Perdida no tempo escrita por DreamUp


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oie, gente!! *--*

Desculpe a demora - não me crucifiquem o.o

Aqui vai o capítulo, espero que gostem ;)



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Dick Declair olhou dos d'Franklin para mim, de mim para os d'Franklin, então para sua mulher e filho. Muito enigmático, era impossível saber o que se passava pela sua cabeça. Até que soltou uma sonora gargalhada, que timidamente foi acompanhada pelos outros – exceto por mim e Alan.

– Vejo que não perdeu o humor, Vivian! Sentem-se, por favor. – Richard falou meio a risos.

– Vou pedir para que Jane traga algo para vocês beberem. – Acrescentou Rosana, saindo apressada.

Olhei para Alan, perguntando-lhe o que fazer. Ele simplesmente deu de ombros, tão perdido quanto eu. Mike d'Franklin me encarou seriamente e disse duramente:

– Quem é você, senhorita? Eu não sei que tipo de brincadeira é essa, Dick, mas minha Ana está bem ao meu lado.

Richard encarou sério o amigo, digerindo suas palavras.

– Você está usando meu vestido. – Ana se pronunciou pela primeira vez, me fuzilando.

Abri minha boca para começar a falar, quando Rosa retornou. Vi nela o que minhas palavras seguintes significariam para os Declair: desapontamento, traição, mentiras.... Respirei fundo, me levantei, esqueci dos sentimentos dos outros e comecei a falar.

– Sim, eu estou, Ana. Muito obrigado, eles têm sido muito uteis. Confesso que no início os detestava, são pesados, dificultam a movimentação, mas me acostumei. Sr. Declair, Rosana, me desculpem, eu não sou a Ana. Meu nome é Meredith Snigler, não sou daqui.

– Eu não estou entendendo, querida... – Rosa disse docemente, me induzindo a explicar melhor o que ainda não havia se concretizado em sua mente.

– Eu não planejei nada disso, juro. Creio que ninguém em sã consciência planejaria tal ato... – Fui interrompida por Mike.

– Oras! Se mentiu sobre ser a Ana, por que acreditaríamos agora que diz a verdade? Impostora! Como pode?

– Quieto, Mike, deixe-a se explicar. Você também me deve explicações do porquê a Ana, a de verdade, não estava aqui. – Dick pronunciou sério.

– Obrigado, senhor. – Agradeci o Declair e comecei a contar minha história. – Eu não fazia a mínima ideia de onde estava. Vim aqui pedir informações. Julia me atendeu e achou que eu era a Ana. Perdida e incomunicável, decidi pegar o lugar dela por um tempo, pelo menos até que a verdadeira aparecesse. Foi errado, eu sei, entretanto, a sobrevivência falou mais alto.

Rosana me olhou, completamente magoada.

– Imagino que você não seja primo da Ana, correto, sr. Alan? – A Sra. Declair perguntou ao meu irmão.

– Não, não sou. Meredith e eu somos irmãos. Ahn.... Como posso explicar? Eu precisava encontrá-la para irmos para casa. Porém, ir para casa não é tão simples para nós, por isso embarquei na mentirinha da minha irmã. Me desculpem, mesmo.

– De onde vocês são, afinal? – Dick perguntou.

– De longe. – Alan e eu respondemos em uníssono.

Jeremy permanecia em silêncio. Eu não ousava olhá-lo, mas imaginava a mágoa estampada eu seu rosto.

– E quanto a vocês? – Dick perguntou se referindo aos d'Franklin.

– Você sabe como são essas crianças.... – Começou Mike, usufruindo de toda sua lábia de vendedor. – Ana, em sua inocência de menina, se "apaixonou" – ele frisou as palavras gesticulando aspas com os dedos – por um soldado. Fugiu com ele, mas conseguimos alcançá-los e convencê-la de que aquele tipo de sentimento é passageiro e que a melhor coisa a se fazer era casar com Jeremy Declair. – O homem soltou uma sonora gargalhada. – Que bom que tudo já passou! Agora podemos prosseguir com o casamento como planejado.

– Ah, então foi isso... – Disse Dick lentamente, mais para si mesmo. – Custava-lhes avisar-nos?

– Mandamos uma carta nos desculpando pelo incidente. Não receberam? – Acrescentou rapidamente Vivian. Pigarreie para chamar a atenção.

– Eu recebi a carta. Por não ter destinatário, acharam que seria para... a Ana.

O clima passou de tenso a constrangedor. Eu não sabia o que fazer, porque agora eu era nada mais do que uma estranha. Os d'Franklin também estavam envergonhados e não sabiam como agir no cômodo que ficou pequeno demais. Os Declair permaneciam em silêncio. O que quer que o patriarca decidisse naquele momento decidiria o futuro de todos os outros na sala.

O momento opressor foi quebrado quando Jeremy levantou-se da sua poltrona usual e silenciosamente caminhou para fora da sala. Seu movimento foi acompanhado pelo olhar de todos, se tornando a contagem regressiva para a explosão de uma bomba: assim que o filho saiu, Dick se pronunciou.

– Está tarde.... Vamos só dormir. Resolvemos isso pela manhã. – Derrotado, o Sr. Declair saiu do recinto.

– Vou pedir para Jane arrumar quartos para vocês. – Rosa disse se dirigindo aos d'Franklin. Seu olhar levemente se voltou para mim e Alan. Ela simplesmente deu de ombros. Não havia mágoa em seu olhar, só incompreensão.

Logo todos saíram, restando apenas eu e meu irmão.

– Não se sinta tão culpada.... Você sabia que cedo ou tarde a Ana chegaria. E de qualquer forma, logo vamos embora.

Apenas meneei com a cabeça para Alan, prometendo esquecer tudo isso logo. Eu não esqueceria, mas esperava veementemente que a noite levasse tudo consigo, que eu acordasse e tudo aquilo não passasse de um sonho.

Não foi o que aconteceu.

Quando acordei, ainda estava no século XVIII, prestes a levantar e encarar as decisões que não foram tomadas ontem.

À mesa do café, todos conversavam animadamente, como se a noite passada tivesse sido uma ilusão. Além de mim, só faltava o senhor Declair, o que deduzi ser o motivo da animação, afinal, as palavras do homem seriam capazes de expulsar todos nós daquela casa. Creio que ninguém queria ser expulso.

Vasculhei a mesa a procura de Jeremy. Ele estava alheio a tudo, completamente em outra dimensão. Tive vontade de cutucá-lo, tirá-lo dali e ir para longe, para conversamos. Mas somente sentei-me em meu lugar usual ao lado de Rosana. Comecei a comer e logo já estava totalmente integrada na conversa animada de Vivian e Rosa.

Dick chegou silenciosamente, com a expressão neutra. As pessoas ficaram em silêncio. Contudo antes disso, Rosa sussurrou em meu ouvido: "Dick e eu conversamos, tudo ficará bem..."

– Bom dia. – Pronunciou o sr. Declair com seu habitual sorriso. – Estive pensando e.... Meredith e Alan vocês devem voltar para sua casa. Mas podem ficar aqui até darem um jeito de fazer isso. Posso emprestar uma carruagem, caso precisem. Ana, você não se casará com meu filho. Não há mais sentido. E vocês também devem voltar a sua casa... A situação não é usual, mas não há porque tornar isso um desastre, não é? – O patriarca riu e mandou-nos continuar a conversa.

Bom, pelo menos teríamos onde ficar.

Alan saiu logo após o café da manhã e não voltaria tão cedo. Jeremy e o pai saíram a negócios, levando Mike consigo. Parecia que o Sr. Declair estava considerando deixá-lo responsável pelas vendas na fábrica que abririam em Londres. Seria bom para o d´Franklin que fora prejudicado com o cancelamento do casamento.

Dando minha volta matinal na casa, encontrei Ana parada em frente a uma janela, completamente absorta. Caminhei até ela, que nem percebeu minha presença.

– Oi! – Ana deu um pulinho de susto e sorriu para mim.

– Oi. Meu vestido... – Olhei para baixo e encarei a vestimenta lilás, prestes a me desculpar pelo furto. – Fica bem em você.

– Obrigado. Então... – Comecei. – Você fugiu com um soldado. – Disse maliciosa.

– Theodore. – Ela corrigiu com um suspiro. – Ele era tão gentil comigo, não pude evitar.

– O que deu errado? Seus pais?

– Não. Na verdade, Theodore era galanteador. Galanteador demais: vivia olhando para as outras. Até que o peguei com uma delas. Foi horrível, sabe? Eu já havia imaginado como seria nosso casamento e nossos filhos. Mas tudo se perdeu por causa daquele... Rugh! – Ana contou brava.

– Sinto muito que não tenha dado certo. – E realmente sentia. Ana era uma moça simpática, só um pouco idealizadora.

– E quanto a você? Percebi as não-troca de olhares entre você e Jeremy.... Vocês tiveram alguma coisa? – Ela me encarava diretamente nos olhos, sem medo ou receio. Gostei disso.

– Mais ou menos. Não. Acho que no fim ele teve algo com você, pois o tempo todo ele achava que eu era você, então tudo que fizemos não era na verdade eu e ele, mas sim você e ele. É confuso... Ele está chateado comigo e eu entendo.

– E vai deixar por isso mesmo? O que eu quero dizer é que, você pode voltar para sua casa amanhã mesmo e vocês dois ficarão separados e magoados. – Ana ditou simplesmente.

Ouvimos sua mãe chamá-la longe e ela se foi me deixando à sós com suas palavras.


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Notas finais do capítulo

Bom, obrigado por ler, não se esqueça de me dizer o que achou!
As postagens voltarão a ser regulares (juro!)

Até semana que vem ;)

#táacabando

DreamUp



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