Marauder's Love escrita por Sunshine


Capítulo 9
Capitulo Oito — Um pedido de desculpas




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Ao abrir os olhos, tudo que conseguiu enxergar foi um completo borrão. Na verdade, nem isso conseguiu, já que o lugar onde estava se encontrava completamente escuro, com apenas uma fraca luzinha vindo do lado esquerdo. Quando o borrão se focalizou mais um pouco, o jogo da visão mudou para uma visão dupla, e Morgana via duas camas a sua frente, dois pares de suas pernas e dois focos de luz vindos da esquerda. Quando a garota se virou para saber de onde vinha os pequenos raios de luminosidade, se deparou com duas cadeiras de aparência desconfortáveis que aninhavam um corpo largado de forma estranha. O primeiro instinto da loira foi gritar mas sua visão foi aos poucos melhorando, seus intintos se tornaram mais alertas e percebeu que se gritasse, metade da escola ouviria e só causaria mais problemas para si e para quem quer que seja na cadeira.

A sonserina se esforçou para se pôr de sentada, sentindo uma forte dor de cabeça atingir sua têmpora direita e rapidamente levou a ponta dos dedos ao lugar onde estava incomodando. Com o contato de seus dedos gelados na pele, Morgana soltou um gemido de reclamação, puxando os finos lençóis que a cobriam numa tentativa de se aquecer mais.

Com aquele simples gemido baixo, a figura ao seu lado se moveu e seu rosto ficou contra a fraca luz da lamparina. Sirius Black babava na cadeira, deixando as pernas esticas e apoiadas no final de sua maca. A sonserina forçou a memória, se lembrando que a última coisa de que se lembra era um balaço lançado pelo moreno vindo em sua direção, uma dor forte e em seguida nada. Uma pontadinha de mágoa se apoçou de seus pensamentos e Morgana se encolheu, pronta para uma briga danada se o garoto acordasse e uma briga com dor de cabeça era tudo que ela menos queria.

Com os braços apertando as pernas contra o próprio peito e o queixo apoiado nos joelhos, Morgana fechou os olhos na esperança de que a dor de cabeça passasse ao menos um pouquinho. O único problema estava ali, na sua frente, supirando durante o sono e se mexendo diversas vezes. Sirius parecia estar em um sono profundo e Morgana abriu um dos olhos para olhá-lo, como se fosse algum pecado ou algo proibido. O moreno tinha um cacho negro caindo nos olhos e a expressão tão relaxada como Morgana nunca viu, não era nem o debochado que tão bem conhecia, só... Calma. Por um momento a loira se perguntou se ele poderia mesmo estar ali e como diabos ele havia entrado, e ainda mais, porque ele estava ali. Não era o tipo de pessoa que parecia se importar com ela.

Todos os pensamentos rápidos fizeram sua cabeça receber mais uma pontada incômoda e Morgana resmungou irritada, praguejando por estar tão debilitada. Seu resmungo foi o suficiente para fazer Sirius se sentar alerta, piscando os olhos e olhar em volta, como se tivesse cometido um grande crime e talvez tenha só de estar ali. Os olhos do grifinório pararam no bolinho de corpo que Morgana havia formado e a loira deu um leve sorriso envergonhado.

─ Desculpe. – murmurou baixinho, sem saber ao certo porque pedia desculpas. Sirius ficou tão surpreso quanto ela por suas palavras e ergueu uma sobrancelha, como se questionando o motivo – Por te acordar. – ela explicou dando mais uma vez de ombros e voltou a encarar a ponta do lençol.

─ Ah, certo. ─ ele respondeu mais desperto do que a própria Morgana e esfregou o rosto nas mãos, olhando para os lados. – Você quer água? ─ ela se virou para ele ao ouvir sua voz e ergueu as sobrancelhas surpresa pela voz gentil dele. Morgana desconfiou ser um truque, mas por fim acabou dando a ele um fiapo de confiança.

─ Eu aceitaria, obrigada. – ela murmurou se sentando mais reta e pela primeira vez se preocupou com a sua aparência. Deveria estar com os cabelos bagunçados, o rosto pálido e uma aparência nada agradável. Passou a mão nos cabelos e os encontrou penteados, mas ainda assim fora de ordem e tentou ajeitá-los com as pontas dos dedos. Sirius se virou para pegar o copo e o encheu com a água da jarra. O silêncio preenchia a enfermaria vazia, onde se encontrava apenas os dois e a sonserina sentiu um leve incomodo.

─ Aqui. – Sirius estendeu para ela o copo e a loira sorriu levemente ao pegar com os dedos gelados. Deus leves goles, bebericando com cuidado e ficou agradecida ao sentir sua garganta seca receber água.

Ele a observava, sentado na ponta da maca e passou os dedos pelo cabelo de maneira nervosa. Morgana o olhou pacientemente, chegando mais para cima e cruzou as pernas como se fosse meditar, dando espaço para que ele se sentasse mais para cima, e ele assim o fez. Os dois se comunicaram de maneira silenciosa e ele voltou a chegar um pouquinho mais para cima, se impertigando e os dois começaram a falar ao mesmo tempo. Sirius deu uma risada nervosa e balançou a cabeça em sua direção.

─ Pode falar primeiro. ─ a loira agaradeceu, girando o indicador na borda do copo e deu mais um golhinho, o olhando interessada.

─ O que você está fazendo aqui? ─ ela descobriu que sua voz estava rouca quando não era mais que um sussurro e pigarreou baixinho, dando mais um gole na água.

Sirius sorriu com o canto dos lábios, balançando a cabeça.

─ Ironicamente eu ia responder a essa pergunta ─ ele mexeu no lençol, o enrolando nos dedos e respirou fundo, tomando coragem para olhá-la nos olhos e quando o fez, Morgana logo se arrependeu de tê-lo feito pois os olhos cinza dos seus sonhos agora a encaravam com sinceridade. ─ Eu joguei o balaço, Morgana. ─ pela primeira vez a sonserina estava ouvindo o grifinório a chamar pelo nome e não pelo sobrenome, com aquele ar superior que sempre usava. A loira concordou com a cabeça, sabia disso, tinha leves lembranças do jogo. ─ Eu joguei o balaço e... Eu peguei o maldito livro. ─ ele levou as mãos aos cabelos mais uma vez, parecendo querer arrancar tufos e suspirou passando a mão na testa. Morgana franziu a testa, não entendendo mais nada e ele notou sua confusão. ─ O livro, Morg. ─ Ouvi-lo chamá-la pelo seu apelido, com aquela intimidade a deixou levemente incomodada, mas como estavam conversando civilizadamente depois de... Bem, pela primeira vez na vida, praticamente, a sonserina resolveu não reclamar. ─ E aquele maldito livro é amaldiçoado. Assim como Aluado disse e eu não dei ouvidos. E agora vocês estão em risco e... ─ ele parou, parecendo se lembrar de que ela havia acabado de acordar e deu um sorriso triste ─ Desculpe. Enfim, amanhã eles vão te explicar melhor. ─ a loira ia abrir a boca para continuar com as perguntas mas ele ergueu a mão, pedindo um pouquinho mais de tempo. Ele pareceu ter decorado um discurso completo para não se perder. ─ Eu também vim me desculpar por... Por ter falado todas aquelas coisas horríveis pra você. Eu realmente peguei pesado e até aceito que tenha merecido os tapas e essa cicatriz horrível que ainda está cicatrizando na minha bochecha. ─ ele apontou para a bochecha e Morgana pode ver a leve ondulação na pele em contraste com a luz fraca e sua pele pálida. O grifinório tomou ar, voltando a olhar para ela com um olhar cansado e deu de ombros ─ E também queria propor uma trégua, pelo menos até você estár 100% de novo.

Morgana riu baixinho e ele também, suas risadas morreram no silêncio da enfermaria e a loira abaixou o rosto, deixando o cabelo criar uma cortina de cabelos brancos entre aqueles olhos e os dela. Por incrível que pareça, Sirius estava ansioso. Aquilo não era uma confissão de amor, nem nada do tipo – Dã, ele não amava ela – mas era o mais próximo de amigos que os dois jamais poderiam chegar. Porque ele era Sirius e ela Morgana, os dois nasceram para se odiar. Era assim que tinha que ser. Certo?

A loira ficou mais alguns instantes em silêncio, o que só fez a ansiedade do garoto crescer até que ele deu uma risada nervosa e bagunçou o cabelo, desviando o olhar do perfil da menina que ele observava durante todo esse tempo.

─ Fala alguma coisa ou vai ficar um climão. ─ Morgana deu uma risadinha e concordou com a cabeça, voltando a olhá-lo com o rosto erguido.

─ Tudo bem. ─ ela sorriu de leve, concordando com a cabeça bem devagar. ─ Tudo isso aceito e... Desculpe também. Pelo seu rosto e por... Tudo. ─ ela murmurou bem baixinho, mas ainda assim ele a ouviu.

O silêncio entre os dois voltou, agora um pouco mais confortável que antes e Morgana o encarou, seguindo com os olhos os traços visíveis naquela claridade. Graças a Merlin a claridade era pouca, por isso ele não percebeu quando seu rosto esquentou ao ser pega bem no flagra enquanto o observava. Sirius sorriu com o canto dos lábios, mexendo nas unhas.

─ Te deram autorização para ficar aqui? ─ ela perguntou interessada, atraindo a atenção do maroto e ele deu uma risada baixa e travessa, negando com a cabeça

─ Não. Entrei pouco depois que Madame Pomfrey se retirou para dormir. Não fui muito difícil ─ ele apontou a capa da invisibilidade com a cabeça e Morgana maneou a cabeça em concordância, entendendo.

─ Me conte o que aconteceu. Quanto tempo apaguei? ─ ele pensou um pouco, contando nos dedos e voltou a olhar para ela com um sorriso brincalhão que a sonserina não se lembrava de ter visto muitas vezes quando direcionado a ela.

─ Ahn, não foi muito tempo, o jogo de Quadribol foi hoje pela manhã. Megan quase não saiu do seu lado e Remus ficou aqui a tira colo. Nenhum dos sonserinos vieram. ─ ele completou mais baixo e ela assentiu até um pouco mais aliviada. ─ Eu quase trouxe um doce pra tentar te acalmar caso nossa conversa fosse mais agressiva mas eu comi todos os feijõezinhos de todos os sabores na semana passada. ─ ele confessou atrapalhado e Morgana riu, só agora notando o quanto ele havia se inclinado para ela.

Foi assim por um tempo, Morgana e Sirius conversaram como nunca haviam conversado antes. Foram noite a dentro falando, o garoto fazendo palhaçada e a menina rindo dele. Sirius descobriu que ela gostava de música, Morgana que ele sabia mais de 100 cantadas trouxas infalíveis. Sirius palpitou que ela gostava de bandas trouxas e acertou em cheio, já Morgana mostrou a ele um truque fajuta de mágica que aprendeu nas férias passadas. Conversando os dois nem viram a hora passar mas a madrugada já estava quase no fim quando Sirius se pôs de pé e Morgana deu a ele um leve aceno de despedida enquanto o maroto vestia a capa da invisibilidade e de um momento para o outro, apenas sua cabeça de cachos negros flutuava no ar. A sonserina riu baixo, fazendo sinal para ele ir embora e segundos depois ele desapareceu. Ela não ouviu passos, nem a porta, nem nada. Só ficou ali, parada, olhando o lugar onde ele estivera a poucos segundos e esperando até se sentir sozinha o suficiente para dormir.

Nem parecia real. Ela e Sirius Black conversaram uma madrugada inteira, e mais: ele a fez rir. Ela o fez rir. Pensava nisso e nas probabilidades daquilo acontecer quando sentiu um peso ao seu lado e levou um susto enorme. Ia gritar mesmo mas uma mão flutuante surgiu do nada e cobriu sua boca. Ela conhecia exatamente aquela mão, havia a sentido antes e seus sonhos repassaram sua textura diversas vezes. A capa da invisibilidade deslizou pelo corpo de Sirius, caindo no chão sem barulho nenhum e ele a olhou por alguns intantes, abaixando sua mão lentamente. Ele estava perto agora, perigosamente perto.

─ Eu não me perdoaria se perdesse essa chance ─ ele sussurrou baixinho, olhos verdes em olhos cinzas e Morgana não demorou nada para o entender. Engoliu em seco, presa demais aos seus olhos para se mexer e ele voltou a erguer a mão, não para cobrir sua boca mas para ir até a lateral de seu rosto, deslizou o polegar por sua bochecha, fazendo o contorno dos lábios da loira logo em seguida e ela pode sentir seus olhos fazendo o mesmo caminho.

Morgana se ajeitou, ficando sentada de forma que ele ficasse bem a sua frente e seus dedos deslizaram pela blusa do garoto, subindo até a gola e os dedos finos a contornaram e a puxaram levemente, o trazendo até ela, o levando para mais perto. A sonserina cravou os olhos nos dele, e viu um lampejo de desejo correr por trás das córneas cinza como um dia de tempestade. Os dedos ávidos da loira continuaram a subir e pararam apenas quando se enrolavam nos cachos negros do grifinório, que segurava sua cintura com uma mão e com a outra trazia seu rosto com delicadeza mais para perto. A loira suspirou ao sentir o hálito do garoto, era algo como hortelã e seu perfume tinha um leve toque amadeirado, era inebriante.

Sem pensar em mais nada, Morgana fechou os olhos e sentiu os lábios firmes do moreno tocarem os seus com delicadeza e ávidez, a reivindicando como dele mesmo que só por aquele momento. O grifinório não se controlou e depois de poucos segundos o beijo se tornou um beijo de verdade, profundo e com uma pressa de ambos os lados, como se o medo de que o momento acabasse fosse cada vez maior.

A loira sentiu seu corpo todo tremer, como se cada célula do seu corpo estivesse presenciando uma explosão solitária e seu interior agora fosse feito de fogos de artifício gelados. Sirius jurou que nunca, em nenhum de seus beijos, sentira tamanha coisa, não chegava a ser explicável.

Ambos se afastaram quando a falta de ar falou mais alto e Sirius a olhou sorrindo abertamente, como se agora fosse o homem mais feliz do mundo e Morgana lhe retribuiu um sorriso envergonhado. Encostaram suas testas e Sirius lhe roubou um selinho antes de finalmente se afastar lentamente. Morgana tomou coragem e lhe roubou mais dois beijinhos rápidos que fizeram o moreno rir baixo ao agarrar a capa da invisibilidade.

─ Boa noite. ─ ele sussurrou no ouvido da loira antes de desaparecer e um arrepio passou pelo corpo da sonserina, fazendo um sorriso involuntário aparecer em seus lábios.

─ Boa noite ─ ela sussurrou sem saber mais onde ele estava mas sabia que ele ia a ouvir.

Naquela noite, os sonhos da loira foram repletos de sorrisos e olhos tempestuosos que se abriam para um jogo de quadribol ensolarado.


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