Minutos depois eles se encontravam numa avenida completamente engarrafada, mas como o carro de Rafael era tão confortável, quase não se notava o barulho de buzinas dos outros veículos. E o clima da melodia suave que tocava causou nela um relaxamento e Helena acabou vencida pelo cansaço.

Rafael estava compenetrado enquanto dirigia, mas notou que ela dormia tranquilamente e não querendo lhe acordar ajustou a banco do carro para que ela ficasse confortável e por alguns segundo ficou olhando ela dormir. Apesar da aparência frágil ela possuía uma sensualidade única, pensou ele analisando a feição dela em silêncio.

Helena era uma mistura sensual de menina mulher, pois seus olhos possuíam uma centelha de paixão no momento em que partilhavam de um beijo apaixonado, mas ao mesmo tempo ela tinha aquele jeito inocente de uma menina apaixonada.

Lentamente com a costa das mãos acariciou o rosto dela e quando percebeu que estava muito envolvido se afastou rapidamente, pois não poderia em nenhum momento deixar-se envolver pelos encantos daquela mulher, ou entraria em uma zona em que não poderia voltar para a realidade. Nesse momento ela se mexeu e abriu os olhos e viu que haviam chegado em casa.

_ Você não me acordou?

_ Você estava dormindo e não consegui te acordar... Você estava linda.

Ela gesticulou em negativa, pois não queria ouvir aquelas palavras suaves que ele lhe dizia de modo apaixonado. A cada dia que passava sentia mais a necessidade de ouvi-las todo tempo e já começava a se envolver demais pelos carinhos dele.

_ Por favor, Rafael... Você sabe que eu sou a esposa do teu pai e isso não é certo!

_ E você acha que não me sinto mal por isso? Mas cada vez que te vejo, eu...

_ Não!

Ela precisava sair daquele carro. E rápido! Sem olhar para ele abriu a porta do veiculo e correu rumo à entrada da casa e não olhou para traz nenhuma vez ou não teria como voltar atrás.

Rafael não a impediu e permaneceu no veiculo apenas a vendo entrar na casa. Não podia se deixar dominar por aquele desejo de permanecer mais tempo ao lado dela, por isso ligou o carro e foi em direção a casa de Eliza. Quando chegou em frente ao prédio buzinou e logo foi reconhecido pelo porteiro que deu acesso a garagem.

Subiu ao andar onde ela morava parando em frente a sua porta, apertou a campainha e segundos depois ela abriu a porta vestindo uma camisola com desenhos infantis, mas nem por isso deixava sua sensualidade escondida. Era tudo o que ele precisava para esquecer Helena por aquela noite!

_ Rafael, meu amor que surpresa.

_ Vim te ver...

_ Pensei que tivesse me esquecido.

_ Nunca!

Ele entrou e fechou a porta atrás de si e a trouxe em sua direção levando os lábios aos dela num beijo cheio de ansiedade que os deixa ávidos por quererem um ao outro. Logo as mãos dele foram se desfazendo de suas roupas e iam rumo ao quarto de Eliza.

_ O que houve? _ estranhou ela já que Rafael quase nunca ficava daquela maneira tão apaixonada.

_ Nada, apenas queria ver você.

As mãos de Eliza subiram em direção ao seu rosto lhe acariciando com paixão e ela sussurrou de leve em seu ouvido:

_ Te adoro.

Ao ouvir aquela voz suave sentiu-se ser transportado em pensamentos e quando olhou para Eliza foi como se estivesse vendo Helena e sentiu todo seu corpo reagir àquela imaginação. Sentindo um grande desejo de tê-la a trouxe de encontro a seu corpo e a beijou com ansiedade e paixão, era como se quisesse demonstrar todo o sentimento que ainda era desconhecido para ele.

O ápice do amor se deu de maneira bela com duas pessoas se entregando em seu máximo, onde cada um demonstrava com beijos e caricia tudo o que sentia. Rafael estava inebriado pelo toque dela em sua pele e se deixou guiar pela dança de seus corpos e ao acordar de seu sonho viu que não era Helena que estava ao seu lado e sim Eliza que o beijava com grande paixão e o abraçou deixando que seu corpo relaxasse junto ao dele.

Olhou para a mulher que dormia em seus braços e de repente se viu desejando que no lugar dela estivesse sua madrasta, mas brigou contra aquele pensamento e voltou a abraçar Eliza e assim permaneceram até de manhã.

***

Helena corria para se preparar para mais um dia de trabalho. Como já estava virando costume, fazia questão de acordar cedo e descer para tomar café com Armando que àquela hora já estava de volta de sua caminhada matinal.

_ Bom dia _ disse ele entrando na cozinha para tomar um café bem rápido.

_ Oi, bom dia.

_ Belíssima!

Ela se olhou e duvidou que estivesse tanto assim, pois sua roupa não tinha nada de especial.

_ Obrigada. Ontem nem tive tempo de te agradecer pelo almoço.

_ Fica tranqüila.

_ Ta indo pro trabalho?

_ Sim.

_ Então me espera! Vou tomar esse suco e vamos juntos.

Armando tomou um copo de suco e logo em seguida subiu correndo para uma ducha rápida. Ela permaneceu à mesa tomando café e estranhou a ausência de Rafael que também acordava cedo, a não ser quando ia para a casa da namorada. Aquele pensamento lhe causou inquietação, mas continuou a tomar seu café até que o viu entrar na sala trajando a mesma roupa da noite anterior.

_ Bom dia. _ A voz dela soou na ampla sala.

Mas o que obteve de resposta foi um simples olhar de Rafael e logo em seguida ele saiu deixando-a sem saber o porquê daquela reação. Melissa que naquele momento entrava na sala olhou para ela com um olhar suspeito.

_ O que houve?

_ Ele chegou agora pela manhã.

O que mais ela poderia dizer? Nada! Afinal ele era homem adulto e responsável por seus atos, além de ser seu enteado. Melhor mesmo era se concentrar em sua vida, pois tinha uma divida enorme a quitar e um casamento pesado demais para levar!

***

À medida que os dias passavam já conseguia entender muita coisa de seu trabalho e não precisava mais incomodar seus colegas de trabalho a todo o momento para lhe ajudar com qualquer coisa pequena. Aos poucos foi fazendo amizade com o pessoal e já não lhe tratavam mais com aquela rispidez, apesar de tudo isso ainda existia certo afastamento em relação a ela.

Tinha terminado mais um dia, pensou ela enquanto fechava seu computador e recolhia suas coisas. Olhou para a sala de Rafael e viu que ele ainda continuava ali até depois de acabar o expediente. Ele era assim, sempre um dos últimos a sair, nunca imaginou que ele fosse tão dedicado ao trabalho.

_ Você já vai? _ ela virou para Vanessa que era sua amiga de trabalho _ Posso te esperar.

_ Pode ir Vanessa, eu vou daqui a pouco.

_ Então, boa noite!

Helena se viu sozinha naquela sala e foi em direção ao local onde ele estava. Durante aquela semana Rafael se manteve um pouco distante e só conversavam quando era realmente necessário, por isso sentiu apreensão ao ir perguntar algo para ele, mas naquele momento ele a notou então não teve com adiar.

_ Você precisa de mais alguma coisa?

Rafael riu e fechou o computador. Ela ficou feliz ao vê-lo daquele jeito, pois se sentia mais à vontade e já começava a sentir saudade daquela aproximação.

_ De alguém que me providencie um jantar. Você quer?

Ela ficou confusa, pois não entendeu muito bem se era um convite ou uma ordem?

_ Você esta me convidando para jantar ou quer que eu faça um pra você?

Ele levantou parando em frente a ela e com a ponta dos dedos bateu de leve em seu nariz e disse:

_ Sabe que isso me deu uma ótima idéia!

_ O que você quer dizer com isso?

Ele beijou seu rosto e disse:

_ Surpresa!

Pegando seu paletó ele caminhou até a porta e como ela não o seguiu Rafael a chamou.

_ Você vai ficar, ou quer uma carona?

***