrangimento também. Esse era o boato que tinha mais força antigamente, pra você vê como os fofoqueiros de Hogwarts são rasteiros.

Coloquei minha melhor pose de indiferença e me armei pra defender meus colegas de time e casa, caso fosse preciso. Não demorou muito tempo pra eu precisar fazer isso.

—Então é assim que a Sonserina ganha seus jogos, não é? A fama de excelentes pocionistas não é injustificada pelo visto... – Terminei de mastigar minha torrada e olhei para cara do Potter mais velho.

—Quer dizer alguma coisa pra mim, Potter? Porque não vou ficar perdendo meu tempo ouvindo suas tentativas de sarcasmo...

Ele deu um sorriso sem humor.

— Tenho algo a dizer sim, Fábregas. Não estou surpreso que tenham sido pegos trapaceando, na verdade, o que me surpreende é que tenham levado tanto tempo.

—Bem, sua opinião foi ouvida e anotada, obrigado por usar nossos serviços, tenha um bom dia. – Tony riu ao meu lado enquanto colocava mais um pouco de kipper em seu prato. Honestamente, esses peixinhos defumados tem mais fedor do que sabor.

—Lily me fala bem de você, Fábregas. Diz que eu estou julgando vocês precipitadamente e aí eu me sinto levemente culpado... E então você coloca no seu time três trapaceiros e eu vejo que meus instintos estavam certo.

Eu ri, ri muito. Tony estava bebendo uma xícara de chocolate quente e se engasgou. Ele sempre ri da minha risada, coitado. Potter ficou olhando pra gente como se tivesse vendo dois alinígenas. Tentei me recompôr.

—Tá falando sério, Potter? Porque eu vi um monte de “eu” nesse seu discurso moralista e isso é hilário! – Falei enquanto enxugava meus olhos. – A grande surpresa deveria ser você acreditar que eu ligo para o que você pensa...

— Não sabia que estava nas suas atribuições de capitão, aplicação das leis, Cesc! – Tony completou.

—Cabe a você escolher quem joga no time e como diz o ditado trouxa “diga-me com quem andas e ti direi quem és.” – Olhei pra ele seriamente.

—Pois bem, querido Potter, diferente da Grifinória, não colocamos as pessoas que nos agradam, são nossos amigos e/ou parentes. Fazemos uma seleção pra entrar no time e o Quadribol é o principal critério de avaliação, não que isso seja da sua conta, claro.

Tony complementou meu raciocínio. - Além do mais, McGonagall já puniu os envolvidos, confiamos no julgamento dela, você não? Nossos colegas já pagaram por seus erros.

— Sabia que iam dizer algo assim, vocês...

—James, o que está fazendo aqui? – Pottinha lançou um olhar questionador para o irmão.

—Nada, vim apenas confirmar se os boatos sobre Dolman são verdadeiros... – Ele olhou pra mim, me desafiando a negar seu discurso falso.

— São verdadeiros sim, Albus disse que Teddy tinha contado sobre isso no verão passado, mas o fez prometer guardar segredo. – Não sei até onde essa história de Artie é verdadeira.

Potter pareceu aceitar o que a irmã disse. Ele nos cumprimentou e saiu com seu séquito de imbecis.

—Idiota.

—Eu sei... – Pottinha olhou meio desapontada na direção em que o irmão ia.

—E então, Lily? O que achou desse negócio o... O Acaso?- Tony fingiu está tentando lembrar, e eu o ajudei na sua farsa como o bom amigo que sou.

— O Ocaso, Tony, você leu isso hoje de manhã, como já pode ter esquecido? – Ele me deu um sorrisinho sacana.

—O nome só apareceu uma vez e depois a coisa toda pegou fogo, como eu deveria lembrar? – Ele me falou se divertindo com toda a encenação. Pottinha começou a dar sua opinião.

—Eu fiquei impressionada com esse feitiço! – Ela sorriu animada. – Tinha bastante luz, eu pensei que ia me queimar, mas nem queimou! Genial!!

—Quem você acha que fez isso? Eu apostaria na Samantha Banks, da Corvinal! Depois dela ter recitado todo o método de preparo da poção do Acônito, ela certamente provou que tem a inteligência e a loucura na medida certa...

Tinha que defender a minha invenção, que é isso Tony? – E daí? Só porque a garota decora uma página de um livro qualquer ela é boa suficiente pra executar bons feitiços? Eu acho que não!

—Você tem razão, Fábregas. Precisa ser um bom feiticeiro... Como você. – Olhei para aquela ruiva dos meus pesadelos, com seus cachos hoje domados em duas tranças embutidas, que tinha acabado de se materializar do nosso lado. Como, eu pergunto...

—Weasley... Você está insinuando o que eu acho que você está insinuando? – Falei no meu melhor tom jocoso.

— Ela acha que você é um dos eclesiastas, Cesc! – Tony falou rindo.

—Acho que o nome tá errado... – Lily falou meio em dúvida. – Acho que a pronúncia correta é iclisiasta!

Eu fiz uma cara de “Sério? Acho que não...” com a cabeça levemente inclinada e Weasley apenas revirou os olhos com a nossa “ignorância”.

— O nome certo é iconoclastas. São basicamente indivíduos que não respeitam tradições e crenças estabelecidas ou se opõem a qualquer tipo de culto ou veneração seja de imagens ou outros elementos.

Rose falou solenemente e eu não pude deixar de perguntar.

—Você engoliu um dinossauro foi? – Tony me olhou surpreso.

—Você disse dinossauro?

— Dinossauro? O quê? Não, eu disse dino... Merda! Dicionário! DICIONÁRIO! – Pottinha e Tony começaram a rir parecendo um bando de... De idiotas, que é o que eles são!

— Por Merlin! Não sei porque ainda perco tempo vindo aqui. – Weasley resmungou pra si mesma. – Tchau, Lily! Fábregas, Zabini.

Demos tchau a ela como a realeza, só fazendo a rotação do cotovelo. Ela saiu... Convencida. Sorri pra Tony. Somos ótimos atores.

Dei uma olhadinha ao redor do salão pra ver como o restante dos meus colegas estavam se comportando e acabei me deparando com o olhar de Louise. Merda, aquela cara não podia ser bom sinal.

***

O ânimo dos Hogwartianos (hahaha, palavra ridícula) foi se acalmando ao longo do dia. Parecia que todo mundo já tinha esgotado seus argumentos e especulações, apesar de acreditar que aqueles debates remanescentes e pontuais seriam os que, possivelmente, mais se aproximariam da realidade.

No momento em que vi Louise essa manhã no café, soube a verdade: ela sabia que tínhamos sido nós. E agora ela estava parada na frente da sala de estudos do segundo andar me esperando.

Louise tem o diário. Ela sabe que nós temos feitiços, se não iguais, suficientemente parecidos com os que foram aplicado no Ocaso. Essa era uma das falhas no plano que todos sabíamos que existia, mas preferimos não verbalizar para não dar azar.

E ela com certeza sabe também que temos a disposição para fazer algo assim, isso pra não dizer coragem. Basicamente, estamos lascados!

— Cesc, posso falar com você?– Fiz um sinal para os L.P’s seguirem sem mim e a segui até um corredor menos movimentado, ela parecia bem séria para ser ignorada.

—O que foi irmãzinha? – Falei fingindo estar despreocupado.

— Dime que no esté implicado con eso. [Me diga que não está envolvido com isso.] – Ela me encarou intensamente e me vi obrigado a desviar o olhar. Louise suspirou fortemente, minha atitude dando a ela toda a resposta que precisava.

—Mira... [Olha...] Sé lo que estoy haciendo, ¿de acuerdo? [Sei o que estou fazendo, ok?] – Ela me olhou com uma cara perplexa.

— Usted se está poniendo en una situación que no tiene idea de dónde va a terminar! [Você está se colocando numa situação que não tem ideia de como irá acabar!] - Um casal da Lufa-lufa olhou curioso na nossa direção, Louise se aproximou mais e falou baixinho. - Debe parar, Cesc! Pare mientras puedas. [Deve parar, Cesc! Pare enquanto pode!]

—No puedo, Lou! Sabes que no puedo! [Não posso, Lou! Sabe que não posso!] – Ela me olhou visivelmente preocupada agora. – Además, no estamos haciendo nada malo, no hablamos ninguna mentira. Ni siquiera hay pruebas! [Além do mais, não estamos fazendo nada errado, não falamos nenhuma mentira. Nem sequer há provas!]

—¿No hay pruebas? [Não há provas?]

—Ninguna. [Nenhuma] – Afirmei parecendo mais seguro do que realmente estou, mas ao menos serviu para tranquilizá-la um pouco.

—Así que quiero participar también! [Então eu quero participar também!]– Qual o problema dessa garota, pelo amor de Deus?

— NO. [Não.]

— ¿Por qué no? ¿Es seguro para usted y no para mí? [É seguro pra você e não para mim?] – Como Corvinais são insuportáveis. Ô, raça!

— No tiene nada que ver con la seguridad, pero con usted molestarme, tal como lo está haciendo ahora! [Não tem nada a ver com segurança, e sim com você me importunando, exatamente como está fazendo agora!]

— Pero quiero ayudar! [Mas eu quero ajudar!] – Ela falou visivelmente exasperada.

— No somos el Ejército de Salvación maldito, Louise! Sólo diremos la verdad, algo que los canales oficiales no lo hacen! [Não somos o maldito Exército da Salvação, Louise! Apenas diremos a verdade, coisa que as vias oficiais não fazem!]– Ela me olhou já querendo continuar seu argumento. – De todas las casas, Lou, Sonserina es la menos representada! No escúchanos... [De todas as casas, Lou, Sonserina é a menos representada! Não nos escutam...]

— Quiero ayudar! En sus términos. [Quero ajudar! Em seus termos.]– Ela me olhou decidida. Sabia que essa batalha já estava perdida pra mim. Difícilmente Louise pode ser convencida a tirar uma ideia da cabeça. É um maldito cachorro que não larga o osso!

—Vale! Pero será a mi manera![Ok! Mas será a minha maneira!] – Ela fez que sim com a cabeça, muito feliz por ter conseguido o queria. - En realidad, su ayuda será muy útil en este momento. [Na verdade, sua ajuda será muito útil agora mesmo.]

— ¿Qué puedo hacer?[O que eu posso fazer?]

— Mantenga un ojo en Haardy. Cualquier actitud sospechosa, venir a hablar conmigo de inmediato! [Mantenha um olho em Haardy. Qualquer atitude suspeita, venha falar comigo imediatamente!]– Ela me olhou visivelmente curiosa.

— ¿Hay alguna razón real o... [Há alguma razão real ou...]

— Hay razones, pero prefiero hablar con usted acerca de él otra vez. [Há motivos, mas prefiro falar disso com você em outro momento]– Um grupo de grifinórios passou por nós para me dar um ponto válido.

— Escríbeme. [Escreva-me]– Ela sorriu, um sorriso muito parecido com o meu. Nós dois sabíamos que ela não estava falando do correio comum.

***

— Okay, Tony, me dê sua xícara! – Lia estava muito animada com o módulo de “Cafeomancia” na disciplina de Advinhação. Qual não foi a nossa surpresa ao saber que Lia vinha de uma orgulhosa linhagem de cafeomancistas do norte da Turquia?

Agora ela queria nos provar que era digna do seu sangue.

—O que você vê, Lia? Não me esconda nada, mesmo que seja o sinistro! – Tony estava crédulo de mais pro meu gosto. E devo acrescentar que sinistro é a única coisa que ele sabe sobre adivinhação.

— Hum. Interessante. – Ela franziu o cenho, parecendo bastante compenetrada. Merlin, estou cercado de loucos. De repente ela soltou um “Ah” surpreso e depois deu um sorriso malicioso pra gente.- Me lembro deste símbolo, é uma escada!

—Significa que eu vou subir na vida? – Tony disse animado.

—Ou descer... – Sugeriu Scorp que... Qual é o problema de Scorp? Sério! Ele adora ver o lado negativo das coisas, olhei zangado pra ele. – O que? Escadas servem para subir e para descer se você não sabe.

Thiollent apenas estalou a língua na boca, impaciente por ter o seu momento de total atenção roubado.

—Quem é a especialista aqui? – Ela nos encarou séria. Adoraria dizer “Você é que não é!”, mas não se deve mexer com jogadoras de quadribol que encaram batedores de dois metros de altura. – Não, não tem nada a ver com isso! Escadas significam que os seus desejos sexuais se realizarão!

Mas o que? O que escada tem a ver com sexo? E depois querem que eu leve adivinhação a sério... Tony pareceu muito satisfeito com a sua sorte, pegou a xícara de volta e ficou tentando ver alguma coisa também. Provavelmente tentando adivinhar o onde e o quando.

— Minha vez, minha vez! – Pottinha disse toda animada entregando sua xícara para uma Lia muito convencida.

— Vejamos... Ah, essa é muito fácil: o triângulo! – Ela sorriu docemente para Lily, deixando aparecer uma covinha charmosa na bochecha direita. – Significa solidariedade de amigos.

Pottinha olhou para sua xícara fascinada e depois olhou pra mim. Bem... Estou feliz que não tenha saído nada envolvendo sexo pra ela.

—Minha vez agora! Me surpreenda!!! – Lia pegou a xícara de Scorp, gostando de como estávamos alimentando o seu monstro interior chamado ego. Ela olhou pra xícara, olhou de novo, levantando o olhar pro Malfoy meio intrigada.

—Figura indeterminada. – Lia falou solenemente. O que é bem rídiculo, já que ela faz a incompetência dela parecer culpa de Scorp.

—Como assim? Que dizer que eu não tenho futuro? – Olha só! O universo é mesmo uma vadia só esperando para dar o troco por todas às vezes que Scorp foi o do contra, o estraga-prazeres, o pessi...

—Não! Quer dizer que você precisa deixar o passado no passado. – Scorp olhou em dúvida e eu olhei com minha melhor cara de “Fala sério”. – Isso te diz alguma coisa?

Scorp deu de ombros, sem dizer mais nada. Que estranho.

— Agora me dê o seu Cesc. – Lia me disse, quebrando o silêncio constrangedor que tinha se formado na sala.

Ainda tinha um resto do café amargo na minha xícara, que Lia nos fez beber puro dizendo que o açúcar e creme interferem nas suas leituras. Tomei de um só gole. Nossa, frio é ainda pior. Entreguei minha xícara fazendo careta, tendo certeza que parte desse pó mal coado tinha parado na minha garganta.

—Vejamos capitão. Hum... Hum! Interessante. – Fiz a minha melhor cara cética para ela. Lia me ignorou, devolvendo-me a xícara. – Um dragão.

Olhei curioso para minha xícara com a borra de café manchando o fundo em uma forma que não dava pra dizer nada. Tony olhou a porcelana por cima do meu ombro e deu sua análise muito perspicaz.

—Parece um sapo gordo atingido por um balaço. – Olhei de novo para xícara, agora vendo alguma coisa.

— Sim! E isso aqui deve ser o olho dele que saiu com o impacto. – Lia apenas revirou os olhos e tomou a xícara da minha mão agressivamente.

—É um dragão!

— E o que diz o dragão, Thiollent? – Ela me olhou intensamente com aqueles grandes olhos cor de mel dela, provavelmente tentando explodir meu cérebro apenas com a força do pensamento, por eu ousar duvidar de seus grandes poderes psíquicos...

— Bem, o dragão diz que uma boa oportunidade para mudar de vida se apresentará em breve... – Ela disse misteriosa, esperando minha reação.

— Aqui, Cesc! – Lily me ofereceu um pacote de feijõezinhos de todos os sabores muito séria. – Tenho certeza que é agora a sua chance de mudar e voltar a gostar de feijõezinhos!

—Lily, querida, eu nunca gostei. – Ela me olhou sem alterar em nada sua expressão, apenas sacudindo o saquinho em minha direção, pra fazer valer o seu ponto.

Peguei o feijãozinho de cor bege e coloquei na boca sem parar pra pensar na loucura que era me envolver com esse negócio falsificado de novo.

— E então?

— Gosto de meleca*. Obrigado, Lily, pela oportunidade. – Olhei pra ela tentando fazê-la sentir a minha raiva. – Espero que eu tenha OUTRA oportunidade de mudar de vida.


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Notas finais do capítulo

*Resposta ao desafio de JP Prado, feito dia 02/08/15, de encaixar no capítulo que eu estivesse escrevendo um feijãozinho sabor meleca. Mas que nojento, João! (Mandei gente colocar o sanduíche de carne de arminho de Hagrid no cardápio... Eca!)

Dei um destaque hoje para Lia, porque ela é um xodozinho meu!