Depois da viagem do marido Helena pôde se sentir mais leve e a sensação de liberdade foram inevitáveis! Era incrível como a presença dele trazia muita carga negativa sobre ela, e fato o dele está longe ha apenas algumas horas já fazia grande diferença em seu humor. Apesar de ainda estar pensativa sobre Melissa ter visto a cena dela e Rafael juntos, nem isso conseguia tirar sua sensação de paz.

Aproveitando que estava “livre” foi fazer uma das coisas que mais gostava e apesar dos protestos da jovem, ela teve liberdade para ajudar com os afazeres na cozinha. Mas a verdade era que ela precisava conversar com Melissa sobre a cena que ela tinha visto.

Helena se aproximou lentamente ajudando aos poucos enquanto ia puxando conversa com ela.

_ Eu sempre gostei de trabalhar na cozinha. Na época que morava com minha... Com a Maura eu sempre fazia isso.

A jovem parou de cortar os legumes para a salada e olhou para a patroa e comentou:

_ A senhora é diferente dona Helena.

_ O Antonio não está aqui, por isso você pode me chamar pelo meu nome. Confesso que a sensação de ser chamada de senhora me deixa arrepiada!

Ambas riram se sentindo descontraídas e aproveitando aquela liberdade Helena começou a falar.

_ Sobre o que você viu hoje de manhã...

_ Dona... Helena, eu juro que não irei comentar nada.

Um grande alívio caiu sobre ela naquele momento.

_ Obrigada Melissa. Mas eu realmente não tenho nada com o Rafael, foi loucura dele fazer isso. Você o conhece!

_ Sim, ele é impulsivo. Já perdi a conta de quantas namoradas já trouxe aqui nessa casa.

Realmente, Rafael era o tipo de homem namoradeiro, certa vez ouviu isso pela boca de Antônio o fato dele sair com duas moças ao mesmo tempo e quando ambas descobriram deu-se uma grande confusão.

_ Então...

_ Me desculpe pela pergunta... Mas você realmente não sente nada por ele?

Helena ficou em silêncio pensando na resposta e a mais obvia veio a sua boca.

_ Não poderia jamais Melissa. A minha vida é muito complicada para eu ter uma aventura amorosa, ainda mais com meu enteado.

_ Entendo...

Enquanto conversavam elas ouviram o barulho do carro chegando e estacionando na garagem e Melissa ao avistar pela janela o patrão abriu um belo sorriso e disse:

_ É o seu Armando!

Era possível perceber o encanto da moça ao ver o Armando chegar, Helena notou com certo pesar, pois ele parecia o tipo de homem que não olharia para a empregada da casa. Então elas continuaram até terminarem todas as louças e alguns minutos depois ele apareceu na cozinha como de costumo com seu bom humor que encantava a todos.

_ Fui atraído pelo cheiro da comida e pelos risos dessas duas belas moças.

Ele se aproximou e deu um beijo no rosto de Helena em modo de comprimento.

_ Boa noite meninas.

_ Adorei o menina!

_ É uma retribuição pelo menino de hoje de manhã _ ele riu e caminhou em direção a mesa onde foi posta as comidas e seu rosto de satisfação foi visível _ Adorei isso!

_ Foi a dona Helena quem fez.

O olhar de surpresa de Armando em sua direção foi inevitável e aquilo a agradou, pois fazia tempo que não se sentia útil, mas não iria ter todos os louros para si.

_ A Melissa me ajudou muito. Vamos para a mesa! Confesso que estou faminta.

O jantar transcorreu apenas entre eles já que Rafael ainda não tinha retornado. Enquanto comiam, Helena aproveitou para comentar sobre seu interesse em começar a trabalhar na empresa.

_ Falei com teu pai e disse do meu interesse em querer trabalhar.

_ Nossa que legal! E você já pensou em algo?

_ Na verdade não. _ ela riu se sentindo tímida _ Eu nunca trabalhei com nada, mas eu posso ajudar no que for. Perguntei sobre alguma vaga na empresa e ele disse para falar contigo.

Ele ficou pensativo por alguns segundos e respondeu:

_ Atualmente não recordo de nenhuma vaga aberta, mas vou falar com o setor de pessoal em algo que encaixe pra você.

_ Obrigada!

***

Rafael entrou em casa e não foi notado por ninguém, nem pelo pequeno gato de sua irmã Marcela que dormia profundamente em uma das poltronas da sala.

_ Parece que não há ninguém em casa.

O comentário foi de Eliza que tinha vindo junto com ele depois e insistir por horas, apesar dele dizer que poderiam ir a algum restaurante e ficarem sozinhos, mas ela queria estar ali na casa. Rafael sabia muito bem o porquê, ela queria se sentir como um membro da família e assim ter mais ligações com ele.

Rafael ouviu o barulho de conversas vindo da sala de jantar e reconheceu a voz do irmão e da madrasta.

_ Parece que você se enganou.

Ele seguiu para a sala de jantar e entrou sem fazer barulho e ao entrar no ambiente de refeição avistou Helena e seu irmão rindo como se fossem amigos de muito tempo.

_ Boa noite.

A voz dele soou no ambiente quebrando o clima do casal de “amigos”. Armando foi o primeiro a lhe fitar e logo depois ele se viu preso ao olhar de Helena que por alguns segundos se fixou em Eliza que estava especialmente bonita naquela noite.

_ Parece que vocês estão se divertindo bastante.

Apesar de inocente, o comentário dele soou bastante sarcástico aos ouvidos de Helena que em silêncio assistia ao casal de namorados sentarem à mesa e se servirem. Mas Armando parecia não ter notado aquela acusação disfarçada e respondeu ao irmão:

_ Estávamos apenas festejando, já que a Helena vai começar a trabalhar na empresa.

_ Ainda não sabemos não é Armando? Afinal falta procurar uma colocação.

Rafael deu o sorriso mais falso que pôde, pois não poderia demonstrar o que de fato estava sentindo ou então estragaria tudo o que estava planejando. Mas uma coisa era certa, aquela mulher era mais esperta do que havia imaginado! Sua mãe nunca tinha conseguido uma colocação naquela empresa, nem quando suplicou a seu pai que ele a tornasse uma das acionistas. Já Helena em apenas alguns meses tinha conseguido subir degraus.

_ Certamente conseguiremos encontrar algo.

Armando disse com firmeza, afinal ele era o presidente na empresa e para seria fácil isso.

_ E quanto a vocês dois? Ao que parece já retornaram.

Eliza riu com aquele jeito de menina que era seu maior encanto e olhou para Rafael em busca de auxilio, mas como ele nada falou então ela respondeu:

_ Ainda estou esperando esse rapaz parar de me enrolar.

_ E ai Rafael, vai responder alguma coisa?

Rafael riu já conhecendo os planos dela. Eliza era muito astuta e sabia como ganhar espaço! Mas como não tinha muito que dizer respondeu de forma mais verdadeira possível enquanto segurava a mão dela por cima da mesa.

_ Estamos nos entendendo aos poucos, mas nada impede que isso aconteça.

Ele virou para o irmão que tinha começado toda aquela conversa e disse com firmeza:

_ Agora vamos jantar!

Helena observava os dois que fazia um casal muito bonito. Eliza era uma moça fina, muito bonita e se vestia no mais alto padrão da moda. Seria impossível esconder que ela era verdadeiramente uma mulher da alta sociedade, além do mais tinha certeza que eles tinham grandes sentimentos um pelo outro.

***

Eliza estava ao pé da escada aguardando o namorado que tinha subido para pegar uma jaqueta já que a noite estava fria. Assim que o viu descer foi ao seu encontro e sentindo certa ansiedade de estar novamente perto dele e poder beijá-lo em seus os lábios.

_ Você demorou!

_ A chave do carro tinha criado pernas.

Rafael comentou rindo com aquele jeito de menino que a encantava então ela se aproximou colocando a mão pelas costas dele e sussurrou em seu ouvido:

_ Já estava ficando com saudades de você!

Ele não era de ferro e deixou ser beijado por aquela mulher impulsiva. Ela não ligou para o fato de estarem praticamente no meio da sala e aprofundou o beijo de forma que demonstrava muito bem o que ela esperava para aquela noite.

Helena que vinha em direção a sala de jantar deparou com a cena do casal se beijando apaixonadamente e automaticamente ela parou! Foi como se seus pés tivesse ficado presos ao chão, mas seus olhos se mantinham fixo ao modo como ele enlaçava a mão na cintura dela.

Pretendia sair dali sem ser notada, mas viu o olhar de Rafael em sua direção fitando-a com intensidade e sem tirar os olhar dela continuou a beijar Eliza até que ela o viu sussurrar algo no ouvido da namorada.

_ Nós não estamos sozinhos.

Eliza se afastou dos braços do namorado e encarou a mulher que estava parada olhando para eles.

_ Helena... _ ela riu tímida e fitou para Rafael como que dizendo “vamos logo embora daqui!” ele entendeu a mensagem.

_ Bem, vamos. Boa noite Helena.

Ela viu o casal sair junto de mãos dadas e antes que pudesse conter começou a sentir lágrimas correrem em seu rosto. Tentou contê-las, mas não conseguia!

Era algo totalmente novo para ela aquele sentimento, era como se dentro de seu peito tivesse algo apertando seu peito e lhe causando uma grande inquietação e para piorar tinham aquelas lágrimas que não paravam de cair.

“O que era aquela dor que cortava seu coração?”

Era tudo o que ela queria saber! Mas não podia ficar ali parada a noite toda como uma boba. Quando estava indo para o seu quarto viu que Melissa estava saindo da sala e apesar de tentar esconder ela notou o seu olhar abatido.

_ Por que você está chorando?

Também queria muito saber o porquê de tudo aquilo, mas como não sabia o que responder deu os ombros em sinal de dúvida.

_ Não sei... Eu não sei Melissa.

Sem olhar para trás seguiu rumo ao seu quarto chegando lá fechou a porta atrás de si e procurou a beira da cama onde sentiu e tentou colocar em ordens aquela confusão na sua mente. Não podia se sentir daquele jeito só porque Rafael havia beijado a namorada, afinal ele tinha todo o direito! Mas não conseguia conter aquela ansiedade de querer sentir novamente os lábios dele sobre o seu.

“Estava louca! Totalmente louca!”

***