Madness Of Teens escrita por Thamiris Malfoy, Marina G


Capítulo 15
Descobertas Dolorosas


Notas iniciais do capítulo

Esse é o segundo capitulo que temos para hoje amados leitores. Esperamos que gostem.
Abraços e Beijinhos.



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Semanas haviam se passado desde o jantar desastroso e James já estava farto de ouvir o avô tagarelando sobre o quanto Líliam era ótima, uma neta que o orgulhava, com as qualidades de um Nottinghan e como ele adoraria ter participado mais da vida da neta. Ao menos ele só tinha que dividir o avô com Lily, e ele adorava a garota, então por que sinto tanto ciúmes ainda assim? pensou o garoto. E quanto aos outros, Edmundo os achava um caso perdido "Pobres criaturas indisciplinadas, são como a mãe" era o que ele dizia "Por culpa dela perdi meu Antoni" e logo Edmundo começava outro discurso sobre a mulher que havia "desgraçado a sua família". James não aguentava mais ficar tanto tempo perto do avô, pois ele sempre começava a repetir as mesmas coisas. E após uma grande tentativa não conseguiu evitar a única pessoa com quem mais queria estar, Líliam. O rapaz ainda estava confuso com o que acontecera, ele sucumbira para os instintos e estava se apaixonando por sua prima. James não gostava de se perder nesses pensamentos, pois o queriam fazer se distanciar daqueles cabelos ruivos e olhos verdes por puro pudor, mas cada parte dele gritava por Lily quando estavam longe, e seu coração murchava. Não, James preferia quebrar o pudor e suas leis a ser um homem oco.

Vários dias se passaram desde aquele jantar horrível, e vários dias sem falar com Lily estavam acabando com Caleb. Ele não conseguia assistir as aulas direito, estava sempre aborrecido com tudo ou simplesmente apático, mais arrogante que o normal. A cena da noite em que chegaram do jantar não parava de repercutir em sua cabeça, os olhos verdes da irmã o encarando com pura fúria. E isso só piorava o estado do rapaz, quase ninguém em casa aguentava o ter por perto. Aquela noite estava sendo uma mais difíceis, ele já havia caminhado pela cidade mas nada conseguia o acalmar ou confortar. Quando chegou em casa foi até a porta dos fundos e viu algo que já lhe era costumeiro, Lucia estava sentada sob o Ipê roxo, com um caderninho rosa nas mãos e dois livros de bolso ao lado. Caleb resolveu caminhar até onde ela estava e foi só quando sentou-se ao lado da garota que esta desviou seus olhos cinza para encarar o rapaz. Ela tinha a expressão cautelosa e logo repousou o caderno no chão tomando as mãos de Caleb nas suas.

– Quer conversar? - perguntou ela suavemente. Caleb apenas negou com a cabeça, ele estava farto, mas não conseguiria falar nada sem chorar e não queria fazer isso na frente da garota. Ele deitou no colo de Lucia enquanto ela afagava seus cachos dourados de maneira gentil.

– Lê algo para mim? - pediu ele com a voz rouca e os olhos ourados a comtemplar o céu. Lucia o fitou por alguns instantes até que retomou o caderno rosa nas mãos e se pôs a ler.

"Como dois e dois são quatro

Sei que a vida vale a pena

Embora o pão seja caro

E a liberdade pequena

Como teus olhos são claros

E a tua pele, morena como é azul o oceano

E a lagoa, serena

Como um tempo de alegria

Por trás do terror me acena

E a noite carrega o dia

No seu colo de açucena

Sei que dois e dois são quatro

Sei que a vida vale a pena

Mesmo que o pão seja caro

E a liberdade pequena."

– Drummond? - perguntou o rapaz arriscando. Lucia sorriu e balançou a cabeça.

– Ferreira Gullar - disse ela voltando a afagar os cachos dourados de Caleb. O rapaz permaneceu ali pensativo, olhando para o céu sem estrelas, até que por fim quebrou o silêncio.

– Você acha que fui duro demais com ela? Não queria magoá-la mas... - ele se interrompeu com um suspiro longo.

– Acho, - disse Lucia cautelosamente - que você não deveria ter conversado com ela tão irritado daquele jeito. Mas agora o que está feito não tem como mudar. Ela é sua irmã Cal, quando as coisas se acalmarem vocês irão se entender.

– Você acha que ela iria me ouvir se eu houvesse esperado para ter uma conversa calma? - perguntou Caleb rudemente fazendo Lucia se encolher um pouco - Não Lucia, a Lily não iria me ouvir para ficar longe daquele canalha nem se eu pedisse educadamente.

– Bom. Você sabe de tudo não é mesmo? Seu mau humor sempre consegue o que quer - disse a garota com os olhos severos para o rapaz - ao menos, talvez vocês não estivessem brigados agora.

– Ela disse que me odeia Lu - ele a encarou com os olhos dourados marejados e magoados. Lucia tomou a mão dele na sua que estava livre, fazendo-o perceber que ela tinha um dos símbolos do códex desenhados com caneta de tinta permanente preta no pulso, aquilo o fez sorrir por um momento, enquanto ela desenhava pequenas espirais no dorso das mãos do rapaz com a ponta do polegar.

– Eu sei, - disse ela suavemente - Sinto muito, Cal. Sem que Caleb conseguisse conter algumas lágrimas escaparam de seus olhos e Lucia deitou-se ao lado dele, enquanto o abraçava e tranquilizava, sussurrando que estava tudo bem.

–Eu não quero que ela sofra, eu n...

– Não confia neles, eu sei - interrompeu-o Lucia - eu também não, nenhuma das duas coisas. Mas ela está apaixonada Caleb, não vai ouvir ninguém agora.

Ele a olhou com os olhos dourados e brilhantes e irritados pelas lágrimas.

– Você sabe como é? Digo, já esteve apaixonada alguma vez? - perguntou ele fazendo Lucia ficar rubra.

– Que nem a Lily você diz? - apesar de seus olhos cinza estarem no rosto dele a garota parecia observar além, como se estivesse muito distante - Não, eu não sei exatamente como é, mas imagino como seja. Ele assentiu e a segurou mais forte enquanto ficaram ali um longo tempo, apenas abraçados.

Louise estava com o rosto inchado e os olhos vermelhos, ela amanhecia assim quase todos os dias, antes de dormir o que aconteceu depois que chegaram do jantar na casa de James repercutia em sua mente sem parar. O irmão furioso gritando, Lily furiosa e acusadora. O pior de tudo era que ela ainda tinha a sensação de que algo estava muito errado, algo envolvendo James e Edmundo. A ruiva se sentia sozinha ultimamente, mesmo tendo Nicholas e Lucia, que estavam sendo muito fofos com ela, sentia muita falta de seus irmãos. Das conversas, risadas, brincadeiras.

Ela passou corretivo para esconder as olheiras e fez uma maquiagem leve, após amarrar os cabelos em um coque desceu para o café da manhã. Ao chegar na cozinha ela encontrou uma Soffia sorridente e saltitante, afinal de contas parecia que ela e João estavam se entendendo, Louise ficou feliz por eles e logo se pôs a pôr a mesa para a refeição.

Assim que terminou de fazer o café e tirou o bolo do forno Soffi subiu para pegar a mochila no quarto deixando Louise sozinha, encarando sua xícara de café.

– Bom dia meu amor - disse Nick beijando o topo da cabeça da garota ruiva.

– Bom dia - disse ela com um pequeno sorriso no rosto, no entanto seus olhos a entregavam. Nicholas sentou-se ao lado dela e tomou a mão na sua fazendo com que os dedos se entrelaçassem.

–Não dormiu bem outra vez? - perguntou ele preocupado enquanto Louise simplesmente se deixou cair nos braços do rapaz que a abraçou fortemente. Nicholas a acalentou por alguns momentos enquanto ela secava lagrimas que já banhavam o seu rosto.

– Eles nunca ficaram assim antes. Ainda mais por tanto tempo Nick, eu sinto falta dos meus irmãos. E estou preocupada com Lily.

– Eu sei meu anjo, eu também sinto falta do meu melhor amigo, seu irmão anda uma pilha de nervos ultimamente, por isso acho bom que até mesmo você o evite um pouco, não quero que ele te magoe.

– Ele é meu irmão Nick, eu PRECISO ficar com ele nesse momento. Sabe quantas vezes ele já fez de tudo por mim? - disse ela exaltada quando parou para suspirar - desculpe, mas por favor não me peça isso, eu conheço o Caleb, assim como você também o conhece.

– Tem razão Lou - disse ele - desculpe. Mas não quero mais te ver sofrer. Ela assentiu enquanto ele a acariciava. Mas logo tiveram que se recompor e começar o desjejum, pois Amber Maju e os outros começavam a tomar conta da cozinha junto com eles

Lilian chegou por último a cozinha. Louise observou que a irmã estava sorridente. Ela usava um vestido florido com botas de camurça bege. A maquiagem era perfeita e suave e seu perfume exalava pelo cômodo.

– Bom dia! - disse a ruiva empolgada dando um beijo estalado na bochecha de Amber, sorrindo para Soffia e Maju e dando um abraço em João. Ela sentou-se entre Lucia e João Pedro, servindo café à sua xícara. Todos a observavam de maneira peculiar, como se estivessem a estudando.

– Lu, você pode me passar o leite? - Disse a ruiva com os olhos verdes concentrados na fatia de bolo que retirava e colocava em um prato. Lucia olhou para o leite que estava um tanto distante dela, ao lado de Caleb que poderia muito bem ter dado à irmã, ele encarava Louise nos olhos em uma comunicação intima, mas logo passou o leite para a garota que por sua vez o deu para Lily.

– Obrigada - disse a ruiva para ela com um sorriso.

Louise se sentiu surpresa a princípio quando viu a irmã entrar na cozinha, mas agora sentia uma pontinha de indignação. Ela e Caleb se debulhavam em lagrimas no fundo do poço e a irmã era toda sorrisos e ainda por cima os ignorava?

Caleb tinha os olhos magoados e marejados quando os repousou nos olhos de Louise. A irmã retribuiu o olhar dele, dando-o forças.

Os dois continuaram o café em silencio enquanto Lily tagarelava sem parar com Amber. Maju e Lucia estavam constrangidas com o clima que havia nos ar e rapidamente terminaram sua refeição e se retiraram da mesa. Louise olhou para Nicholas que continuava ao seu lado com os olhos ternos e as mãos ainda entrelaçadas nas suas. Ela repousou a cabeça no ombro do rapaz que depositou outro beijo em sua testa.

Tudo o que Louise queria era que aquilo acabasse e que seus irmãos se entendessem novamente, aquilo a sufocava e magoava. Sem mais ter forças para ficar ali Louise se retirou da mesa e foi ao encontro de Lucia que a esperava para ir à universidade. Vendo o estado da amiga ao chegar na sala de estar Lucia deu um forte abraço em Louise e ambas saíram de casa para a UFMG.

Lilian estava no seu tempo livre quando finalmente encontrou James sentado sob uma árvore perto do bloco de ciências sociais. Ele estava lindo, sério com a linha do maxilar rígida olhando para o nada pensativo. Usava uma camisa preta que realçava sua pele clara, calças jeans e tênis. Ela sentou-se ao lado do rapaz que sorriu ao vê-la.

– Estive te procurando há um tempo - disse Lilian exasperada, ele apenas sorriu para a ruiva ainda mais.

Ela o abraçou fortemente enquanto o encarava com olhos verdes e tristonhos que brilhavam. Ele então depositou um pequeno beijo nos lábios da garota.

– O que houve? - perguntou James brincando com os cachos da ruiva.

– Meus irmãos.

– Continuam brigados? Lily, o que eu menos quero é...

– Destruir o relacionamento que você tem com a sua família - interrompeu a ruiva que já sabia de cor o que o rapaz havia dito a ela centenas de vezes - eu sei, mas eles tem que compreender James, eu não quero me afastar de você. Caleb e Lou estão sendo injusto, mal deram nem uma chance a você e seu avô.

James a envolveu com os braços, suspirando fortemente. Ele estava distante e calado, com a expressão enevoada, como se estivesse ali apenas fisicamente, mas Lily não se deu conta, ela estava absorta demais com os braços do rapaz ao seu redor e inebriada com o cheiro dele. Eles se dirigiram para o refeitório e almoçaram juntos, como andavam fazendo quase todos os dias desde o jantar. Ela não esperava mais pelos irmãos nem para isso, Lilian sentia a falta deles, mas tinha que fazê-los compreender que ela estava apaixonada e lutaria com unhas e dentes por James.

Thomas e Maria Julia estavam em seu lugar preferido, mais uma vez conversando entre risadas.

– Eu ainda não acredito, porque não me disse antes? - dizia o rapaz fingindo indignação enquanto Maria guardava o Violino. A garota ria da expressão surpresa dele. - Mas por que violino? - disse ele curioso.

– Ele era do meu pai - disse a garota com os olhos marejados e um sorriso no rosto. - faz com que eu me sinta mais próxima dele. Como se ao tocar eu pudesse ouvi-lo conversando comigo.

– Isso é lindo Maria - disse Thomas levantando-se e abraçando a garota Eles se beijaram demoradamente, Maria Julia estava cada dia mais apaixonada por Thomas e cada vez mais perdia o medo de ser quem realmente ela era. O rapaz se tornou a sua fortaleza, seu guardião e ela sentia que podia confiar inteiramente nele, a garota estava feliz ali, com ele e os novos amigos como nunca fora morando com os tios.

Voltaram para a sala de aula de mãos dadas, conversando animadamente. Foi quando ela avistou alguém escorado na parede de uma das partes mais afastadas do espaço de convivência. Ela conhecia muito bem, os cabelos castanhos ficando grisalhos, a pele bronzeada e aqueles olhos negros e sombrios. Ela não acreditava que ele tivera a coragem de ir atrás dela, tudo estava perfeito em sua vida, aquilo não podia estar acontecendo. Não agora. Maria Julia apertou a mão de Thomas e logo sussurrou ao rapaz que precisava ir ao banheiro, pediu para que ele levasse o violino e disse que logo estaria na sala de aula.

Ao adentrar no banheiro pegou o celular e discou furiosamente o número do irmão, mas ele não atendeu na primeira vez então ela tentou uma próxima e depois outra chamada sem que João atendesse. Até que por fim quando ela já estava desesperada demais para se conter o irmão atendeu e ela respirou. Não havia percebido que estava prendendo o folego esse tempo todo.

– O que ouve Ma...? - Mas Maju não esperou o irmão terminar de falar.

– Ele está aqui João, tio Fernando... Ele...

– Ele O QUE? - disparou João furioso - você está aonde? O que ele te fez? Estou indo para ai agora!

– Sim, eu estou no meu bloco, no banheiro feminino. Por favor não demore.

– Thomas está com você?

– Não, - disse Maria Julia fracamente - não queria que ele....

– Tudo bem, já estou chegando - disse João ao desligar o telefone. E por fim ela deixou que as lagrimas escorressem por seu rosto, enquanto esperava o irmão.


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