Madness Of Teens escrita por Thamiris Malfoy, Marina G


Capítulo 16
Verdes opacos


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores do meu coração!
Como estão? Bom esse capítulo está bastante tenso. As máscaras começam a cair.
Espero que gostem...
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634308/chapter/16

Caleb andava distraidamente pelo campus da universidade, normalmente ele fazia isso para tentar se acalmar, mas ultimamente isso não vinha dando certo. A briga com a irmã o deixava triste, estressado e com raiva, fazendo com que as pessoas o temessem. Mas ele não estava arrependido de ter exigido que a irmã se separasse daquele britânico. Seus olhos percorreram o campus, afim de encontrar Lúcia, mas o que viu lhe causou um embrulho no estomago. Um pouco longe dali estavam Líliam e James andando de mãos dadas. O sorriso da irmã era cativante e ela transpirava felicidade, mas James estava rígido e pálido, como se estivesse em um conflito interno. O garoto não entendeu o por que de tanto mistério, mas resolveu tomar a atitude mais sensata para aquela situação.Pegou o celular e procurou o nome de seu pai. Não demorou muito para que Antoni atendesse.

Alô?

– Pai? Tudo bem?

Tudo! Eu e sua mãe... Caleb?– Antoni se interrompeu ao perceber o tom de voz do filho - O que aconteceu? As suas irmãs estão bem? Aconteceu algo com você?

Caleb respirou bem fundo antes de começar a contar a história de James e seu misterioso avô para o pai. Ele contou sobre o jantar, sobre como Edmundo se interessara por Lily e também contou de sua falha tentativa em afastar a irmã de James. Antoni ouvia tudo atentamente. Caleb percebeu que sua mãe estava perto, pois ouviu o pai repetindo algumas das coisas que ele contava pelo telefone, chegou até a ouvir as exclamações preocupadas da mãe ao longe.

Caleb– disse Antoni por fim, com a voz tensa e preocupada - Esse senhor... Ah meu Deus, como ele nos encontrou?! Ele é seu avô.

Caleb arregalou os olhos e ficou em silêncio, pasmo por alguns instantes sem entender muito bem o que mais o pai falava do outro lado da linha. "Inglaterra...", "Pensei que ele não iria voltar a nos procurar". Aquelas eram palavras vagas e distantes, até mesmo para Antoni. Como ele não havia percebido aquilo antes? Os olhos de Lily eram os mesmos que os de Edmundo. O porte alto e esguio, que ele também tinha, as feições e traços que se pareciam com os do pai. Por que não havia pensado nisso antes? É claro, porque era algo que considerara impossível acontecer até então.

– Então James é....? Mas como?

Primo de vocês. Meu pai... Teve relacionamentos fora do casamento. Talvez tenha sido fruto disto. Não sei bem, pois nunca fiquei com ele o suficiente para descobrir mais que isso. Ele sempre foi cauteloso com suas coisas. Cal, eu e sua mãe queremos que você e as meninas voltem para o Rio. Amanhã mesmo, está me entendendo?

– Sim eu... Entendo.

– Ótimo, tentem agendar o primeiro voo e me liguem assim que saírem de Minas e assim que chegarem ao aeroporto daqui.

– Lily vai...

– Líliam vai vir, quer queira ou não. Mas se ela está tão envolvida com os dois como você disse, quero que me deixe contar a ela sobre seu avô.

– Tudo bem - disse Caleb - Mas papai e se a Lily não quiser ir?

– Grite com ela e ameace amarrá-la. Quando ela chegar, terei uma conversa com essa mocinha. - disse Antoni com um tom que não permitia questionamentos.

– Ok pai. -respondeu Caleb enquanto se dirigia para onde a irmã estava.

(***)

– Lilian! - exclamou Caleb sem se importar com o gelo que a irmã estava dando nele, ao menos desta vez ele conseguiu fazer com que ela o olhasse - Estamos voltando para o Rio de Janeiro amanhã. Precisamos voltar para perto de nossos pais. - Por um instante os olhos da garota estavam assustados.

– Aconteceu algo com nossos pais? - mas ao observar melhor, ela pode ver que a expressão de Caleb não dizia bem isso - Você... VOCÊ!!! O QUE VOCÊ FALOU PARA ELES? FIQUE SABENDO QUE NÃO TEM ESSE DIREITO CALEB, DE SE METER NA MINHA VIDA!

James ao lado da garota era puro espanto e confusão. Nada poderia deixá-lo mais patético, pensou Caleb. Ele estava enfurecido com o rapaz também.

– Você! - disse Caleb para James, com os olhos dourados em plena fúria - Isso é tudo culpa sua! Não. Nem tente mais fingir, já descobri todo o seu joguinho, seu e de SEU avô! Vocês me enojam. - Lilian olhou confusa de James para Caleb sem entender o que estava acontecendo. James estava com as mãos tremulas e o rosto pálido.

– James? - disse Lily baixinho - O que está acontecendo? Do que ele está falando? - Mas o rapaz não movia um músculo sequer.

– Vamos, conte a ela seu covarde! - esbravejou Caleb com a face rubra.

– Tudo bem - disse James recuperando a voz por fim, fazendo com que o coração de Lilian batesse muito mais acelerado do que já estava - Você pode...? Preciso de um momento com ela.

– Você não merece - disse Caleb cruzando os braços, mas se distanciando dos dois mesmo assim. No entanto escolheu um local de onde poderia retornar a irmã facilmente e ainda observá-los.

– O que está acontecendo James?

– Líliam, eu ... - falou o garoto um tanto perdido. Líliam estava com os olhos doces e compreensivos, mas ele não poderia estragar os planos de seu avô. Edmundo havia dado tudo à ele, mas a garota que ele amava estava ali na sua frente com olhos curiosos. Só agora que estava prestes a perde-la ele podia sentir que amava aquela ruiva teimosa, mas não poderia trair o avô. - Líliam eu quero terminar, seu irmão está certo. Eu não sou uma boa pessoa.

– Ei, olhe pra mim- disse a ruiva segurando o rosto de James na mão. - eles não irão me separar de você. James eu... eu amo você. - O garoto sentiu as lágrimas arderem e um nó se formar em sua garganta, eu tenho que ser forte, pensou o rapaz.

– Desculpe Líliam, mas isso que aconteceu entre nós não significou nada pra mim. - A garota fitou os olhos de James afim de ver se tudo era uma enorme brincadeira, mas o olhar dele era frio como gelo.

– C-como assim? James por favor, não ligue para o que Caleb fala. Eu vou lutar por nós dois.

– Garota, se toca!Eu nunca gostei de você. Eu apenas queria curtir e acho que isso foi longe demais. - disse o garoto com um sorriso cínico nos lábios. Líliam baixou os olhos e por um momento ficou quieta. Mas para a surpresa de James, a garota segurou firme em seus pulsos e envolveu suas mãos na própria cintura e jogou seus braços em volta do pescoço dele.

– Me prova que você não me ama. Pare de tremer e me prova que eu não significo nada pra você. - disse a garota enquanto roçava seus lábios no queixo de James - Vamos James, me diz que não se importa- sussurrou a garota.

Sem conseguir resistir, James segurou na nuca da garota e encostou os lábios no dela. O beijos era voraz, cheio de paixão e raiva. James virou Líliam e a encostou em uma árvore colando ainda mais seu corpo ao dela. Mas antes que o beijo ficasse mais quente, Líliam sentiu alguém puxando James. Depois do torpor do beijo, a garota viu Caleb dando inúmeros socos no rosto do garoto, sendo separado por um dos seguranças da universidade. James estava ensanguentado no chão tentando se levantar.

– James, oh meu Deus. - disse Líliam enquanto corria para acudir o menino.

– Me larga sua louca, me deixa em paz. EU - NÃO- AMO- VOCÊ. Me esquece estábem? - respondeu o menino enquanto empurrava Líliam para longe e a encarava com puro ódio, a garota ficou ali de joelhos no chão com a respiração acelerada e as mãos no peito. Ele pegou suas coisas e se afastou, sendo engolido pela multidão de alunos.

Líliam sentiu os olhos embaçarem e uma dor imensa no peito que fez ela se encolher. Nunca havia pensado que James não gostasse dela. Caleb sempre teve razão, ele havia destruído toda sua vida. Quando conseguiu sair do seu transe, percebeu que Caleb a abraçava e pedia desesperadamente que ela respirasse. Só então percebeu que estava sufocada com sua dor. Ela obedeceu o irmão, mas suas pernas não conseguiam ter movimento algum. O irmão então, pegou a ruiva no colo e a levou para o carro.

(***)

Quando João chegou ao bloco de Maria Julia, não havia um vestígio sequer do asqueroso tio Fernando, apósuma longa conversa, que rendeu em algumas reclamações das estudantes daquele bloco, João conseguiu convencer a irmã a voltar mais cedo para casa a fim de conversar com Nick.

Afinal de contas ele era advogado e poderia ajuda-los. Por sorte, Nicholas não havia ido ao trabalho com o intuito de terminar trabalhos da Pós-graduação. Ele estava na sala com pilhas de livros grossos e letras miúdas quando os irmãos sentaram-se de frente à ele e começaram a encara-lo.

– Tudo bem, o que houve? – perguntou Nicholas em seu tom sempre bem humorado, franzindo as sobrancelhas.

Maria Julia tinha o rosto inchado e os olhos vermelhos como se estivesse passado boa parte do dia chorando. João tinha um dos braços envolta da irmã, tranqüilizando-a enquanto respondia a Nick.

– Precisamos de sua ajuda. Juridicamente falando. – Nicholas fechou o livro que estava segurando e se pôs a prestar atenção ao que os dois tinham a dizer.

– Nossos pais, como você já deve estar sabendo – começou a dizer Maria Julia – morreram quando éramos muito novos, foi em um acidente e desde então fomos criados por nossa tia e o marido dela.

– Mas o que não contamos a vocês – disse João Pedro em seguida – foi que eles eram músicos da orquestra sinfônica italiana. Nosso pai era violinista e nossa mãe a pianista. Quando eles faleceram deixaram uma enorme quantia em dinheiro, fora que a família do nosso pai era riquíssima. Juntando tudo eu e Maria temos dinheiro pra mais de três gerações Marelli, porém só podemos movimentar essa fortuna depois que completássemos a maior idade. E deixaram uma quantia para que usufruíssemos até lá.

– No entanto, como já dissemos a vocês – Maju retomou a história – nossos tios não foram nada “bonzinhos” conosco. O interesse deles estava, está todo no dinheiro e só por isso não fomos parar em um lar de adoção.

– O pior é que nosso querido tio está na cidade e ele... – João hesitou olhando para a irmã que assentiu para que ele prosseguisse – ele tentava abusar de Maria Julia, o interesse dele não é só o dinheiro. Mas a questão é a seguinte, temos como conseguir acesso a ele antes de completarmos a maior idade? Para que possamos nos afastar de vez de nossos... Dessas pessoas?

Nicholas tinha um semblante sério e era possível ver em seus olhos que sua cabeça estava trabalhando em soluções, hipóteses, e em tudo que rodeava a história. Então de repente ele franziu o cenho coçando a barba rala que começava a crescer.

– E porque você ainda não fez a retirada do dinheiro? – perguntou ele a João – afinal já é maior de idade.

– Ai é que está o problema – disse Maria Julia exasperada sem se lembrar que o amigo não sabia esse outro pequeno detalhe da vida deles.

– Eu e a Maria somos gêmeos. – respondeu João Pedro fazendo com que Nicholas ficasse ainda mais confuso.

– Ah sim, certo. Isso fazia parte dos mistérios da vida de vocês – Disse Nick suspirando fortemente. – Bom – voltou a dizer ele com o tom sério – se vocês forem emancipados podem conseguir fazer a retirada antes de completar a maior idade, mas já imagino que também não seja esse o caso. E como seus tios tem a guarda de vocês só eles podem dar a emancipação. No entanto, se o problema for apenas por quererem se afastar deles por tudo o que fizeram, vocês poderiam denunciá-los. Mas assim que eles fossem presos vocês estariam sem guardião algum, coisa que não vai facilitar que fiquem aqui e continuem a faculdade e muito menos que consigam ter acesso ao dinheiro que os pais de vocês deixaram.

– Não há nenhuma brecha? Outra saída para nós? – perguntou João tenso.

– Infelizmente não. Mas nós podemos tentar falar com os tios de vocês sobre a emancipação – ele tinha a expressão sagaz ao falar aquilo.

– Oh, você faria isso por nós Nick? – perguntou Maju esperançosa.

– É claro que sim! Somos amigos.

– Não sei se convenceremos eles. Você tem alguma déia de como fazer isso? – indagou João.

– Tenho meus métodos secretos – disse Nick com um sorriso cínico no rosto.

(***)

Já era quase noite quando Caleb parou para fazer sua mala. Ele havia conseguido agendar um voo para seis e quarenta da manhã, no dia seguinte. Lilian estava apática e muito quieta, ainda em estado de choque, ele podia ver nos olhos da irmã que ela estava com o coração em pedaços e aquilo lhe doía também. Era coisa demais para absorver em um dia só. Quando ele deu a notícia de que voltariam ao Rio para Louise a irmã apenas assentiu e logo se prontificou a fazer sua mala e em seguida fez a de Lily. Lou já imaginava o motivo da viagem e estava puramente de acordo com o irmão e os pais. Caleb estava absorto em seus pensamentos, tanto que se assustou ao ouvir uma leve batida na porta do lado de fora de seu quarto. Ao abrir a porta pode observar uma Lucia com olhos ansiosos e preocupados. Ele a abraçou e arrastou a garota para o lado de dentro do quarto.

– Lily? - ele perguntou a ela.

– Acabou dormindo ainda pouco - respondeu Lucia ao rapaz que apenas assentiu ao ouvir aquilo - Você quer ajuda?

– Obrigado - disse ele negando com a cabeça - mas fique, por favor. A garota sentou-se na cama dele enquanto observava Caleb dobrando as roupas metodicamente e guardando-as na mala sobre a cama.

Lucia pôde observar as olheiras sob os olhos dourados, a tensão sobre os ombros dele e a forma rija da linha do maxilar. Dos três irmãos, ela não sabia dizer quem estava pior e aquilo lhe doía também, eles haviam se tornado sua família.

Quando a garota se recostou na cabeceira da cama pode observar algo sobre o criado mudo de Caleb, algo que ela havia procurado feito louca, que lhe pertencia e não deveria estar ali. Seus pulmões se contraíram enquanto o coração começava a acelerar. Por que Caleb havia pegado aquilo?

– O que isso está fazendo aqui? - disse ela com um certo pesar na voz, pegando o caderno de capa vermelha e o folheando. Caleb parou o que estava fazendo e fitou a garota. Ele lembrava de ter pegado o caderno da menina, mas ele nunca havia tido coragem de lê-lo. Será que ela acreditaria nele?

– Ah, bom... eu... Olha Lúcia, eu peguei esse caderno no dia daquela festa, quando trouxe você pra casa e a coloquei pra dormir. Mas eu nunca o abri. Eu sempre ficava olhando pra ele sem ter coragem de invadir sua privacidade.

– VOCÊ JÁ INVADIU. SÓ DE PEGAR ISSO DO MEU QUARTO JÁ É UMA INVASÃO- gritou a menina, fazendo Caleb baixar os olhos. - Eu confiei em você, eu deixei as brigas e a antipatia que tínhamos de lado. EU TE DEI UMA CHANCE.

–Lúcia, por favor, me desculpe. Eu não quero e nem estou em condições de discutir com você agora, sim? - disse o menino puxando a garota para os seus braços. "Como ele pode ser tão canalha e gostoso ao mesmo tempo" pensou a garota enquanto se desvencilhava dos braços de Caleb.

– Não, eu não desculpo. - falou a garota com os olhos marejados- meu pai me deu esse caderno, todos os meussentimentos estão aí. Eu não... você não tinha o direito. -Lúcia observou as feições de Caleb ficarem rígidas e os olhos frios e arrogantes. Esse era o Caleb que não permitia ser pisado, o Caleb que ela conhecera.

– Se não vai me desculpar tudo bem. Agora saia do meu quarto. Eu já estou com muitos problemas, minhas irmãs precisam de mim. Eu não posso e nem vou me abalar por que você está dando chilique.

Lucia mesmo com os olhos marejados levantou a cabeça para encarar aqueles olhos arrogantes e marchou para fora do quarto batendo a porta ao sair.

Caleb, agora entendia o que a irmã tanto evitou fazer. Ele estava abrindo mão da garota que ama para dar apoio a família. Mas agora ele sabia que se um dia Líliam exigisse que ele se afastasse de Lúcia, com certeza ele faria. Depois de algum tempo ele percebeu que algumas lágrimas escapavam de seu rosto. E só naquela noite ele se permitiu chorar. Por seu avô, por Líliam e por Lúcia.

(***)

Soffia e João estavam caminhando lado a lado em uma praça, com enormes sorvetes. Soffia de chocolate e menta e João escolhera flocos e flocos nevado.

Ele estava distante e abatido ultimamente, apesar de continuar tratando-a bem. Ela finalmente reuniu as forças que estavam lhe faltando e perguntou a ele:

– Você vai me falar o que está te deixando assim, ou não? – Ele a observava pelo canto dos olhos com um meio sorriso triste.

– Sou tão obvio assim? – Soffia apenas deu de ombros enquanto esperava que ele começasse a falar.

– Sabe pequena, ainda tem coisas da minha vida que não te contei.

– João, se você ainda não estiver pronto eu...

– Deixe-me terminar de falar, linda. Tudo bem? – ele a interrompeu com um sorriso no rosto – eu quero que você saiba por que você é importante para mim e acho isso justo. – ele respirou fundo antes de continuar – meus pais eram músicos. Minha mãe tocava piano e meu pai violino. Mas meu pai era Italiano e eles se conheceram em uma convenção de músicos no Rio Grande do Sul, nacidade onde minha mãe morava. E bom, depois de um tempo eles se apaixonaram e casaram. Minha mãe foi para a Itália com meu pai e lá nascemos eu e Maria Julia. Bom, quando eu digo que nascemos eu e Maria Julia, quero dizer, no mesmo dia.

– Vocês então são...?

– Gêmeos? Sim.

– Por isso ela disse naquele dia, que sentia o que você...

– Somos empáticos. – disse ele por fim, fazendo os olhos da garota arregalarem mais ainda e riu de como ela ficava extremamente linda, até mesmo assustada. Ele contou para ela tudo sobre os tios interesseiros e o acidente dos pais, os olhos dela eram ternos e compreensíveis. Também contou para ela toda a história que havia contado para Nick e ela entendeu o porquê de tanta frustração entre os irmãos ultimamente. Eles caminharam de mãos dadas por um longo tempo, trocaram beijos e se abraçaram, quando por fim João disse exasperado.

– Soffi, não sei se isso é justo... Não quero te magoar e não sei se já estou pronto pra você.

– Só o fato de se preocupar com isso significa que já está. – ela tinha um sorriso largo e olhos brilhantes ao falar aquilo para João Pedro, ele sentiu o coração bater mais rápido ao sussurrar no ouvido da garota.

– Mas eu continuo sendo um idiota Soffi.

– Sim, - respondeu ela fazendo com que ele a encarasse de olhos arregalados enquanto ela ria e ia de encontro aos lábios dele parando apenas para falar antes de beijá-lo – Você é o idiota que eu amo.

Então ela permitiu que seus lábios encontrassem os dele, em um beijo longo e doce. João Pedro se sentiu nas nuvens outra vez. Com o coração tão acelerado que sentia que ele seria capaz de pular do peito a qualquer instante. Soffia entrelaçava os cabelos da nuca do rapaz puxando-o mais para perto enquanto seu coração acompanhava o dele, em seu ritmo acelerado.

(***)

Louise não conseguiu pregar os olhos naquela noite. Depois de ver a irmã conseguir enfim dormir, foi conversar com Nicholas e avisar que iria para o Rio, mas para sua surpresa e decepção o garoto disse que não poderia ir junto, pois estava resolvendo o caso judicial de Maju e João.

Depois de namorar até a madrugada, ela resolveu voltar para o quarto da irmã. Ao abrir a porta se deparou com uma Caleb de olhos inchados deitado ao lado de Líliam. O garoto parecia não ter percebido a presença da ruiva.

Ela puxou a caixinha de remédio de Líliam, tirou um comprimido e deu para Caleb juntamente com um copo de água.

– O que é isso Lou? – perguntou o garoto em um sussurro.

– Isso é para você dormir. Amanhã o dia vai ser difícil e ela precisará mais de você do que de mim. – disse a menina olhando seriamente pra Caleb.

– Você tem razão. – Caleb tomou o remédio e logo adormeceu ao lado de Líliam. Louise sentou-se em uma poltrona e ficou a observar os irmãos. Os dois estavam com profundas olheiras e com semblantes serenos.

Caleb não lhe contara por qual motivo eles teriam que voltar ao Rio, mas só o pai poderia por um pingo de juízo na cabeça da irmã. O jeito como Caleb trouxe Líliam naquela tarde deixou Louise muito assustada. O garoto carregava a irmã enquanto ela soluçava compulsivamente. Parecia que estava sufocada. As únicas palavras que Caleb dizia repetidamente eram: “ respire Lírio”.

Louise seguiu os dois e resumidamente o garoto explicou o que havia acontecido, principalmente as palavras horríveis que aquele britânico estúpido havia dito à irmã. Ficou ali por muito tempo olhando para os irmãos, quando olhou no relógio viu que já era quatro da manhã. Saiu do quarto, tomou banho, se vestiu, amarrou o cabelo e foi chamar Caleb. Às cinco da manhã eles já estavam prontos para irem ao aeroporto. Os únicos acordados eram Nicholas e Lúcia.

– Amiga espero que ocorra tudo bem lá com os seus pais. – disse Lúcia enquanto abraçava Louise.

– Nem me fale amiga, estou muito preocupada com Lily. – respondeu a ruiva com os olhos marejados.

– Ei, calma, vai dar tudo certo. Sentirei saudades.

– Eu também amiga. Te ligo assim que chegar- falou a ruiva. Louise se afastou da amiga e observou Nicholas colocando Líliam no carro.

A garota então, voltou-se para Caleb e pode observar que ele olhava tristemente para Lúcia. A garota por outro lado nem o encarava. Mas antes que ele lhe desse as costas ela o abraçou e lhe desejou boa sorte. Caleb ficou parado um tanto surpreso com a atitude da morena que já havia subido as escadas. Louise segurou- se para não gargalhar. “ Aqueles dois ainda vão casar um dia e ter muitos filhinhos teimosos e arrogantes” pensou a ruiva, enquanto se encaminhava para o carro.

(***)

Nicholas havia passado quase todo o tempo abraçado a Louise desde que chegaram ao aeroporto. Somente soltou a ruiva quando anunciaram o embarque, ele tinha a voz embargada e se mostrava relutante em se separar da namorada.

– Prometo que se você não voltar logo, vou dar um jeito no caso de Maria e João o mais rápido que puder para poder estar ao seu lado novamente, meu anjo - ele disse a ela com os olhos brilhando.

Louise não queria se separar dele, mas era por um bem maior, Lily e a família precisavam dela e ela deles. A garota apenas assentiu com lagrimas nos olhos. Enquanto Nicholas a abraçava fortemente mais uma vez. Caleb já caminhava para a plataforma de embarque levando Lily consigo. Louise despediu-se do namorado com um beijo longo e voraz, sentindo o seu gosto mais uma vez antes de partir com os irmãos.

(***)

Amber estava terminando de tomar café quando Lúcia desceu. A menina estava abatida, com os olhos vermelhos e grandes olheiras.

– O que houve Lu? – disse a menina em tom preocupado.

– Bom dia pra você também Abby.

– Nossa que mal humor. Brigou com o Caleb foi?

– Não quero ouvir falar dele ok? Eu... bom... eu... – a garota não conseguiu terminar, pois já estava em prantos sendo amparada pela amiga.

– Shiiii! Calma Lu, o que houve?

– Ele pegou meu diário.

Amber acalentava a amiga um tanto estupefata, ela não acreditava que Caleb descera a esse nível. Para Lucia estar naquele estado deveriam ter coisas muito intimas escritas nesse tal diário.

– Nunca imaginei você escrevendo um diário. Ele leu? – perguntou Amber.

– Ele... Ele... Ele... – ela suspirou tentando conter as lagrimas – ele disse que não, mas não consigo acreditar nisso. E também não consigo ficar com raiva dele. Abby será que estou ficando louca? – disse Lúcia limpando as lágrimas. Amber gargalhou fazendo a amiga ficar frustrada.

– Não isso não é loucura. Olha, eu sei como é estar magoada com alguém e como dói, mas amiga a escolha é sua se você vai perdoa-lo ou não. Deixe a poeira baixar pra tomar qualquer decisão.

–Não, não e não, eu já decidi. Esquecerei Caleb. Você verá. – prometeu a garota. Amber olhou para a amiga e viu um brilho de motivação e tristeza.

– Tudo bem, se quiser conhecer alguns gatinhos me avise- disse Amber fingindo animação. Ela sabia que Lúcia e Caleb foram feitos um para o outro e ela tentaria mostrar isso aos dois.

(***)

Assim que Caleb ligara avisando que eles iriam embarcar para o Rio de Janeiro, Antoni foi para o aeroporto com o intuito de esperar pelos filhos. Ele não suportava ao menos imaginar o que seu pai seria capaz de fazer. Muito menos o que estava tramando, mas ele sempre fora forte, durante todos esses anos e cada um de seus filhos eram provas vivas da luta pelo amor que ele e Elena travavam até hoje, sem menos terem percebido que não havia acabado.

Quando ele viu os filhos desembarcando, as meninas sem o brilho habitual, percebeu que a história era mais séria do que imaginara. Louise estava com muitas olheiras, pálida e cansada. Caleb emburrado e com os olhos vermelhos e inchados praticamente carregando a irmã de forma mecânica. A pior dos três era Lily, não havia sequer o vestígio de um sorriso naquele rosto que sempre costumara ter expressões de afeto misturadas com marotice. Antoni percebeuque a filha tinha os olhos desfocados e sem brilho, a pele estava muito pálida, o rosto estava inchado de tanto chorar e os cabelos caiam pelas costas em cachos ruivos desordenados. Ele ainda sentia mágoas do pai, por não ter aceitado Elena, que ele tanto amava, por ter tentado afastá-los um do outro quando exigira que Antoni fosse estudar na Suíça e mais ainda quando Edmundo tentara simular um acidente para que Elena morresse. Mas ele não podia mais perdoar o pai por tudo o que estava fazendo com ele, com Elena e ainda mais com seus filhos.

Quando enfim recuperou-se de seu transe, Antoni correu para abraçar seus filhos, já sentia muitas saudades de todos e agora que seu coração poderia bater mais calmamente, por saber que todos estavam perto para que ele pudesse cuidar de cada um. Em seguida se apressou em buscar as malas enquanto caminhava até o carro com os filhos em silêncio. A tensão era demais para que qualquer coisa fosse dita naquele momento.

(***)

Nicholas estava sendo um ótimo amigo para João Pedro e Maria Julia. Além de super atencioso, o rapaz estava planejando com eles quando viajariam para conversar com os tios.

– Acredito que vocês concordem comigo que quanto mais rápido resolvermos isso melhor. Infelizmente só consegui passagens para irmos à Santa Catarina na semana que vem, terça feira.

– Por mim está ótimo. -disse Maju - quanto mais rápido conseguirmos nos livrar disso melhor.

João concordou com ambos enquanto planejava a viagem com Nicholas.Maju saiu para contar a Thomas, ela havia contado mais tarde naquele dia que o tio estava em BH. Mas quando entraram em contato com a tia, ela havia dito que Fernando havia retornado para Santa Catarina.

Desde então Thomas estava preocupado ao extremo com Maria Julia, ele a acompanhava até em casa todos os dias e ligava para ela antes de dormir para saber se estava tudo bem. De fato a garota até estava gostando da atenção que o rapaz estava destinando a ela.

Ela discou o número de Thomas e ele rapidamente atendeu. Maria Julia explicou para o rapaz toda a situação que Nicholas havia acabado de lhe falar.

– Eu irei com vocês - disse Thomas num tom decidido.

– Tom, não é necessário. Nós...

– Maria, eu não posso suportar a ideia de você estar na mesma casa que aquele canalha, ainda que Nick e João estejam com você. Eu irei nem tente me convencer do contrário.

(***)

Amber estava a caminho do refeitório quando sentiu mãos fortes apertando seu braço e fazendo-a girar cento e oitenta graus. Ela deu de cara com Mauricio, ele havia lhe mandado diversas mensagens e também tentara ligar para ela inúmeras vezes. Mas ela bloqueou o número dele o que ocasionou milhares de e-mails do professor em sua caixa de entrada.

– Acha que vai se livrar de mim tão fácil? - disse ele com certa brutalidade.

– Algum problema aqui, Professor? - disse Luiz sagazmente. Assim que Maurício soltou o braço de Amber Luiz colocou os braços ao redor da garota

– Algum problema aqui Abby? Professor, acredito que esteja machucando a MINHA NAMORADA.

Amber arregalou os olhos marejados ao ouvir aquilo, namorada? Ela estava ouvindo bem mesmo? Seu coração disparou ao olhar o rosto de Luiz e ver a seriedade em seus olhos. Mauricio a soltou e naquele instante Luiz já estava com os braços em volta dela.

– Nenhum Luiz, só estava dizendo para a sua namorada ter mais cuidado por ai.

Mauricio tinha olhos duros e raivosos. Enquanto Luiz devolvia aquele olhar com pura esperteza e um quêde rebeldia.

– Agradecemos, mas acredito que ela não precise que nenhum estranho alerte ela sobre qualquer coisa, não é mesmo Amber?

A garota apenas assentiu com os olhos brilhantes, ela ainda estava processando aquela informação. O professor se afastou com passos largos e pesados. Enquanto Amber abraçava Luiz.

– Você é incrível. - ela dizia enquanto Luiz abria um sorriso enorme - aquilo que você disse sobre...

– Ser seu namorado? Não, não estava brincando. A não ser que você não queira, é claro...

Mas ela não o deixou terminar de falar. Silenciou-lhe com um beijo doce e suave.

– Isso é um sim? - perguntou Luiz rindo um , ainda com os lábios próximos aos de Amber.

– É claro - disse a garota voltando a envolver os lábios dele nos dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? gostaram?
por favor comentem...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Madness Of Teens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.