Dentro do Espelho escrita por Iuajen
Notas iniciais do capítulo
Acredito eu que Irene finalmente vai descobrir o que vermelho significa.
As escadas pareciam intermináveis, Irene já devia ter descido uns três andares, e ainda assim ela ainda não havia chegado no térreo, o prédio em que morava só havia dois, então ela realmente não estava no prédio dela. Mas não havia nada o que fazer, então continuou descendo.
Havia mais pessoas como Umbra ali, todas iguais. Mas Umbra havia dito para ela ir falar com o gerente do prédio, que talvez ele pudesse a ajudar, mas se esqueceu de perguntar quantos andares era para descer.
– Ahhh... to cansada...
Irene suspirou para ela mesma e sentou em um dos degraus, olhando para o teto branco. E ali ficou por um tempo, até que que outro daquelas coisas que usam sangue como roupa passou por ela, e pareceu a olhar intensamente.
– O que é você?
Esse diferente de Umbra parecia poder falar.
– Ué? Você pode falar? O outro... hmmm... Umbra não consegue...
Não havia uma boca que se mexia, mas certamente uma voz feminina saia daquela coisa estranha.
– Ah, o Umbra é mudo, nasceu daquele jeito, mas nunca vi algo como você por aqui, quem é você?
– Ahm, meu nome? Meu nome é Irene e o seu?
A coisa sentou no degrau também. Ela mexeu um pouco no que seria a cabeça, esfregou aonde nas pessoas seriam os olhos.
– Meu nome é Bennet. Mas você ainda não me respondeu o que eu perguntei, o que é você?
– Eu... eu sou irene...
Irene olhou para aquela coisa, ela já respondeu quem ela era, por que perguntar duas vezes?
– Não querida... Que tipo de coisa é você? Nunca vi nada parecido na minha vida.
– Eu sou menina.
Pegou a saia e mostrou, depois pegou nos longos cabelos.
– Uma menina? Então é isso o que você é... E o que faz aqui Irene?
– To procurando papai e mamãe. Umbra disse que se eu falar com o gerente ele pode me ajudar, mas já desci uns três andares e ainda não achei ele.
– Ah, o que são papai e mamãe?
– Vocês aqui não tem papai e mamãe? Umbra também não sabia o que era.
– Não temos, o que são?
– Papai e mamãe, são as pessoas que cuidam da gente, da banho, comida, carinho, que ama a gente e dão parabéns quando acertamos e brigam com a gente quando a gente faz coisa errada.
A mesma explicação de novo, por que aqui ninguém tem papai e nem mamãe? E o que eles são?
– Eu esqueci de perguntar para o Umbra, mas o que vocês são? Vocês não parecem ser nem meninos nem meninas...
– Somos sombras, eu sou uma sombra fêmea.
– Fêmea?
– É... uma menina sombra...
– Sombra não é aquela coisa que fica no chão quando o sol bate na gente?
– Do que está falando?
– Daquela coisa preta que segue a gente, o sol bate e faz sombra...
– É isso que sombra é pra você? Que estranho, de onde você veio?
– Como assim? Mamãe disse que eu vim porque pediram ao correio bebê, ai eles me mandaram para eles cuidarem de mim...
A "Sombra" a encarou, e fez um sinal de joia com a mão, pareceu ter entendido que Irene era uma criança.
– Então Irene, eu irei te levar ao gerente tudo bem? São só mais dois andares até a gente chegar lá.
– Obrigado dona...
– Meu nome é Bennet.
– Que nome estranho. Mas obrigada, aceito sim, ficar sozinha da medo. Mamãe e Papai devem estar preocupados comigo, era pra eu ta tomando café da manhã com eles. Pão com presunto e queijo e suco.
Quando Irene foi dar a mão para Bennet segurar, ela percebeu que a mão dela ainda estava vermelha e cheio de rachaduras.
– Bennet? Você sabe o que tá acontecendo com minha mão? Parece sangue, mas não tá dodói.
Ela olhou para a mão da garota e pegou na própria.
– Isso é sangue sim, dentro de você tem material para fazer roupa?
– Eu não sabia que da pra fazer roupa de sangue, parece estranho.
– Eu não sabia que existia algo que possuía sangue dentro do corpo.
– Todo menino e menina tem.
Papai e mamãe mentiram...
A mão da garota foi puxada novamente, dessa vez com mais força, e então ela sentiu uma fisgada.
– Ai! Isso machucou!
Se livrou do aperto de Bennet, e viu que a mão não estava mais vermelha. Mas sentiu ela dormente. E então olhou para a coisa.
Um liquido vermelho começou a subir pelos braços da sombra e uma linha vermelha começou a percorrer o corpo, aumentando de largura, enquanto ia para a barriga, perna e cabeça.
– Que tá acontecendo?
Irene se levantou e tomou distancia de Bennet que parecia encará-la. Mas nada falava, quando ela ficou toda vermelha, uma expressão se formou. Parecia muito com o papai depois que Irene havia desenhado na parede de casa, o bumbum dela nunca foi o mesmo depois disso.
– Eu fiz algo errado?
A sombra agora vermelha, deu um passo em direção a garota, que começou a ver ela pingando o liquido vermelho e deixando uma pegada vermelha no chão. De repente Bennet, segurou o braço de Irene.
*Crack*
Uma dor angustiante. E o reflexo de Irene fez com que ela puxasse o braço na mesma hora, viu um corte profundo e sangue saindo.
Ela quer me matar...
Ao olhar para aquela expressão de fúria da sombra, o medo se espalhou por Irene.
– Ahhhhhhhhhhhhhh!
Gritando e com medo e chorando, Irene correu subindo os andares.
– Umbra!!! Umbra!!!
Ela quer me matar... Se ela me pegar... Eu vou morrer...
Mesmo que já tivesse sentindo medo algumas vezes, essa era a pior delas, segurava o braço que ardia e escorria sangue enquanto subia os andares sem olhar para trás.
– Umbra!!!! Umbra!!!
Depois de subir novamente os três andares, Umbra que ouvira os gritos da garota saiu da porta e olhou para ela enquanto, Irene corria em sua direção.
– Ela... Ela.. quer me matar... Vermelho... escorrendo...
Mostrou o braço para Umbra que olhou. Depois olhou para a escadaria e viu a sombra vermelha. Empurrou Irene para dentro da casa dele, entrou e fechou a porta.
Um barulho de choro ecoou por todo o apartamento, Irene que estava branca e com um corte bem fundo no braço, não parava de sangrar.
– Ela... Ela... tocou na minha mão... ai... ai... ela ficou vermelha... ai depois ela segurou meu braço... ai fez dodoi... doendo muito... e... e.. depois tava indo atrás de...
Antes de terminar a frase algumas batidas fortes na porta, foram ouvidas, Irene gritou e se afastou da porta rapidamente, tropeçando e caindo no chão.
Umbra foi até ela, pegou a mão e viu os cortes na mão e no braço. Escreveu no próprio chão.
" Vai ficar tudo bem. Eu vou cuidar de você."
A perda de sangue fez Irene ficar tonta e ao tentar levantar, caiu no chão novamente só que dessa vez desacordada. Umbra a pegou e a levou para o banheiro, ligou o chuveiro e lavou o ferimento, depois ainda no banheiro pegou bandagens e estancou o sangramento, e depois a colocou na própria cama.
Enquanto isso o barulho da partida na porta continuava, Umbra cobriu a garota com uma coberta e foi para a cozinha, e começou a preparar chá e soro caseiro, e depois de deixar tudo pronto e limpar todo o sangue deixado por Irene, foi ver as batidas na porta.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Descobrimos que Umbra e Bennet são Sombras e parece que no prédio é uma comunidade de sombras, Bennet por algum motivo ao tocar nas mãos vermelhas de Irene, fez com que ela por inteira ficasse vermelha e agressiva com uma expressão furiosa no rosto. No próximo capítulo veremos como Umbra vai lidar com Bennet, se Irene vai se recuperar e se encontrará com os pais e o motivo da agressividade e da transformação.