Madness Of Teens escrita por Thamiris Malfoy, Marina G


Capítulo 17
Canções


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas eu e Marina estávamos em semana de provas e meu TCC está começando a incomodar. Nesse capítulo teremos um personagem novo. Não tivemos tempo para uma correção detalhada.

Beijos..



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Assim que Lilian acordou e escovou os dentes e dirigiu-se para a cozinha para tomar o café da manhã junto da sua família, todos estavam tensos e misteriosos. Ela ainda estava ferida pelo que havia acontecido entre ela e James, mas resolvera se entregar ao aconchego e carinho que a família estava dando a ela.

– Bom dia Lírio – falou Caleb cautelosamente, com os olhos focados na xicara de Café. Louise também estava tão tensa quanto todos. Logo a ruiva tomou seu lugar à mesa e murmurou um “bom dia” para todos eles.

Olhou para a mesa farta e percebeu que tinha os seus pratos preferidos. Tinha bolo de milho, panquecas, suco de laranja, geleia, torradas e nutela. Depois de observar toda aquela comida, pegou a garrafa de café e despejou na xícara. Tomou um gole e o líquido foi lhe rasgando a garganta. Quente e amargo. Olhou novamente para a mesa e todos a estavam encarando. Ela levantou- se murmurando algo que ninguém entendeu.

– Líliam, me espere na biblioteca, sim? - falou Antoni com a voz firme, enquanto garota assentia e saia da cozinha.

–Papai ela não pode saber... e se ela não suportar – disse Caleb exasperado.

– Ela tem que ser forte meu filho. Ela já é uma mulher. Não precisa de tanta proteção. – respondeu Antoni recebendo um olhar de reprovação da esposa.

– O que a Líliam não pode saber? – perguntou Louise.

– Vamos conversar juntos Lou.

Depois que todos foram para a biblioteca, Antoni se pôs a falar.

– Líliam, temos que contar uma coisa para você. Eu serei breve, e eu sinto muito princesa, mas o senhor que você conheceu, bom... eu já o conheço a um tempo!

– Você conhece o Edmundo? Mas ... como? – se pronunciou Líliam pela primeira vez.

– Eu nunca falei muito sobre o avô de vocês, por que...

– Nosso avô? Mas o que isso tem a ver com o Edmundo - interrompeu Louise encarando o pai.

– O nome do avô de vocês é Edmundo Nottingham.

Líliam ficou pensativa por um instante e então a verdade lhe atingiu como uma facada. Caiu sentada em um poltrona e não sabia o que falar ou pensar sobre essa revelação, mas e James? Pensou ela.

– J- James? – foi a única coisa que a ruiva conseguiu por pra fora.

– James é filho da minha meia irmã

– E-ele...

– Sim, ele é seu primo.

Lilian se sentia perdida. Como ele podia ter feito isso com ela? James realmente estava certo em uma coisa, tudo fora uma farsa e agora ela se sentia quebrada por dentro. Louise ao ver a expressão da irmã correu para envolve-la em um abraço enquanto a irmã caia ao chão. A dor era tremenda, mas as lagrimas já não lhe vinham aos olhos. Caleb juntou-se as irmãs afagando os cabelos ruivos de ambas.

Lily levantou os olhos para o irmão e percebeu o quanto tinha sido marrenta com ele e o quanto ela se arrependia daquilo.

– Você sabe que eu não te odeio, não é mesmo? Me desculpe. Deveria ter escutado você desde o início. - Ele sentou-se junto a elas no chão e envolveu as irmãs em um abraço triplo, tentando sufocar a dor um do outro.

(***)

Edmundo estava uma pilha de nervos desde que James contara a ele que Caleb havia descoberto tudo.

– EU DEVERIA SABER! - ele esbravejava - Veja só o que ele fez a você. Esse Caleb se comporta como selvagem. Isso é típico de alguém como a mãe dele. Agora Antoni já deve estar sabendo a essa altura. Muito bem, achei mesmo que deveria dar um pouco de atenção ao meu filho ingrato também.

James olhava confuso e temeroso para o avô. Nunca havia visto o avô tão enraivecido.

Edmundo tinha o semblante diabolicamente sagaz. James temia o que estaria por vir, por isso nem ousou perguntar ao avô o que estava planejando. Depois que Edmundo maquinasse tudo ele tinha certeza que seria a primeira pessoa a quem o avô contaria.

(***)

Helena estava feliz por ter os filhos em casa, ainda mais quando soube da estada de Edmundo no Brasil. O velho era um louco, maníaco e obsessivo que maquinava cada ação dos que estavam ao seu redor. Ela via a tristeza de Lily maltratando-a cada dia mais e aquilo destruía Elena por dentro, todos os outros estavam tensos e estranhos. Louise parecia não querer largar o celular nunca, sempre falando com o novo namorado e Caleb andava distraído e silencioso ultimamente. Elena estava louca para ter os filhos de volta em casa, mas não daquela maneira.

Antoni estava na cozinha quando Elena chegou em casa do supermercado. O marido estava absorto em pensamentos que mal a viu chegar, ela podia ver o homem que amou tanto um dia, e que amava ainda mais naquele instante, coisa que pensaria ser impossível anos atrás. Antoni tinha os cabelos loiros já ficando grisalhos e os olhos verdes e tempestuosos dos Nottingham. A linha do maxilar era severa, coisa comum quando ele estava pensativo. Helena aproximou-se do marido, dando-lhe um beijo suave no rosto, fazendo-o despertar de seus devaneios.

– Ele está acabando conosco outra vez - disse Antoni envolvendo a esposa em um abraço.

– Estou farta de vivermos nos preocupando ou nos lamuriando em lembranças por isso. Seu pai tem que entender e aceitar de uma vez por todas que você tomou a sua decisão ao sair de casa. Ele tem que parar de tentar destruir as nossas vidas e PRINCIPALMENTE as de nossos filhos.

– Eu sei, meu bem.

– Você irá procurá-lo? - perguntou ela preocupada.

– Não de imediato, estou mais preocupado em o que faremos com as crianças.

– Não podemos deixar que aquele senhor interfira na vida deles dessa forma. Nossos filhos estavam correndo atrás de seus sonhos, não podemos prendê-los por isso. Que tipo de hipócritas seriamos?

– Você está certa. Mas não podemos deixar levarem Lily da forma que está. Você viu?

– Também não podemos prendê-la aqui, só vai fazê-la piorar.

Ambos concordarem que logo os filhos teriam que voltar para a universidade, no entanto teriam que tomar medidas cautelosas para lidar com Edmundo.

(***)

Naque noite Antoni tinha levado todos para jantar na orla, há tempos não saiam todos como uma família. As meninas contaram sobre a faculdade e Caleb contava mais sobre Londres. Por aquele instante a tenção se dissipou, mesmo que apenas por partes.

Foi quando Louise avistou uma figura familiar que seu coração se contraiu. Ele continuava do mesmo jeito, alto e forte, a pele bronzeada e os cabelos escuros e lisos sempre bem cortados. Seu coração comportou-se daquela maneira não por mágoa, mas sim por saudades do amigo que havia deixado para trás. Anderson avistou a família Nottingham e abriu um enorme sorriso, aproximando-se para cumprimentá-los.

– Por que não me falaram que estavam de volta ao Rio? - perguntou ele enquanto beijava o topo da cabeça de Lou e depois de Lily.

– Foi tudo muito rápido, chegamos a pouco tempo e logo estaremos indo de volta para BH - respondeu Caleb.

– Sentimos saudades - disse Lou com um sorriso sincero no rosto, abraçando Anderson.

– Por que não janta conosco Anderson? - perguntou Elena gentilmente - iriamos adorar ter a sua presença.

Anderson se juntou aos Nottingham no jantar e colocou a conversa em dia com Louise enquanto tentavam animar Lily, que continuava um tanto apática.

– Mas as férias já estão chegando e vocês vão voltar para BH?

– Iremos passar as férias em BH, papai e mamãe irão conosco - disse Lou entusiasmada - você poderia ir também.

– Por favor And - disse Lily com os olhos brilhantes e tristes.

– A casa é bem grande - disse Caleb dando de ombros - temos espaço para todos, se quiser ir.

– Tudo bem, e quando iremos? - disse Anderson empolgado.

(***)

Eram oito da manhã, num domingo sem muitos raios de sol quando a família Nottingham e Anderson pegaram o voo para Minas Gerais, Caleb havia dito a ele que ia adorar todos os residentes da casa em que moravam, inclusive um tal de Nicholas, que era, a propósito, namorado de Louise. Anderson havia ficado incomodado com aquilo, não sabia por que, mas não conseguia parar de pensar no que Caleb havia dito a ele.

Quando eles chegaram em BH Nicholas e João Pedro já estavam os esperando no aeroporto, para levá-los até a casa. Louise havia corrido para os braços do namorado assim que o vira. O que deixou Anderson ainda mais incomodado.

– Eu senti muitas saudades meu amor - sussurrava Nicholas no ouvido de Louise enquanto apertava o abraço.

– Eu também senti - disse ela sorridente. Ele cumprimentou Anderson e os pais de Louise, apertando as mãos de Antoni e abraçando Elena. Ele e João Pedro ajudaram a carregar a bagagem para os carros e logo se dirigiram para a casa. Quando chegaram tudo já estava arrumado para que Lilian ficasse no mesmo quarto que Lucia e Louise, para ceder seu quarto aos pais. João Pedro havia dito a Anderson que poderia ficar com sua cama, pois iria dividir o quarto com a irmã. Nicholas não havia deixado que Louise subisse para desarrumar as malas, ele havia feito pipoca e suco e comprara sorvete para que assistissem filmes juntos. Louise ficou extremamente empolgada com a ideia de passar mais um tempo ao lado do namorado. Eles ficaram na sala namorando por um bom tempo, enquanto os outros Nottingham e Anderson desfaziam as malas e descansavam da viagem.

(***)

Lucia havia saído de casa bem cedo naquele domingo, ela sentia falta de todos. Mas não queria estar em casa quando Caleb chegasse. Ela estava sentada na praça observando as pessoas, com o caderno vermelho em seu colo e uma caneta esferográfica azul na mão. Quando resolveu conversar com alguém. Rapidamente pegou o telefone e discou o número. Na segunda chamada sua mãe atendera o telefone.

– Alô, Lucia? Finalmente, eu já estava preocupada.

A garota sorriu ao responder.

– Mas nós nos falamos ontem de manhã mamãe.

– Isso não quer dizer que eu não fique preocupada.

– Certo. Desculpe mas eu estava muito cansada ontem. Como você e a vovó estão?

– Estamos bem e com muitas saudades. - respondeu Anna - e quando vai vir nos ver?

– Ainda não estou de férias. Estamos no período de provas finais. - Ela conversou com a mãe sobre a universidade, os amigos e tudo o que havia acontecido, inclusive sobre Caleb. A mãe tentara confortá-la e de fato era bom conversar com ela, Anna e sua avó eram a única família que lhe restara, elas e os novos amigos eram quem estavam lá sempre que ela precisava de alguém.

(***)

Mais tarde naquele dia Lucia voltou para casa e junto às meninas fizeram uma nova festinha do pijama a fim de animar Lily. Que logo foi suspensa pois os pais dos Nottingham haviam chamado a todos para um passeio.

Eles saíram para jantar em uma pizzaria e em seguida foram para o parque Guanabara. Soffia e João haviam sumido entre risinhos enquanto Lily empolgada corria para o trem fantasma com Anderson, Maria Julia, Lucia e Amber foram para o carrinho bate-bate. Louise e Nicholas foram para a roda gigante de mãos dadas enquanto Caleb dando de ombros fazia companhia aos pais, que insistiram para que o rapaz fosse se divertir com os amigos.

Sem mais querer ouvir os pais o incentivando a não ficar com eles, Caleb resolveu caminhar pelo parque. Foi quando viu uma amiga de classe que parou para conversar com ele.

– Caleeeeb! - gritava Heloisa animada como sempre, o rapaz não pode deixar de sorrir da amiga. Helo estava com os cabelos loiros e curtos soltos, os olhos castanhos brilhavam.

– Oi, Helo. - disse ele abraçando-a.

– Você sumiu de repente. Da próxima vez avise ao menos. Aquele seu amigo, o João, falou que você teve que ir resolver coisas de família no Rio. Espero que esteja tudo bem.

– Está sim, obrigado. Foi que tudo aconteceu muito rápido e nem pensei em avisar. Desculpe.

Eles caminharam lado a lado conversando pelo parque por um bom tempo.

(***)

Lucia estava prestes a arrancar a cabeça do primeiro que aparecesse na sua frente. E se esse primeiro fosse o CRETINO do Caleb melhor ainda. Enquanto ela estava se debulhando em lágrimas nos últimos dias ele chegara e já estava todo engraçadinho para o lado daquela menina loira. Amber e Maju convenceram ela a segui-los pelo parque.

– Por que sempre tem que ser loira? - perguntou Amber baixinho, sem notar Maria Julia ao seu lado que a fuzilava com os olhos - desculpe Maju, algumas loiras são exceção.

– Ainda acho isso uma perda de tempo - disse Lucia aborrecida.

– Eles podem ser apenas amigos - disse Maria Julia esperançosa para Lucia. Quando ela viu Caleb abraçar a garota fuzilou a amiga com os olhos enquanto Maju se encolhia um pouco.

– Quer saber isso não me importa, não quero saber nada do Caleb. Me deixem em paz - disse Lucia tentando ir para longe daqueles dois enquanto as amigas incentivavam a garota a não desistir.

– Amigos se abraçam - disse Amber concordando com Maju, ganhando outro olhar fulminante de Lucia.

– Eu realmente não me importo... - Mas as amigas arrastaram ela para ver o que estava acontecendo entre Caleb e a loira. Eles conversavam enquanto caminhavam lado a lado. A loira tinha um enorme sorriso e olhos que brilhavam enquanto conversava com o rapaz. Ela segurava o braço dele e se insinuava jogando os cabelos de um lado para outro enquanto ele sorria para ela.

Mas Logo a garota saiu puxando Caleb pelo braço em direção ao trem fantasma. Ele estava sorrindo quando colocou os braços sobre os ombros da garota que o envolveu pela cintura e logo depois embarcaram no brinquedo.

– Chega! - esbravejou Lucia com os olhos marejados para as amigas - não é problema meu o que Caleb faz ou deixa de fazer. Ele tem todo o direito de sair com quem quiser.

Elas abraçaram Lucia enquanto se dirigiam para a barraca de sorvetes.

(***)

Depois de todos estarem juntos, resolveram ir em um último brinquedo. A roda gigante.

Líliam pode ver Soffia ficar pálida enquanto João afagava seus cabelos. Louise e Nicholas sorriram marotamente. Amber e Maria Julia davam pulinhos. Diferente de Lúcia e Caleb que estavam emburrados.

– Por mim tudo bem. - respondeu a ruiva arrancando um sorriso do irmão.

Todos correram para o brinquedo deixando Líliam para trás. Por mais que tentasse, não conseguia se ver feliz. Parecia que toda a felicidade havia sumido de seu corpo, o coração parecia estar petrificado em seu peito, não havia mais dor ou amor, apenas caquinhos secos que não conseguiam se reconstruir.

No dia em que tudo aconteceu, seu coração doía como se estivesse tendo um infarto fulminante, o ar ficara escasso em seu peito e suas lágrimas pareciam que a afogariam. Não conseguia lembrar muito bem do restante do dia, apenas flashes como Caleb pedindo que ela respirasse, Louise colocando ela embaixo do chuveiro e logo em seguida lhe dando um remédio, ela chegando ao Rio, o olhar de seu pai e a voz dele dizendo que James era seu primo. Que seu avô estava tentando destruir a família.

Aquele momento tinha acabado completamente com ela. Mas ao olhar as expressões preocupadas dos pais, ela decidiu que reprimiria a dor e não se permitirá senti-la. James não merecia lágrimas e nem o seu amor. Ela havia entendido muito bem o que ele lhe falara, pois aquela cena estava presente em todos os seus pensamentos.

Quando deu por si a ruiva estava parada na entrada do brinquedo e os amigos já estava em suas cadeirinhas. Ela iria sozinha. Assim é melhor, pensou a garota. Mas sua alegria não durou muito, pois junto com ela subiu um garoto uns 10cm mais alto que ela com os cabelos negros e olhos extremante azuis, o que assustou um pouco a garota.

– Oi gatinha - disse ele fazendo Líliam revirar os olhos- Me chamo Bernardo, pelo visto seremos parceiros de roda gigante. Como você se chama?

– Pra começar não me chame de gatinha, e meu nome é Líliam- a garota respondeu rispidamente fazendo o garoto sorrir galantemente.

– Calma aí Líliam, não precisa ficar brava. Se bem que adoro gatinhas indomáveis.

Líliam olhou nos olhos do garoto e sentiu uma vontade imensa de gargalhar e não demorou a fazer isso. Era a primeira vez que gargalhava de verdade.

– O que eu fiz? - perguntou o rapaz indignado, mas logo se juntou a Líliam, rindo da risada da garota.

– Nossa você é hilário. - respondeu a garota puxando o fôlego.

– Bom eu te vi andando rumo a esse brinquedo. Te achei incrivelmente linda, então eu segui você.

– Uau, você é louco mesmo. Não tem medo que eu seja uma psicopata?

– Eu não ligaria, pois com certeza você me usaria antes de me matar. - disse o rapaz, fazendo Líliam gargalhar novamente.

– Não fique rindo, eu morreria feliz. - disse o garoto chegando mais perto.

Líliam já podia sentir o hálito de menta do rapaz. Ele chegou mais perto e roçou os lábios nos dela, fazendo seu estômago revirar e seu coração bater forte.

– Eu não sei se posso fazer isso - disse a garota em um sussurro sem ter forças para afasta-lo.

– Então não faça. Deixa que eu cuido de tudo. - disse o rapaz enquanto puxava o rosto da ruiva para que seus lábios se encontrassem.

Os lábios dele eram frios como gelos assim como seu toque, mas em cada cantinho que ele tocava parecia pegar fogo. O beijo era urgente e cheio de desejo. Líliam estava se perdendo naqueles lábios quando a imagem de James veio a sua cabeça. Ela voltou a razão imediatamente e afastou Bernardo delicadamente.

– O que foi ruiva?

– Eu... e-eu não posso. Aconteceram coisas recentemente que me impedem de ... - os olhos da garota começaram a marejar.

– Shiii, ei ruiva, fique calma. Olhe para mim. - disse o rapaz sendo obedecido pela garota- você não precisa me contar nada agora e nem vou forçar nada. Vamos curtir o brinquedo está bem? – falou o menino calmamente enquanto Líliam assentiu limpando as lágrimas.

– Você pode me contar no nosso próximo encontro. - a ruiva olhou para o garoto que tinha um sorriso bobo nos lábios e mais uma vez ela gargalhou.

– Ok, no próximo encontro.

(***)

Louise já estava ficando aborrecida com a presença de Anderson. Desde a chegada dele, ela não havia tido um tempo sozinha com Nicholas. Quando chegaram ao parque a ruiva deixou o garoto sobre os cuidados de Líliam enquanto se divertia com o namorado, mas não demorou muito para ele lhes encontrasse. Ficava tagarelando sobre a infância das ruivas, sobre coisas constrangedoras que geralmente faziam Nicholas sorrir. Mas nestes últimos minutos o namorado estava com as feições duras, como se estivesse se segurando para não socar o amigo.

Estavam todos em frente a roda gigante esperando Líliam sair. A garota havia conhecido um menino muito bonito e já estava na segunda volta. Para a alegria de Louise o garoto fazia Líliam sorrir, mas Caleb ficou um pouco desconfiado, porém depois de ver o semblante mais leve e calmo da irmã decidiu não interferir.

– Gente, o Thomas acabou de me ligar, disse que ele vai tocar em um parque perto daqui e tem um lago lá. Vai ser tipo um luau. Ele consegui ingressos. Vamos? - disse Maria Julia dando pulinhos de alegria.

– Quem é Thomas? - perguntou Antoni. Maria Júlia ficou um tanto desconcertada. Thomas nunca mencionara a palavra "namoro" entre eles, realmente não sabia o que dizer.

– Ele é ...

– Um amigo, - disse Caleb fazendo Maria Júlia arregalar os olhos de surpresa - ele é vocalista em uma banda chamada Alforria Marota. Vocês querem ir?

– Oh, não filhinho. Vou levar sua mãe em um restaurante que o Nicholas me indicou.

– Para onde vocês irão? - perguntou uma Líliam sorridente.

– Vamos para um luau. - disse Amber com o telefone na mão - Luiz irá encontrar a gente lá.

– Vamos Bernardo?

– Tô dentro gatinha - disse ele passando os braços envolta do ombro da ruiva, fazendo a garota rir.

– Todos vamos, preciso me divertir. Bernardo você não tem algum amigo sobrando? - perguntou Lúcia marotamente.

– Tem Bernardo pra todo mundo.

– Cachorro... - disse Líliam indignada enquanto todos riam.

– Louise você poderá dançar uma música comigo? - disse Anderson, galantemente.

– Acho que hoje ela será só minha - disse Nicholas com olhos furiosos.

– Ei, calma aí Nick, você não pode...

– Sim, ele pode. E hoje quero dar atenção exclusiva ao meu advogado preferido. - interrompeu Louise dando um beijo em Nicholas, fazendo Caleb virar os olhos e Anderson fechar as mãos em punho.

– Já podemos ir. - disse Maria Julia puxando Amber e sendo seguida pelos amigos.

(***)

Maria Júlia estava ansiosa para ver Thomas. O garoto andava um tanto misterioso e várias vezes ela pegou o garoto conversando discretamente com seu irmão. Não entendia o que estava acontecendo, mas iria descobrir naquela noite, nem que tivesse que jogar Thomas ou João no lago.

Quando conseguiram entrar no luau, Maria Júlia logo procurou Thomas com os olhos, mas ela não o via em lugar nenhum.

– João, viu o Thomas? - perguntou a garota.

– Não maninha. Vou dar uma volta com a Soffia.

– Tudo bem. - disse a menina, emburrada. A loira olhou novamente para o palco e não nada de Thomas, mas ela pode ver que tinha um piano no palco o que era muito estranho para uma banda de rock.

Olhou em volta e viu que todos seus amigos haviam se dissipado no meio da multidão. Sozinha, de novo, pensou a garota tristemente. Encostou-se em uma árvore perto do palco e ficou repassando uma melodia que criara para uma letra de música de Líliam. Depois ficou pensando na música linda que Thomas fizera para ela. Sempre que podia escutava ela. Ele estava cada vez melhor em fazer músicas boas e românticas. Semana passada o garoto chegou com um CD e pediu para que ela fizesse a música no violino.

Maria Júlia foi tirada de seus devaneios com a voz de Thomas ao microfone. Ela andou mais para perto do palco com cara de poucos amigos.

Eles começaram com a música Beautiful Day da banda U2, fazendo as pessoas começarem um verdadeiro coro. Thomas estava lindo naquela noite, ele vestia calça branca, uma blusa cor de vinho com a manga até o cotovelo, o tênis de cano curto era da mesmo cor da blusa. Os cabelos estavam bem penteados e ele parecia nervoso? As músicas seguiram livremente fazendo a plateia pegar fogo. Eles tocaram músicas do Alice in Chains, Legião Urbana, Queen, Paralamas do Sucesso, Cazuza e Los Hermanos. Até que finalmente ele falou com a plateia.

– Boa noite a todos. Nós somos a Alforria Marota. E queríamos agradecer a presença de todos. Ha algumas semanas eu venho refletindo sobre algo em minha vida, o que acabou rendendo uma bela música. Eu gostaria de chamar aqui meu amigo João Pedro.

– Que? - Maria Julia falou baixinho. Não sabia que Joao tocaria com o Thomas. Porque eles me esconderam isso? pensou a menina um tanto magoada. Decidiu que não ficaria para ver e começou a se distanciar do palco, mas parou ao ouvir Thomas falando novamente.

– Gostaria também de chamar minha violinista favorita. MJ por favor, volte e venha ao palco.

A garota não acreditava que aquilo estava acontecendo. Ela olhou para o palco e Thomas sorria marotamente para ela. Então sem muitas escolha ela se dirigiu ao palco.

– O que está acontecendo? - perguntou a loira enquanto Thomas a abraçava.

– Lembra da música que te levei semana passada? Gostaria que você tocasse no violino.

– Mas eu não o trouxe - disse agora exasperada.

– Mas eu trouxe maninha. - disse João sentando em seu piano.

Maria Julia pegou o violino e esperou o irmão tocar a primeira nota. Todas as luzes foram apagadas e então a plateia foi iluminada por velas. Cada pessoa naquele lugar tinha uma vela acessa. Maria Julia não havia visto nada tão bonito. Então apenas três refletores foram ligados no palco. Um em cima dela, outro em Joao e o ultimo em Thomas.

João deslizou então seus dedos no piano dando vida à primeira nota da música. Logo em seguida ela começou a deslizar seus dedos pelas cordas do violino junto com o arco. Tocar era algo que a fazia flutuar, dava a sensação de liberdade. Ela então fechou os olhos e se entregou a melodia. Então Thomas começou a cantar:

Meu amor essa é a última oração

Pra salvar seu coração

Coração não é tão simples quanto pensa

Nele cabe o que não cabe na dispensa

Cabe o meu amor!

Cabe em três vidas inteiras

Cabe em uma penteadeira

Cabe nós dois

Cabe até o meu amor

Essa é a última oração pra salvar seu coração

Coração não é tão simples quanto pensa

Nele cabe o que não cabe na dispensa

Cabe o meu amor!

Cabe em três vidas inteiras

Cabe em uma penteadeira

Cabe essa oração

Maria Júlia tocava delicadamente, ainda com olhos fechados pode ouvir João encerrar a música. Quando abriu os olhos Thomas segurava uma rosa branca em uma das mãos.

– No início, você sempre me pareceu reservada, mas algo me dizia que valeria a pena te conhecer melhor. Minha intuição realmente estava certa, porque você é uma pessoa incrível e mesmo com toda a teimosia e arrogância eu não conseguiria mais viver sem você. - disse o garoto com a voz rouca de emoção. - Maria Júlia o que eu disse sobre o meu amor caber em três vidas é mentira, porque apenas três vidas não seria suficiente para lhe dar o amor que está em meu coração. Eu te amo e gostaria de saber se você aceita namorar comigo?

Maria Julia tinha lágrimas nos olhos, de tanta felicidade. Ela observou o irmão olhando para ela e Thomas com um largo sorriso no rosto. Era tudo o que ela queria, Thomas como namorado, mas a emoção era tanta que a voz não lhe vinha a garganta. Ela abriu um sorriso enorme no rosto assentindo com a cabeça enquanto caia nos braços de um Thomas com sorriso bobo e beijava aqueles lábios que emolduravam o sorriso. Sem mais aguentar pegou o microfone e tomou coragem para lhe dar uma resposta tão romântica quanto a dele.

– Um dia, eu pensei que minha vida seria apenas escuridão e quando você apareceu fiquei tão assustada com a luz que você irradiava que acabei fugindo, mas depois percebi que jamais conseguiria viver sem essa luz. Thomas eu te amo muito e amo ser sua namorada. - disse a garota pulando novamente no braços do rapaz enquanto ouvia os aplausos da plateia.

Maria Júlia então lembrou que precisava divulgar a composição que havia feito com a amiga. Sussurrou no ouvido de Thomas que queria cantar uma música. Puxou da bolsa a partitura do piano e mais algumas para a banda.

– Boa noite a todos, eu sei que todos estão aqui pra ouvirem, mas eu preciso que vocês ouçam essa música. Minha amiga Líliam Nottingham estava passando por momentos difíceis há umas semanas atrás e escreveu um texto. Bom eu tentei encaixar o texto em uma melodia e deu certo, porém eu acho que quando temos um recado pra dar devemos falar a mesma língua. Líliam, amiga, essa música é seu recado.

Maria Júlia pode observar a amiga a olhando com os olhos marejados e um lindo Bernardo ao seu lado. Olhou para João e assentiu. Ele começou a tocar a primeira nota da música.

Líliam observava a melodia se formar e Maju cantar a primeira frase de seu texto " In the darkness of my heart/ Is a shadow of your face”

Ela então olhou para Bernardo e ele sorria ternamente para a garota. Olhou em volta à procura de Caleb mas o que viu fez seu estômago afundar. James estava na entrada do luau parado olhando para Maria Julia com olhos vermelhos.

– Bernardo você poderia me levar para a frente do palco?

– Claro gatinha.

“From the deepest part of my regret/ I hear the words I wish I'd said
At the dawning of the day/ I can't barely see the light, I/ Make up memories in my head/ They help to fill the emptiness you've lef”

Bernardo que havia percebido a mudança de humor de Líliam, começou a fazer cócegas na barriga da garota. Ela gargalhava e começou a dançar com o garoto animadamente.

(***)

James havia acabado de entrar no luau quando ouviu Maria Julia puxa o microfone e falar que iria cantar uma música composta por Líliam. Minha pequena e doce Lily, pensou o garoto com os olhos marejados. A música soava lindamente por toda a extensão do lugar. Ele estava desacreditado do que havia naquelas palavras. You'll never see me again, I'll be better/ In time/ Let the waves take me under/ I know I'll survive/ You'll never see me again”.

Nunca fora sua intenção fazer Lilian sofrer, ele a amava afinal de contas. James nunca pensara que pudesse acontecer algo assim ao se envolver nos planos do avô. Ele se dirigiu para mais próximo do palco, no entanto parou bruscamente ao ver uma cena que fazia com que seu coração contorcesse de dor.

Lilian estava envolta pelos braços de um rapaz alto, como ele. O rapaz tinha cabelos negros que contrastavam com a pele clara, James não pode e nem quis ver o rosto dele direito. Lilian parecia estar feliz, sorria sem parar enquanto dançava com o rapaz

James sentiu como se seu coração estivesse estilhaçando por dentro, não imaginou que houvesse dor pior que a que ele sentira antes. Ele reuniu todas as forças que lhe restavam e se afastou do local onde vira Lilian e o rapaz.

James se virou para observar mais uma vez Lilian antes que partisse e se arrependeu intimamente por ter feito aquilo. Ele se deparou com a ruiva beijando o rapaz que a acompanhava. Ele queria apenas desmoronar ali mesmo, correr e implorar para que ela o perdoasse, contar que ele a amava. Mas não teve coragem. Saiu do lugar com lágrimas nos olhos e um coração destruído de todas as formas que poderia estar.

(***)

Amber dançava animadamente enquanto Luiz a observava um tanto entediado.

– Ah qual é? Vamos dançar amor. - disse a garota puxando Luiz

– Abby você sabe que eu não sei dançar- disse o garoto emburrado.

– E se eu colar meu corpo no seu, assim? - sussurrou a garota no ouvido de Luiz enquanto colava o corpo no dele. Luiz ficou um tanto sem jeito. Amber começou a provoca-lo dançando sensualmente perto dele.

– Vamos amor.

– Não- falou o garoto com a voz rouca.

– Você é cha...- disse a garota sendo interrompida por Luiz, que a puxou mais para e lhe beijos ferozmente. A garota ficou um tanto assustada, mas gostou do beijo.

– Uau- disse a menina.

– Nunca mais provoque um nerd. – respondeu o garoto dando um sorriso maroto que fez o coração da garota acelerar.

(***)

Lucia estava feliz por Maju e Thomas finalmente terem se acertado, também por Amber e Luiz que já haviam sumido na multidão bem como fizeram Nick e Louise, fugindo de Anderson. Até mesmo Lily parecia melhor. A garota estava se dirigindo ao bar da festa, no entanto desta vez não tinha a menor intenção de se embriagar. Antes que ela sequer pudesse tomar um gole de seu Gim, o copo foi retirado de suas mãos e um Caleb com olhos duros e arrogantes entornava seu copo de uma só vez.

– O que você está fazendo? - disse Lucia indignada, dirigindo a palavra a ele pela primeira vez desde que o rapaz retornara do Rio de Janeiro.

– O que eu estou fazendo? - disse ele sem nem ao menos ficar tonto pelo copo que havia entornado - não precisamos de você bêbada outra vez.

– Eu não ia ficar bêbada.

– Você não VAI. Lucia deu as costas para ele que rapidamente se pôs em seu caminho outra vez. Ela não podia encará-lo agora, ainda mais com ele tão lindo daquele jeito. Rapidamente ela afastou aquele pensamento de sua cabeça. - E tem outra coisa, o que foi aquilo de "Bernardo, você tem um amigo sobrando por acaso?"– disse Caleb em uma imitação irônica da garota, fazendo ela ficar ainda mais furiosa quando viu, o que era aquilo? Ciúmes? Como ele podia? Canalha!– Você está com raiva de mim e tudo porque eu peguei aquele seu tal diário, mas eu já disse que NÃO LI! Eu errei, eu sei, mas as pessoas erram Lu. Me perdoe.

– Você... Que direito você acha que tem sobre mim? Sou completamente livre para conhecer outras pessoas. E não me venha com essa história furada, afinal de contas você é quem anda se agarrando com loirinhas saltitantes pelos parques. - Caleb simplesmente caiu na gargalhada. Que cretino! Pensava Lucia, ainda por cima ri da minha cara. A garota era pura raiva e logo se virou para sair dali mas Caleb a segurou pelo braço. - Lucia, deixa eu te explicar. Eu e a Helo não temos nada.

– Nisso eu não acredito. Assim como não acredito mais no que você me disse na varanda do avô de James. Por favor Caleb, me poupe... - Ele a virou para poder encarar seus olhos, ela viu a mais genuína sinceridade nos olhos dourados dele e por um instante se permitiu ficar ali hipnotizada, ela tinha os olhos magoados e marejados.

– Mas é verdade, eu e a Helo somos apenas amigos. Ela se comporta daquela maneira com todo mundo Lu. E eu nunca quis te machucar, me perdoe. - Ela queria apenas se perder nos braços e lábios de Caleb, mas tinha medo, ela nunca havia ficado daquele jeito por ninguém antes. Mas não conseguia guardar mágoas ou raiva daquele garoto e isso a irritava um pouco. Caleb via nos olhos cinza da garota que ela travava um conflito interno, ele esperou até que ela dissesse algo, contendo-se para não envolvê-la em seus braços e beijá-la.

– Droga. - resmungou Lucia com os olhos cheios de lágrimas, aproximando-se de Caleb e envolvendo-o em um abraço. Ele relaxou finalmente, não tinha percebido o tamanho da saudade que sentia de Lucia até tê-la em seus braços outra vez. Ele acariciava os cabelos dela enquanto seus lábios percorriam as extensões próximas a boca da menina.

– Senti saudades - disse ele sussurrando ao ouvido da garota.

Lucia emaranhava os cabelos da nuca de Caleb em seus dedos enquanto o respondia:

– Eu também senti. - Caleb a segurava com força pela cintura quando beijou Lúcia. Ela sentia os lábios dele urgentes chamando por ela e os dela respondiam na mesma intensidade. Seu coração acelerou contra a costela e mesmo quando o folego já faltava nos pulmões dos dois eles ficaram ali abraçados sussurrando ao ouvido um do outro.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam do Bernardo?
Ele é lindo, mas o futuro da Lily depende de vocês.
Então comentem no decorrer dos próximos capítulos a opinião de vocês

#Jyli ou #Byli

Amo vocês, beijos!



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