Dentro do Espelho escrita por Iuajen


Capítulo 3
O que vermelho significa.


Notas iniciais do capítulo

Acredito eu que Irene finalmente vai descobrir o que vermelho significa.



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As escadas pareciam intermináveis, Irene já devia ter descido uns três andares, e ainda assim ela ainda não havia chegado no térreo, o prédio em que morava só havia dois, então ela realmente não estava no prédio dela. Mas não havia nada o que fazer, então continuou descendo.

Havia mais pessoas como Umbra ali, todas iguais. Mas Umbra havia dito para ela ir falar com o gerente do prédio, que talvez ele pudesse a ajudar, mas se esqueceu de perguntar quantos andares era para descer.

– Ahhh... to cansada...
Irene suspirou para ela mesma e sentou em um dos degraus, olhando para o teto branco. E ali ficou por um tempo, até que que outro daquelas coisas que usam sangue como roupa passou por ela, e pareceu a olhar intensamente.

– O que é você?

Esse diferente de Umbra parecia poder falar.

– Ué? Você pode falar? O outro... hmmm... Umbra não consegue...

Não havia uma boca que se mexia, mas certamente uma voz feminina saia daquela coisa estranha.

– Ah, o Umbra é mudo, nasceu daquele jeito, mas nunca vi algo como você por aqui, quem é você?

– Ahm, meu nome? Meu nome é Irene e o seu?

A coisa sentou no degrau também. Ela mexeu um pouco no que seria a cabeça, esfregou aonde nas pessoas seriam os olhos.

– Meu nome é Bennet. Mas você ainda não me respondeu o que eu perguntei, o que é você?

– Eu... eu sou irene...
Irene olhou para aquela coisa, ela já respondeu quem ela era, por que perguntar duas vezes?

– Não querida... Que tipo de coisa é você? Nunca vi nada parecido na minha vida.

– Eu sou menina.
Pegou a saia e mostrou, depois pegou nos longos cabelos.

– Uma menina? Então é isso o que você é... E o que faz aqui Irene?

– To procurando papai e mamãe. Umbra disse que se eu falar com o gerente ele pode me ajudar, mas já desci uns três andares e ainda não achei ele.

– Ah, o que são papai e mamãe?

– Vocês aqui não tem papai e mamãe? Umbra também não sabia o que era.

– Não temos, o que são?

Papai e mamãe, são as pessoas que cuidam da gente, da banho, comida, carinho, que ama a gente e dão parabéns quando acertamos e brigam com a gente quando a gente faz coisa errada.
A mesma explicação de novo, por que aqui ninguém tem papai e nem mamãe? E o que eles são?

– Eu esqueci de perguntar para o Umbra, mas o que vocês são? Vocês não parecem ser nem meninos nem meninas...

– Somos sombras, eu sou uma sombra fêmea.

– Fêmea?

– É... uma menina sombra...

– Sombra não é aquela coisa que fica no chão quando o sol bate na gente?

– Do que está falando?

– Daquela coisa preta que segue a gente, o sol bate e faz sombra...

– É isso que sombra é pra você? Que estranho, de onde você veio?

– Como assim? Mamãe disse que eu vim porque pediram ao correio bebê, ai eles me mandaram para eles cuidarem de mim...

A "Sombra" a encarou, e fez um sinal de joia com a mão, pareceu ter entendido que Irene era uma criança.

– Então Irene, eu irei te levar ao gerente tudo bem? São só mais dois andares até a gente chegar lá.

– Obrigado dona...

– Meu nome é Bennet.

– Que nome estranho. Mas obrigada, aceito sim, ficar sozinha da medo. Mamãe e Papai devem estar preocupados comigo, era pra eu ta tomando café da manhã com eles. Pão com presunto e queijo e suco.

Quando Irene foi dar a mão para Bennet segurar, ela percebeu que a mão dela ainda estava vermelha e cheio de rachaduras.

– Bennet? Você sabe o que tá acontecendo com minha mão? Parece sangue, mas não tá dodói.

Ela olhou para a mão da garota e pegou na própria.

– Isso é sangue sim, dentro de você tem material para fazer roupa?

– Eu não sabia que da pra fazer roupa de sangue, parece estranho.

– Eu não sabia que existia algo que possuía sangue dentro do corpo.

– Todo menino e menina tem.
Papai e mamãe mentiram...

A mão da garota foi puxada novamente, dessa vez com mais força, e então ela sentiu uma fisgada.

– Ai! Isso machucou!

Se livrou do aperto de Bennet, e viu que a mão não estava mais vermelha. Mas sentiu ela dormente. E então olhou para a coisa.

Um liquido vermelho começou a subir pelos braços da sombra e uma linha vermelha começou a percorrer o corpo, aumentando de largura, enquanto ia para a barriga, perna e cabeça.

– Que tá acontecendo?
Irene se levantou e tomou distancia de Bennet que parecia encará-la. Mas nada falava, quando ela ficou toda vermelha, uma expressão se formou. Parecia muito com o papai depois que Irene havia desenhado na parede de casa, o bumbum dela nunca foi o mesmo depois disso.

– Eu fiz algo errado?

A sombra agora vermelha, deu um passo em direção a garota, que começou a ver ela pingando o liquido vermelho e deixando uma pegada vermelha no chão. De repente Bennet, segurou o braço de Irene.

*Crack*

Uma dor angustiante. E o reflexo de Irene fez com que ela puxasse o braço na mesma hora, viu um corte profundo e sangue saindo.
Ela quer me matar...

Ao olhar para aquela expressão de fúria da sombra, o medo se espalhou por Irene.

– Ahhhhhhhhhhhhhh!
Gritando e com medo e chorando, Irene correu subindo os andares.

– Umbra!!! Umbra!!!
Ela quer me matar... Se ela me pegar... Eu vou morrer...

Mesmo que já tivesse sentindo medo algumas vezes, essa era a pior delas, segurava o braço que ardia e escorria sangue enquanto subia os andares sem olhar para trás.

– Umbra!!!! Umbra!!!

Depois de subir novamente os três andares, Umbra que ouvira os gritos da garota saiu da porta e olhou para ela enquanto, Irene corria em sua direção.

– Ela... Ela.. quer me matar... Vermelho... escorrendo...

Mostrou o braço para Umbra que olhou. Depois olhou para a escadaria e viu a sombra vermelha. Empurrou Irene para dentro da casa dele, entrou e fechou a porta.

Um barulho de choro ecoou por todo o apartamento, Irene que estava branca e com um corte bem fundo no braço, não parava de sangrar.

– Ela... Ela... tocou na minha mão... ai... ai... ela ficou vermelha... ai depois ela segurou meu braço... ai fez dodoi... doendo muito... e... e.. depois tava indo atrás de...

Antes de terminar a frase algumas batidas fortes na porta, foram ouvidas, Irene gritou e se afastou da porta rapidamente, tropeçando e caindo no chão.

Umbra foi até ela, pegou a mão e viu os cortes na mão e no braço. Escreveu no próprio chão.

" Vai ficar tudo bem. Eu vou cuidar de você."

A perda de sangue fez Irene ficar tonta e ao tentar levantar, caiu no chão novamente só que dessa vez desacordada. Umbra a pegou e a levou para o banheiro, ligou o chuveiro e lavou o ferimento, depois ainda no banheiro pegou bandagens e estancou o sangramento, e depois a colocou na própria cama.

Enquanto isso o barulho da partida na porta continuava, Umbra cobriu a garota com uma coberta e foi para a cozinha, e começou a preparar chá e soro caseiro, e depois de deixar tudo pronto e limpar todo o sangue deixado por Irene, foi ver as batidas na porta.


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Notas finais do capítulo

Descobrimos que Umbra e Bennet são Sombras e parece que no prédio é uma comunidade de sombras, Bennet por algum motivo ao tocar nas mãos vermelhas de Irene, fez com que ela por inteira ficasse vermelha e agressiva com uma expressão furiosa no rosto. No próximo capítulo veremos como Umbra vai lidar com Bennet, se Irene vai se recuperar e se encontrará com os pais e o motivo da agressividade e da transformação.