Helena o seguiu e eles foram juntos para o local onde o carro dele estava estacionado. Já na estrada não contendo a curiosidade ela perguntou, afinal do que se tratava a surpresa qual ele havia falado.

_ Quero te mostrar um coisa.

_ O que?

Ele tirou a atenção da estrada por um segundo e olhou para ela de relance.

_ Quando chegar ao local você vai saber, mas antes preciso comprar algo para a gente.

Ela não tinha idéia do que ele planejava, mas começou a suspeitar quando pararam no supermercado e compraram ingredientes para uma macarronada e algumas bebidas de acompanhamento logo depois ele seguiu por um local era pouco movimentado. Percebeu que haviam se afastado um pouco da cidade e chegavam a uma pequena reserva de floresta e tudo era tão silencioso ali naquele lugar que era impossível não se encantar.

_ Onde é isso?

_ Um paraíso reservado para poucos.

Foi apenas isso o que ele respondeu e logo entraram por um grande portão que após a senha deu acesso a uma bela casa com grande jardim natural das mais variadas plantas e atrás da casa uma pequena floresta. Helena ficou boquiaberta enquanto o carro percorria e parava em frente a casa, então Rafael virou para ela e disse:

_ Bem vinda a minha casa!

Que aquela era a casa dele essa parte tinha entendido. Mas porque ele tinha lhe trazido ali? Lendo esse pensamento ele se adiantou.

_ Antes que me perguntes, eu queria que você conhecesse minha casa. Vem vou te mostrar!

Assim como do lado de fora por dentro era ainda mais belo. Do melhor material e do mais alto bom gosto. As janelas de vidro revelavam parte do jardim com o chão coberto de gramas. Eram vários cômodos, tanto que seria inviável vê-los todos apenas naquele momento.

Na cozinha ele abriu os pacotes e pôs-se a preparar um jantar para eles dois. Agora começou a entender a surpresa a qual ele havia falado e a parte da pergunta com duplo sentido.

_ Então era essa a surpresa? Ainda estou tentando descobrir se foi sua casa ou o jantar?

Ele abriu o vinho e ofereceu uma taça a ela.

_ Pode se dizer os dois então!

_ Achei linda sua casa.

_ Ainda não foi concluída está na parte de decoração. Mas essa casa era um sonho meu há muito tempo, fiquei trabalhando nisso até que finalmente ficou do jeito que imaginei. Ajuda-me a colocar os pratos!

Apesar de não está totalmente concluída, a casa possuía um aconchego único e ela se esqueceu completamente que estavam sozinhos. Ele se aproximou parando em sua frente e acariciou de leve seu rosto demonstrando carinho.

_ Rafael... Porque você me trouxe aqui?

_ Estava com saudade de te sentir tão perto. Além do mais queria desfrutar de alguns momentos na tua companhia.

Ele falava com uma naturalidade como se eles fossem namorados que estivesse tempo sem se ver.

_ Rafael, você sabe que nós...

Ele pressionou o dedo sobre seus lábios para impedir que ela continuasse falando.

_ Shii! Eu sei o que você vai dizer, mas a verdade é que eu não quero ouvir isso! Quero que você diga o que verdadeiramente está sentindo.

A voz dele tornou-se suave e um riso se formou em seu rosto então ele lentamente a abraçou com carinho e ela sentiu o coração dele bater muito rápido e sua respiração era ofegante próximo o seu ouvido. De repente a mão dele passeou por sua nuca e ele segurou seu rosto com as duas mãos.

Ela percebeu que ele iria lhe beijar então rapidamente desviou o rosto, mas ele a fez com que ela o fitasse e disse:

_ Eu sei que você também quer isso Helena.

_ Eu já disse Rafael, você não entendeu que eu sou a esposa do teu pai!

_ Entender eu entendo, mas o que eu não consigo e conter essa vontade de te beijar cada vez que te vejo.

Antes que ela formulasse uma resposta sentiu seus lábios serem tomados pelo dele e não pode resistir aquele contato. Era tão bom estar nos braços de Rafael e sentir seu corpo transmitir aquela paixão que havia descoberto com ele. Não resistindo a tentação ela o abraçou com força demonstrando tudo o que estava sentido.

As mãos dele afundavam nos fios de cabelo dela e era tão bom sentir aquelas caricias e ela se entregava cada vez mais e isso fazia com que o beijo se intensificasse ainda mais até o ponto em que ambos estavam ficando arfantes, por isso ele se afastou e segurou o rosto dela entre as mãos e pediu:

_ Olha pra mim Helena!

E ela o fez. Céus! Estava perdida, pensou ela quando fitou nos olhos dele, pois o que viu foi o mais puro desejo.

_ Eu estou totalmente apaixonado por você! E eu sei que não estou sozinho nisso.

_ Rafael...

_ Eu sei que você sente algo por mim, ainda que não confesse. Teus olhos não te deixam mentir.

Sim ela sentia! Mas o que isso mudaria a situação deles? Seria loucura querer viver aquilo!

_ Rafael você sabe que a gente não pode.

Ele não queria ouvir ela com desculpas então a calou com um beijo e sussurrou em seu ouvido:

_ Vamos deixar que o resto a noite revele. Vem vamos jantar antes que nossa comida esfrie.

Eles seguiram para a sala onde ele pôs os pratos em uma mesinha de vidro e as taças com o vinho. Apesar da simplicidade conseguia se sentir a vontade estando ali com ele e a noite lhe pareceu uma criança.

Partilharam de coisas que nunca haviam conversando e riam como se fossem amigos a tempos. Era engraçado como nunca tinha se sentido assim com ninguém, mas com ele naquele momento era tão bom!

Rafael levantou e ligou o aparelho de som que tocava uma musica suave e logo ela reconheceu como sendo latina.

" Me haces reir, me haces llorar
Me haces vivir, me haces morir
Eres tan luz y oscuridad
Eres poco y eres todo, para mi
Puedo sentirte si no estas
Puedo mirarte sin mirar
Te haces escuchar sin voz
Tu lates fuerte cuando duele el corazon
Creo que soy adictos a tus ojos
Y si respiro hondo, te respiro a ti (...)"

Ele vendo a interrogação no olhar dela, disse:

_ É de uma grupo chamado Viente Viente

Se aproximando de onde ela estava sentada estendeu a mão e a ajudou a levantar.

_ Partilha dessa dança comigo?

_ Eu não sei dançar, Rafael.

_ Não é problema, eu ensino você.

Helena abriu um riso ao ver seu corpo ficar colado ao dele e logo se viram dançando como um casal enamorado. Como havia dito ele a guiava com cuidado e maestria lhe ensinado os passos da dança.

_ Viu como tinha razão.

As mãos dele percorreram sua costa fazendo com que ficasse ainda mais próximo a ele e logo os lábios de Rafael procuraram pelo dela e partilharam de um beijo intenso e apaixonado . Helena percebeu que iam para um caminho onde não poderiam retornar, mas não conseguia parar.

A voz dele sussurrando em seu ouvido palavras bonitas era como um remédio para seu coração tão machucado ao longo dos anos e ela foi se entregando sem pensar nas conseqüências do ato que faziam.

_ Pelo menos uma vez diga o que você sente por mim.

Só podia está louca! Mas não poderia ocultar para si por mais tempo. Tinha se apaixonado por Rafael e não conseguia mais esconder, por isso sussurrou entre os beijos:

_ Eu... Eu me apaixonei por você Rafael e fico maluca quando penso que te tenho perto e não posso te amar.

Ao dizer aquelas palavras foi como se uma carga tivesse saído de seus ombros e sentiu-se leve! Estava apaixonada e queria poder gritar isso. Quando ela fitou Rafael viu que ele tinha um riso bobo nos lábios e logo a beijou de modo carinhoso como se quisesse apagar os fantasmas que cercavam eles.

_ E agora? _ perguntou ela apreensiva sem ter certeza do que aconteceria depois.

_ Não vamos pensar no amanhã, vamos viver o agora e o já!

_ Você é louco.

_ Você tem razão, sou totalmente louco por você!

Ele a beijou novamente e logo Helena viu seu corpo ser coberto pelo dele que lentamente a deitava no chão da sala. Ali as mãos de Rafael subiram em direção a sua costa buscando se desfazer de sua roupa. Mas apesar de tudo ainda não conseguia se sentir livre do peso da promessa e de repente veio a sua mente as palavras de Maura.

“Você é a única que pode recuperar a nossa casa Helena. Nunca se esqueça disso!”

O que ela estava fazendo? Céus! Havia enlouquecido completamente que tinha tanta coisa a perder, não podia se entregar àquela paixão e esquecer de todo o resto. Além do mais ele era seu enteado e se Antônio descobrisse sobre isso, tudo estaria perdido. Não! Definitivamente não poderiam continuar!

_ Por favor, Rafael pare!

Rafael sentiu a apreensão dela e parou sem entender o porquê daquele medo.

_ O que houve?

_ Nós não podemos! Por favor, isso seria loucura. Se teu pais descobre isso eu não quero nem imaginar.

Helena levantou e começou a ajeitar a roupa e sem ter alternativa ele levantou e assentiu.

_ Tudo bem, se é assim que você quer. Esconder o que sente e guardar, então assim será! Mas saiba que eu gosto de você, mas vou respeitar tua decisão.

_ Obrigada. Por favor, vamos embora...

_ Só mais uma coisa.

Ele se aproximou e antes que ela pudesse fazer um movimento de se desviar teve seus lábios tomados pelo dele em um beijo intenso que demonstrou que ele a desejava muito, mas resistindo ao desejo ele se afastou e disse:

_ Precisava guardar teu beijo por que vou tentar me conter o máximo. Mas guarde isso você também porque na próxima vez que isso acontecer você é quem vai ter que pedir!

Com o controle remoto ele desligou os circuitos da casa e pegou a jaqueta que havia colocado sobre o sofá e seguiu rumo à saída. Estava evidente que ele estava chateado, mas não quis dizer nada apenas respeitou a decisão dela, por isso Helena se manteve calada durante toda a viagem e em sua mente guardava as palavras dele quando disse que da próxima vez ela que teria que pedir o beijo!

Estava apaixonada e isso não tinha como voltar atrás, mas poderia assim como ele se conter ao máximo e ocultar aquele desejo de se atirar nos braços dele e se esquecer de tudo e de todos!

O carro estacionou em frente à entrada da casa e ela desceu antes que ele abrisse a porta, pois não queria que Rafael visse o que estava se passando com ela naquele momento.

Ao entrar em casa viu que tudo estava silencioso e deu graças já que não queria que ninguém a visse, assim seguiu para o seu quarto e se trancou no seu esconderijo.

***