Rafael estava muito abatido com o que havia acontecido e ao olhar em sua feição era difícil esconder tal fato e piorou quando chegou ele em casa e viu que todos estavam sentados à mesa como uma família perfeita. Mas aquela alegria não duraria pra sempre! Pensou ele carregado de ódio e rancor.

_ Boa noite Rafael.

Sem retirar o olhar do pai se aproximou dele parando em sua frente.

_ Boa noite papai. Você deve esta alegre, não é? Agora está totalmente livre pra viver com essa mulher.

_ Não seu do que você esta falando?

O ar de desentendido dele lhe causou ainda mais irritação e Armando percebendo isso interveio antes que algo mais grave acontecesse.

_ Por favor, Rafael te acalma! Afinal o que houve?

_ A mamãe Armando... Ela morreu essa noite! Acabei de vim do hospital onde os médicos tentaram fazer de tudo, mas não conseguiram. Já que não tinha muito que se fazer, não é?

Armando levantou de sobressalto ao ouvir a noticia e perguntou para o irmão a veracidade de tudo àquilo que estava sendo dito. Rafael confirmou o fato informando os tramites para o enterro.

Enquanto se retirava do local o olhar dele se encontrou com o de Helena que abraçava a pequena Marcela que chorava. Sem dizer mais nada saiu daquele lugar, ou então estragaria tudo.

***

O enterro aconteceu numa manhã de sábado e poucas pessoas compareceram ao local. Já esperava por isso, pois sua mãe não possuía mais o status de antes e as “amizades”, tinham desaparecido.

Depois do enterro ele foi até o apartamento onde ela morava, apesar de simples o local era bem conservado. Cada local que olhava lembrava o jeito de sua mãe, apesar dela ter se separado de Antonio o relacionamento deles sempre foi muito carinhoso.

Seu pai também tinha grande parte de culpa por Maria ter caído naquele quadro de doença, mas se não fosse por causa daquela mulher interesseira. Então novamente aquele pensamento veio a sua mente.

“Promete que você vai fazer de tudo pra separar eles?”

Nem que fosse a ultima coisa que fizesse! Ele iria cumprir aquela promessa e destruir aquele teatro. Todos sabiam muito bem que aquela mulher não amava seu pai e que havia se casado com ele só por causa do dinheiro. A única coisa que precisava fazer era expulsar aquela mulher de sua casa! Para isso usaria todas as suas táticas possíveis e faria Helena se arrepender até o ultimo dia de sua vida por ter se metido naquela família!

***

Duas semanas haviam se passado desde aquele enterro e aos poucos todos iam retomando suas rotinas normais e a casa ficou novamente como se fosse um lugar fantasma, já que além de imensa ali também quase não se via os moradores. Pois todos saiam para seus afazeres, menos Helena que tinha ficado sozinha depois da partida de Marcela para o inicio das aulas no colégio interno.

Por causa do ciúme do marido ela quase não colocava o rosto para fora de casa, pois aquilo já era motivo para que Antonio ficasse furioso, e tudo o que ela não queria era arrumar briga com ele já que o marido era muito agressivo.

O único momento que conseguia relaxar era quando Antonio não estava então ela saia para conhecer alguns locais pelas redondezas, mas naquele final de tarde saiu caminhando pela pequena orla que cercava o condomínio então antes de sair das propriedades da casa descobriu que tinha um pequeno jardim feito dentro de uma estufa. O local ficava por traz do jardim da casa e era todo cheio de rosas e plantas lindas.

Durante algumas horas ela se perdeu ao admirar o belo lugar e quando olhou no relógio abriu os olhos assustada, pois era tarde e àquela hora Antonio já deveria de ter chegado e se não a visse em casa certamente teria problemas já que ele era muito possessivo.

Helena saiu quase que correndo em direção a casa e para seu desespero realmente seu marido já tinha chegado e não parecia nada feliz. Ele apenas olhou de relance para ela e todo seu corpo tremeu, pois sabia muito bem o que aquilo significava então o seguiu quando ele subiu para o quarto.

Quando ela entrou Antonio fechou a porta atrás de si e sem cerimônias a puxou pelo cabelo e a empurrou de encontro a parede.

_ Onde você estava?

_ Eu fui ver a casa e acabei me perdendo nas horas... Desculpe.

_ Você sabe que eu gosto que você esteja em casa quando eu chego!

_ Desculpe... eu...

Antes que ela pudesse dizer algo, sentiu os lábios dele tomarem os seus num beijo sufocante e logo sentiu o gosto do álcool em sua boca e o nojo quase lhe sufocou, mas ele a pressionava com força e Helena não podia fugir.

_ Você sabe que eu te comprei. Você é minha! Entendeu Helena?

Ela engoliu em seco sentindo as lágrimas rolarem em seu rosto e apenas assentiu confirmando o que já sabia. Então ele a jogou na cama e arrancou sua roupa e exigiu entre um beijo forçado:

_ Diz que gosta de mim!

Ela não conseguia falar porque sentia náuseas, mas não tinha como dizer outra coisa que não fosse aquelas palavras.

_ Eu gosto de você... _ Ela disse com a voz embargada de lágrimas e Antonio ao invés de ficar satisfeito sentiu mais raiva e bateu com força em seu rosto. A tapa fez um barulho no quarto e logo ela sentiu o gosto de sangue na boca.

_ Eu te comprei caro Helena! Demonstre mais realidade nisso!

_ Eu gosto de você...

_ Assim querida!

Os lábios dele novamente foram de encontro ao dela e sem nenhum romantismo a tomou a força. Tudo o que ela sentiu foi uma dor interna tomar conta de seu interior e novamente sentiu aquele vazio que cercava sua alma.

Helena levantou sem olhar para Antonio que parecia muito satisfeito com o que havia feito. Ela foi rumo ao banheiro e por alguns momentos ficou se olhando no espelho aquela mulher sem brilho que havia se tornado. Tudo o que ela sentia era aquela dor cortar seu peito, era assim toda a vez que ele fazia aquilo. O que mais ela queria era sumir daquele lugar, mas ainda restava muito para quitar a dividas.

Céus, quando quilo teria um fim?

Aquelas eram as únicas palavras que ecoavam em sua mente, então ela saiu do banheiro e viu que Antônio tinha dormido devido o efeito da bebida. Helena vestiu o robe e saiu do quarto.

Precisava fugir o mais rápido possível!

Saiu em silêncio para que ninguém a visse e deu graças pela casa estar vazia naquela noite, então seguiu o caminho que havia feito poucas horas atrás e chegou naquele lugar belo cercado de flores tropicais que perfumavam o lugar.

Sentia um peso e não conseguia mais agüentar então deixou seu corpo atingir o chão onde ela sentou abraçando as pernas e deixou que lágrimas corressem soltas em seu rosto. Chorou pelo vazio que sentia. Chorou porque não podia fugir daquele destino e acima de tudo, chorou porque queria viver ao menos uma vez na vida aquele sentimento belo chamado amor!

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