Elandrik escrita por NM


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bom, primeiro agradeço aos que resolveram dar uma chance para esta história!! Essa é a primeira longfic que posto em toda a vida, geralmente as guardo para mim, então estou animada. kkkkk
Quaisquer erros me avisem, que eu arrumo.

~mantendo compostura~

P.S.: Prestem atenção nos horários e datas, são importantes, pois nem sempre a história será contada de forma linear. O que será o caso deste capítulo.



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Final do século XXI - 30.11.2099 16h14min

Naquelas ruas antes tão movimentadas, pessoas caminhavam de olhos arregalados, tendo tomada sua atenção por cada mísero movimento de uma sombra diminuta. A grande metrópole era agora um reino de caos e pavor, nada mais restara, se não a corriqueira pontada de esperança, acompanhada do medo de um futuro incerto. O mesmo que costuma alojar-se no âmago da raça humana.

Os corpos dos que se foram, já não tinham suas poças de sangue marcadas no asfalto e calçadas, porém ainda assim, os olhos fora órbita, tripas e o sangue respigado nas paredes fora fixado na mente dos que viveram naqueles dias de cão.

Androides faziam o seu trabalho nas ruas enquanto os transeuntes seguiam-nos com o olhar, cada movimento era motivo de choque, para não dizer de pavor. A desconfiança, no entanto, também se estendia para com os próprios humanos -- não que fosse algo raro, porém naqueles tempos o motivo de tal medo se tornava um conceito relativamente novo.

Vendedores chamavam os passantes às suas lojas ou camelôs, usavam frases de efeitos e exclamavam em meio a rua a fim de vender seus produtos, mesmo que os mais apavorados fugissem de seu marketing. Eles sabiam. Ninguém compraria. Ninguém compraria os pequenos Androides para divertir sua prole ou queria um robô doméstico, muito menos um trambolho para enfiar no cérebro. Não. Mercadorias do tipo eram devolvidas aos montes naqueles tempos de crise.

Engenheiros, arquitetos e todos os tipos de trabalhadores prosseguia com seu trabalho dobrado. Reconstruíam prédios, esses que arriscavam arranhar os céus, e reparavam as cicatrizes de uma tragédia que ainda abatia a toda uma capital. Mesmo depois de uma catástrofe, que só mesmo em tempos atuais para ocorrer, a cidade ainda se recuperava. Automóveis permaneciam imóveis em seus lugares, sem dono e sem guinche. O moderno transporte público tivera suas vias obstruídas e todos viravam-se como podiam.

Telões que prometiam reproduzir vídeos 3D em High Quality tinham seus LEDs perfurados e rachados, como se um famoso monstro dos cinemas, em algum momento, realmente houvesse passado por ali. Enquanto isso, carros desviavam de pequenos obstáculos, como um buraco aqui e outro ali, sem nem se importar se os trailers dos mais novos lançamentos eram exibidos como atração ao público.

Pessoas saiam de suas casas. Outras não.

Muitos assistiam àquela vida conturbada através de uma janela.

Muitos ainda tinham medo de se sentirem seguros.

Ao expirar, o vidro a sua frente se tornou brevemente nebuloso, seu rosto estava a menos de quatro centímetro daquela enorme superfície translúcida. Assistindo àquela nuvem branca dissipar-se, tornou a enxergar o que prendia tanto seu interesse, como numa enorme TV.

–- Consulte minha agenda – exigiu.

Aquele homem olhava toda a reconstrução de uma cidade, através da bela vista que um dia tivera a partir de seu escritório. A mais de vinte e quatro andares abaixo, avistava o fluxo anormalmente baixo em uma das ruas mais importantes da cidade. As pessoas, eram vistas como míseras formigas, iam em direção a seus trabalhos como meros seres autômatos.

–- S-senhor... – gaguejou a figura curva logo atrás, sentada em frente à sua mesa.

–- Faça.

–- S-senhor Hans... Ouça.

A porta se abriu, interrompendo o secretário.

–- Eu já disse para não me interromper – virou-se

–- Perdão Senhor – O homem forte usava roupas escuras, o dedo indicador tampava o ouvido direito. Ouvia as informações dadas pelo ponto.

–- Diga! – suspirou impaciente

–- Houve um grande vazamento de dados. Ao que aparenta, mais de 60% de arquivos confidenciais, incluindo fotos, vídeos, documentos e até projetos foram jogados na rede de forma indiscriminada.

O queixo de Hans quase caiu, seu sistema entrou em estado de alarme. Já não bastava as consequências de uma grande rebelião para cuidar.

Estava mais que acostumado as constante invasões e vazamentos na mídia, afinal, viera lidando com os mais diversos tipos de hackers, desde que ascendera a um cargo importante nos serviços de inteligência governamental.

Que havia muita gente procurando carne podre em meio aos Urubus do governo, todos sabiam, contudo jamais enfrentara uma invasão como aquela em anos de experiência.

–- O traidor não se preocupou minimamente em esconder sua origem e localização...

–- E vocês estão esperando o que? Tragam-no para mim!

–- N-não é tão simples – gaguejou o secretário

–- Foda-se!! Precisamos...

–- O sinal se perdeu logo após... – precipitou-se em interrompê-lo, o rapaz de preto.

Hans observou ambos os funcionários de peito ardido, tinha que manter a calma.

Inspira. Expira. “Merda” pensou, precisava de um charuto.

–- Não me diga que esse bando de incompetentes não conseguiu nada!

–- O sinal veio de muito além da cidade... Conseguiram muitos poucos dados.

Nos poucos segundos de silêncios que se seguiram, a tensão era perceptível.

–- Maicon

–- É M-Malcon, senhor!

–- Que seja. Eu quero o nome do infeliz.

–- Err...

–- Depressa.

Enquanto patrão e funcionário confraternizavam, o rapaz saia sem se despedir.

–- P-parece que... Tudo o que consegui...

–- Eu quero O Nome. – exclamou, interrompendo-o

Com as mãos trêmulas sobre o teclado, Malcon usou a outra para subir o óculos de forma desajeitada. Tomando fôlego, respondeu sem pestanejar:

–- Seu nome está registrado como... Beta 13. Experimentação 0091.

Em um instante, os pensamentos de Hans clarearam de forma odiosa.

“Maldição”

Pegando um charuto escondido em uma de suas gavetas, segurou-o entre os dedos de forma peculiar e dispensou Malcon. O jovem levantou-se, como se a muito esperasse por aquilo, e se retirou.

Com um soco de fazer a mesa rachar, o velho Hans encarou a ficha do tal Judas visualizada de forma tridimensional.

“Merda, merda, merda!” pensou “Esses cara não sabem quando parar”

30.11.2099 15h47min

Em contraposição com a luz sanguínea do sol, a silhueta escura abria os braços, quase como as asas de um anjo. Ann Lu olhava tudo, quase que hipnotizada, seu corpo ainda doía e tudo o que podia fazer era processar o que viria a seguir.

Seu desejo era tomar o controle de suas pernas e fazer um discurso novo, algo que cativasse aquele ser, algo que tornasse tudo menos doloroso.

Aquela cena parecia irreal. As palavras não tinham sentido, enquanto que arriscavam ser plenamente entendíveis. Naquele momento, seu lado humano emergia condensado em lágrimas.

–- É quem eu sou. O que eu sou – respondeu a figura esguia, enquanto se deixava cair lentamente.

Seus olhos arderam.

Via que, além do penhasco não havia nada além de um vasto vazio. Um deserto preenchido de verde, abusado e estuprado em prol de uma raça proliferada durante milênios, como um bando de parasitas, criados para conquistar um mundo inocente.

Viu uma terra como não devia ser

E foi ali, naquela cena, que interpretou a própria humanidade retornando para de onde viera, do lugar que abandonara de forma gradual. Tudo em apenas uma pessoa.

–- Não... Nãããão!!!!!! – seu grito ecoou por toda uma planície desértica, indo de encontro a um mar salgado.

E fechou os olhos, recebendo uma nuvem de dados que prometia o início da Nova Era.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!!
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