“ Derrotar o inimigo em cem batalhas não é a excelência suprema;

a excelência suprema consiste em vencer o inimigo sem ser preciso lutar.”

Helena e entrou no quarto batendo a porta com força e caminhou até próximo a cama onde sentou levando as duas mãos à cabeça em sinal de quem não aguentava mais aquela situação! Estava muito irritada com tudo aquilo.

Rafael a odiava e era uma coisa que ela não poderia mudar apesar de querer se dar bem com ele. Desde a primeira vez que se viram ele deixou bem claro o que sentia e duvidava muito que isso pudesse ser diferente. Mas poderia tentar, nem que tivesse que deixar de lado o orgulho e pedir a ele.

Sim, iria tentar um acordo de paz com ele!

Tomando coragem foi até o cômodo no final do corredor onde ficava o quarto dele e antes de bater na porta respirou fundo. Não demorou muito e Rafael abriu a porta, quando a viu o olhar foi de surpresa.

_ O que você quer?

_ Falar com você. Posso?

Antes de ter uma resposta Helena entrou no quarto e fechou a porta atrás de si e o encarou de modo firme demonstrando uma confiança que na verdade não possuía.

_ Vamos resolver nossas diferenças Rafael !

Ele riu da ousadia dela porque nem assim por traz daquela máscara ela conseguia esconder o tremor em sua voz.

_ Finalmente mostrando a que veio Helena?

_ Eu estou cansada de toda vez que a gente se encontra termina brigando. Rafael eu estou cansada disso!

_ Pensei que tivesse claro que não ia deixar você viver em paz.

Ela gesticulou com as mãos em sinal de quem estava aflita ao ouvir aquelas palavras.

_ Eu sei, mas tinha a esperança de que pudesse ser diferente.

_ Pois é melhor desistir! _ Ele disse isso caminhando em direção a porta, mas ela se interpôs no caminho e segurou em sue braço lhe impedindo de continuar.

_ O que você quer pra gente chegar a um acordo?

Rafael fitou aquela pequena garota a sua frente. Helena era menor que ele e bastaria um movimento para ela ser facilmente imobilizada, mas ela se mantinha tão firma em suas palavras que parecia muito maior do que toda sua fragilidade.

_ Quero que você suma dessa casa.

_ Eu não posso fazer isso Rafael.

_ Então desiste!

Helena não teria alternativa então antes que perdesse a coragem fez a primeira coisa que veio em sua mente e se ajoelhou em frente a ele e segurou suas duas mãos em modo de quem suplicava.

_ Por favor, Rafael, vamos fazer uma trégua.

Rafael nunca imaginou que ela pudesse fazer algo assim, mas a verdade é que aquila situação o pegou de surpresa e por um instante ele ficou sem reação ao ver aqueles olhos marejados de lágrimas. Aquela Helena ali em sua frente o tocou de modo que não imagina que fosse acontecer e antes que ele pudesse racionar o que fazia deixou que sua mão tocasse de leve a face dela.

A reação de susto dela foi imediata já que não esperava aquele gesto de ternura, mas não se moveu apenas ficou olhando para ele, então como que acordando de um pequeno devaneio Rafael disse:

_ Helena, por favor, levante!

_ Rafael...

_ O que você acha que aconteceria se meu pai entrasse agora aqui? Por sua causa nós já temos problemas suficiente.

_ Eu não quero que você tenha mais problema com teu pai. Nós podemos...

_ Não Helena! Eu não suporto tua presença e nós jamais poderemos nos dar bem!

Rafael apenas ficou olhando e como ela continuou de joelhos ele então saiu do quarto sem olhar pra trás não parou nem quando ouviu a voz dela em tom de suplica. Seguiu o caminho que levava até a pequena orla à beira rio que cercava o condomínio e foi caminhando em passos largos, pois precisava respirar ou então iria enlouquecer!

Não estava preparado para aquela situação, mas ao vê-la ali em sua frente com aquele olhar de suplica sentiu pela primeira vez uma tentação de ceder e acabar com aquelas briga que surgiam a cada vez que se encontravam, mas lembrou-se quem de fato era Helena e voltou a segurar aquele sentimento de compaixão que tentou nascer dentro dele.

Olhou para sua mão e as fechou com força na tentativa de se punir pelo fato de ter tocado aquela face delicada e angelical. Entendia o porquê de seu pai ter caído como um bobo diante daquela mulher interesseira, mas isso jamais aconteceria com ele. Jamais!

****

Durante o período da tarde, Rafael retornou a empresa e estava quase chagando no prédio quando seu celular tocou e viu que era um numero diferente dos que ele tinha em sua agenda. Ao atender soube que era de um hospital onde sua mãe estava internada.

Sem pensar duas vezes partiu em direção ao hospital. Quando chegou lá encontrou sua mãe em um quarto deitada na cama com o aparelho de oxigênio devido a grande dificuldade em respirar o então lentamente ele se aproximou dela.

_ Mãe, o que aconteceu?

Ele passou a mão no rosto da mãe onde estava ligado um fio de respirar.

_ Meu filho... a tua mãe ta morrendo.

_ Não mãe...

Rafael estava tentando se preparar para isso, mas a verdade é que não aceitava a idéia de perder sua mãe então caminhou em direção até a porta quando viu que a mãe começava a se agoniar na cama.

_ Onde estão os médicos daqui?

_ O teu pai... Ele veio aqui...

Ele se voltou para sua mãe.

_O que ele veio fazer aqui?

Ela sorriu melancólica como se não fosse óbvio o que ele tinha ido fazer lá.

_ Veio aqui pra me ver morrer... Disse coisas horríveis e tudo por causa daquela mulher maldita!

Ao olhar sua mãe ali sentiu mais revolta pelo fato de tudo ter terminado daquele jeito!

Depois do divórcio sua mãe tinha entrado em estado de depressão e as sucessivas doenças acabaram por lhe levar a um quadro de câncer que lhe consumia dia a dia... Depois de saber da doença da ex-esposa Antonio fez pouco caso e acabou se casando novamente e praticamente deixou que Maria lidasse com a sorte.

_ Ele disse para mim que eu já não servia mais... Que jamais iria voltar comigo!

_ Por favor, mãe.

Não queria realmente ouvir mais nada, ou então sua raiva só aumentaria e não queria se deixar levar pela emoção!

_ Eu vou morrer Rafael... Mas aquela mulher não pode ficar com teu pai.

Apesar de muito doente aquela era a única coisa que pairava na mente dela e isso consumia seus dias após dias, por isso ele confirmou.

_ Ela não vai ficar!

Ele prometeu com uma certeza que assustou até a ele, mas estava determinado a fazer disso real.

_ Promete que você vai fazer de tudo para separar eles?

Enquanto falava Maria segurou a mão do filho que assentiu confirmando e o que ele teve como resposta um riso de satisfação no rosto de sua mãe. Logo a equipe médica entrou no quarto e ele se afastou para que fosse levada à sala de cirurgia.

Rafael sabia que as chances de sucesso no caso de sua mãe eram poucas, pois o câncer estava em fase terminal. Ela tinha se desgastado com o divórcio e as sucessivas traições, quando descobriu a doença já não tinha muito que fazer.

As horas passavam e nada de noticias, então ele foi tomar um café na cantina quando voltou encontrou o médico saindo da sala e já pelo semblante dela sabia que não tinha boas noticias.

_ E minha mãe?

_ Nós fizemos tudo que podíamos... Mas ela não aguentou e teve uma parada cardíaca e morreu.

Sua mãe tinha morrido.

Aquelas palavras ecoavam em sua mente, pois apesar de tudo não estava tão preparado assim. Ele levou suas duas mãos ao rosto para esconder o choro que começava a se formar, apesar de falarem que homem não chora, Rafael sentiu como se seu corpo tivesse perdido as forças e ele fosse caindo no chão.

Na mente dele a única coisa que ecoava era que sua mãe tinha morrido e tudo por causa de seu pai e daquela mulher maldita. Se ela não existisse talvez tudo pudesse ter sido diferente e sua mãe pudesse ter se salvado, então foi tomado pelo pensamento de vingança que brotou com força dentro dele.

Precisava vingar a morte de sua mãe!

Essa tinha sido a ultima promessa que havia feito à ela.

*****