“A paixão é uma centelha transformada em fogo,

O amor é uma chama continuamente alimentada.

A paixão é fácil, mas esvazia ; o amor é difícil , mas sacia.”

No dia seguinte Helena acordou cedo como de costumo gostava de caminhar pela orla que cercava o condomínio. Afinal não tinha muito o ela fazer e ao se exercitar sentia aliviar seu estresse, pois sua vida ali naquela casa era tão entediante!

Trajando uma calça moletom e uma blusa de algodão ela desceu para tomar o café e ao chegar à sala viu que já estavam à mesa Rafael e Armando. O olhar dela procurou pelo marido, mas não o encontrou, sinal de que tinha saído, sentiu grande alivio por ele não estar ali.

Puxou uma cadeira e sentou e com o melhor sorriso que tinha virou para ambos os irmãos e disse:

_ Bom dia.

Tentou evitar olhar para Rafael que estava sentado à sua frente, mas ele parecia estar disposto a lhe provocar.

_ Estas radiante nesse dia Helena. Alguma novidade?

Parecendo não notar o tom de cinismo do irmão Armando também confirmou:

_ Sabe que agora que ele comentou, eu posso perceber que você está com o olhar mais brilhante.

Helena sentiu incomodo ao ter o olhar daqueles dois homens em sua direção, ainda mais o de Rafael que continha certo cinismo.

_ Não sei por quê! Eu só acordei com vontade de caminhar, apenas isso. O dia me pareceu perfeito.

_ Se você diz...

Ela sentiu o suco engasgar na garganta e olhou de relance para Armando que pareceu não notar nada e então ela olhou para Rafael que tinha o olhar fixo nela. Só se estivesse louca que ficaria ali! Ela levantou após comer algumas torradas.

_ Bem vou dar uma voltinha. Bom dia pra vocês meninos!

Assim que ela saiu o primeiro a comentar foi Armando.

_ Realmente a Helena estava diferente hoje, parecia mais brilhante.

Rafael riu sarcástico olhando para o jeito abobalhado do irmão. Estava mais do que claro que já havia caído nas artimanhas da esposa de seu pai.

_ Isso foi um comentário de um homem enamorado?

Armando fez-se de pouco entendido, pois conhecia muito bem o gênio do irmão e sabia que ele estava querendo motivos pra encrenca por isso resolveu colocar um chega àquela conversa.

_ Se eu fosse você, parava de falar besteira e tomava o café mais rápido! Porque senão vai chegar tarde à empresa e eu ainda sou teu superior!

_ Tudo bem mano. Ops chefe! Vou subir pra pegar meu notebook, me espera?

_ Vai lá!

***

Enquanto caminhava, Helena notou os casais saindo juntos em seus veículos para mais um dia de trabalho. Começava a se sentir entediada de não fazer nada já que naquela casa tinha empregado para cada coisa e não podia se sentir útil em nada. Queria poder trabalhar e ter seu próprio dinheiro.

Aquela ideia parecia lhe dar vida e um sorriso se formou em seu rosto.

Porém ao mesmo tempo em que ficava feliz sentia sua esperança quase acabar já que Antonio certamente não gostaria muito dessa ideia. Mas não custava nada tentar! Uma voz lhe dizia que deveria tentar ao menos essa vez! E foi nessa força que ela seguiu de volta a casa e na hora que chegava viu seu marido estacionamento a Mercedes branca na garagem.

_ Oi Antonio, bom dia.

_ Vejo que você já esta de pé! Isso é bom, tenho algo a falar contigo.

Com sua presença marcante ele adentrou na ampla sala e sentou em uma das poltronas e Helena o seguiu ficando à sua frente.

_ Diga.

Ele abriu um sorriso pelo modo como ela falou, pois pareceu uma empregada esperando a ordem de seu senhor. Mas não deixava de ser! Pensou ele enquanto a fitava fixamente.

_ Eu preciso fazer uma viagem para a América e me ausentarei durante alguns dias.

_ Oh! Eu... Eu preciso ir com você?

Aquelas poucas palavras pareceram causar uma reação nele e com voz firme ele respondeu:

_ Dessa vez você ficará livre do sacrifico!

Em pensamento ela agradeceu por não ter que viajar com ele, então aproveitando aquele momento falaria sobre a ideia que havia tido.

_ Eu também gostaria de fazer uma coisa...

O olhar que ele lançou era sinal de que ela deveria prosseguir e tomando coragem ela começou.

_ Estive pensando e... Gostaria de trabalhar na empresa.

_ Você esteve pensando?

_ Sim. Eu gostaria muito, já que estou o dia todo aqui em casa e fico entediada de não fazer nada. Gostaria muito de me ocupar em algo... Não sei qualquer coisa...

_ Você não estaria pensando em fugir, não é? Você sabe que jamais conseguiria até liquidar toda a...

_ Eu sei! Jamais tentaria ir embora daqui sem quitar o que devo. Afinal nos temos um contrato como você bem sabe.

Ele sorriu de modo superior e então levantou e parou em frente a ela.

_ Ainda bem que você tem juízo! Quanto ao trabalho fala com o Armando pra ele resolver isso...

_ Você vai permitir que eu... Oh muito obrigada!

Ela ficou tão feliz que parecia uma criança, mas logo teve seu pulso segurado por Antonio que a trouxe em sua direção.

_ Mas não se esqueça que sempre estarei olhando você. E não ouse me trair ou então eu te mato!

Seria uma louca se não ouvisse o que ele falava, pois sabia muito bem que seu marido poderia fazer aquilo já que era um homem muito violento.

_ Vou arrumar minha mala.

Quando se viu sozinha Helena rodopiou como uma criança se sentindo muito feliz por aquele presente e não percebeu ao contrario do que pensava, não estava sozinha! Rafael a admirava em silêncio e assim que ela notou a sua presença rapidamente se conteve, mas foi impossível esconder o rubor em seu rosto.

“O que ele estava fazendo ali?”

Foi a pergunta que ela se fez ao vê-lo se aproximar lentamente. Queria poder se esconder naquele momento para que ele não visse seu rosto, mas vieram em sua mente os momentos da noite anterior e então ela sentiu o corpo reagir imediatamente.

Rafael tinha notado a timidez no rosto dela, fato que, aliás, tinha lhe deixado ainda mais bonita, mas não iria deixá-la ainda mais encabulada.

_ Parece que você está muito feliz mesmo.

_ Apenas uma noticia boa, nada demais. Você não tinha saído?

_ Precisei voltar para pegar isso. _ Ele mostrou um crachá que dava acesso a algumas informações na empresa _ Mas nunca imaginei que teria a bela surpresa ao te ver assim, nesse momento único.

Aquela intimidade realmente estava lhe deixando incomodada por isso cortou dando a primeira desculpa que veio a sua mente.

_ Desculpe, mas eu já estava subindo pra uma ducha.

No momento em que Helena tentou passar, Rafael se colocou em seu caminho e ela não teve como evitar o encontro dos corpos, apesar da tentativa de se desviar não conseguiu. Sentiu as mãos dele em sua cintura e não teve alternativa senão fita-lo.

_ Por favor...

_ Estive esperando a manhã para poder falar sobre o que aconteceu...

Era impossível esconder a apreensão de que Antonio entrasse ali e visse aquela cena, por isso Helena olhou para o alto para ver se não havia ninguém vindo para a sala, mas Rafael parecia não ligar para nada daquilo e se mantinha em sua frente.

_ Não aconteceu nada... Vai ser melhor pra nós dois se isso for apagado!

_ Mas o que acontece se eu não conseguir fazer isso?

“Como assim não podia esquecer?”

Aquelas palavras tiveram o poder de confundir sua mente porque Rafael não era o tipo de homem romântico e muito menos o tipo que fazia caso por um simples beijo como o que haviam trocado!

Mas porque aquele olhar tão sério ao dizer aquilo?

Ela começou a sentir respiração acelerar devido ao nervoso, mas não podia se prender àquelas palavras ou então estaria perdida!

_ E você quer que eu acredite nisso? _ O riso no rosto dela era sinal de total descrença em tudo o que ele havia dito _ Não posso acreditar Rafael, eu te conheço!

Quer dizer, pelo pouco que o conhecia podia afirmar aquilo!

_ Pois dessa vez você esta errada minha querida e posso te provar!

Dizendo essas palavras ele a puxou rapidamente em sua direção e colou os lábios ao dela em um beijo rápido, mas foi impossível negar a grande atração que era trocada naquele simples ato. O beijo teve o poder de lhe arrebatar a consciência e ela não conseguiu fazer outra coisa senão se entregar ao momento... E todo seu corpo esmoreceu devido à sensação de paz que causou.

Mas não podia se entregar assim como uma boba! Quando voltou a si e tentou responder Rafael se afastou com um riso triunfante no rosto, pois havia demonstrado que o beijo trocado na noite anterior não havia sido um simples ato qualquer. Foi algo que mexeu com os sentimentos de ambos. Sem ter o que dizer, ela gritou:

_ Idiota!

Então virou para o alto da escada e viu o olhar assustado de Melissa em sua direção. Naquele momento todo seu corpo paralisou e ela apenas conseguia fitar a moça que também estava claramente nervosa.

_ Senhora eu...

_ Melissa isso...

_ Desculpe-me! Eu juro que não vi nada.

A jovem saiu com o rosto pálido já que não era comum ver o filho do patrão e a madrasta aos beijos.

“Céus. Estava perdida!”

***