Perdida no tempo escrita por DreamUp


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Esse capítulo vai para a linda da Thaisi que fez uma recomendação muito linda ^^ Obrigado!

Queria agradecer também a todos os outros leitores, que - não sei se vocês sabem - são um apoio imenso *--*

Chega de melação, vamos ao capítulo !

Enjoy iy!



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O café da manhã se sucedeu muito bem. O Sr. Declair era muito divertido e tão animado e falante quando Rosa. Eles combinavam muito bem um com o outro. Jeremy era mais calado, em oposição aos pais, mas ria de suas brincadeiras e soltava uma frase ou outra de vez em quando.

Os dois homens partiram depois do café. No meio da manhã, enquanto vasculhava a enorme residência, observando a espantosa quantidade de quadros e esculturas espalhadas por lá, Jane apareceu na minha frente com um papel em mãos.

— Com licença, Srta. É uma carta dos seus pais. Não tem remetente, por isso deduzi ser para a senhorita. – Tão repentinamente surgiu, a mulher miúda desapareceu.

Abri rapidamente a carta dos d’Franklin.

 

24 de janeiro de 1768

Prezados Sr. E Sra. Declair,

Pedimos sinceras desculpas pela ausência de Ana e com muito pesar vos escrevemos, pois sentimos que lhes devemos uma explicação sincera.

O planejado era que a essa altura ela já estivesse aí, mas nem tudo na vida ocorre como queremos. Somos obrigados a admitir envergonhadamente os acontecimentos.

Na semana do dia 5, o batalhão parou por aqui. Não sei o que as senhoritas veem nos uniformes vermelhos, mas a garota se encantou por um dos oficiais. A alertamos da ilegitimidade de seus sentimentos e a lembramos do breve casamento incansavelmente.

A teimosia impregnada no sangue a fazia cada vez mais relutante ao casamento e propensa ao soldado. Foi ontem que o pior aconteceu. Ela sumiu.

Acreditamos que tenha fugido com o oficial. Temos alguma noção de onde ela possa estar devido a novas informações que obtivemos. Partiremos em busca dela ainda hoje.

Sinceramente pedimos desculpas pelo seu comportamento. Esperamos que isso não mude as relações entre nós nem o casamento. Tenha como garantia nossa palavra de que a trarei de volta.

Escreva nos, por favor. Estaremos na Região de Bristol.  

Atenciosamente, Sr. E Sra. d’Franklin.

 

Ana, sua safadinha, acabou de ganhar meu respeito! Fugindo com um soldado às vésperas do casamento? UAU! Já sou fã. Sendo a carta datada de três dias atrás, suponho que não tenham chegado a Bristol, considerando o transporte, muito menos encontrado Ana. Isso me dá o que eu mais preciso: tempo. Tendo certeza que Ana não aparecerá tão cedo, posso me concentrar melhor em arrumar uma forma de sair daqui.

Continuei minha inspeção pelas obras de arte um pouco mais leve.

À noite teríamos um jantar, no qual receberíamos o Sr. McAdams. Rosa me alertou que ele era alguém que eu deveria impressionar, pois suas opiniões eram muito influentes no círculo de amizades dele, que coincidentemente era o mesmo dos Declair. Isso seria como caminhar para mim, consigo ganhar qualquer um.

 

Assim que escureceu, o Sr. McAdams chegou. Estava vestido completamente de preto e aparentava ter a mesma idade do Sr. E Sra. Declair. Era um homem gordo e careca, de olhos gentis demais e nariz de batata. Quando o olhei, ele sorriu. Seu sorriso não era vibrante como o do Richard nem inspirador como o de Rosa. Havia algo de perverso ali. Era quase como se ele pudesse olhar para você e desvendar seus piores segredos.   

Após cumprimentar os Declair, Sr. McAdams se voltou para mim:

— E você deve ser a tão falada, Ana!       

— Prazer em conhecê-lo, sr. McAdams. - Pronunciei suavemente.           

— O prazer é todo meu! - Ele apertou minha mão e continuou sorrindo para mim, fazendo com que um arrepio frio e lento subisse pela minha coluna. Devolvi o sorriso e sustentei seu olhar até que a silenciosa Jane nos chamou para a mesa.

Assim que nos acomodamos, a deliciosa comida de Júlia chegou. O cheiro poderia fazer até a mais polida pessoa atacá-la. Alan provavelmente gostaria. Ele acaba se perdendo meio a sua bagunça, mas não recusaria uma boa refeição caseira. 

Richard e o Sr. McAdams, cujo primeiro nome descobri ser Henry, iniciaram uma animada conversa sobre "as máquinas". Engraçado ver essas coisas do ponto de vista que estou agora. Todos sabemos que a Revolução Industrial trouxe incontáveis avanços e facilidades, mas encarar a desconfiança das pessoas do século XVIII perante ela era impagável. Imagino que o mesmo estranhamento aconteceria com a máquina do tempo de Alan. No começo seria rondada de dúvidas e incertezas, mas dentro de um século ou dois se tornaria banalmente comum. 

Percebi que Rosa permanecia em silêncio, somente rindo vez ou outra quando lhe dirigiam a palavra. Notei também que o Sr. Declair, mesmo depois da viagem, estava indeciso. 

Quando o segundo prato chegou, a conversa tomou um rumo diferente: 

— Sabe, srta. d'Franklin, já tratei de negócios com seus pai a alguns anos atrás. Você era muito pequena, não deve se lembrar. - Henry me encarou cinicamente, como se desafiasse a memória de Ana. 

— Tem razão, não me lembro. - Declarei firme.           

— Engraçado! Quando te conheci, seus cabelos eram castanhos claros. - O homem gordo arqueou as sobrancelhas, questionando. Ri divertidamente de sua constatação e respondi: 

— Para o senhor ver do que o tempo é capaz!  

Regra para mentirosos: não invente demais e vá na onda. Quanto mais complicada sua história inventada, mas difícil é mantê-la. Ao mesmo passo deve-se prestar atenção aos detalhes para não se confundir. 

Os Declair acompanharam meu riso, forçando McAdams a aceitá-lo também. OK, se a minha função era impressiona-lo, eu deveria começar agora, porque até então meu charme natural não estava funcionando.          

— Soube que seus pais viajaram para Bristol. - Gelei. Pelo que Júlia falou, os Declair achavam que eles foram para Londres. 

— Bristol? Não! Os d'Franklin foram para Londres, Sr. McAdams. - Rosa prontamente explicou. 

— Sim, Sr. McAdams, meus pais foram para Londres, não Bristol. Deve ter recebido informações erradas. - Poderia Henry saber de alguma coisa? 

— Oras, que coisa, não? - Pronunciou calmo, mas tive a impressão de que ele não engoliu. Se voltando para Richard, mudou de assunto. - Você precisa se decidir logo, meu caro! 

— Não é tão simples, Henry. São dois lados opostos de uma mesma moeda. Não há meio termo, por isso deve ser bem pensado. 

— O senhor deveria arriscar, pai. Estamos em tempos de mudança.

— Nem toda mudança vem para o bem, você sabe, Richard.

Naquele momento entendi o porquê da indecisão do Sr. Declair. Ali sentado na ponta da mesa com Jeremy a direita e Henry a esquerda, ele parecia atormentado pelo diabo e pelo anjo.

— Se me permite dizer o que acho, no mundo de hoje só sobrevive quem se adapta as mudanças, Sr. Declair. – Eu que o diga, aqui no lugar de Ana.

Um momento de silêncio se sucedeu após minha frase, me fazendo imaginar se eu disse algo de errado. Os outros presentes na sala me encararam e depois uns aos outros, como se eu tivesse um terceiro olho. Até que a risada do patriarca tomou conta do ambiente novamente.         

— Oras! A Srta. d'Franklin não é só bonita, mas tem suas próprias opiniões. Muito inteligente o que falou! – Richard ditou alto e em tom de riso. Deu um soco na mesa e balançou o indicador na cara de McAdams, voltando a fala: – Agora são dois contra um.          

Não pude evitar sorrir. Olhei Jeremy, que estava a minha esquerda, de esguelha. O percebi me olhando agradecido. Eu poderia não ter ganho a simpatia do Sr. McAdams, mas com certeza ganhei a do futuro marido de Ana. 


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Notas finais do capítulo

Gente, qualquer errinho me avisem!!
Obrigado, até o próximo ;)

xx DreamUp



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