Simplesmente amor escrita por Betty a Feia e Ecomoda


Capítulo 4
O passado bate à porta


Notas iniciais do capítulo

Você já pensou a que veio Rapahel Moneo, marido de Inezita?
Isso ficou meio que em "suspense" na novela... ficamos meio perdidos, sem entender nada...
Quer saber o que de fato ocorreu? Por que ele sumiu? Por que, depois, voltou assim, como um fantasma, uma aparição pra complicar a vida de Inês?

Simples... acompanhe nossa fic!



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Tudo aquela noite foi um tremendo sucesso. Tudo, menos a vida pessoal e amorosa de Marcela. Essa estava em frangalhos.

Hugo e Maria Beatriz a convenceram a não dirigir e chamaram um táxi para levá-la, e ainda fizeram questão de se certificarem que ela ia em segurança.

HUGO- Ai Margi... não fica assim não! Tem certeza que não quer ficar mais um pouco... o Karoll Márquez tá cantando! Ai, ele é um arraso!

MARC- Tenho... eu quero ir pra minha casa... – diz quase caindo de bêbada.

Ma. BEA- Você tem certeza de que está bem Marcela? Não quer que a gente vá com você?

MARC- Não... Me deixem!

Alheio a todos esses problemas estava Mário Calderón. Afinal, pra que pensar em problemas num harem como aquele – repleto de mulheres belas e solteiras por todos os lados. O garanhão já perdera a conta de quantas modelos já tinha flertado naquela noite. Estava decidido a expandir suas opções no Oráculo das Deusas, que aliás, há muito tempo não era atualizado.

Àquela altura, Patrícia já tinha tomado um táxi e ido para seu apartamento, onde marcara com Nicolas às dez. A loira estava decidida a resolver definitivamente seus problemas financeiros. Já estava cansada de ser humilhada por Daniel e pelo Quartel das Feias! Aquela noite ela daria um grande passo rumo à sua “independência econômica”!

(...)

A caminho da Ecomoda, Armando consulta o relógio.

ARM- 10h30min! Ela ainda está lá! Me disse que terminaria o relatório às onze!

Armando decide parar num posto para abastecer. Ao ver que a cafeteria ainda estava aberta decide entrar e comprar dois cafés, afinal, tanto ele quanto Beatriz tiveram um dia exaustivo, e um bom café ajudaria a animar os ânimos, pois nessa noite, nada de álcool! Ele queria, na realidade, ficar muito bem acordado...

Enquanto isso, na Ecomoda, o telefone de Beatriz toca. É seu Hermes, impaciente com a demora da filha.

HER- ❝Escute mocinha... a senhorita está pensando em não vir dormir em sua casa essa noite?❞

BET- ❝Sim papai... acontece que estou fazendo o balanço e organizando o material para a reunião de amanhã mas já estou terminando e já vou pra casa.❞

HER- ❝Ahã. E como você pensa vir?❞

BET- ❝Não se preocupe porque eles têm um transporte pra mim.❞

Como sempre, seu Hermes estava muito preocupado com a filha. Não gostava quando ela chegava em casa muito tarde, porque a noite a cidade era muito violenta, e além disso, 'O Diabo é Porco' e nunca se sabe. Betty, no entanto, prometeu que não demoraria, e pediu para que o pai já deixasse todos os documentos da Terra Moda ajeitados, e ficou preocupada ao ser informada que Nicolas não havia deixado nenhum deles com o experiente contador, nem mesmo o talão de cheques...

Ao desligar o telefone, Beatriz refletiu por um instante... lembrou da conversa que teve com Nicolas, em que o advertiu severamente de que não emprestasse um centavo à Patrícia Fernandez. Uma ruga de preocupação se estampou em sua testa. Confiava no amigo mas... sabe-se lá quais métodos a oxigenada usaria para arrancar o dinheiro que precisava dele. Ela, mais do que ninguém, sabia o quanto era difícil resistir à tentação.

(...)

Em um bairro, distante dali, Ruan cumpria a missão dada por Hugo de deixar Inezita em casa sã e salva. A velha senhora entrou ressabiada, como se procurasse por algo ou por alguém. Ruan, estranhando seu comportamento, perguntou-lhe:

RUAN- ❝Tem alguma coisa dona Inezita?❞

INEZ- ❝Não, não... Nada Ruan. Nada! Está tudo muito bem! Obrigada.❞ – responde com um sorriso e se despede do jovem, lhe desejando uma boa noite.

Mas a verdade é que não estava tudo bem... um fantasma do passado havia retornado para lhe tirar a paz e novamente mexer em velhas feridas, que julgara cicatrizadas. O nome deste fantasma é Raphael, seu esposo, que retornara repentinamente para espanto da vivida senhora, que a princípio, pensou ver em sua frente uma miragem, uma assombração! – Mas não! Era de fato Raphael, aquele que há muitos anos atrás a abandonou com seus dois filhos ainda pequenos, os quais ela criou sozinha com muita garra e determinação.

A vontade de Inezita, ao vê-lo, era de fechar a porta, de mandá-lo embora para sempre! Afinal, quem se fez ausente por tanto tempo, já não faz mais falta!... Mas a velha senhora já não tinha mais idade para esse tipo de coisa. A vida lhe ensinara que não se deve agir no calor das emoções! Ela que tantas vezes, quando jovem, ensaiou o que faria num momento como este, agora, passados tantos anos, foi pega de surpresa...

❝(...)

— Olá Inezita!

— Não é verdade... não é verdade... Isso é uma aparição! Não é verdade...

— É verdade sim! Eu sou Raphael Moneo, seu marido.

— Não pode ser verdade... Não é verdade... Não é verdade...❞ (BAF 120)

Ela bem poderia ignorá-lo, xingá-lo, bater com a porta em sua cara... – Era seu direito! – Mas não... apesar dos pesares ela ainda o amava! Os mais de 20 anos que se passaram não foram capazes de extirpar de seu peito esse sentimento, apesar da mágoa e da dor causada pelo abandono... e também não poderia negar o fato de que ele era o pai de seus filhos.

Se suas amigas do Quartel a vissem nesse momento, diriam que agora era sua vez, sua revanche! Sua grande oportunidade de dizer todas as verdades que aquele homem merecia ouvir e sentir! Toda a tristeza e frustração, toda raiva e desespero que ela sentiu a cada dia que passou ao lado de seus filhos esperando o seu retorno... Aos filhos, a cada dia inventava uma mentira, até que por fim as crianças cresceram e foram se dando conta que nunca mais seu querido pai voltaria para casa.

Raphael, por sua vez, estava disposto a tentar, de alguma forma, mostrar à mulher que um dia ele abandonou com seus filhos, ainda pequenos, que estava arrependido, e que nos últimos anos, nem sequer por um segundo, este erro não deixou de pesar em sua consciência... e se não retornou antes, foi por vergonha, por receio... mas do seu jeito, sempre procurou manter-se informado, pois como há muito tempo trabalhava como pintor de paredes, vez ou outra oferecia seus serviços aos vizinhos, e discretamente perguntava por Inês...

❝(...)

— Hoje não, meu senhor. Obrigada!

— Quem mora nesta casa ao lado? Quem sabe eu possa oferecer meus serviços ali...

— Ah, é uma senhora que vive só. Mas não deve estar lá agora, pois trabalha o dia inteiro e só chega de noite.

— Ah, vive só? E não tem marido? Filhos?

— Sim, tem filhos. Pelo que soube, parece que foi abandonada pelo marido há alguns anos e tem filhos e netos, mas não moram com ela. E pra falar a verdade, nunca os vi. Devem morar longe...❞

Saber que Inezita e os filhos estavam bem o deixava mais aliviado. Seu erro era irreparável mas sonhava em um dia, quem sabe, receber o perdão de Inezita. Se pudesse voltar atrás, desfazer tudo de errado e refazer tudo da forma certa... mas o tempo é como um rio, não se pode tocar na mesma água duas vezes... e além disso, ele não tinha mais nada a oferecer! Diante disso, o melhor, era continuar morto para todos, inclusive para Inês.

Porém, ao saber de seu adoecimento não teve dúvidas: Precisava enfim criar coragem e falar com ela, elucidar as coisas! Não podia deixar passar a oportunidade, em vida, de pedir-lhe perdão. Se ela morresse ele não teria essa chance. Além disso, para ele também não havia muito tempo...

Certa manhã, decide então, tocar-lhe a campainha.

❝(...)

— Para que veio? Você está morto!

— Não Inezita... para desgraça minha, ainda estou vivo!❞ (BAF 120)

Inês não entendia o motivo, após tantos anos, de Raphael retornar assim, de repente. Após se recompor do susto, ela quis saber, enfim, o motivo de tal aparição.

❝(...)

— Você saiu daqui há mais de 20 anos, pra mim você está morto e enterrado! Por que é que voltou?

— Pra saber como você estava. Para... para ver meus filhos... para dizer que estou aqui. Mesmo que isso não sirva pra nada!

— Absolutamente nada, Raphael. Absolutamente nada!❞ (BAF, 120)

O retorno de Raphael, assim, de repente a devastou. Ela, que sempre fora uma mulher de muita fé correu para seu quarto e em frente à imagem de Cristo, em lágrimas, protestou:

❝(...)

Por quê? Por que fez com que ele aparecesse? Por que fez com que ele voltasse pra cá quando eu já tinha esquecido... Quando eu já tinha aceitado a ideia da sua ausência sem adeus e sem regresso... Por que fez ele voltar? Por que não o deixou onde ele estava? Por que ele tinha que voltar quando a minha vida já estava resolvida? Por que o fez voltar se pra mim ele é um morto sem túmulo?❞ (BAF 120)

Em meio às lágrimas, Inês se lembrou de que de fato sua vida não estava assim tão resolvida, afinal, havia um parêntese em sua história, algo que precisava ser aclarado, resolvido... lembrou de quantas vezes, em oração, pediu a Deus para não morrer sem saber o que na realidade havia acontecido... por que as coisas ocorreram daquele jeito?... Por que seu marido, um dia, simplesmente sumiu sem deixar um recado, um bilhete de adeus, nada?! Lembrou, ainda, que não se deve indagar os desígnios de Deus, e se Ele estava permitindo que Raphael retornasse após tantos anos, devia sim, existir um motivo para isso...

E foi assim, chorando e orando que Inês passou toda a noite. Não conseguiu pegar no sono – no máximo cochilava, mas novamente acordava e chorava e orava mais... Quando o dia amanheceu estava mais calma, serena e resolvida do que fazer. Resolveu se arrumar para ir à Ecomoda, como fazia todas as manhãs. Na verdade não precisava de fato ir à empresa já que por estar doente tinha recebido alguns dias de folga, mas precisava ir – pois somente mantendo-se ocupada com o trabalho, é que poderia processar tudo aquilo e ter um pouco de paz...

Ao descer as escadas viu que, tal como pensara, Raphael havia passado a noite ali. Apesar dos pesares ela havia se compadecido dele e não o mandou embora, pois não poderia deixá-lo ao relento. Ele, sentado no sofá, folheava um álbum de fotografias.

❝(...)

— Pensei que já tivesse ido.

— Não. Eu já vou. Estava andando pela casa pela última vez e vi essas fotos... Permita-me recordar os meus passos em vida, já que não mereço fazer isso depois de morto. Quem são estas crianças?

— São minhas netas. E... também são suas, é claro! As da direita são as do Jorge: Sônia e Olga. E as da esquerda são as da Juliana: A Maria Inês e a Daniela.

— E onde estão o Jorge e Juliana?

— Faz muito tempo que se foram. Jorge está em Moscou. Foi para estudar e lá criou raízes, se casou e formou família. A Juliana está em Vancouver. Fez o mesmo... de vez em quando eles me ligam.

— Ah... teria gostado de conhecer as crianças e... dar um abraço nos meninos mas... JÁ É TARDE!...❞ (BAF 121)

Sim. Já era muito tarde, mas já que ele havia voltado e queria refazer seus passos, Inezita não podia lhe negar isso, apesar de não lhe ser direito.

❝(...)

— Se quiser pode ficar, percorrer seus passos como você disse. Afinal, essa casa um dia também já foi sua!

— Hã... onde vai?

— Para a Ecomoda. Pra onde tenho ido, mesmo antes de você partir!

— Assim? Assim doente como está?

— Eu tenho que trabalhar. Lá na cozinha sobrou sopa. Se quiser, esquente e tome.❞ (BAF 121)

Por todos estes fatos é que ao retornar para casa, após o desfile de lançamento, Inês não tinha certeza se encontraria ou não Raphael. Será que ele já havia refeito seus passos e ido embora, como prometera? Será que novamente sumiria de sua vida sem dar adeus ou alguma explicação? Na realidade, ela nunca soube a razão que fizera com que ele lhe abandonasse, embora desconfiasse o motivo.

Ao subir as escadas se deparou com Raphael no quarto que havia sido de Juliana, sua filha.

RAPH- ❝Isto parece uma fotografia... A ideia que levei na mente da última vez que vi está intacta, como se ninguém a tivesse tocado! Mas o que ainda não entendo é... O que faz essa boneca aqui?❞

INEZ- ❝Você a deu à Juliana quando ela fez nove anos...❞

RAPH- ❝Sim eu sei. Hã... O que não entendo é... Que idade a Juliana tinha quando saiu.❞

INEZ- ❝22 anos!❞

RAPH- ❝Ah! Já não era mais uma menina! Mas este quarto... Este quarto é da menina que eu deixei aqui! Até parece que ela não cresceu...❞

INEZ- ❝Sim, ela cresceu, mas conservou intacto esse quarto desde o dia em que você se foi e até o dia que ela se foi! Ela quis conservá-lo intacto, porque Juliana já era uma mulher feita, mas aqui, ela continuava sendo a menina que você deixou, e não permitia que eu tocasse em nada! Porque ela dizia que aqui havia muitas recordações do seu pai! Conservou tudo até o último dia! Porque até o último dia ela sonhou em ver você aparecer entrando por aquela porta e me pediu pra não tocar em nada! Nem na boneca que você deu a ela quando ela fez nove anos e nem no porta-joias que você trouxe quando viajou para Cali! E não permitiu que eu desse o seu vestido de primeira comunhão, porque ela dizia que você a tinha levado pela mão para comprá-lo juntos! E nem nos contos de fadas que vocês dois liam a noite!...❞

RAPH- ❝Chega!❞ – a verdade era dura demais para ser ouvida.

INEZ- ❝E nem nos discos com as músicas que ela dançava aos sábados e que você a ensinou a cantar!...❞

RAPH- ❝Chega! Chega!❞

INEZ- ❝E nem no escapulário que você colocou no pescoço dela para que a protegesse, E QUE NÃO CONSEGUIU PROTEGÊ-LA DO SEU ESQUECIMENTO E DO SEU ABANDONO!❞

Mesmo sem suportar as duras palavras, Raphael ouviu atentamente cada verdade que saía da boca e do coração de Inezita. Ele sabia que merecia ouvi-las. Só que ela não fazia ideia do que foi a vida dele durante esses longos anos longe da família, da amargura de não poder vê-los de perto e da vergonha que o impedia de se aproximar... mas mesmo distante ele os vigiava e os cuidava. Ele bem se lembra de quando Juliana foi com suas amigas pela primeira vez sozinha ao shopping e de como ela estava feliz. Se ele fechasse os olhos poderia enxergar seu sorriso. A felicidade estava estampada em seu rosto. De longe ele a sondava e até pensou em se aproximar mas... o que falar depois do abandono sem uma razão aparente? – "Oi minha filha, eu voltei!" – Não. Ele não podia... E se ela o rejeitasse? Ou falasse que o odiava, o mandasse embora ou algo assim... Ele não suportaria! Preferia ficar zelando pela filha sem que ela soubesse.

Ah, quantas vezes ele se perdia em seus pensamentos relembrando de Inês e dos filhos... como ele queria poder apagar o passado e voltar naquele exato momento em que cometeu a estupidez de sair de casa por uma aventura. Foi uma decisão errada! Foi um erro que custou uma vida inteira e que o obrigou a ficar longe de tudo o que tinha de mais precioso: SUA FAMÍLIA. Além disso, seus irmãos, Mireia e Luiz já eram falecidos. Mireia morreu há quinze anos. Luiz, três anos depois. Raphael estava fora do país quando aconteceu. Só soube que foram enterrados no Cemitério Central, mas ele já estivera lá e não encontrou os túmulos... Por sorte, Inês ainda era viva. Ele queria pedir perdão por tudo o que causou, apesar de um ato como este não merecer perdão! Ainda mais depois de tanto tempo, e de perder praticamente tudo o que tinha: dinheiro, juventude, dignidade, e até mesmo sua saúde! Se Inezita pudesse ouvir seus pensamentos, certamente ouviria:

❝Inez, sei que errei, mas estou muito doente... Não quero ir embora sem rever minha família e escutar novamente a sua voz e a de meus filhos. Você, para sempre será minha esposa! Inezita Moneo de Gómez, e não Inezita Peña de Gomez... Nada será mais como antes, mas o tempo que me resta de vida eu farei de tudo para me redimir dos meus erros! Eu precisava saber como estava e dizer às crianças que sempre as levo aqui dentro... e por mais inútil que pareça, sempre sonho com elas... eu preciso que eles saibam disso para que eu possa morrer em paz! Está certo que me odeiem, e que não me perdoem... que eu não mereça o seu perdão mas... eu preciso que eles saibam... quanto à você, preciso que me perdoe para que eu possa sair daqui direto para o inferno... ao menos com o seu perdão!❞

Mas Raphael não conseguiu dizer uma única palavra... ao passo que Inezita despejava sobre ele todas aquelas terríveis verdades, duras demais de serem ouvidas. Não suportando mais, ele decide ir embora, mas ao descer as escadas, ainda teve que ouvir mais daquela que um dia foi sua esposa.

INÊS- ❝A Juliana quis que esse quarto permanecesse assim, como recordação de um homem que não se recordava dela! Mas toda vez que ela vem pra cá, ela se tranca naquele quarto para evocar você, e é claro, pra se perguntar ‘Por quê? Por quê?’...❞

RAPH- ❝Não... Não! Não! Não!❞ – Grita Raphael desesperado.

INÊS- ❝Não me diga que não vai subir para ver o quarto do Jorge... E não me diga que não é capaz de ver o que ele deixou lá!❞

Na realidade, Raphael já estivera no quarto do filho, e tal como o de Juliana, ele se surpreendeu com o que viu... Está certo que o quarto de Jorge não mantinha, tal como o de Juliana, o mesmo aspecto de quando Raphael foi embora mas... dentro de uma caixa, encontrou muitos objetos guardados como relíquias... a coleção de bola de gude, que o filho tanto esmerava e que por diversas vezes ia com o pai para procurar modelos e tamanhos diferentes no mercado, o jogo de dominó que ganhou quando completou 8 anos e que ele mesmo o ensinara a jogar... mas o que mais o surpreendeu, foi ver a bola de futebol que deu a ele no Natal quando ele tinha 10 anos, e que mesmo velha e remendada, tinha sido lavada e guardada com todo o zelo, juntamente ao par de chuteiras que deu a ele quando entrou para o time de futebol da escola, aos 12 anos...

RAPH- ❝Eu não devia ter vindo aqui! Eu deveria ter me matado! Eu quero morrer!!!❞

INEZ- ❝Eu também pensei em morrer... mas eu não podia – eles precisavam de mim! E eu fiquei aqui! Aqui! Até que eles fossem embora... e então eu fiquei presa nessa casa que mais parece um museu cheia de recordações suas... deles, de um passado mais feliz! E não creia que foi fácil suportar esses 20 anos rodeada de coisas que já não existem!❞ – desabafa Inezita.

RAPH- ❝Eu vou apodrecer no inferno!❞ – exclama Raphael visivelmente transtornado, dirigindo-se à saída.

INEZ- ❝Raphael! Raphael você não pode ir assim!❞ – diz Inezita com sua austeridade de sempre.

RAPH- ❝É como eu mereço ir!❞

INEZ- ❝Não saía assim, Raphael! Você não está em condições de ir! Você pode passar mal!❞

RAPH- ❝E o que me importa isso? De qualquer forma já estou morto pra todos. Deixarei vocês em paz!❞

INEZ- ❝Se quiser me deixar em paz espere até ficar melhor. Feche essa porta!❞

Raphael acata seu apelo fechando a porta, enquanto Inezita desce as escadas.

RAPH- ❝Eu não quero te incomodar mais!❞

INEZ- ❝Raphael, já estamos muito velhos para ficarmos nesse jogo.❞ – arguiu Inezita, mandando-o sentar enquanto ela lhe prepararia algo para comer.

Mesmo sob protestos, Raphael consentiu, afinal, ele não havia tomado finalmente coragem e ido até ali a toa, e estava decidido a não ir embora enquanto não resolvesse o que tinha para resolver.

(...)

Faltavam alguns minutos para as onze quando, finalmente, Armando chega à Ecomoda. No corredor dá de cara com Wilson, que estranha a presença do chefe na empresa àquele horário...

WIL- ❝Tem certeza de que não precisa de nada, seu Armando?❞

ARM- ❝Tenho certeza de que não preciso de nada!❞

WIL- ❝Então, o que o senhor está fazendo aqui a essa hora?❞ – pergunta consultando o relógio.

Querendo se livrar de Wilson, Armando resolve coloca-lhe medo, e diz encarando-o de frente:

ARM- ❝Por quê? Você se incomoda que eu esteja aqui?❞

WIL- ❝Não senhor... simplesmente er... eu acho estranho, né?❞

ARM- ❝Acha estranho? Ou será que isso te dá insônia? Então não pode dormir, como é sempre do seu costume? Não. Eu não preciso de nada. Então desapareça!❞

Wilson ainda replicou, mas Armando, para se livrar dele o demitiu, ou ao menos ameaçou demiti-lo, como sempre faz quando contrariado por um subalterno*...

ARM- ❝Tá despedido! Vá embora! Não quero mais voltar a te ver. Fora!!!❞

Caminho livre, Armando entra em seu escritório...

CONTINUA...

—________________

*Armando tem sempre este costume. Um exemplo é quando Freddy o segurou para que não batesse mais em Nícolas, e só o soltou diante da ameaça de demissão.


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Notas finais do capítulo

Acompanhe a história na nossa page do face.

Olha que arte linda pra este capítulo: https://www.facebook.com/BettyafeiaeEcomoda/photos/a.769157583112205.1073741827.769015063126457/1830487640312522/?type=3&theater



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