Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 8
Avaliações




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– Annie.

Alguém me chama, mas eu cubro a cabeça com o travesseiro, não quero sair da cama ainda.

– Annie, levante-se! - Consigo ouvir que Dallon está rindo. - Vamos, Annie! Que saco, deixe de ser preguiçosa.

Eu me irrito com o meu amigo e jogo o travesseiro nele, talvez com um pouco mais de força do que eu deveria.

– Ouch! - Ele exclama.

– Que saco, Dallon - Me sento na cama - Eu tenho poucos dias de vida e nem assim você me deixa dormir.

Meu amigo ri da situação. Eu acordo de mau humor e ele acha graça, que típico.

– Hoje temos que mostrar nossas habilidades para os Idealizadores.

Eu bufo e me jogo de volta na cama, me cubro até a cabeça com aquele cobertor magnífico e mando Dallon ir embora. Consigo sentir que ele saiu da minha cama, até que ele puxa o meu cobertor para fora dela com rapidez e eu fico fria de repente. Quando eu vejo, ele está correndo para fora do meu quarto com o cobertor nas mãos.

– VOLTA AQUI- Eu corro atras dele, mas antes que possa chegar na sala de jantar, escorrego e dou de cara com Finnick.

Ele me segura pela cintura e me para antes que eu possa fazer um estrago. Sinto que meu rosto está pegando fogo, e gosto de pensar que seja por causa da corrida, mas sei que estou corando por causa do homem que agora me segura.

Finnick está bem arrumado, até demais para esta hora da manhã, enquanto eu visto uma camisola azul e meias fofas.

– Cuidado - Ele me adverte me deixa ali sozinha.

Reviro os olhos, desisto de correr atrás de Dallon e vou até chuveiro tomar uma ducha. Tudo o que consigo pensar é no que aconteceu depois do episódio na piscina. Depois do nosso beijo, descemos e fomos cada um para o seu quarto. Não dirigimos uma palavra sequer para o outro. Nem um boa noite, nem nada. No dia seguinte, não vi Finnick o dia inteiro. Fiquei treinando, esperando as horas passarem, mas a noite ele também não estava lá. Provavelmente me evitando, ou resolvendo seus "assuntos" da Capital, não sabia o que era pior. Eu devia ter feito algo, devia ter dito algo aquela noite. Bom, agora era tarde. Coloco a minha roupa de treino e vou para a sala tomar meu café da manhã, onde todos estão presentes, menos aquele que eu mais queria que estivesse.

– Onde está Finnick? - Mags pergunta olhando pra mim.

Será que Mags sabe de alguma coisa? Droga, Finnick. Você contou? Óbvio que não. Não há nada para contar, de qualquer maneira. Sacudo a cabeça de leve para tentar me desconectar de tudo isso e encaro meu prato de ovos mexidos, até que sinto os olhos de Lavigne sobre mim.

– O que foi? - Pergunto - Por que eu saberia de Finnick? Não sei nada dele. Deve estar tratando se assuntos da Capital como ele sempre faz. Eu não sei de nada.

Todos tiram os olhos de mim, Dallon ri eu o chuto por debaixo da mesa. Se antes ninguém desconfiava, agora certamente desconfiam. Que ótimo!

Mags sorri para o seu prato e nos relembra das dicas da noite anterior. Hoje é um dia decisivo, nossas notas valeriam muito para conseguirmos entrar no bando de carreiristas e também para conseguirmos patrocinadores. Eu tomo o meu suco de laranja as pressas e puxo meu amigo comigo para fora dali. Ele reclama, pois mal acabou de comer, mas eu o faço mesmo assim. Não aguento mais aquela sala, mal posso esperar para terminar tudo aquilo logo e voltar para a cama.

O caminho até lá é rápido. Dallon não diz uma palavra sequer e eu prefiro que seja assim. Poucos são os tributos que já chegaram e estão esperando a avaliação começar. Me sento no banco e Dallon vem logo ao meu lado. Fico olhando para as minhas mãos e tiro o esmalte verde claro que colocaram em minhas unhas no dia em que eu cheguei. Quem teve a ideia de pintar as unhas? Eu dou uma breve risada, porém uma risada nervosa. Estou tão concentrada no esmalte, tentando me distrair, mas aquilo tudo era inútil.

– O que há com vocês dois? - Pergunta meu amigo.

– Quem? - Volto a realidade.

– Você sabe, Annie.

Olho no fundos dos olhos do meu amigo e respiro fundo. É claro que Dallon sabe. Ele sempre foi meu melhor amigo, não duvido que ele me conheça melhor do que eu mesma.

– Eu não sei - confesso num sussurro, para ninguém ouvir- Eu o beijei, então ele me beijou, e depois não nos falamos mais, e ele tem a Capital e...

– Ei, calma - Dallon passa uma das mãos em minhas costas e eu descanso minha cabeça em seu ombro - Ele gosta de você.

– E como é que você sabe? - Fico apenas olhando as minhas mãos.

– Eu vejo o jeito que ele olha pra você. - Diz meu amigo e eu tento imaginar Finnick me observando - Desde que chegamos aqui ele te olha de um jeito diferente.

Dou de ombros.

– E que diferença isso faz? - Pergunto - Eu vou morrer mesmo.

– Não diga uma coisa dessas, Annie.

– Mas é verdade.

Nós dois respiramos fundo e paramos para pensar naquela tragédia por um momento. Até que Dallon diz, finalmente:

– Fico feliz que eu tenha vindo com você.

Tiro a cabeça de seu ombro para poder vê-lo melhor.

– Como assim?

– Eu quero que você ganhe essa edição - Ele diz - Você é praticamente a minha irmã, Annie. Me sinto na obrigação de te proteger. Fico feliz que eu esteja aqui para isso.

Eu engulo seco e abraço o meu amigo. Não consigo pensar em uma vida sem ele ao meu lado.

Logo todos os tributos chegam e as avaliações começam. Por sermos do Distrito Quatro, não demoramos para sermos chamados. Dallon é chamado antes de mim, em dez minutos ele volta com um sorriso no rosto, o que me deixa mais confiante. Logo ouço meu nome e entro para a avaliação. Estou um tanto nervosa, respiro fundo antes de me apresentar aos Idealizadores.

– Annie Cresta - Me anuncio para eles- Distrito Quatro.

Decido que vou me apresentar com as lanças. Como fui sempre boa com minha mira essa decisão não me pode falhar. As lanças estão posicionadas perto dos bonecos com alvos. Pego uma delas, respiro fundo e olho firmemente para a cabeça de um deles. Sinto os olhares dos Idealizadores em mim. Não posso errar. Lanço a primeira lança e acerto a cabeça de um dos bonecos. Ouço que os Idealizadores comentam algo entre si, mas não olho para eles. Faço o lançamento da próxima, que pega bem onde fica o coração. Decido me arriscar mais e miro no joelho, mas a terceira lança me falha e pega de raspão na perna do boneco. Respiro fundo e faço mais um lançamento, essa pega bem no meio do joelho. Lanço outra logo em seguida, que pega no outro joelho do boneco. Vitória.

Ao terminar, me viro para os Idealizadores e anuncio o final da minha avaliação. Eles todos sorriem para mim e eu saio de lá me sentindo com um pouco de esperança.

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Ao chegar no meu andar, Dallon está me esperando na porta.

– E então? - pergunta ele.

Eu sorrio em resposta e meu amigo se anima. Vou para o meu quarto trocar de roupa, colocar algo que seja mais confortável, até que Mags me chama para ver as notas. Me sinto desconfortável. Eu fui bem, mas pode ser que eles não tenham gostado. Não fiz nada de tão impressionante. Tenho que parar de pensar assim. Me dirijo até a sala, Lavigne, Mags e Dallon já estao sentados. Lavigne liga a tevê e Caesar Flickerman dá início a explicação de como as notas são aplicadas aos tributos.

– Desculpe o transtorno - Finnick aparece na sala e se senta ao meu lado. Perto demais, o que faz o meu coração disparar. - Não perderia isso por nada.

– E onde você estava esse tempo todo? - A mulher azul o questiona.

– Resolvendo alguns.... problemas.

Eu reviro os olhos e decido prestar atenção em Caesar que está bem animado com o seu cabelo azul gomado na tevê. Os três primeiros distritos tem uma nota bem alta. Percebo que Bantok ganha um dez e torço para que ainda me queira em seu grupo. Minhas esperanças diminuem a cada distrito que se passa.

– Dallom Philos - Anuncia Caesar - Nota 10.

Meu coração dispara. Dallon gahou uma ótima nota, a mesma de Bantok, e eu serei a próxima. Minha foto aparece na tevê e Flickerman finamente anuncia a minha nota.

– Annie Cresta. Nota 9.

Descanso meu pescoço no sofá, aliviada.

– Ora, parabéns a vocês dois - Diz Finnick.

Dallon e eu respiramos fundo, aliviados. Tivemos boas notas, provavelmente também teremos patrocinadores.

– Devemos comemorar - Diz Lavigne. - Que tal um bom vinho?

– E por que não? - Diz Mags.

Dois avoxes nos trazem uma bela garrafa de vinho branco e algumas taças de cristal. Fico surpresa que Dallon e eu também fazemos parte disso.

– Vamos comemorar - Diz Finnick quando todos temos nossas taças cheias - Aos tributos do distrito quatro. - Ele diz olhando para mim.

Desvio o olhar e tomo um longo gole do meu vinho.

– Dallon - Mags chama pelo meu amigo - Venha aqui. Temos que resolver uma coisa.

– Mas nós acabamos de.. - Ele se interrompe no meio da frase, então desiste - Você tem razão.

– Sim - Diz Lavigne por fim - Eu também tenho que ir. Se me dão licença.

Todos saem da sala. Eu penso em segui-los, mas não fui chamada, então apenas continuo sentada no grande sofá e termino meu vinho em um gole.

Eu mesma pego a garrafa de vinho e encho o meu copo. Estamos apenas Finnick e eu na sala, preciso que o vinho me ajude a lidar com isso.

– Parabéns - Diz ele assim que todos saem da sala - Essa foi uma ótima nota.

– Obrigada - É tudo o que consigo dizer, e tomo mais um gole de vinho.

– Vai devagar, você não me parece ser alguém que está acostumada a beber.

E ele tem razão. A única vez que eu bebi na vida foi quando fiz quinze anos e Dallon conseguiu uma garrafa de alguma coisa colorida da capital, e era mais fraco do que esse vinho. Mesmo assim, termino minha segunda taça, deixo-a em cima da mesinha que tem ali na frente e fico olhando para frente. Começo a me sentir um pouco tonta, devia ter tido mais cuidado com o vinho.

– Mags provavelmente foi ensaiar a entrevista com Dallon - Diz Finnick- poderíamos fazer o mesmo.

Eu aceno com a cabeça e me ajeito no sofá para ficar de frente com Finnick. O rapaz me encara, então pigarreia e imita a voz de Caesar:

– Mas que garota adorável, seja bem vinda, Annie Cresta!

Eu tento, mas não consigo deixar de rir. Finnick ri de volta.

– O que foi? Não gostou da minha imitação?

– Ah, Finnick - Eu digo entre os risos - Você passa tempo demais aqui na Capital.

– Mas, sério, Annie - Ele diz com um belo sorriso nos lábios - Devíamos treinar.

– De fato, devíamos. Mas podemos fazer isso sem você imitar o Caesar?

Ele concorda e eu tento ficar séria.

– Você tem que ser simpática - Diz ele - Tem que fazer com que ele goste de você, com que a Capital fique animada com a sua entrevista. Faça piadas, pergunte algo de volta, seja intrigante.

Ser intrigante, simpática, fazer com que gostem de mim. Faço essas anotações na minha cabeça e torço para que tudo isso saia naturalmente.

– Que tipo de pergunta ele vai fazer?

Eu já devia ter uma ideia, mas nunca liguei muito para os Jogos até agora, por isso nunca prestei atenção.

– Ele vai perguntar sobre o nosso distrito, sobre sua amizade com Dallon e..- Ele para de falar.

– E?

– Provavelmente vai perguntar se tem alguém te esperando em casa.

– Bom - Paro e penso - Tem o meu pai.

Finnick sorri.

– Não é disso que eu estou falando.

–Ah...

Alguém especial. Esse alguém especial não estava exatamente em casa, pelo menos não agora.

– Entendi - Confirmo e me levanto - Bom, eu vou pensar em tudo isso.

Decido sair, mas Finnick vai atras de mim.

– Annie, espera.

– Não se preocupe - decido interrompe-lo antes que isso tome um outro caminho e apresso o passo para o meu quarto- Acho que já entendi.

– Não - Ele se coloca na minha frente, bloqueando a passagem da porta - Você não quer conversar?

Conversar... Eu quero mais do que conversar. Droga, não posso continuar pensando assim.

– Eu sei que os Jogos estão te deixando nervosa. Você pode conversar comigo sobre essas coisas.

Respiro fundo e me desvio de Finnick para poder entrar no meu quarto.

– É muita coisa para digerir- Confesso e me sento na minha cama.

– Eu acho que você vai se sair muito bem - Ele se senta ao meu lado e coloca uma mecha de cabelo atras da minha orelha - Você tem que parar de fugir de mim assim.

Ele sorri e eu não consigo controlar meu sorriso, então sorrio de volta.

– Vocês dois tiveram uma ótima nota hoje, posso conseguir alguns patrocinadores. - diz ele - Se você for bem na entrevista, fica mais fácil ainda.

Aceno com a cabeça e olho pra frente. Patrocinadores. Os jogos estão cada vez mais perto, preciso começar a pensar em como sair viva de lá. Não consigo me imaginar saindo viva, muito menos sem Dallon ao meu lado. Ao pensar que só um de nós poderá sair vivo, meu coração encolhe em meu peito.

– Não vou mentir e dizer que é fácil, Annie - Diz Finnick - Mas eu...

Ele o que? Viro para olhar em seus olhos, mas ele olha pra baixo, com o rosto sem expressão. Até que fiz, finalmente:

– Eu realmente queria que você saísse viva de lá. - Ele se vira e olha para mim - Eu juro, Annie. Eu juro que vou fazer de tudo para te ver de novo. Só, por favor, vá bem na entrevista amanhã para que eu possa te ajudar mais um pouco.

Faço que sim com a cabeça. Finnick segura meu queixo e aproxima seu rosto do meu. Ele me dá um beijo. Seus lábios macios tocam os meus brevemente, o suficiente para que eu pegue fogo por dentro. O suficiente para me deixar sorrindo feito uma boba o resto da noite.


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Notas finais do capítulo

Comentem e deixem uma escritora feliz hahaha



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