LEIAM AS NOTAS FINAIS

Valéria Pov.

— Valéria, acorda por favor – Ouço a voz desesperada da Alicia. Abro os meus olhos e vejo ao redor todo mundo em volta de mim. Não sei o que está acontecendo e porque eu estou em uma cama de hospital.

— Gente o que eu estou fazendo aqui? – Pergunto desesperada. Olho em volta e todos me olhavam tristes. Sinto os meus braços cheio de tubos de tudo que é coisa. Não entendo o que de tão grave aconteceu.

— Calma Valéria, iremos lhe explicar – Diz Paulo. O mesmo segurava a minha mão e me olhava atentamente. Eu não entendo o que de tão grave aconteceu para todos estarem assim. Eu deveria estar no acampamento e não aqui. Então tudo isso que se passou, na verdade não se passou?

— Eu estou calma até demais. E-eu não deveria estar aqui e sim no acampamento, isso só pode ser um pesadelo e eu tenho que acordar – Falo com voz de choro.  Sinto a Alicia me abraçando forte e me confortando. A Maria Joaquina e o Jaime choravam.

— Valéria, eu vou te explicar tudo – Diz a Carmen. Ela vem e senta na cama -  Mas antes temos que chamar o médico para examina-la.

— Por favor. Me digam, eu preciso saber disso agora – Falo desesperada. Estou muito confusa e eu não vou aguentar ficar sem saber, sei como funciona hospitais e demora até receber visitas novamente. Preciso aproveitar e saber tudo agora.

— Senhorita Valéria. Vejo que acordou, estou feliz que tenha acordado – Ouço a voz do médico no quarto. O mesmo parecia bem simpático e com cara de quem não dorme faz dias – Preciso agora fazer alguns exames e ter uma conversa com você. Não irei demorar muito e assim que puder deixarei um dos seus amigos vir e lhe explicar tudo que queira saber. Estou cuidando de você desde que chegou e sei como é casos que nem o seu – Sorriu.

Todos foram se retirando da sala, o Jaime vem até mim e me dá um beijo na testa. É loucura que tudo que passei, não seja verdade. Por uma parte é bom saber que algo do que imaginei possa não ter acontecido. O Doutor cujo o nome eu não faço ideia, pega uma cadeira e senta ao meu lado.

— Antes de tudo, eu me chamo Rafael. E eu irei explicar o que aconteceu e logo após iremos fazer alguns exames para verificar se está tudo bem – Apenas assenti – Bom, para começar, você esteve em coma por um mês.

— Em coma? Então quer dizer que perdi um mês da minha vida dormindo? – Falo assustada. O mesmo solta um sorriso de lado. Não pode ser verdade isso, eu posso ter perdido um pouco da minha memória, mas graças a Deus ainda lembro da minha família e dos meus amigos.

— Foi em um acidente de carro Valéria. Com os seus familiares, mas antes de tudo eles estão bem. Os mesmos estavam aqui agora a pouco e já mandei informar que você acordou – Sorriu. Como ele pode ser tão gentil e paciente? Tem que ser dom, pois esse dom eu não tenho – Você chegou aqui toda machucada e já estava inconsciente. Fizemos uma cirurgia na cabeça, pois com o acidente você machucou muito essa região.  Seus pais e amigos ficaram preocupados com o seu caso, estavam aqui sempre que podiam. O seu caso foi milagroso e eu sabia que você podia ouvir cada um deles – Falou o médico. Eu não lembro de nada disso, mas sei que o meu sonho pode ser algo que algum deles tenham me falado e que para mim fazia parte de toda essa loucura que sonhei.

— Eu não lembro o que eu ouvi. Mas a única coisa que posso lhe confirmar é que eu tive um sonho que parecia real e só de pensar que as coisas boas que eu sonhei pode não ser verdade, já me parte o coração. É por isso que quero conversar com alguém dos meus amigos, que possa esclarecer tudo para mim – Falo meio sem jeito. Estou tão sem graça com toda essa situação, não o que estou sentindo. Porém eu lembro que nos sonhos tudo se baseava em mim, no Davi, Marcelina, Alicia, Jaime entre outros. O que mais eu lembro foi o que sonhei com o Paulo, será que isso só foi um sonho? Eu sinto que o amo aqui dentro de mim, mas e se isso for só do sonho? E se esse sentimento e romance não existe? Como irei agir?

— Calma, tudo será dito a você. Agora irei fazer alguns exames, vou chamar a enfermeira para me ajudar – Falou o Doutor Rafael.

Assim que eles começaram a fazer os exames, tudo ocorreu bem. Estou com perda de memória, mas não total e o médico me falou que com o tempo irei recuperar. Porém tenho que ter bastante paciência quanto a isso. Terei que tomar vários remédios até garantirem que está tudo bem mesmo comigo. Estou bem fraca, pois não como faz um mês, tenho que começar com coisas leves e indo aos poucos. Vai ser uma dureza no início, mas preciso me recuperar logo.

— Filha? Finalmente você acordou querida. Estava tão preocupada, a mamãe te ama tanto querida – Minha mãe vem e me abraça. Já terminei os exames e o Rafael liberou que minha família e alguns dos meus amigos viessem me ver hoje.

— Ainda não estou acreditando que tudo isso aconteceu mãe – Falo meio triste. O meu pai me deu um beijo na cabeça e me abraçou também. É sempre bom tê-los comigo – Eu amo vocês.

— Também te amamos filha – Os dois respondem juntos e nos abraçamos em conjunto. Tudo que mais preciso agora é de apoio. Quero lembrar de tudo que esqueci, é algo necessário para eu poder seguir em frente.

—  Valéria? A-ah, me desculpem Sonhor e Senhora Ferreira, não quis atrapalhar. O médico disse que eu podia entrar então... – Carmen é interrompida pela minha mãe.

— Não foi nada querida. Vamos deixar vocês conversarem a sós, creio eu que todos nós temos muito a conversar ainda. Mas sei que a Valéria também quer saber de tudo o que ocorreu com os amigos também. Logo voltamos filha – Minha mãe me dá um beijo no rosto e o meu pai faz o mesmo. Vejo eles saindo e olho para a Carmen, ela parecia bem nervosa.

— Carmen, eu juro que pensei que já estávamos no acampamento. Você não tem noção do quanto eu sonhei com vocês. Pensei que tudo que estava sonhando era real sabe. Mas tudo não se passou de uma farsa – Falo segurando o choro. A Carmen me olha triste.

— Valéria, você estava indo com os seus pais até o ponto de embarque para o acampamento. Mas quando soubemos do acidente, ninguém embarcou. Por respeito a você e a sua família. Estamos todos comovidos com a situação – A Carmen pegou em minha mão e fez carinho a onde estavam alguns roxos.

— Eu sonhei que o Jaime veio me buscar para irmos ao acampamento – Sorri ao lembrar do sonho – E que o coitado mal conseguia segurar as malas e ainda teve que levar as minhas. Éramos tão amigos, no meu sonho ele era até apaixonado por mim, mas depois se apaixonou por duas garotas, você e a Margarida – Falo. A Carmen me olha e começa a rir do meu sonho. Literalmente é uma loucura mesmo. O coitado do Jaime mal consegue gostar de uma garota, quem dirá de duas ao mesmo tempo.

— Isso não é verdade, posso lhe confirmar. O Jaime namora a Margarida agora e é sim o seu melhor amigo. Ele vinha todo santo dia aqui e chorava demais. A família dele não sabia o que fazer com o mesmo, pois estava bem abalado – Disse a Carmen. Queria poder lembrar do que é real e do que não é, assim tudo seria fácil.

— Ai Meu Deus, queria pode abraça-lo agora. Queria principalmente lembrar do que realmente aconteceu sabe – Falo. A minha amiga assentiu – Bom, outra coisa que eu lembrei é que o Davi me traiu com a Marcelina. Os dois eram realmente ruins comigo e faziam de tudo para a minha vida ser inferno, o Davi foi bem cruel sabe. A Marcelina então nem me fale, eu sinceramente acredito que isso não tenha acontecido – Falo. Tomara mesmo, espero que os dois ao menos sejam os meus amigos.

— Isso é loucura – Diz a Carmen – A Marcelina veio lhe visitar bastante e eu estive junto. Ela sempre foi sua amiga. Mas não se preocupe que o médico disse que você podia criar ilusões durante o coma. Continuando, o Davi é o seu ex-namorado, vocês terminaram de boa e não teve nada de tração e muito menos fez algo ruim a você – Disse. Sinceramente, me senti aliviada ao saber disso. É como se um peso fosse tirado de mim. Eu criei praticamente um filme de louco enquanto estive em coma.

— Graças a Deus que tudo isso tenha passado de um sonho. Você não tem noção do quão foi ruim e bom ao mesmo tempo esse sonho. Parecia que eu narrava a história dos outros também. Pude ver o que a Alicia sentia, por exemplo. Por mais que não seja verdade, foi muito louco – Digo sorrindo. Preciso sorrir um pouco, pois agora as coisas estão começando a desenrolar – Mas Carmen, a Alicia está namorando o Mário? – Pergunto.

— Sim, os dois já estão juntos a tempo. Você sabe disso ou melhor dizendo sabia. Porém não se preocupe estou aqui para lhe ajudar – Disse sorrindo. Sorrio de volta ao saber que ela está me ajudando – Eu por exemplo, estou namorando o Jorge. Acredita?

— QUE? No meu sonho você era apaixonada pelo Jaime o Jorge namorada a Laura. Meu Deus que confusão Carmen. Ainda bem que você está me falando essas coisas, pois se não tudo que sonhei eu iria acreditar e ia dar a maior confusão mesmo – Falo constrangida – Ah, Carmen. Eu conheço um tal de Otávio? – Pergunto.

— Não que eu saiba. Nunca nenhum de seus amigos ouviu falar nesse tal de Otávio – Disse a Carmen. Ufa! Que alívio ao saber disso.

— Tem uma coisa meio constrangedora para mim. Mas eu posso lhe afirmar que eu sinto que amo essa pessoa e que sou louca por ela. Só que eu não sei se é no sonho ou se é na vida real. Me diz Carmen, o Paulo é o meu namorado ou já foi? – Pergunto curiosa. O meu coração está acelerado, é algo que realmente me interessa nisso tudo.

— É complicado Valéria. Antes do acidente vocês dois ficavam. Mas nunca anunciaram que eram namorados. O Paulo me falou que vocês dois brigaram antes de dar isso tudo e você não tem noção do quanto ele chorou. Assim como o Jaime, o Paulo também comparecia todo santo dia aqui para lhe ver. Eu não sei do que ele sente, mas é algo muito forte garanto – Fala a Carmen. Então quer dizer que existiu ao menos alguma coisa entre mim e o Paulo. Eu preciso saber dele mesmo o que se passou entre nós. Me sinto tão apaixonada por ele, não sei se é ilusão ou verdade. Preciso saber de respostas. Agora tudo recém começou para mim.