Flores pra você escrita por Matthews


Capítulo 4
4


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada me desculpem pela demora. Eu não queria ter sumido tanto tempo assim.



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A primeira semana chegou e passou, a segunda começou e estava acabando e eu finalmente encontrei o ritmo certo. Mantive a mesma estratégia, tentar aprender tudo em sala e ficar o maior tempo possível livre.

Nem sempre dá certo, na maioria das vezes eu tenho trabalhos a fazer, ou leituras, ou ainda pesquisas sobre temas que eu nunca havia ouvido sobre. Pensei que a faculdade seria fácil, estava enganado.

Ainda estou deitado quando escuto meu telefone tocando, nem preciso olhar pra saber quem é:

— Alô mãe.

— Oi filho, como você está?

— Estou bem. Um pouco cansando, fiquei até tarde lendo umas coisas da faculdade.

— Não pegue tão pesado.

— Vou ficar mais tranquilo depois de algumas provas.

— E como estão indo as aulas?

— Vão bem. Ainda estou me acostumando com o ritmo dos professores, mas está indo bem.

— E você já fez amigos?

— Por enquanto não, mas tenho conversado com algumas pessoas. — Grande Mentira – Então quem sabe daqui alguns dias eu te falo que eu tenho amigos.

— Era o que eu mais gostaria, eu e seu pai.

— E por falar no pai, como vão vocês?

— Estamos bem, preocupados, porém bem.

— Não precisa ficarem preocupados. Vai dar tudo certo, não vou fazer nenhuma besteira.

— Assim espero meu filho.

— Por que você e o pai não vão viajar?

— Não acho que seja uma boa ideia, você acabou de entrar na faculdade. Não sei, não.

— Mãe eu vou ficar bem, por mais que eu ainda não tenha feito amigos e viva a maior parte do tempo sozinho, já tem muito tempo que eu não penso em, bem, você sabe, me matar.

— Isso não me deixa mais feliz Gabriel, não foi uma situação fácil. Não faça parecer menos do que realmente foi.

— Tudo bem mãe, me desculpe, mas é serio, você e o pai podem viajar despreocupados, eu vou ficar bem.

— Vou conversar a respeito com ele, e você se cuide. Vou desligar agora, não quero tomar muito do seu tempo.

— Tudo bem mãe, depois a gente conversa mais, dê um abraço no pai por mim.

— Dou sim, pode deixar. Até mais.

— Tchau.

Assim que desligo o telefone vejo que o Henrique está no quarto e começo a ficar preocupado. O quanto da conversa ele ouviu? Merda, o que eu faço?

— Oi. — É o melhor que eu consigo fazer.

— Oi.

— Não sabia que você estava no quarto. Quando você chegou?

— Agora a pouco, não queria ser intrometido, mas eu ouvi um pouco da sua conversa com sua mãe.

Grande MERDA. Não queria contar pra ninguém sobre isso. Minhas chances de fazer novos amigos foram por água abaixo.

— Quanto você ouviu? — Será que o estrago foi grande.

— A partir do alô mãe.

— A conversa toda então?

— Sim. E eu sinto muito, não foi minha intenção. Não sabia que você iria falar algo tão pessoal.

— Agora não tem como voltar atrás, você sabe e ponto. Só não quero que isso vire uma fofoca, não quero o pessoal me veja como um ser para se ter pena.

— Não vou contar nada pra ninguém. Pode ficar tranquilo. Só gostaria de entender por que você fez isso?

— Talvez um dia te conte a historia toda, mas não vai ser hoje. Ainda não quero contar.

— Eu entendo que é difícil falar sobre isso. Vou respeitar sua decisão.

— Obrigado — respondi totalmente agradecido. Já estava na porta do quarto quando ele começa a falar novamente:

— Isso tem a ver com a história sobre a escolha da universidade?
Me virei pra ele pensando em como conseguiria sair dessa situação, não queria contar nada pra ninguém, mas se ele continuasse a fazer perguntas eu teria que contar.

— Sim, faz parte da mesma história. E se você não se importa eu não queria mesmo falar sobre isso.

— Tudo bem. Vou continuar esperando.

Saio do quarto antes que ele possa me fazer outra pergunta. Henrique tem sido um bom companheiro. Eu vou ter que contar essa história pra ele de uma vez. Ele parece ser do tipo curioso, não acho que vá ter como fugir por muito tempo.

Ando até encontrar a árvore onde conheci a Florença. Sempre que eu vou passar um tempo fora do dormitório me sento ali.

Desde aquele dia só a vi de relance e ainda não conversamos. Algo me diz que ela está me evitando. Tenho quase certeza que ela se arrependeu de ter me contado tudo aquilo de uma vez. Encosto minha cabeça na árvore e acabo dormindo.

Acordo com Florença balançando o meu ombro, ela esta parada ao meu lado. Sorrio e ela se senta no meu lado. Ela sorri de volta e começa a conversar:

— Oi.

— Oi — respondo e tento sorrir.

— Pensei em conversar com você a semana toda. Aquela conversa foi muito estranha. Eu sinto muito ter transformado seu primeiro dia naquela bagunça emocional. E para compensar vou te levar em uma festa que vai rolar hoje à noite.

Tentei argumentar com ela, falar que não vou a festas. Não deu certo, ela sempre falava que eu iria. Tive que concordar:

— Tudo bem. Eu vou, mas fique sabendo que em hipótese alguma eu vou dançar.

— Veremos. Aposto que você é uma dessas pessoas que fala que não dança e depois se solta. — Eu gargalhei alto, certamente não era esse tipo de pessoa.

— Não, não sou. Vou ficar sentado em um conto qualquer e você vai se arrepender me levar.

— Talvez eu me arrependa, talvez você dance. Muita coisa pode acontecer em uma festa.

— Você tem razão, muita coisa pode acontecer.

— Tenho que ir. Vou passar no seu dormitório as oito. Esteja pronto.

— Vou estar.

Ela se levantou e saiu. Fiquei mais um tempo sentado, repetindo em minha mente muita coisa pode acontecer em uma festa. Eu sabia disso melhor do que ninguém.

Cheguei ao quarto e Henrique estava deitado na cama. Resolvi perguntar se ele sabia onde iria ser a festa:

— Acho que vai ser na casa de um dos alunos de letras, não tenho certeza.

— Então sem chance de você me passar o endereço completo.

— Quem dera se eu soubesse. Estava querendo ir, mas me parece que só o pessoal de letras foi convidado.

— Já que você está tão a fim de ir. Se arruma logo. — Não sei se poderia convidar alguém, mas agora já era tarde demais.

— Sério cara? — Ele ainda não estava acreditando.

— Sim.

Ele saiu correndo e foi se arrumar. Eu fui logo atrás dele. As oito já estávamos do lado de fora esperando por Florença. Enquanto esperava tentava formular uma desculpa do por que ter convidado Henrique. Nenhuma me pareceu boa.

As oito e dez Florença apareceu. Assim que ela me viu com Henrique seu sorriso morreu um pouco. O sorriso dela era tão bonito, não queria que ela tivesse parado de sorrir. Ela terminou de chegar e eu fui logo dizendo:

— Convidei o Henrique, meu colega de quarto. Espero que não tenha problema.

— Não tem problema. Oi Henrique.

— Desculpe-me, mas Gabriel não falou seu nome — respondeu Henrique.

— Não deu tempo. Voltei tarde pro quarto. — Eu sabia que Henrique a reconhecia do perfil, só não entendia ainda qual era a intenção dele.

— Bom, de qualquer forma me chamo Florença. — Ela respondeu com um sorriso enorme.

— Ah, então você é a Florença? O Gabriel ficou encarando seu perfil um dia desses.

— Ele ficou? Que coisa fofa. — Ela sorriu para mim e passou o braço em volta do meu pescoço.

— Só queria ver se descobriria alguma coisa sobre você — falei um pouco na defensiva, ela não precisava saber.

— E o que você descobriu foi interessante?

— Não descobri nada de mais. Seu perfil é todo fechado.

— Eu estou de prova que não tinha nada de mais. — Henrique se meteu na conversa.

— Sabia que você não encontraria nada de mais, mas tudo que você quiser saber pode me perguntar — falou Florença piscando aqueles grandes olhos escuros.

Ela estava tão bonita naquele vestido branco. Seus cabelos escuros contrastavam com sua pele clara. Ela quase não usava maquiagem. Tinha que fazer um comentário antes de Henrique, sentia que ele poderia fazer isso a qualquer momento.

— Você está muito bonita essa noite — falei passando meus braços por ela e dando um abraço desengonçado.

— Obrigada pelo elogio. E vocês dois também estão muito bonitos, mas vocês Gabriel está mais.

— Obrigado — dissemos ao mesmo tempo.

— Melhor irmos logo se não vai ficar muito tarde — disse Florença.

Começamos a caminhar e falar dos nossos cursos. Descobri que Henrique estava cursando História. E que embora ele tenha escolhido a faculdade ele ainda tem uma namorada, o que explica aquele monte de fotos dela. Eles estão se relacionando a distância e se falam sempre que podem. Já Florença acabou de sair de um relacionamento de anos e contou a mesma história para Henrique, dessa vez com muitos mais detalhes e muito mais certa do que estava fazendo.

Quando ela terminou já tínhamos chegado a nosso destino, para minha sorte, não precisei compartilhar minha história com eles.

Enquanto olhava para aquela casa enorme, a frase que Florença tinha me dito mais cedo não saía da minha cabeça. Muita coisa pode acontecer numa festa.

— Vamos lá então — falou Florença seguindo para a entrada da casa.

Henrique e eu a seguimos.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Gabe fez bem em ir para a festa? Henrique vai desistir de descobrir a história de Gabe? Quais as intenções de Florença?

Especulem o máximo que conseguirem.

Ah... e só lembrando a história agora tem uma playlist, está nas notas. Se tiverem uma recomendação de música falem nos comentários.



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