Dentro do Espelho escrita por Iuajen


Capítulo 5
A outra


Notas iniciais do capítulo

Seria a outra criança? Quem é a dona do vestidinho de morangos? Bem, algumas informações são dadas, e outras perguntas feitas. Espero que gostem. Esse capítulo tem mais ação.



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As escadas estavam limpas. Apesar de todo o sangue de antes, agora não havia nenhuma marca, pareciam estar até mais limpos que antes. Irene e Umbra agora estavam as descendo, com Irene bem perto da sombra.

– Ei Umbra! Umbra! Me diz, de quem é esse vestididinho? Você disse que ia me contar enquanto procurávamos meus pais.

Ele a olhou, de alguma forma. Levantou o dedo indicador, como se indicasse alguma coisa, e levou as mãos ao bolso. Tirou um bloquinho de notas, e começou a escrever enquanto andava em um ritmo mais lento.

" A garota também não falava. Mas o nome dela era Urotsuki, uma garota loira, que parecia ser um pouco mais velha que você, e com os olhos puxados."

– Ela era mais bonita que eu?

Irene fez aquela cara. Sabe? Aquele rosto que uma criança faz quando querem ser elogiadas por alguma coisa? Com direito a beicinho e tudo, pois é, não tinha como Umbra escapar dessa.

"Não... Você é a garotinha mais bonitinha que eu conheço"

No momento, ele deve estar pensando, que só conhece ela e a Urotsuki, então não há muito o que comparar. Mas foi o suficiente para Irene abrir um sorriso.

– Garotinha não. Eu já sou crescida! Eu já como sozinha e... e... já sei contar e ler.

" Nossa. Que legal! O que mais você consegue fazer?"

– Eu... sei pular muiiito, muiiito alto. E... e... Sei desenhar também... sei fazer chá, e eu sou uma mamãe também, cuido muito bem das minhas filinhas.

Ela estava falando das bonecas.

" O que são filinhas?"

Umbra nem sabia o que eram filhas.

– Eu sou uma filinha da minha mamãe, minhas bonecas são minhas filinhas porque eu sou a mamãe delas.

Enquanto desciam as escadas, a sombra se indagava se deveria perguntar ou não uma explicação melhor, mas ele tinha certeza que a garota não saberia explicar direito. Continuaram conversando enquanto desciam sobre assuntos aleatórios, voltaram na Urotsuki, e Irene acabou descobrindo que era uma garota que estava apenas perambulando pelo local, segundo Umbra, ela apenas queria conhecer o lugar, e a conheceu depois de trombar com ela no corredor, que reclamou do vestido estar sujo.

"... Então eu ofereci lavar o vestido dela. Ela aceitou e tirou um vestido do que ela disse ser a bolsa dela. E disse que enquanto não secava iria usar aquele. Depois disso tentei conversar com ela, mas ela não respondia. Quando fui pegar a roupa, eu ouvi um barulho grande e alto como um estouro, e quando fui ver ela não estava mais lá e eu acabei ficando com o vestido, então guardei, se eu ver ela de novo, entrego. Mas já faz tanto tempo..."

Irene ouviu tudo sem falar nada. Ela parecia estar prestando atenção.

– Que legal! Parece uma daquelas historinhas que mamãe conta pra mim antes de dormir.

" No final dessas histórias, o que acontece?"

– O ursinho consegue encontrar a mamãe dele, o passarinho consegue voar depois de cair algumas vezes.

"Então tudo dá certo no final?"

– Sim! Sim! É muito legal.

Foi muito rápido, não deu nem tempo para gritar, nem nada, Irene teve os olhos e boca tampadas, e sentiu algo cobrir seu corpo por inteiro, só conseguia ouvir. E ouvia uns passos.

Umbra.

– Heeh... Não precisa ficar assim sempre que me vê...

Era a voz de um garoto. Umbra pegou um papel e ao fazer isso, Irene pode ver novamente. Viu um garoto, blusa branca, short preto e tênis marrom com meias brancas, loiro e alto. Estava de costas, já havia passado por eles. E estava subindo as escadas. Parecia que algo caía dos cabelos dele, mas não deu para ver direito. E então sumiu.

Irene sentiu algo tremer. Estava tremendo muito, a boca dela foi destampada. E o que prendia ela também, então ela saiu da onde estava. Quando ela encostou nas coisas escuras que a circulavam, ela simplesmente abriu como uma cortina e saiu de dentro. Percebeu que estava dentro das roupas da Sombra, mas não estava suja por algum motivo.

– Ei... Umbra o...

Ao virar o pescoço para ver o que estava acontecendo, ela se deparou com ele agachado, com as mãos na cabeça e tremendo. Ela o cutucou um pouco.

– O que aconteceu? Quem era o garoto? Por que ce tá tremendo?

– Ei...

– Ei...

Ela ia o cutucando, mas a sombra parecia não ter reação, e não parava de tremer agachado. Irene sentou no degrau e começou a passar a mão na cabeça de Umbra.

– Tá tudo bem... foi só um pesadelo, vai passar.

Imitando a própria mamãe, Irene passava a mão na cabeça de Umbra querendo o acalmar, pois ele acabara de ter um pesadelo, e ela sabia que tremer assim significa que ele sonhou com o bicho papão. Então, ela continou fazendo carinho na cabeça de Umbra falando que ia passar, até que ele finalmente começou a parar de tremer, olhou para a garotinha e pegou um papel.

"Faça o que quiser, mas fique bem longe dele. Eu não posso explicar, temos que sair desse prédio o mais rápido possível. Seus pais provavelmente não estão aqui, eu vou te levar para a casa de um amigo, fique lá, ele é confiável. E de novo fique bem longe dele."

– Por que? O que ele tem? Ele é malvado?

"É. Bem malvado. Ele é o malvado dos malvados. Um cara muito, muito ruim. Seja o que acontecer, não fale como ele."

– O que ele fez? De tão malvado assim?

"Eu não posso falar disso agora. Vamos embora. Já!"

Umbra pegou a mão da garota e começou a correr escadaria a baixo, Irene mal aguentando acompanhar a sombra estava quase tropeçando, mas percebendo que ela não ia conseguir correr tudo, apenas a pegou e colocou nas costas, sujando novamente o vestido que acabar de entregar para garota.

"Se segure."

– Tá bom.

Após ela ficar de cavalinho nele, Umbra começou a pular os degraus, correndo rapidamente, com o som de "Uiiiiii" a cada virada, a cada pulo, a cada curva, até chegar no térreo. Onde uma sombra toda azul estava sentada.

– Ei Umbra! O que tá acontecendo? Porque você tá correndo nos corredores? Os moradores aqui debaixo ligaram reclamando.

– Ahhhh! Você é o gerente!

Diferente das duas sombras que encontrou até agora, além desse ser azul, ele era gordinho. E parecia cheio de bolotinhas amarelas pela roupa. Mas sem tempo para conversar, Umbra simplesmente abriu a porta de madeira e foi para fora do prédio.

A visão que Irene teve assim que saiu, foi algo novo, diferente, assustador, ela não estava somente em outro lugar, como se estivesse no prédio da esquina, ela estava em outro mundo. E esse outro mundo era bizarro, tão bizarro que Irene conseguia só olhar para aquela imensidão branca com vários buracos vazios que passavam imagens, imagens que ela não entendia, com várias cores, desenhos e riscos. Árvores completamente pretas e sem folhas, com uma sombra tão preta quanto, postes de luz apagados e um som, ou melhor um zumbido parecido com os que os carros fazem na rua, mas não havia ninguém, estava tudo vazio, não via-se nada além do branco, dos objetos pretos.

– Heeeh... Kikikiki... Então é isso?

Umbra e Irene olharam para trás na mesma hora. As mechas loiras do garoto tampavam seus olhos, e ele estampava um sorriso no rosto, este porém não parecia muito amigável. Alguma coisa nele estava errada, até Irene conseguiu perceber. A risada do garoto então parecia mais um ranger de portas, e era tão ruim para os ouvidos quanto arranhar o quadro negro.

Ela só sentiu o ar batendo no seu rosto, Umbra começou a correr, com Irene olhando para trás, ela apenas viu o garoto sorrindo, um sorriso ainda mais bizarro que o lugar que estavam. Fechou os olhos.

*crack*

– Irei te ver de novo. Kikikikikuguhuhuhuhuhu.

Ao abrir os olhos, o rosto do garoto estava bem a minha frente, sorrindo, com as mechas ainda tampando os olhos, mas por algum motivo, Irene sabia que ele estava olhando diretamente para os olhos dela, quando a mecha sobre o olho esquerdo se afastou um pouco ela conseguiu ver um olho branco com um circulo vermelho brilhante e um ponto bem no centro também em vermelho, e logo depois sentiu cair, um frio na barriga e a incapacidade de gritar alto, o rosto escureceu, assim como tudo a sua volta, se agarrando ainda mais forte em Umbra, ela novamente fechou os olhos e pressionou o rosto em cima do ombro dele e esperou gritando por dentro e desejando que tudo aquilo acabasse.


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Notas finais do capítulo

Opa. Espero que tenham gostado e que continuem gostando, espero que essa história dure bastante, estou gostando de escrever, e tem momentos que enquanto escrevo eu vejo a cena diante de meus olhos. Principalmente aquela que Irene viu o olho do garoto.
Iai? O que acharam? Chutam quem ele é? Quem já jogou o jogo sabe quem é... Quem não, podem tentar acertar... Mas com certeza ele não é nada de bom.