I Want To Believe escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olás!

Sempre quis escrever uma fanfic de Arquivo X e o desafio vigente do Nyah me deu a oportunidade de finalmente escrevê-la.

Não sei se conseguirei terminá-la no prazo, farei o possível, mas caso eu não consiga, irei finalizá-la de qualquer jeito e com calma depois.

Espero que gostem!



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Um disco voador sobrevoando as copas de algumas árvores e uma frase logo abaixo: I want to believe. É isso o que está escrito no cartaz de Fox Mulder, diante de mim, na parede de sua sala, aqui no esquecido subsolo do FBI.

Lembro-me da primeira vez que vi este cartaz, há uns cinco anos, quando fui designada para trabalhar com Mulder. Ou melhor, para desmentí-lo e desmoralizar os Arquivos X, apresentando explicações científicas para tudo aquilo que ele acreditava, e ainda acredita, ser extraterrestre ou paranormal.

Lembro-me de ter entrado nesta mesma sala pela primeira vez e de ter batido os olhos neste cartaz, antes mesmo de encontrar Mulder atrás de sua bagunçada mesa.

E me lembro do que ele disse, de um jeito irreverente, quando eu bati na porta para chamar a sua atenção: "Lamento, mas não tem ninguém aqui, além dos menos procurados do FBI."

Dois minutos de conversa depois e Mulder estava me perguntando se eu acreditava em extraterrestres. E quando eu respondi que a existência de vida inteligente fora da Terra é cientificamente improvável, ele sorriu levemente e mudou de assunto, como se não desse à mínima para a minha opinião racional e estritamente científica. Como se tivesse certeza do contrário.

Dias depois, durante a investigação do nosso primeiro caso oficial, Mulder me contou sobre o desaparecimento de sua irmã, Samantha, levada de sua antiga casa quando tinha apenas oito anos, e ele, doze.

Na verdade, desaparecimento não foi bem a palavra que ele usou, mas sim abdução somada a palavra alienígena.

Lembro de ter ficado muda por alguns instantes, sem saber se deveria discordar da teoria dele ou não. Mas, então eu me dei conta de que Mulder já sabia muito bem qual era a minha opinião sobre abdução alienígena e que, portanto, ele não estava esperando que eu acreditasse naquilo.

Claro que se eu acreditasse, ele não iria reclamar, mas penso que Mulder quis apenas compartilhar a sua experiência traumática comigo. Em parte porque ele acreditava que o caso que estávamos investigando envolvia abdução, mas também porque ele é Fox Mulder. Um homem que não tem medo de se expor e defender aquilo que acredita, mesmo que seja visto como um maluco excêntrico por causa disso. Mesmo que não consiga provar suas teorias, vistas por muitos como mirabolantes e conspiratórias.

Eu sei que o mistério acerca do desaparecimento de Samantha atormenta Mulder até hoje e respeito isso. Respeito a sua dor e a sua necessidade de encontrar uma explicação para o que aconteceu naquela noite, em que ele e a irmã estavam brincando na sala de sua antiga casa, quando uma forte luz branca surgiu, o deixou paralisado e a levou.

Mas, apesar da segurança com que Mulder relatou tudo isso para mim, eu não consigo acreditar na existência de seres alienígenas, muito menos que eles, existindo e sendo evoluídos o bastante, tenham abduzido Samantha. Soa fantasioso demais para mim. Absurdo. Ficção científica.

Com exceção de Deus, só acredito naquilo que a ciência pode provar, naquilo que meus olhos podem ver.

Portanto, enquanto Mulder acredita, piamente, que sua irmã foi levada por algo de fora do nosso planeta, eu acredito que ela tenha sido sequestrada por alguém daqui mesmo. O motivo continua sendo um grande mistério para nós dois.

Apesar das nossas diferenças gritantes e contrariando todas as probabilidades, eu e Mulder construímos uma parceria sólida no trabalho e, sem perceber, acabamos nos tornando amigos também.

Nós passamos por muitas coisas juntos. E sim, em alguns casos, eu não encontrei explicações científicas satisfatórias para o que estava acontecendo a nossa volta. Mas, o fato de eu não ter conseguido encontrar, não significa que a explicação não exista.

A verdade está lá fora. Em algum lugar. E, apesar de a imaginarmos de formas diferentes, Mulder e eu estamos empenhados nesta busca constantemente. Juntos, para desespero daqueles que queriam que eu ajudasse a desmoralizá-lo e a fechar os Arquivos X de uma vez por todas.

Respiro fundo e observo o cartaz na parede uma última vez, antes de dar as costas para ele. E é então que percebo que não estou sozinha na sala.

— Um chocolate pelos seus pensamentos, Scully — Mulder diz, parado diante da porta, carregando algumas pastas e sacudindo um chocolate na outra mão, antes de sorrir e arquear as sobrancelhas.

Não tenho ideia de há quanto tempo ele está aqui, mas a ideia de ganhar um docinho no final de mais um dia de trabalho me anima, me fazendo caminhar até Mulder e responder:

— Não é nada específico, eu só estava um pouco nostálgica.

— Mas já? Eu mal saí de férias e você já está com saudade de mim? — Mulder rebate com seu humor leve. E quando eu tento pegar o chocolate, ele afasta a mão e pergunta de um jeito mais sério: — Você vai ficar bem durante a minha ausência, certo?

Lhe lanço um sorriso amarelo, antes de pegar o chocolate da sua mão de qualquer jeito e responder:

— Não se preocupe, eu vou sobreviver, Mulder.

Abro a embalagem, enquanto caminho até a mesa, e me sento em sua cadeira. Dou uma primeira mordida no chocolate, relaxo e giro a cadeira para um lado e para o outro.

Então, Mulder se aproxima, começa a guardar as pastas em um armário arquivo ao meu lado e ironiza:

— Fique à vontade, Scully.

— Eu já estou, mas obrigada mesmo assim — rebato, antes de dar mais uma mordida no chocolate e lhe fitar de soslaio. — E não se preocupe, eu vou cuidar bem da sua sala durante as suas férias.

— Da nossa sala, você quer dizer, certo? — ele indaga, olhando para mim rapidamente e sorrindo, antes de voltar a arquivar os documentos.

— Eu não sei se é nossa sala, já que até hoje, eu não tenho sequer uma mesa. Muito menos, uma placa com o meu nome — deixo escapar, enquanto pego uma placa com o nome "Fox Mulder" em letras douradas diante de mim e a observo um tanto distraída.

Não sei por que eu disse isso, mas, às vezes, sinto que ter vindo trabalhar com ele anulou parte da minha identidade. Como se, ao entrar nesta sala, pela primeira vez, eu tivesse começado a viver à sombra de Mulder. Não por culpa dele, mas sim porque as circunstâncias me levaram a isso.

Por outro lado, sei que Mulder me respeita como profissional e como pessoa, apesar de, às vezes, se irritar um pouco com o meu ceticismo. Principalmente, quando apresento uma explicação racional para algo que ele acredita ser sobrenatural.

Nós tínhamos tudo para nos odiar e entrar em constante conflito por causa disso. No entanto, surpreendentemente, não foi isso o que aconteceu.

Independente dele ser, para muitos, um maluco excêntrico, e eu, alguém que só acredita naquilo que pode comprovar cientificamente, Mulder e eu nos tornamos parceiros. Mais do que isso, nos tornamos amigos. E, por isso... Sim, eu vou sentir a falta dele nessas duas semanas de férias.

O barulho da gaveta do armário sendo fechada me desperta de tais pensamentos, me fazendo colocar a placa no seu devido lugar, girar um pouco a cadeira e fitar meu companheiro de subsolo.

Então, Mulder se apoia no armário, passa uma das mãos pelo rosto e diz um pouco contido e sem graça:

— Eu não sabia que isso te incomodava, Scully. Na verdade, eu nunca parei para pensar nisso.

Arrependida pelo desabafo desnecessário e tentando tranquilizá-lo, me levanto da cadeira, ficando de frente para ele, e articulo:

— Isso não me incomoda de verdade, Mulder. Eu falei por falar. É bobagem.

Aparentemente pouco convencido disso, ele estreita o olhar na minha direção e, para minha surpresa, sugere:

— Sério? Porque eu acho que você está certa e deveria mesmo ter uma mesa aqui. — e após uma breve pausa, completa: — Se você quiser providenciar isso durante a minha ausência, por mim, tudo bem.

Engulo o último pedaço do chocolate, jogo a embalagem vazia em uma lixeira embaixo da mesa, dou uma boa olhada na minúscula e caótica sala ao nosso redor, depois cruzo os braços contra o peito, me volto para ele e, tentando conter o riso, exponho:

— Eu acho que nós temos um problema de... Espaço aqui, agente Mulder — e quando ele sorri em concordância, concluo: — Não se preocupe, eu não estava falando sério sobre a mesa. Está tudo bem.

Após me avaliar por um instante, talvez querendo se certificar de que eu estou senso sincera, Mulder assente:

— Okay.

Em seguida, resolvo mudar de assunto e indago:

— Então... Você quer que eu te leve ao aeroporto?

Com seu característico senso de humor, Fox responde cheio de si:

— Oh... Não, pode deixar. Eu ficaria de coração partido, quando você começasse a chorar e tentasse impedir o meu embarque, Scully.

Arqueio uma sobrancelha, enquanto o fito, fingindo certa indiferença, até que ele relaxa, pega a sua bolsa sobre a mesa, a coloca a tiracolo e explica:

— O Skinner me ofereceu uma carona.

Assinto com um breve meneio de cabeça, respiro fundo, sorrio discretamente e lhe desejo:

— Então, boa viagem.

Mulder sorri agradecido, dá uma passo a frente e me surpreende com um abraço meio torto, passando apenas um dos braços em volta de mim.

Assim que eu o abraço também, ele sibila de um jeito atencioso:

— Se cuide, Scully.

Ficamos assim por alguns instantes, até que nos soltamos quase ao mesmo tempo e nos fitamos em silêncio.

Em seguida, eu peço:

— Você também, Mulder.

Meu amigo e parceiro sorri mais uma vez, em concordância novamente, e começa a se afastar enquanto eu o acompanho com o olhar.

— Não chore, Scully. Eu volto logo. Quinze dias passam voando, você vai ver — Mulder diz do seu jeito brincalhão, antes de me deixar sozinha em sua sala. Em nossa sala, como ele mesmo disse.

Respiro fundo novamente e olho mais uma vez para o cartaz em nossa parede. O observo por algum tempo e leio a frase "I want to believe" mentalmente algumas vezes, antes de fitar o relógio em meu pulso e perceber que está ficando tarde.

Então, pego a minha bolsa sobre a mesa, caminho até a porta, dou uma olhada geral na sala e no cartaz, apago a luz e saio.

Três dias depois

Passa das oito horas da noite e eu estou em um laboratório médico, destinado à realização de autópsias, nas dependências do FBI.

Preciso fazer o procedimento em uma vítima de homicídio, sobre uma mesa diante de mim, e entregar o relatório completo para o agente responsável pelo caso o quanto antes. Ou seja, ainda hoje.

Meu trabalho no FBI é basicamente este. Determinar as causas das mortes e ajudar nas investigações. Isso quando eu não estou trabalhando em campo com o Mulder, é claro. Nessas ocasiões, o meu trabalho acaba se tornando mais amplo e, além de médica legista, eu atuo como agente federal e sua parceira.

Mulder, Mulder, Mulder...

Parece que ele viajou há meses e, no entanto, faz apenas três dias que nos despedimos em nossa sala no subsolo. Nunca pensei que poderia sentir tanto a sua falta, mas admito, estou com saudade dele.

Batidas na porta me despertam de tais pensamentos e, enquanto visto um avental por sobre a roupa especial de médica legista, digo:

— Pode entrar.

Logo, a figura de Walter Skinner, assistente diretor e meu superior e de Mulder, surge na soleira, quando ele abre a porta.

Depois de erguer o óculos, que estava escorregando na ponta de seu nariz, ele indaga um tanto surpreso:

— Ainda trabalhando, agente Scully? Está meio tarde.

Me apoio na mesa diante de mim e respondo calmamente:

— É um caso urgente e o legista de plantão teve um imprevisto. Mas, depois disso, eu vou embora, não se preocupe.

— Tudo bem — ele assente. — Então, boa noite e até amanhã, agente Scully.

Abro a boca para perguntar se ele falou com Mulder recentemente, mas Skinner desaparece tão rápido quanto surgiu. E eu sei que poderia, simplesmente, ligar para o meu parceiro, mas uma parte de mim tem receio de incomodá-lo.

Tudo o que quero é que Fox Mulder aproveite as suas merecidas férias. E claro, que não fique se vangloriando ao perceber que eu estou com saudade dele.

Pensando assim, respiro fundo, visto um par de luvas de látex, ligo o gravador ao lado da mesa e começo o relatório:

— 26 de julho de 2015, oito horas da noite. Eu sou a Dra. Dana Scully e vou realizar a autópsia de Kimberley Prescott. Mulher, trinta anos, um metro e setenta de altura, sessenta quilos. Provável causa da morte: envenenamento, causado por uma substância não identificada em exames preliminares.

Dito isso, pego um bisturi dentro de uma bandeja próxima ao gravador e começo o procedimento de fato.

Horas depois

Acordo assustada com o barulho do telefone tocando sobre o criado-mudo, ao lado da minha cama, onde me deitei há cerca de três horas, de acordo com o que marca o relógio ao lado do aparelho.

Sonolenta, estico a mão, pego o telefone e atendo mal humorada:

— Quem é?

— Steven Spielberg — uma voz masculina e familiar responde do outro lado da linha.

Reconheço tal voz imediatamente e resmungo com certa incredulidade:

— Mulder, pelo amor de Deus, você sabe que horas são?

— Sim, hora de você fazer as malas e pegar um avião até o Texas — ele responde simplesmente.

— O quê? — questiono confusa, sentando-me na cama.

É um caso, Scully. E eu preciso da sua ajuda — Mulder diz empolgado, como se isso fosse explicação suficiente.

Passo a mão pelo rosto, numa tentativa de espantar o sono que sinto e, em seguida tento chamar meu amigo de volta à realidade:

— Mulder, você está em férias. Se surgiu alguma coisa, o procedimento correto é você reportar o ocorrido ao FBI e...

Eu já fiz isso — me interrompe um tanto afoito. — Eu liguei para o Skinner, há pouco.

Franzo o cenho e indago surpresa:

— Você o acordou também?

Sim, e ele ficou bem nervoso, por sinal — admite sem qualquer cerimônia e rindo um pouco. — Mas, o importante é que ele concordou em enviar a melhor agente do FBI para me ajudar. No caso, você, Dana Scully.

Solto um suspiro incrédulo e mudo o telefone de lado, antes de retrucar:

— Sabe, eu vou precisar de muito mais que um elogio despretensioso e velado como esse para sair desta cama e fazer as minhas malas. Então, do que se trata?

Para minha surpresa, ele desconversa:

Desculpe, Scully, mas isso não é o tipo de coisa que dê para explicar por telefone.

— Mulder... — começo a dizer.

No entanto, sou interrompida na sequência por um Fox Mulder ainda mais empolgado:

Você precisa ver com os seus próprios olhos. Ver para crer, sabe?

Não sei se terei respostas, mas resolvo insistir mesmo assim:

— O que está acontecendo? Me diga o que está acontecendo ou então nada feito.

Eu tenho que desligar. Me avise quando você chegar ao aeroporto. Eu te busco — é tudo o que o meu parceiro e amigo diz.

Mesmo prevendo que será em vão, o chamo algumas vezes:

— Mulder? Mulder! — e, quando percebo que ele encerrou a ligação, resmungo baixinho: — Ótimo...

Respiro fundo e coloco o telefone de volta na base. Em seguida, me deito na cama e fecho os olhos.

Uma parte de mim está disposta a ignorar completamente aquela ligação e voltar a dormir, afinal, se Mulder quer mesmo a minha ajuda, o mínimo que ele deveria ter feito era ter me dado mais detalhes sobre o assunto. Algum detalhe, pelo menos.

No entanto, a outra parte de mim não vai me deixar pegar no sono, se eu ignorá-lo. Eu não posso fazer isso. É o Mulder e ele precisa da minha ajuda.

Sendo assim, abro os olhos, fito o teto por alguns instantes, enquanto respiro fundo, e quando dou por mim, já me levantei da cama.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Sim? Não? Talvez?

É só o começo, people! Vem muito mais por aí eheheheh

Obrigada a quem leu, reviews são muito bem vindas e inté a qualquer momento!



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