Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 7
Por que?




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Finnick me conduz até o elevador e chegando la ele aperta o décimo segundo andar.

– O Distrito Doze tem piscina? - pergunto confusa

– Na verdade eu descobri a piscina nos meus jogos e, não, o Doze não tem piscina.

Ao chegar no andar deles, Finnick não abre a porta de entrada. Em vez disso meu mentor me leva até as escadas de emergência e subimos mais um andar. Eu abro a porta e vejo que estamos no terraço, não há telhado e posso ver as estrelas e ouvir os sons da Capital. Aquilo tudo me deixa maravilhada, a vista do meu quarto já é bonita, aqui ela é linda.

– Por aqui - Finnick segura a minha mão e me conduz para o lado oposto que eu estava indo.

Chegamos em uma espécie de estufa e ao entrar vejo uma enorme piscina. Por um segundo, me esqueço da presença de Finnick, dos Jogos Vorazes, de tudo e me concentro na piscina. Sei que meus olhos estão brilhando, a saudade do mar é tanta que sei que se eu nadar pelo menos mais uma vez a água me trará aquela única sensação. Tiro a minha roupa, ficando apenas com as peças íntimas, e mergulho na enorme piscina; a água está gelada, mas o arrepio que me percorre a espinha é algo que traz uma sensação boa, em vez de ser algo incomodo. Eu vou até o fundo da piscina para ver quão funda ela é e depois volto para a superfície, Finnick ainda está fora da piscina.

– Finnick isso é demais! - estou animada, apesar do meu queixo tremer por causa do frio.

– Me avise quando quiser vir aqui - diz ele - Você pode se dar mal vindo sozinha.

Faço que sim com a cabeça e volto a mergulhar. A piscina é grande mesmo, deve ter uns quatro ou cinco metros de altura, além de ser bem larga. Fico nadando de um lado para o outro até me cansar, e quando isso acontece, fico boiando na água. Finnick até agora não entrou, ele apenas me observa sentado na borda. Eu continuo boiando e os Jogos me vem a cabeça. Minha felicidade some quando me lembro de que vou morrer em breve. Já aceitei essa ideia. Posso me enganar e dizer que sou durona, mas todos sabem que eu sou mole como um pudim. Não sei se quando chegar a hora, vou conseguir matar alguém.

Me lembro de Dallon. Por que justamente ele tinha de estar comigo? Poderia ser qualquer outra pessoa, mas tinha que ser justo o meu melhor amigo? Só espero que seja ele quem ganhe essa edição.

Eu mergulho uma última vez e saio da água. Finnick me cobre com uma toalha e eu me enxugo, tentando não pensar mais nos jogos.

– O que foi? - Ele pergunta.

– Nada - Digo batendo os queixos, por causa do frio.

O rapaz coloca o dorso da mão em meu rosto e arregala os olhos.

– Meu Deus, Annie! Você esta congelando.

Ele tira a camisa e me puxa para perto de si.

–O-o que v-você está fazendo? - Não sei se gaguejo por causa do frio ou por causa da situação em que me encontro.

– Eu vou aquecer você.

Ele abre a toalha do modo em que nós dois ficamos enrolados nela. Seu corpo está quente e eu me aninho em seus braços, esperando o frio passar. Não demora muito para a temperatura do meu corpo voltar ao normal, mas mesmo assim eu não quero sair de seu colo.

Tenho que admitir que Finnick não é só mais um rostinho bonito, como eu pensava que ele era. Ele na verdade é muito bondoso e simpático. Aos poucos eu descobri que meu mentor é tão bonito por dentro quanto é por fora. Me pergunto se todos os anos ele faz isso com os tributos ou se...

Afasto esse pensamento e me afasto dele também. Não posso me deixar sentir nada por ele. Já fui longe demais com isso e, além do mais, ele é meu mentor. Não posso alimentar essa esperança de que poderíamos ter algo. E se tivéssemos, seria por pouquíssimo tempo, já que vou morrer na arena.

A arena de novo. Por que tudo isso tinha que acontecer? Eu queria poder ficar em casa, sair para pescar com Dallon, queria que nada disso tivesse acontecido. Tudo isso me deixa confusa.

– O que foi? - Ele me tira dos meus pensamentos.

– Nada- minto - Precisamos sair, já está tarde.

Eu visto as minhas roupas e deixo a toalha no chão.

– Não quer conversar?

– Não - É minha resposta final.

– Annie, o que está acontecendo?

– Eu vou morrer- digo em voz alta, finalmente.

As palavras tem um efeito em Finnick, o mesmo efeito que tem em mim: elas são assustadoras, porém são verdadeiras.

– Annie, você pode...

– Não, Finnick - Eu o interrompo - Você não entende. Eu não tenho nenhuma chance.

– Eu entendo sim - Diz ele - Eu já estive nos Jogos, lembra?

Faço que não com a cabeça. Ele não entende. Finnick venceu, ele ganhou dádivas caras, ele é forte e esperto, ele tinha uma chance. Eu não tenho nenhuma chance nem com todas as dádivas de Panem. A hora chegará e eu não serei capaz se enfrentar ninguém. Uma lágrima escorre de um dos meus olhos.

– Deixa eu te ajudar, Annie - Ele limpa minha lágrima com o seu polegar e segura o meu rosto.

– Por que você se importa tanto? - Minha pergunta sai quase como um sussurro - Eu sou só mais um tributo, então por que se importa tanto?

Ele não me responde na hora, em vez disso ele olha pra baixo e respira fundo.

– Porque...- Finnick tira os olhos do chão e olha no fundo dos meus olhos, mas não termina a sua frase.

Seus olhos verdes me encaram com uma expressão que eu não consigo decifrar. Eu não preciso de uma resposta. Num momento impulsivo, eu o puxo pelo pescoço e toco os seus lábios nos meus. Apenas um breve beijo.

Eu saio de perto dele lentamente, sem saber por que eu fiz isso. Finnick me encara com a mesma expressão que eu devo estar fazendo agora. Estamos os dois surpresos. Não sei o que dizer, apenas preciso sair daqui. Viro as costas pra ele e tento dar um passo, mas o rapaz segura a minha mão e me vira para ele. Finnick me puxa pela cintura e me beija de volta. Ele me aperta contra sí, uma de suas mãos em meu pescoço e a outra na cintura. Eu passo a mão pelos seus cabelos e abro a boca, deixo que ele comande o beijo. Ele me aperta mais forte e eu solto um gemido. Todo lugar que ele toca parece pegar fogo, eu não quero que isso termine nunca.

Mas ele me da um ultimo beijo e cola a testa na minha.

– O que estamos fazendo? - Eu pergunto, ofegante.

– Eu não tenho ideia.


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