Rafael estava muito furioso com Helena por ela conseguir fingir daquele jeito! Estava evidente que bastaria mais um pouco e ela estaria à sua mercê. Seria totalmente sua de corpo e alma! Até aquele momento ela já tinha revelado que estava apaixonada e naqueles poucas horas que estiveram juntos foi maravilhoso!

Será que realmente estava com raiva por seus planos não terem dado certo ou será que era porque ansiava por tê-la totalmente para si? Será que tinha se apaixonado por aquela mulher? Não podia, jamais! Ou então todos seus planos iriam todos por água abaixo.

Mas quando a teve ali em seus braços e sussurrava palavras doces, era tão real. Realmente naqueles minutos colocou para fora tudo o que estava sentindo. Helena era uma mulher encantadora, isso não era segredo para ninguém, mas jamais poderia confundir desejo com amor!

Tinha que ser preciso em fazer com que ela confiasse totalmente nele! Precisava acelerar seus planos e de uma vez por todos acabar com aquela golpista! Ou ele estaria perdido e corria o risco de se apaixonar por aquela mulher encantadora e tão... tão maravilhosa.

***

Conforme tinham combinado eles não comentaram sobre o acontecido daquela noite. Nos dias seguintes ela não ficava para fazer horas extras, procurava sair junto com os colegas, pois tinha medo de não conseguir ceder a tentação de seus desejos. Antes de sair olhou para a sala de Rafael que estava concentrado no que fazia, aliás, naqueles últimos dias sempre trabalhava intensamente e quase não o via mais com Eliza. Talvez tivesse terminado? Não sei isso não lhe interessava, não é verdade!

Ela fechou sua máquina pegou a bolsa e sem olhar para traz seguiu para o elevador onde encontrou Amando que descia do andar superior.

_ Oi Armando.

_ Oi. E ai, semana produtiva?

_ Sim. _ Ela riu ajeitando alguns fios de cabelo.

Aquele gesto não passou despercebido aos olhos de Armando que rapidamente ajeitou algumas mechas que estavam bagunçadas. Naquele momento o olhar deles se encontrou e para Helena ficou bem evidente o que estava se passando ali.

Armando era um homem agradável demais para se ter como companhia, pois era maduro, educado e sempre disposto a uma palavra amiga. Só que para a mulher certa, o que no caso não era ela.

_ Você já está indo para casa?

_ Sim. O dia foi demais e só quero relaxar agora.

_ Ia te convidar pra comer alguma coisa ou pegar um cinema.

Helena não queria que ele entendesse errado, mas realmente estava com vontade de sair para se divertir e ver um bom filme já que não tinha amigos e quase não saia de casa, ela se sentia falta de momentos como esse pra relaxar.

Talvez Armando estivesse sendo carinhoso demais, ou era ela que estiva pensando muito? Mas a verdade é que ela estava louquinha para assisti a um filme que tinha acabado de sair no cinema, por isso apenas por essa vez não iria recusar o convite.

_ Como você adivinhou que estava louca pra ver um filme?

_ Palpite apenas. Mas se você quiser podemos ir depois do jantar depois. O que você acha?

A barriga de Helena respondeu por ela e ambos riram o que deixou ainda mais envergonhada.

_ Ai desculpa, mas estou morta de fome!

_ Então vamos, está decidido!

Os dois pareciam dois amigos de longa data, pois riam e conversavam com tanta naturalidade enquanto desciam para o estacionamento e ao pararem frente ao veiculo Armando abriu a porta para que ela entrasse.

A cena não passou despercebida aos olhos de Rafael que vinha logo atrás e nada disse, apenas viu o carro descer a rampa que dava acesso à rua. Então entrou em seu carro e partiu rumo a sua casa já que não estava com ânimo para sair com Eliza naquela noite.

Helena gostou tanto daquela noite, pois fazia tempo que não se sentia tão leve e relaxada como na época de criança quando saia para brincar escondida junto dos outros meninos. Uma das poucas vezes em que ela podia dizer que desfrutou de sua infância sem que Maura a colocasse para fazer intermináveis tarefas de casa.

Armando foi tão gentil em lhe acompanhar naquela sessão romance. Ela sabia que aquele nem de longe seria seu tipo ideal de filme, mas ele riu junto com ela nas cenas engraçadas. Ele foi um grande amigo naquele dia!

_ Eu adorei o filme! _ disse quando ele estacionou o carro na garagem _ Fazia tempo que queria vir ao cinema, mas nunca conseguia. Na verdade eu sempre quis conhecer um cinema de perto _ ela riu como boba e desprendeu o cinto de segurança. _ Muito obrigada.

_ Eu é que fico feliz de ter realizado esse sonho.

Ele saiu do carro e rodeou o veiculo para abrir a porta para ela, como faziam os homens galantes e ela retribuiu com seu melhor riso.

_ Que educado.

_ Uma dama merece.

Eles riram juntos pela brincadeira que faziam e naquele momento uma voz grave soou dizendo:

_ Boa noite Helena.

Ela reconheceu de imediato aquela voz marcante. Quando estava com raiva, Antonio se fazia notar então a reação dela foi instantânea e a seriedade tomou conta de seu rosto.

_ Boa noite Antonio.

_ Isso são horas de você chegar? Não deveria esta aqui para recepcionar teu marido?

Helena abaixou a cabeça e em voz de sussurro disse:

_ Desculpe, eu não sabia que tu voltavas hoje.

Antônio deu um riso demonstrado seu desagrado e então ela se aproximou e deixou que o marido a beijasse nos lábios. Sempre detestava quando ele fazia isso, mas precisava cumprir seu papel como esposa.

_ Papai não brigue com a Helena, ela apenas aceitou meu convite para ir ao cinema, pois estava ansiando por ver um filme.

_ Tenho certeza que sim.

Apesar do tom compreensível, ela duvidava que ele estivesse realmente com toda aquela calma, por isso era melhor não abusar.

_ Obrigada Armando, boa noite.

_ Boa noite.

Helena se retirou do lugar junto com Antonio.

Rafael que assistia a cena decidiu se fazer notar e comentou com deboche para o irmão:

_ Que mal maninho, nosso pai parece que pegou você dois no flagra.

Armando virou para encarar o irmão que vinha por entre o jardim.

_ Parece que agora gosta de ouvir nossas conversas as escondidas.

_ Não, apenas vejo o que está muito obvio, ou seja, você está totalmente encantado por essa mulher!

Fechando a porta do carro com força Armando demonstrou sua insatisfação naquela conversa, mas seu irmão estava disposto a ir a fundo e impediu que ele passasse quando se colocou em seu caminho.

_ Muito bela a cena que vi hoje quando vocês saiam juntos como um casal apaixonado_ ele riu com cinismo _ não posso acreditar que tu também te deixaste envolver por essa vagabunda!

Armando furioso ao ouvi-lo falar daquele modo sobre Helena, partiu para cima do irmão o empurrando.

_ Meça tuas palavras!

_ Por quê? Incomoda que eu fale assim dela? Porque essa é a verdade! Ela casou com nosso pai só por causa do dinheiro e agora quer fazer do filho mais velho o amante dela.

_ Me admira que tu acredites que eu vá virar amante dela.

_ Pais a meu ver só falta ela aceitar. Porque tu estás totalmente caído!

_ E isso te incomoda? Pois para mim o que está estranho é esse teu interesse. Ou seria ciúme? Já que a Helena não te trata assim.

_ Não seja imbecil!

_ Pois para mim o burro aqui és tu! Porque a Helena não é essa mulher que você a julga. Muito pelo contrario, ela é muito doce e meiga... E sim, eu me apaixonei por ela! Mas ela é muito integra e jamais me deixou esquecer que é a esposa do nosso pai.

Armando tocou no ombro de Rafael e disse:

_ Agora você meu irmão, deixa de pensar coisas bobas da Helena e vê se muda um pouco. Boa noite! _ ele já estava indo embora, mas retornou para dizer _ Não esquece, essa semana vou está viajando e quando voltar preciso de resultados expressivos do novo produto!

_ Não se preocupa, eu sei muito bem disso.

_ Boa noite!

***