A semana passou muito rápido e por conta do tempo afastado de casa tinha muitas coisas para organizar então durante aqueles dias ficou extremamente atarefado, até com as coisas na empresa. Mas naquele dia estava de folga e por isso aproveitou tempo vago e convidou Eliza para ir a sua casa já que ela não parava de ligar para lembrá-lo que havia feito uma promessa de revê-la quando voltasse de viagem, então decidiu dar a ela o que tanto queria. Afinal estava sozinho naquele momento e ela de modo algum era uma mulher feia!

Rafael não era o tipo de homem que saia com mulheres feias! Preferia sempre as mulheres belas e de preferência loiras de corpo exuberante. Ele fitou a visão em Eliza que descia do carro e caminhava em sua direção com dificuldade por causa da mini saia justa que deixava à mostra suas belas pernas.

Assim que ela parou à sua frente abraçou-a e beijou seus lábios.

_ Oi Rafael meu amor, estava com saudades de você.

_ Mas só ficamos separados por alguns dias.

_ Meses você quer dizer , não é querido?

Apesar de bonita a voz dela não era seu maior encanto e para completar tudo o que mais odiava eram mulheres pegajosas, mas já estava ali então iria aproveitar.

_ Vamos entrando?

_ Vamos sim.

Eles entraram na bela casa de condomínio de mãos dadas como se fosse um casal apaixonado, mas Eliza estava ansiosa por estar novamente junto com ele então aproveitou seu segundo de distração o abraçou beijando-o nos lábios.

Helena e Marcela que estavam saindo juntos viram à cena do casal de enamorados.

_ Olha Helena, é o Rafael!

A voz de Marcela chamou atenção deles e rapidamente se afastam, então ele virou em direção à elas e notou o olhar de Helena em sua direção . Era aquele mesmo olhar com que ela o tinha fitado naquela noite! Daquele mesmo jeito inocente e ao mesmo tempo infantil, mas que de certa forma demonstrava certa apreensão ao vê-lo.

_ Rafael, quem é essa mulher?

Apesar do tom brando a voz de Eliza não escondia seu ciúme e isso o trouxe a realidade de seu devaneio momentâneo, então ele virou para ela.

_ É a minha madrasta _ respondeu em tom seco , como se estivesse descontente de fazê-lo , mas ignorando esse fato, Helena estendeu a mão em direção a bela moça.

_ Oi, eu sou Helena.

_ Prazer, eu me chamo Eliza.

_ Prazer Eliza ! _ respondeu com educação.

A voz dela era doce e suave, pensou Rafael enquanto olhava de modo indagador para aquela mulher misteriosa e ao mesmo tempo tão reveladora. Mas não tinha tempo para perder com isso então continuou caminhando em direção a entrada da casa e Eliza o seguiu.

_ Bonita sua madrasta! Por sinal, bem mais nova que teu pai.

_ Uma golpista interesseira, isso sim!

_ Mas nem por isso menos bonita. Não me admira que teu pai tenha casado com ela.

Eles andavam lado a lado, mas Rafael parou e olhou para Eliza demonstrando que não estava nenhum pouco alegre com aqueles comentários.

_ Que dizer agora que vai ficar elogiando essa mulher perto de mim?

Ela levantou as mãos e sinal de paz e disse:

_ Não, eu apenas fiz um comentário verdadeiro _ ela também fitou Rafael com seriedade, pois não entendia o porquê de todo aquela irritação _ Aliás, eu estou desconhecendo você.

_ Eu não gosto dessa mulher, entendeu?! E por favor, vamos parar de falar nela ou então nos vamos parar aqui.

_ Ok, desculpe.

Rafael não gostava do fascínio que Helena causava nas pessoas! Não gostava de nenhuma reação que ela lhe causava, pois ela lhe inquietava mais do que queria aceitar. No dia em que a conheceu entendeu o porquê do seu pai ter enlouquecido por causa daquela moça e desistido de um casamento de anos. Só que nesse mesmo instante tinha sido atraído por aquele olhar que lhe prendia e o intrigava demais. Eram os olhos mais bonitos que ele já tinha visto em sua vida!

Era melhor deixar de pensar naquela mulher, ou acabaria estragando o momento em que estava com Eliza!

***

Os poucos momentos que podia sentir alegria era quando estava com a pequena Marcela que fazia com que ela se sentisse como uma criança de tanto que ria. Chegou a sentir seu rosto doer ao rir das travessuras da pequena que corria com uma energia. Teria que aproveitar bastante, pois logo ela voltaria ao colégio interno e esses momentos não seriam mais possíveis.

Aquela cena tão inocente não passava despercebida aos olhos de Armando que as olhava de longe, aproveitando que ainda não tinha sido notado . Pôde notar a frescura no rosto corado de Helena. Era primeira vez que a via daquele jeito rindo como uma menina e não pôde deixar de admirar quão bonita ela ficava quando o sol batia nos fios de cabelos loiros cacheados que estavam soltos do seu rabo de cavalo habitual.

Marcela o viu e logo correu em sua direção e antes que ele pudesse se desviar estava envolto à brincadeira das duas e também começou a se sentir leve como uma criança e corria para pegar Helena. Estavam tão absorvidos à brincadeira que não notaram uma elevação no jardim e ela iria cai no chão, mas Armando rapidamente a segurou e os dois foram parar no chão formando uma cena engraçada que arrancou sorrisos de ambos.

_ Você está bem? _ disse ele ofegante sentando no gramado.

_ Estou _ disse Helena sentindo o ar faltar e o rosto todo suado, pois estava correndo já a alguns minutos.

Armando se aproximou lentamente e tocou em seu rosto, devido a surpresa ela não emitiu uma reação imediata, mas ficou evidente sua confusão então ele mostrou o pedaço de grama que havia grudado no seu cabelo que estava todo em desalinho.

_ Meu Deus estou horrível! _ Ela tentou arrumar os fios dourados no lugar, mas seu cabelo cacheado parecia não querer atender seu comando, então sentiu Armando segurar sua mão

_ Duvido que isso seja possível.

Ele se referia ao fato dela está feia, mas sabia muito bem que linda não estava!

_ Você é muito gentil Armando, mas tenho certeza que estou uma bagunça.

_ Jamais neguei que você estivesse, mas ainda assim você esta muito... bonita...

Enquanto falava ele a encarava nos olhos e pôde ver pela primeira vez o quanto ela era linda e sentiu certa inquietação, pois se tratava da esposa de seu pai.

_ Que cena linda!

Helena se assustou ao ouvir a voz de Rafael que se aproximava junto de sua namorada, ou sabe-se lá como poderia definir aquilo. Mas ele os encarava de modo que desaprovava a cena que via entre seu irmão e a madrasta.

_ Não bastasse o pai, agora quer o filho?

Armando levantou e encarou o irmão com seriedade.

_ Por favor, Rafael tenha mais respeito com a Helena!

_ Eu teria se ela merecesse!

Aquelas palavras foram duras demais e foi inevitável sentir uma dor cortar seu peito. Tudo o que mais queria na realidade era viver em paz, só que parecia estar longe demais disso! Mas não iria deixar Rafael humilhá-la daquele jeito na frente de todos.

_ Você pode ter sérias coisas contra mim, mas eu jamais vou aceitar esse tipo de acusação. O seu irmão ao contrario de você é muito educado...

Ele deu uma gargalhada demonstrando o cinismo.

_ Claro, afinal pelo andar dessa situação logo você vai virar o teu alvo. Mas aviso que meu querido irmão é menos rico que nosso pai.

_ Já chega Rafael! Esse tipo de acusação não tem cabimento, afinal nos estávamos apenas conversando e a Helena é a esposa do papai.

_ Amante!

Helena interveio naquele bate boca ou logo os dois poderiam partir para a agressão.

_ Por favor, Armando eu não ligo pra nada disso. Perdoe-me, mas eu vou entrar.

Helena estava se retirando do local junto com Marcela, mas Rafael a segurou pelo pulso e a trouxe em sua direção de modo que seu corpo ficasse colado ao dele então disse em seu ouvido:

_ Cuidado para o meu pai não descobri sobre tuas investidas pro lado do Armando...

Depois de falar isso ele a empurrou e seu corpo quase foi ao chão, mas ela se manteve equilibrada e seguiu seu caminho sem olhar para ele.

_ Maninho...

_ Cala a boca Rafael! _ Armando disse em modo cortante e partiu indo em direção a casa.

Eliza encarava o namorado não acreditando na cena que tinha visto, pois Rafael não era o tipo que criava confusões só que em menos de duas horas tinha assistido a dois embate entre ele e sua madrasta.

_ Porque tudo isso Rafael?

Olhando o irmão sumir entre as árvores ele respondeu:

_ Eu nunca vou deixar essa mulher viver em paz!

****