Lúcifer escrita por Michelle


Capítulo 6
Algumas consequências




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Meus pais ficaram furiosos com minha saída. Disseram que quase ligaram para a polícia e conversaram com a família toda perguntando sobre meu paradeiro. Acreditaram na história de que dormi na casa da Carol e que meu celular tinha descarregado, mas não perdoaram, "você podia nos ligar com o celular da Carol" alegaram. Por fim, aceitei e ouvi calada os sermões.

Meu castigo era limpar a casa inteira no mesmo dia, o que não era uma tarefa fácil, pois precisava lavar e arrumar todos os cômodos, varrer todo o quintal e deixar a janta perfeitamente pronta para quando Sara e Daniel chegassem.

Eu não estava triste, nem com raiva ou coisa do tipo, só estava agoniada. Parecia que havia algo preso em minha garganta, algo como um grito que me deixaria frustrada e desconfortável até que eu o liberasse. Tudo isso sumiu quando finalmente entrei em meu quarto e chorei a vontade, depois tomei um banho e pude me sentir aliviada.

Dois dias se passaram e ninguém se lembrava mais do ocorrido, meus pais já me tratavam normalmente, sem irritabilidade pelo que eu fizera antes.
As coisas estavam tediosas e comuns, o que era ótimo, pois senti falta de um pouco de normalidade depois das coisas que vivenciei. Alguns momentos de paz e calmaria, passando a maior parte do tempo em casa.

Durante esse período, Lúcifer lotou meu celular de mensagens. Contei a ele o que aconteceu em casa quando voltei, e o mesmo não parava de se desculpar.

Andei pensando e analisando tudo, e cheguei a conclusão que deveria me afastar por um tempo dele. "Deveria" mas, não queria. Portanto, com meu péssimo hábito de não pensar na razão para tais coisas, decidi esquecer o que aconteceu. Feito.

E apesar de estar extremamente curiosa sobre quem ajudou a matar o homem que assassinou seus pais, o que fez com cadáver e varias outras coisas, preferi não perguntar. Ou pelo menos, não por enquanto.

* * *

Mais um dia se passou, era quinta-feira. Fazia exatamente uma semana desde o dia que conheci Lúcifer. Ele me chamou para ir ao shopping no sábado.

Desta vez, informei minha mãe sobre o assunto, dizendo que eu iria sozinha, não queria que soubesse sobre Lúcifer ainda. Porém, por causa do que fiz no domingo, Sara disse que só permitiria se eu fosse com mais pessoas. Assim, chamei Amanda para ir também.

— Só nós duas? — questionou Amanda quando liguei convidando.

— E um amigo meu — ela também não sabia de Lúcifer.

— Hum... E esse amigo tem nome?

— Depois te falo mais sobre ele... Mas então, você vai ou não?

— Não vou ficar segurando vela, quando eu achar mais alguém pra me fazer companhia eu retorno a ligação e...

— Somos só amigos, sua idiota! — eu a interrompi e corei.

— Claro que são — Amanda riu. Tentei ficar calada, mas acabei rindo também. Ela continuou: — Mas se não se importa, prefiro chamar um amigo meu também.

Sabia que não ia adiantar discutir com Amanda e não vi problemas em ela levar outra pessoa, tirando o fato de que ficaria me atormentando por bastante tempo querendo saber tudo sobre meu amigo desconhecido.

Lúcifer não se importou de Amanda ir também, na verdade, nos últimos dias ele estava sempre concordando comigo e sendo muito legal. Talvez estivesse com medo de perder a amizade, ou que eu contasse o que sabia a seu respeito para alguém. Mas algo me dizia que não era nem uma coisa e nem outra, talvez tivesse mais algum segredo.

E se realmente tinha coisas mais sérias coisas a esconder, eu não queria saber. Ou pelo menos, não por enquanto.

Já vi e ouvi coisas demais.

* * *

Na sexta-feira, fiz algumas coisas em casa para ajudar minha mãe. Limpamos a casa juntas e depois preparei estrogonofe de frango para o almoço. Ela estava animada porque Bryan dissera que talvez entraria numa faculdade. Todos se surpreenderam, ninguém achava que ele estudaria mais.

Estávamos nos servindo com comida e conversando em volta da mesa da cozinha, parecia tudo muito agradável. Até Daniel estava conosco, pois era feriado, e só assim todos nós conseguíamos conversar juntos. Depois de um tempo, o assunto que começou em "faculdade" terminou em "onde Alice vai sábado".

—... Mas me dê certeza que Amanda também vai — comentou Sara.

— Ela vai, mãe — respondi impaciente por toda a insistência dela.

— E não volte tarde — disse Daniel se levantando após terminar sua refeição.

— Eu já entendi, pai. Já entendi, mãe. Algo a dizer também, Bryan? — perguntei ironicamente, bocejando. Bryan balançou a cabeça em sinal de negação.

Meus pais saíram da cozinhas. Ficamos só eu e meu irmão, que já tinha terminado de comer também, mas olhava para a porta com os braços cruzados. Pensei em perguntar "pensando na vida?" quando o vi com o olhar perdido, mas antes, ele disse:

— Sim, tenho algo a dizer.

— Ok. Então diga — respondi sorrindo, apesar de Bryan estar sério.

Vi ele respirar fundo e depois se inclinar para frente me fitando. Estava com uma expressão firme e me olhava diretamente nos olhos, o que me fez ficar tensa, pois eu não sabia qual seria sua próxima reação. Finalmente perguntou:

— Lúcifer vai também?

— O que? Como você sabe... Conhece ele? — soltei as palavras rapidamente, pois minha voz começou a falhar. Bryan ainda me fitava com uma expressão fechada.

— Alice, preste atenção. — continuou, falando um pouco mais baixo — Você vai dizer que não quer mais ver ele e sei que vai te deixar em paz, mas não diga que eu mandei você fazer isso. Nossos pais não vão saber de nada e vai ficar tudo bem. Entendeu?

Pela forma como disse, sabia que era uma ordem. Eu nem me lembrava da ultima vez que falou daquele jeito comigo, nós nem conversávamos muito. Não ia deixar ele mandar em mim, a muito tempo parei de obedecer regras sem lógicas, ele precisava ter um bom motivo.

— Por que? — me inclinei para frente na mesa, encarando Bryan e tentando fazer um tom de voz parecido com o dele.

— Não interessa o por quê, só faz o que eu mandei.

Aquilo estava realmente me deixando agoniada, Bryan nunca falava comigo daquela forma tão autoritária. Me esforcei para ficar tão séria quanto ele.

— Não — retruquei.

— Não é um pedido, é uma ordem.

— Não! Já disse que não! Me dê um ótimo motivo pra isso.

Ficamos por uns instantes em silêncio. Bryan respirou fundo outra vez, parecia estar perdendo a paciência. Até que de repente aliviou sua expressão firme, tentando novamente me convencer:

— É pra seu bem. Por favor, Alice. Confie em mim, Lúcifer não é quem você pensa que é...

— Você não sabe o que eu penso — interrompi suas explicações —, não sabe nada! Como você conhece ele?

— Caramba Alice, não seja tão inocente, por favor — agora ele parecia estar quase implorando, mas eu queria explicações.

— Se você me contar eu paro de falar com ele. — Observei a expressão pensativa de Bryan. Ele colocou as mãos no rosto e suspirou, depois balançou sua cabeça em sinal de negação. Não queria brigar com ele e nem desobedecer, mas ele não me deu motivo algum para me afastar de Lúcifer, por isso, eu terminei a conversa dizendo: — Então como você prefere esconder as coisas de mim, nada feito. Você não vai me impedir de ver Lúcifer.

Saí da cozinha rapidamente e corri para o quarto. Bryan não disse nada, não me impediu, não foi atrás. Parecia ter simplesmente aceitado, o que foi muito estranho. Afinal, o que estava escondendo?


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capitulo? O que acham que pode acontecer? Não deixem de comentar ♥ bjs e até o próximo...



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