Apaixonado Por Um Poste! escrita por bubbigless


Capítulo 3
Apenas mais um dia.


Notas iniciais do capítulo

Neem acredito! Quatro comentários. Obrigada á Sean Sky, Insane, ELF Debora e Senhorita Di ângelo. Vocês são incríveis



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Finalmente o sinal que indicava o final das aulas tocou. Joguei meu material na mochila o mais rápido possível, enquanto procurava Amie, ou Sam. O que me faz lembrar como o dia foi perfeito. Quem tem tanta sorte para conseguir fazer duas amigas incríveis no primeiro dia de aula? O interessante é que elas são tão fofas. Vivem brigando, discutindo por qualquer bobeira, tanto na sala de aula (no horário de biologia, quando o professor estava corrigindo a atividade, e, em uma determinada questão, Samanta berrou que era alternativa ‘a)’, enquanto Amie contrariou prontamente, dizendo que era ‘b)’, enquanto trocava olhares sinistros; por fim, acabou que na verdade era a ‘e)’ e as duas não abriram a boca até o final da aula) quanto no intervalo, que ficamos nós três na quadra, vendo o terceiro ano jogar basquete. Nesse período, elas brigaram por causa do time que ganharia o jogo, do menino mais bonito, e, o que rendeu mais, “o que é melhor, anime ou desenho?”. Foi engraçado de se ver.

— Até mais, Sebo! — Amie me deu um peteleco na cabeça. Ela havia me dado um apelido bem criativo ao longo do dia. De acordo com o Google (sim, eu pesquisei durante o intervalo) sebo é “produto de secreção das glândulas sebáceas, composto de gordura, ceratina e detritos celulares, cuja função é proteger a pele.” Então, de certa forma, não é tão ruim assim, certo?

— Tchau, berinjela! — dei uma leve puxada em seus fios roxos, fazendo-a fazer uma careta com o contato.

— Nós vemos amanhã então — acenou e logo saiu da sala, totalmente apressada. Nem deu tempo de questionar sua pressa, já que Sam apareceu logo depois, fazendo um coque com seu cabelo avermelhado.

— Ela já foi, ainda bem! — brincou, colocando a mochila em um ombro. Logo, um sorriso brincalhão brotou em seus lábios de gloss. — Aliás, você vai de ônibus?

— Na verdade, eu não sei... — dou ombros, lembrando que tenho que conferir se vou receber carona na volta.

— Ahn — olhou em seu relógio de pulso azul. — Droga! Eu vou perder o meu! — e, antes de sair correndo, beijou minha bochecha delicadamente. — Tchau, tchau, fofo.

Aproveitei que estava sozinho e tirei o aparelho da mochila. Como estava ligado, logo vi que tinha uma mensagem nova. Abri curioso, querendo saber se era da Camily.

“Sebastian do meu coração, eu e o Carl temos que ficar aqui na facul terminar nosso trabalho de engenharia, mas o Charlie vai te buscar, relaxa. Até de tarde!”

Meu estômago se embrulhou no mesmo momento. Eu e o Charlie, sozinhos dentro de um carro. Quero dizer, não é nada de mais, certo? Somos homens, vizinhos. Nada de errado. Desmanchei o pensamento, lembrando que ele poderia já estar me esperando lá fora, por isso, passei a alça da mochila pelo pescoço e deixei a sala – que já estava quase toda vazia. Os corredores ainda estavam cheios.

Havia alunos conversando, guardando livros e cadernos em seus armários, ouvindo música, fazendo trabalhos ou deveres. Eu gostava de fazer isso. Observar as pessoas a minha volta. Ver os detalhes do cenário, os figurantes. Afinal, se focarmos apenas nos principais, qual seria a graça? Dei uma risada de mim mesmo, e, finalmente consegui sair da escola em si, desviando de pessoas e bolinhas de papel.

Quando cheguei ao final da calçada, senti que meu coração parou de bater por alguns segundos. Lá estava Charlie, escorado no carro super-fantástico. Usava seus óculos escuros e mascava um chiclete lentamente. Ao me ver, seus lábios se torceram em um sorriso encantador. Andei até ele e tentei sorrir.

— Oi... Desculpe a demora — gaguejei.

— Tudo bem, acabei de chegar — ele tocou superficialmente meu cabelo, acariciando-o de leve. Sorri com seu toque. — Entra... Aí — sussurrou, sem tirar a mão de mim. Estava bom, de verdade.

Segundos depois, infelizmente, ele quebrou nosso contato e virou de costas, entrando no carro. Corri para o outro lado e me sentei no banco do passageiro. Antes de ligar o motor, Charlie se virou para mim – novamente.

— E então? — indagou. — Como foi o primeiro dia?

— Bem legal, na verdade — senti meus olhos brilharem. — Fiz duas amigas incríveis! E... Conheci os professores também, a maioria é bem gente boa... — menos o professor Joshua, que fica pegando na bunda dos alunos, pensei em acrescentar, mas preferi ficar quieto.

— Professores gente boa? — riu. — Eu odiava todos, já que todo mundo pegava no meu pé. Tirando o Josh, que pegava em outra coisa minha — revirou os olhos, enquanto eu arregalei os meus. Será que Charlie também foi a “presa” do professor? Logo, ele deu a ignição e arrancou o carro. — Ah! Antes que me esqueça, a Camily pediu para que eu te convidasse para um acampamento lá em casa. Vai ser essa sexta-feira a noite.

— Acampamento? — perguntei curioso.

— Ah, sim — suspirou, ainda olhando para frente. — Fazemos isso com bastante frequência... Nosso pai nos ensinou a acender uma fogueira, então acampamos lá no quintal mesmo, enquanto comemos marshmallow e tocamos músicas no violão.

— Uau, que fantástico! — exclamei. — Tenho que olhar com minha mãe se posso — cocei a nuca. — Mas como acho que ela vai deixar, eu com certeza irei.

— Tomara... Seria divertido se fosse pudesse ir.

Sorri quando ele terminou de falar, e soltei um riso meio sem graça, sem saber o que dizer. Charlie também não abriu a boca pelo resto do caminho – que foi bem curto, na verdade. Ao parar o carro na nossa rua, se virou para mim, tirando os óculos escuros e me fitando com aquelas safiras brilhantes.

— Até amanhã, então? — sussurrou, passando a língua no lábio superior.

— Claro — gaguejei. — Obrigada pela carona.

Disponha Sebastian — disse, com um sorriso torto.

Saí do carro o mais rápido possível, com minhas bochechas queimando como se alguém tivesse acendido um fósforo perto delas. Não olhei para trás, não queria que Charlie visse que eu fiquei com vergonha. Abri porta de casa e entrei como um furacão, indo logo para a cozinha, onde mamãe costuma ficar quando não está abrindo caixas e organizando coisas. Mas, ao invés de acha-la, avistei um papel grudado na geladeira com um imã. Aproximei-me um pouco hesitante.

Querido, esqueci-me de lhe avisar, mas meu trabalho começa hoje de tarde. Por isso você não vai me encontrar quando chegar em casa. Devo voltar por volta das sete horas, não se esqueça de lanchar, tudo bem? Seu almoço está no micro-ondas, coma tudo. E, quando voltar quero saber de tudo que aconteceu no meu primeiro dia, não vai adiantar fugir, bebê.

Te amo, mamãe.”

Suspirei, soltando uma risada. Minha mãe adora colocar ‘te amo’ no final de tudo que me mandava, além de me chamar de ‘querido’ e ‘bebê’. É um pouco engraçado, se pensar bem. Amassei o papel e joguei na lixeira que ficava ali do lado e, como não estou com fome, decidi dormir um pouco. Corri para o quarto no andar de cima e pulei na cama, não sem antes olhar para a janela e descobrir sobre minha visão privilegiada para a casa da frente, ou seja, da Camily, Charlie e Carl. Felizmente ou infelizmente, no exato momento que estava olhando para lá, Charlie saiu da casa, sem camisa. Arfei com a cena, poderia ficar aqui, fitando o corpo escultural pelo resto do dia. Parei de olhar, completamente constrangido e apertei meu rosto contra o travesseiro, pensando no que estaria acontecendo comigo, tendo pensamentos tão estranhos com outro homem.

♥♥♥♥ No dia seguinte... ♥♥♥♥

Despedi-me de Charlie, Camily e Carl e corri para dentro da escola, encontrando Amie sentada em um banco de concreto, me fitando curiosa. Cheguei mais perto, lhe dando um beijo de esquimó na bochecha.

— Pode me dizer o que estava fazendo no carro dos Ducan? — exclamou um tanto eufórica.

— Hum... Eles me dão carona apenas — dei ombros, me sentando ao seu lado.

— Você os conhece? — arregala os olhos.

— Não, querida — sorrio sarcástico. — Toda manhã eu entro no carro de desconhecidos e venho para escola, e, depois de seis horários aprendendo coisas super úteis, estes mesmos desconhecidos vêm me buscar. Eu já falei que eles são desconhecidos?

— Idiota! — bufa cruzando os braços.

— Eles são meus vizinhos — explico. — Os conheço a mais ou menos uma semana, eu acho.

— Que fantástico! Por que não me contou antes?

— Por que eu contaria? — perguntei confuso. — Quer dizer, quer que eu fale dos meus vizinhos? Tem uma velhinha lá que tem cinco gatos... Ela fica observando os outros da janela da sala. E também tem o... — foi interrompido.

Argh — revira os olhos. — Não de seus vizinhos, apenas dos Ducan!

— Tá. O que eles têm de tão importante?

Amie, após de me olhar como se eu fosse um e.t., começa a puxar os fios roxos para trás formando um rabo de cavalo, enquanto me explica calmamente.

— Como a maioria de nós — começa. — Camily, Carl e Charlie Ducan estudaram aqui desde sempre. Afinal, essa é a única escola da cidade. Mas eles tiveram uma fama bem peculiar por aqui. Eram conhecidos como os delinquentes da escola. Porém, mesmo com tudo que faziam... Como arrumar briga com todo mundo ou quase viver na diretoria, todo mundo queria andar com os três. O estranho, é que eles nunca quiseram incluir ninguém no grupinho deles. Você é, tipo, o primeiro dos primeiros — olhou-me desconfiada. — O que você fez?

Demorei alguns segundos para assimilar sua pergunta.

— O que? — franzi a testa. — Acha que eu os subornei ou alguma coisa assim?

— Ah, por favor, Sebastian — revirou os olhos. — As meninas mais popularzinhas daqui já tentaram entrar para o grupo deles. Os jogadores de basquete também. Até os pequenos grandes Einsteins! — fez aspas com a mão. — O que o senhor cabelo Justin Bieber tem de tão especial assim?

— Eu não fiz nada — a fitei ofendido. — Eles que me abordaram quando estava indo para o supermercado! — cruzei o braços.

Amie soltou um riso.

— Será que posso te dissecar, e ver o que você tem de tão especial?

— Vai sonhando, berinjela — bufei.

Ela soltou uma gargalhada, que se coincidiu com a chegada de Samanta. Ela possuía um sorriso enorme estampado no rosto.

— Bom dia, gente! — exclamou, abraçando meu pescoço.

— Olha quem chegou animada — Amie provocou.

— Aconteceu algo? — indaguei curioso.

— Vou ser direta — abriu ainda mais o sorriso. — Tenho um admirador secreto!

Franzi a testa.

— Oi? Como assim?

— Ontem, quando estava guardando meus cadernos no armário, um papel cor de rosa caiu de lá. E, como eu só o vi quando já havia fechado o armário, amassei no bolso para ver depois o que era — deu uma pausa para respirar. — Quando cheguei em casa e li tudo, vi que era um lindo poema de amor, assinado por “seu admirador secreto”.

— Sabe por que esse seu admirador secreto só te admira? — Amie perguntou. — Por que sabe que você é insuportável de perto.

Samanta fez careta, sem parar de sorrir.

— Nem você vai afetar meu humor hoje, fofa — mostrou a língua.

O sinal logo bateu, fazendo com que eu chamasse as meninas para irmos para sala logo. Se bem, que eu gostaria muito de faltar a aula de geografia, já que o professor é ninguém menos que Joshua, que me assediou ontem. Andamos lentamente até a sala, e, por culpa do destino, topamos com o professor.

— Bom dia, senhoritas... Martinez e Miller! E, senhor Johnson — sorriu em minha direção, tocando levemente o topo da minha cabeça, me lembrou imediatamente de Charlie, e soltei um suspiro. O toque desse velho nem de perto é bom quanto o de Ducan. — Animados para aula de hoje?

— Totalmente prof — Amie diz animada. — Vamos ver aquele filme sobre a União Soviética, não vamos?

— Sim, claro. Até eu estou ansioso para isso — riu, com aquela voz rouca, sem tirar os olhos de mim.

— Claro que está — Samanta entrou na conversa. — Afinal, o senhor se profissionalizou nisso por eu gosta, não é?

— No meu caso, sim, eu amo geografia — afirmou. — Mas nem sempre é assim, infelizmente. Como também nem sempre ficamos com quem queremos — me fitou novamente, mordendo o lábio inferior.

Reviro os olhos mentalmente, tentando imaginar como seria o restante do ano, com esse professor completamente pervertido e perseguidor de alunos inocentes.


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