Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 6
Alianças




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O sol atravessa a janela do meu quarto e eu acordo quase como se um despertador interno estivesse ligado. Eu pisco os olhos e me epreguiço, a mulher azul tinha razão, eu me sinto revigorada e descansada.

Algo se move ao meu lado e eu levo um susto.

– Bom dia, Annie.

– Finnick? O que você esta fazendo aqui?

O rapaz coloca o braço em cima dos olhos e sorri.

– Que droga, Lavigne - ele murmura pra si mesmo, tira o braço dos olhos e se vira pra mim - Ela te deu alguns comprimidos ontem. Aparentemente voce os tomou e não foi direto para a cama. Quando eu cheguei, você estava sentada na porta de entrada, sem saber onde era o seu quarto.

Eu coro.

– E por que você esta aqui?

– Ah, isso - Ele ri - Você pediu para que eu ficasse aqui até você pegar no sono, mas eu acabei dormindo também. Me desculpe.

Engulo seco. Eu havia dormindo com Finnick. Fico pensando no que mais poderia ter acontecido. Ah, meu Deus, e se nós...

– Nada de mais aconteceu - Ele me responde, quase como se lesse meu pensamento.

Não consigo controlar uma risada ao pensar nisso. Me pergunto se dormi tão rápido por causa dos remédios ou por causa de Finnick. Afasto esse pensamento, obviamente foram por causa dos remédios.

– É melhor se arrumar - Ele se levanta e sai da cama - Hoje vocês começam a treinar e não podem se atrasar.

Eu sigo o seu conselho. Tomo um banho rápido, tentando me lembrar o que havia acontecido na noite anterior. Só me lembrava de tomar os comprimidos e ficar vendo a Capital pela janela da cozinha. Depois, nada.

Quando volto para o meu quarto uma roupa dobrada está sobre a minha cama, leggings pretas e uma camiseta preta e vermelha. Eu me visto e vou tomar café da manhã.

– Bom dia - Dallon me dá um abraço e vamos para a mesa do café da manhã.

– Tem alguém de bom humor hoje - Comento.

– Hoje é o dia em que vamos botar medo nos outros distritos.

Eu rio ao tentar imaginar Dallon fazendo alguma coisa. Ele era um pit bull manso. Todos acham que ele é agressivo e destemido, mas é só dar uma bronca que ele e esconde embaixo do sofá.

Tomamos café e conversamos sobre o nosso dia. Mags e Finnick não estão por perto, apenas a mulher azul. Ela nos recomenda não mostrarmos tudo o que temos para não ficarmos previsíveis na arena. Decido confiar nela, já Dallon não parece ouvi-la. Chegando no centro de treinamento, somos recebidos por um homem que mais parece um soldado. Ele começa a falar exatamente as dez horas, sem se importar se todos os tributos já chegaram e explica todas as regras do centro de treinamento. Depois de passar por todas as atividades obrigatórias, vou para a elaboração de nós. Um instrutor fica animado ao me ver e finjo prestar atenção em tudo o que ele diz. Quando ele termina de explicar vários tipos de nós, eu pego algumas cordas e começo a fazê-los.

– Muito bem - Ele parece feliz. Eu sorrio de volta, querendo ser simpática. São poucas as pessoas que passam por aqui - Você é muito boa nisso, quase uma natural.

– Obrigada.

Ele me deixa sozinha e eu fico fazendo vários nós. Penso em arremessar lanças, mas me sinto muito nervosa. Por isso, decido fazer os nós, eles me lembram as redes do meu pai e e trazem um pouco de calma.

– Ansiosa?

Olho para cima e vejo Dallon se aproximar. Ele se senta ao meu lado e pega uma corda, mas se sai muito mal ao tentar fazer alguma coisa.

– Assim - Eu pego na mão dele e tento mostrar como se faz, mas ele não parece aprender - Talvez você devesse perguntar ao instrutor, ele sabe ensinar melhor do que eu - não consigo conter uma breve risada.

– Ah, Annie. Eu não quero fazer nós. Só queria saber como você está. - Ele me dá uma ombrada de leve, como se quisesse me irritar um pouco.

– Eu estou nervosa, sim - confesso - E além do mais, qualquer coisa que me lembra de casa me acalma.

– Isso é verdade- Ele suspira - Mas talvez você devesse se mostrar um pouco, só um pouco.

– E por que eu iria querer mostrar o que posso fazer para os meus inimigos?

– Para podermos ficar amigos dos carreiristas - Meu amigo parece convencido de sua ideia - Se mostrarmos que somos bons, eles vão nos querer em seus grupos e temos mais chances de sobreviver.

Eu entorto o nariz para Dallon, mas ele tem razão.

– Você poderia tentar algo com as lanças- conclui ele.

Meu amigo está certo. Sempre fui boa de mira por causa da pesca submarina, mas não sei se devia me expor dessa maneira. Em vez disso, me levanto e vou em direção ao arco e flecha. Posso ouvir Dallon rir, deve estar feliz com a minha decisão.

Pego o arco e flecha e miro em um boneco de plástico com alguma miragens coladas em seu corpo. Lanço a primeira flecha e erro de propósito. A segunda eu acerto quase no meio da cabeça, a terceira eu acerto no ponto que seria o coração.

– Nada mal, Quatro - Ouço uma voz masculina

–Eu espero - Digo e o garoto ri.

– Eu sou Bantok Skylos - Ele diz - E sou do Distrito Dois.

– Annie Cresta - Estendo mão para cumprimentá-lo formalmente - E você sabe o meu distrito.

Ele alivia a tensão de seu rosto e pega a minha mão.

Ouço um urro de força e volto minha atenção para uma briga no ringue. Dallon está brigando com o garoto do Distrito Seis. Meu amigo o derruba para fora do ringue e a atenção de todos se volta para ele.

– Parece que vocês são realmente bons - Diz Bantok - Seria uma honra tê-los em nosso grupo.

Eu aceno com a cabeça e sorrio. Dallon estava certo. Tudo o que eu precisava agora era de uma pontuação alta, e ele também. Eu começava a ter mais chances de sobreviver.

Sinto um aperto no coração e volto para a estação de nós, onde agora fico sozinha. Não consigo parar de pensar que uma hora, um de nós dois vai morrer, e eu não queria que fosse Dallon.

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Depois de passarmos o dia no centro de treinamento, voltamos para o nosso andar e descansamos um pouco. Na hora do jantar eu conto a Dallon e a todos que o garoto do Distrito Dois nos chamou para fazer parte do grupo deles. Meu amigo se anima e comemora. Mags diz que vai conversar com os mentores dos Distrito Um e Dois, o que deixa Dallon ainda mais animado. Eu forço um sorriso e forço também a comida para o estômago, mas pensar nos jogos me deixa nervosa demais e cada vez que eu engulo algo, sinto que a comida demora e não quer descer.

Ao final do jantar, todos estão cansados. Finnick sai, como parece fazer todas as noites, Dallon dorme como uma pedra, como também parece fazer todas as noites. Mags e Lavigne continuam a mesa conversando e comendo a sobremesa. Eu fico no meu quarto assistindo a colheita dos outros tributos. Os tributos do Um são pequenos, porém ágeis. Me lembro deles no centro de treinamento onde eles eram bons e absolutamente tudo o que faziam. O garoto do Dois, Bantok, era forte, e a garota do era alta e robusta. Tentei imaginar como eles seriam nos jogos e como eu fugiria deles na hora que precisasse.

Não me interesso tanto pelos outros distritos. Deixo a tevê ligada e tento me distrair olhando pela janela. Abraço as minhas pernas e enterro a cabeça nos joelhos. Ah, como eu sinto falta de casa, do mar. Como eu sinto falta de nadar, da água gelada em meu corpo, dos corais e da pesca. Alguém bate em minha porta e eu afasto esses pensamentos.

– Você nunca dorme?

Eu tento sorrir ao ver Finnick encostado na porta.

– Esses jogos me deixam nervosa demais - olho para o relógio e vejo que já é meia noite e meia.

O rapaz entra no meu quarto e fica de frente pra mim. Ele pega a minha mão e me guia em direção a porta.

– Onde estamos indo? - pergunto.

– Eu acho que sei o que pode te acalmar. - Ele me da aquele sorriso amigável que eu tanto gosto - Você sente falta da água, não é mesmo?


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