Dentro do Espelho escrita por Iuajen


Capítulo 2
O que a luz reflete.


Notas iniciais do capítulo

Neste capitulo, veremos Irene, vagar por um mundo novo, e macabro, sem entender como funciona as coisas, e vendo de forma inocente tudo que a cerca, uma pessoa nova aparece, quem é?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635384/chapter/2

– Onde eu estou?

Ainda com os olhos fechados, Irene os abriu e percebeu estava novamente no quarto dela. Algumas lágrimas de medo caíram em suas bochechas rosadas. Não havia nada para se fazer, além de chorar depois de um pesadelo como aquele, e como toda criança, chorava bem alto para alguém notar, nesse caso, ela chamava o pai.

– Uaaaaaaaaaaaa!! Papaaaai!!!! Uaaaaaaaaa!

E assim ela ficou por algum tempo, não era de costume ele demorar tanto, e assim que ela percebeu isso, se levantou enxugando os olhos e indo em direção a porta do quarto, abriu a maçaneta e notou algo estranho, ali não era a casa dela, tinha dado de cara com o corredor do prédio que morava, o estranho era que o quarto dela não dava para ali.

–Uh... Onde é que eu to? Mamãe? Papai?

Vendo que estava sozinha ali, sem ninguém, em um corredor deserto, novamente o instinto defensivo de uma criança é refeito e então, um choro e gritos de mamãe e papai ecoa.

–Mamãaaaaeee!! Uaaaaaaaaa Papaaaaaaaai!!! Cadê vocês?

Ranho e lágrimas escorriam, assim como baba, era uma cena que quebraria o coração de alguns e dariam certa repulsa em outros, porém, após perceber que nem mamãe, nem papai iriam até ela, decidiu voltar pro quarto, fechar a porta, se cobrir com o cobertor e colocar o rosto embaixo dele.

O cobertor era sim um manto sagrado que impedia de qualquer mal pudesse adentrar, era o escudo de Irene, e nada mais sensato do que se enrolar nele para que nem o mindinho do pé fosse exposto àquela realidade aterradora. Ela pretendia dormir e acordar novamente, mas o sono não veio e mesmo com o cobertor ela sentia um vento muito gelado nas suas costas, e como mamãe disse que não é bom ficar no frio porque se não você faz "atim" "atim", com a testa quente e ruim, Irene juntamente com seu fiel escudeiro travesseiro e seu manto glorioso enrolado saiu pelo corredor.

Era, igual ao corredor de fora da casa, e haviam portas ali, sabia que o vizinho que de vez em quando ia lá para conversar e trazer Gabriel para brincar com ela morava ali na frente, porque de vez em quando ia até lá brincar com ele também. Então, tocou a campainha.

*Crack*

Ao tocar a campainha, nenhum barulho foi ouvido. Ela então...

*Crack*

Tocou...

*Crack*

E Tocou...

*Crack*

E tocou mais ainda...

*Crack*

Nenhum barulho se ouvia. Então ela decidiu chamar por Gabriel e bater na porta.

*toc toc* - Gabriel! Tá ai? Ai tá estranho também?

Sem ouvir resposta, mas dessa vez um barulho de alguém caminhando se ouviu por trás da porta, uma sombra se fez por baixo da porta e Irene se afastou. A maçaneta virou e de lá, saiu um homem de costas. Ele estava vestido estranho, era tudo preto, parecia que até as luvas e meias que ele usava por algum motivo eram pretas.

– Ei... meu nome é Irene! Eu queria falar com o Gabriel.

Ao tentar puxar a roupa para chamar atenção, percebeu que encostou na pele da pessoa. E quando ela se virou, Irene percebeu que também vestia uma máscara preta.

– Ahhh! Você parece aqueles bandindos que se vê na Tv! Por favor moço, não me roba, eu não tenho nada.

O homem não respondeu, apenas assentiu a cabeça e deu a mão para a garota.

– Mamãe e Papai, disseram que não é pra eu ir com estranhos.

Logo, a mão se retrai. E mesmo por trás da máscara, ele parece olhar Irene, ele agacha e segura a mão da garota rapidamente, e faz com que ela toque seu rosto, e percebe que ele não está usando máscara, faz com que toque seu braço, e percebe que ele não está usando blusa.

– Noooosssaa! Eu nunca vi alguém como você antes... Você não tem rosto... Você também não fala?

A "coisa" balançou a cabeça afirmativamente. Colocou o dedo na parede e começou a escrever em vermelho: "Meu nome é Umbra, :)"

Vermelho? O que todo mundo tem com vermelho afinal? Mas ela viu o rostinho feliz que Umbra fez e sorriu.

– Eu to procurando meus pais. Ce sabe onde eles tão?

"Pais? O que são Pais?"

– Papai e mamãe. Quem cuida da gente, que limpa nosso nariz, faz comida, e da carinho, e protege a gente, e nos leva pra brincar, e briga com a gente quando a gente faz algo errado, e da parabéns quando acertamos.

"Nossa! Pais parecem ser legais!"

– Eles são os melhores!

"Mas, não, não vi nada tão legal assim por aqui."

– Ah... E... E... uma garota de cabelos pretos? Olhos pretos, bonitinha, pequena, com um vestido de flor, descalça, branquinha?

"Você?"

A medida que ela ia escrevendo no chão, Irene ia acompanhando.

– Nãaao... não eu seu bobinho... Ela é parecida... Aliás, com o que você tá escrevendo, não to vendo nadica na sua mão.

"Com sangue."

– Uhhhhh... e não machuca? Eu só vi sangue uma vez, e mamãe tampou meus olhos, depois de eu perguntar um monte de vez, ela disse que é algo que sai quando algo faz dodói.

"Não..."

– Então o que é sangue?

Nesse momento, a mão do homem escora no rosto, parecendo que esta pensando em que resposta dar, não há expressões faciais.

"Sangue para mim é roupa."

–Não... de novo bobinho... Roupa é isso aqui...
Puxa o vestido floral e balança para os lados.

"Que estranho... Todos aqui no prédio usam sangue como roupa, sem ele é considerado atentado ao pudor"

– Atentado ao pudor? O que é atetado ao podor?

"Deixa pra lá... é como a gente saísse pelado."

– Iiiihhhh... gente velha não pode sair pelado... papai disse...

" Esse papai então está certo."

– É... eu to procurando ele e mamãe... eles disseram para não ir com estranhos, mas você parece legal. Me ajuda a achar eles? Eu não sei como vim pra cá... Tava no quarto, com essa garota de cabelos pretos parecida comigo, entrei no armário e to aqui...

" Tem certeza que você não estava se olhando num espelho?"

– Espelho?

" É uma coisa que mostra você mesmo..."

– Sim, eu sei o que é... mas ela não era eu... Era alguém parecido...

" Me desculpe, eu não posso te ajudar achar seus pais sejam lá o que sejam eles... Estou no meio do trabalho agora..."

– Ahhh... Papai também vai embora pra fazer esse tal de trabalho e só volta a noite...

" Huuum... Então eu voltarei para casa, foi um prazer te conhecer."

– Obrigada Umbra! Você sabe se tem algum gerente aqui? Papai disse que ele cuida do prédio e que qualquer coisa era pra falar com ele, mas ele nunca me mostrou quem é esse gerente, nome estranho não acha?

"Sim, o gerente fica dois andares abaixo. Quer que eu te leve lá, antes de voltar a trabalhar?"

– Nãaaao pode deixar, mamãe brigou feio comigo da outra vez que papai tava no telefone falando de trabalho e eu tava com fome e queria algo pra comer. Não quero que ninguém brigue comigo.

"Ah... Tudo bem então... Mas toma cuidado ok? O gerente é meio estranho, não é mal não, mas é estranho..."

– Como ele é?

" A roupa dele é azul... Já se viu? Azul? Sangue Azul... Gente com sangue azul como roupa são tudo maluco..."

– Tá ok... Obrigada...

" Só segue até ali, e desce as escadas, o elevador não tá funcionando, nem as campainhas, prédio velho sabe?"

– Ok obrigada...

Irene saiu ainda abraçada com o travesseiro e seu cobertor, até a escadaria apontada por Umbra, enquanto ele voltava para o seu apartamento para trabalhar. Parecia bem mais animada agora que tinha conversado, Umbra era bem legal, Irene queria voltar e agradecer ele de novo e brincar com ele, mas a lembrança da orelha sendo puxada e aquela gritaria da sua mãe era mais do que um bom motivo para apenas seguir adiante e descer a escada.

Ao descer, percebeu que sua mão estava vermelha também com algumas rachaduras no dedo indicador, mas se ela não estava dódoi então não era sangue, o que era então?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nada demais nesse capítulo, só uma conversa com um dos integrantes desse mundo, bom para Irene que não é ninguém malvado. Somente uma coisa que ela ainda não sabe o que é, que lembra um Humano e também trabalha.