Apaixonado Por Um Poste! escrita por bubbigless


Capítulo 2
A escola... E o professor.


Notas iniciais do capítulo

Ei, cinco pessoinhas que estão acompanhando, deem um 'oi' nos comentários, o que acham? *-*
Enfim, escrevi rápido por ser o segundo cap. então aí está ^-^
ENJOY!



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Eu já havia me mudado há uma semana. Ainda tinham algumas caixas espalhas pela casa, mas, a maioria eu e minha mãe já havíamos conseguido colocar em seus respectivos lugares. Ela passava horas do dia arrumando tudo freneticamente; acho que é por que meus avós e tios vêm nos visitar esse fim semana, conhecer a casa e... me conhecer. Eu nunca tive nenhum contato com parentes maternos; pelo que eu sei, toda a família odiava meu pai, e nunca quiseram ir para nossa casa em Nova Iorque, ou então que o homem que me criou viesse aqui. Por isso, mamãe está deixando tudo perfeito. Eu queria ajuda-la, mas ela sempre me manda para fora de casa, comprar comida, toalhas, papel higiênico, e, recentemente, tive que ir escolher meus cadernos e demais materiais escolares. Afinal, minhas aulas começam hoje.

— Você vai conseguir? — mamãe me apertava contra ela, com uma voz chorosa. — Quer que eu vá com você?

Mãe — murmurei constrangido. — Eu vou ficar bem. É só... Escola.

— Não quer uma carona? — indagou, me soltando. — Posso te levar e te buscar...

— Não precisa se preocupar — sorri. — Camily vai me levar, é caminho da faculdade dela e dos irmãos.

— Camily? — pensou. — Ah, sim! Aquela sua amiguinha?

Amiga — corrigi soltando um riso.

— Quero conhecê-la... Podia convidar ela e os irmãos para vir aqui hoje a noite!

— Acho melhor não — suspirei. Camily não faz o tipo que as mães costumam gostar que seus filhos andassem. Ela era meio revoltada com a vida, possuí muitas tatuagens e piercings no corpo, além de um gênio forte, e não se importar em arrumar uma briga.

— Ora, qual o problema? — franziu a testa.

— Nada... É só... — fui salvo com a buzina vinda do lado de fora da casa. — Eles chegaram mãe — dei um beijo em sua bochecha. — Até daqui algumas horas.

— Se cuida, Sebastian... — sorriu, mas ainda pude sentir sua desconfiança.

Passei a bolsa pelo pescoço e corri para fora em poucos passos. Lá, dei de cara com um Mini S Cabrio. Sempre fui muito fã de carros, e, quando avistei aquele automóvel, senti meus olhos brilharem no mesmo instante. Quem dirigia era o Charlie, e, quando pousei meu olhar sobre ele, este me olhava com seus lindos óculos escuros e sorria, mostrando as covinhas. No banco do passageiro se encontrava Carl, com fones de ouvido. Andei até o carro um pouco hesitante, e rapidamente recebi um abraço de urso de Camily, que estava debruçada no banco de trás até então.

— Bom dia, Sebastian! — exclamou, dando uma leve mordida na minha bochecha.

— Ahn, bom dia para vocês — sorri amarelo, entrando no carro.

Antes mesmo de eu me sentar direito, Charlie já arrancou o carro, me fazendo ser pressionado contra o banco de trás.

— Animado para o primeiro dia? — Camily me cutucou. Tirei os olhos do motorista e sorri para ela.

— Nem um pouco — murmurei sincero, arrancando risadas da baixinha.

— Não se preocupe, a gente estudou lá ano passado, e, os alunos são bem legais na verdade — me reconfortou.

— Tudo bem — suspirei passando a mão superficialmente pelo cabelo. Hoje foi o primeiro dia que o penteei de verdade. Geralmente eu apenas passo a toalha nele, mas, não sei por que, senti a necessidade de ficar apresentável; por isso, o arrumei de lado, como vi um tutorial no youtube. Espero que tenha ficado bom. — Boa sorte para vocês na faculdade.

— Ah, a gente já se acostumou. Afinal, estamos no meio do ano letivo — deu ombros, o que fez meu estômago embrulhar. Eu havia me esquecido completamente. Hoje não era o primeiro dia de aula... Não teria mais alunos como eu, totalmente perdidos. Já se passaram seis meses desde o inicio, e todos já devem estar inclusos em seus respectivos grupinhos. Estou totalmente sozinho nessa. — Ei, Se, você tá ficando verde — sussurrou.

Dei leves tapinhas no rosto, para voltar ao normal, e murmurei um “ah, estou bem” para Camily. Segundos depois, Charlie se virou para trás, ainda sorrindo. Só então notei que estávamos parados.

— Chegamos, Sebastian.

— O que? — exclamei. — Já?

— A escola é perto da nossa rua — informou-me. — Boa sorte — terminou a frase dando uma leve mordida no lábio inferior.

Saí do carro, e, então percebi que havia vários alunos observando o carro que estava parado ali. Quando me virei para trás, Charlie deu um aceno com a cabeça e arrancou o carro, a última coisa que ouvi foi Camily gritar um “boa sorte, Sebastian”, prolongando a última sílaba exageradamente. Os alunos me encaravam curiosos, deixando minhas bochechas vermelhas rapidamente.

Comecei a caminhar para dentro da escola, torcendo para que o dia acabasse logo. Aproximei-me de um velhinho que estava quase dormindo sentado em uma cadeira perto da entrada, imaginando ser o porteiro, lhe perguntei onde ficava a secretaria. Ele me olhou de cima a baixo antes de responder, como se me analisasse, e, por fim, me explicou o caminho detalhadamente.

Eu nunca havia me mudado. Sempre estudei na mesma escola desde o primário, por isso, nunca tive a oportunidade de ser novato na escola. Hoje, é o primeiro dia em toda minha vida em um colégio diferente. O que posso dizer? As pessoas são cruéis, mesmo que sem perceber. Eles encaram os alunos novos, e ficam fofocando com os amigos. E isso é tão constrangedor! Sempre fui o tipo de pessoa que quando via alguém diferente na escola, nunca me aproximava, apenas ficava encarando; e, tendo agora a experiência de ser ‘o encarado’, ao invés de quem encara, me arrependo completamente.

Quando cheguei á diretoria, meu rosto queimava. A assistente, eu acho, me olhou como se estivesse passando mal.

— Posso ajuda-lo rapazinho? — perguntou como se eu fosse uma criança, enquanto me analisava. Será que tenho cara de delinquente? Está todo mundo me analisando!

— Hum... Eu sou novo por aqui — tentei pensar nas palavras certas.

Ela sorriu abertamente.

— Ah, sim! — exclamou. — A diretora Elizabeth me falou de você — e deu uma pausa, pensativa. — Sebastian Johnson?

Assenti e ela sorriu mais ainda, abrindo a gaveta de sua mesa e tirando de lá alguns papéis.

— Aqui estão seus horários, salas, professores, matérias e a senha do seu armário — esticou o braço para que eu fosse lá pegar. — Você já está a par das regras do nosso colégio?

— Sim... senhora — murmurei, analisando superficialmente a papelada em minhas mãos.

Não muito convencida, ela se levantou e pegou um panfleto, me entregando.

— Aqui. Tudo que você precisa saber — olhando no relógio de pulso, deu leves batidinhas no meu ombro direito. — Sebastian, você já tem que ir para sala, daqui a pouco a aula começa. Pode pedir ajuda á alguns alunos se precisar. E... Ah! — estralou os dedos. — Venha aqui no período do intervalo, a diretora quer falar com você.

— Tá. Obrigada — tentei sorrir, mas acho que saiu um pouco falso.

Quando saí da secretaria, os alunos andavam para o mesmo lado. Todos animados, conversando, rindo e brincando com seus amigos. Talvez chegue a minha sala (103) se seguir o fluxo. Percebi que não chamava tanta atenção como alguns minutos atrás, e isso me aliviou profundamente; principalmente quando me senti totalmente perdido, e acabei tropeçando na lixeira. Por pouco meu rosto não é estreado pelo chão. Continuei a andar como se nada tivesse acontecido, não evitando soltar uma risada de mim mesmo.

Não demorei tanto para achar minha sala. Os numerais, 1, 0, e 3 estavam bem cima da porta, que estava totalmente aberta. Não havia muitos alunos dentro, apenas um grupinho mais no fundo, que nem notou minha presença. Coloquei minha bolsa na última mesa, perto da janela e aguardei a chegada do professor.

Minutos depois, um homem jovem, com, no máximo, trinta anos, adentrou na sala com um sorriso enorme estampado no rosto. Seus olhos eram castanhos esverdeados, e o cabelo grande, á altura dos ombros; um pouco ondulado e da cor escura. Não era tão alto, e também não tinha músculos, mas, de fato, pude ouvir algumas meninas ali suspirarem com sua entrada.

Seu olhar em algum momento pousou em mim, fazendo-me sorrir instantaneamente. Ele imitou a ação.

— Se eu fosse você não dava muita bola para o professor.

Virei o rosto para identificar de onde vinha a voz, e acabei encontrando uma garota um pouco gordinha sentada na cadeira ao lado. O que mais me chamou atenção foram seus fios pintados de roxo.

— Ele costuma se aproveitar de alunos novatos — soltou um riso sarcástico. — E, sim. Alunos. A-lu-nos. No masculino. Nosso querido professor é homossexual. Mas todo mundo já se acostumou. Aliás, sou Amie Martinez. Jornalista-chefe.

Uou. Como essa garota fala.

— Sou Sebastian. Por enquanto nada de importante por aqui — sorri sincero em sua direção.

— Sebastian — repetiu meu nome, pensativa. — Oh! Sebastian! Tem um personagem de um anime com seu nome! — exclamou.

— Hum... Anime? — indaguei.

— Sim, ora. Animações japonesas, você nunca viu?

— Creio eu que não — dou ombros. Ela me encara com uma careta.

— Você não saber viver a vida — afirma. — Animes são ótimos.

— Animação é a mesma coisa que desenho, eu acho. Então... É basicamente desenho asiático? — franzo a testa.

Amie emburra a cara instantaneamente.

— Ei, ei, ei. Não ouse dizer que anime é desenho! — exclamou.

Reprimi os lábios para soltar um riso.

— Alguém falou de desenho? — uma garota magicamente apareceu ao lado de Amie. Ela possuía cabelos ruivos em conjunto de olhos azulados, e também continha um pirulito na boca rosada.

— Na verdade, estávamos falando de animes, querida — a de cabelo roxo fitou a menina. — E com “estávamos” quero dizer eu e o Sebastian, ou seja, você não está inclusa.

— Então seu nome é Sebastian? — ignorou a grosseria de Amie, se virando para mim. — Sou Samanta, é um prazer.

— Não posso dizer o mesmo — se interviu Amie.

— Você é novato, não é, Sebastian? — Samanta sorriu. — Nunca te vi por aqui.

Ahn, sim. Acabei de me mudar — cocei a nuca, um pouco constrangido.

— E você vem de onde? — a ruiva indagou curiosa.

— Nova Iorque — sorrio.

Os olhos de ambas brilharam.

— Que fantástico! Por que se mudou? — Amie indagou totalmente curiosa. Sorri torto para ela.

— Meus pais se separaram, então vim com minha mãe para cá, já que é a cidade na qual ela foi criada.

— E seu pai, para onde foi? — foi a vez de Samanta.

— Eu não sei — dou ombros.

Ambas abriram a boca para dizer (ou perguntar) algo, mas foram interrompidas pela voz rouca do professor lá na frente. O homem estava com os braços cruzados, e, como usava uma regata branca, seus braços bronzeados estavam perfeitamente visíveis. Ele sorria abertamente, olhando em minha direção:

— Beleza, gente — bateu palmas para chamar atenção. — Já tá na hora de começar a aula... Mas antes, fiquei sabendo que temos um aluno novo. Será que o senhor... Sebastian pode vir aqui na frente, por favor, se apresentar?

Senti minhas bochechas tomarem uma coloração avermelhada quando senti todos os olhares da sala sobre mim. Só consegui me levantar quando Amie me deu um tapinha nas costas, fazendo-me acordar para realidade. Andei com as pernas trêmulas até a frente da sala, ficando ao lado do professor. Este, carinhoso- até demais, para o meu gosto -, se aproximou, colando nossos corpos.

— Então. Pode começar, Sebastian — diz.

— Hum — gaguejo. — Não tenho nada para falar.

— Já temos um começo — sorri. — Pelo visto você é uma pessoa tímida.

Assinto completamente desconfortável.

— Pode dizer sua idade, o que gosta de fazer... ou sua matéria preferida.

— Meu nome é Sebastian Johnson, tenho quinze anos, gosto de ficar em casa e jogar vídeo game, e prefiro história — digo, rápido demais, tirando alguns risos dos alunos. — Pronto. Posso me sentar?

— Só isso? Nada mais a acrescentar? — franzi a testa.

— Sim senhor.

— Então pode ir — pisca para mim. E, quando vai se afastar de mim, juro que aperta minha bunda discretamente. Arregalo os olhos, e ele se finge de desentendido, voltando a se sentar a sua mesa. Saio correndo dali, sentindo que não me simpatizei com aquele professor. Amie e Samanta, quando voltei, ainda estavam nos mesmo lugares que antes, com sorrisos maldosos nos rostos, como se dissessem que viram tudo que aconteceu.

— Parabéns, Sebastian, você é a nova presa do senhor Joshua — Amie gargalhou, dando leves tapinhas em meu ombro.


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