Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 5
Colo




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Os cidadãos da Capital parecem estar muito animados quando chegamos na estação. Nós passamos pela porta do trem e por um tapete azul que nos dirige até um carro. As pessoas da Capital parecem estar super felizes, nos mandando beijos e acenos. Eu aceno de volta e sorrio para todos. Se quiser ficar viva por um tempo, preciso que gostem de mim.

Em poucos minutos, sou levada para uma sala cinza e me deitam numa maca. É ali que começam as transformações: Tiram todos os pelos da minha pele, só deixam as sobrancelhas e o cabelo, escovam e lavam meus cabelos pelo menos umas quatro vezes, tomo vários banhos e, depois de um bom tempo, estou deitada em uma sala sozinha. Cansada desse repouso, me sento na maca e passo a mão pela minha pele sem pelos e meu cabelo, que agora está super sedoso. Um homem um pouco mais alto que eu, que usa uma maquiagem pesada em volta dos olhos, entra na sala cinza e me cumprimenta.

– Olá, Annie - O homem se aproxima e duas outras pessoas entram no comodo atrás dele - Meu nome é Kallos e eu sou o seu estilista.

Eu estendo a mão e o cumprimento.

– É um prazer - digo.

– O que temos aqui?

Ele me fita por um tempo e então parece fazer uma grande decisão. Kallos me veste com uma saia comprida azul, um tanto transparente, já que dá para ver minha calcinha, também azul, através da saia. Ele coloca duas conchas em meus peitos, que formam um sutiã. As duas pessoas que o acompanharam enrolam o meu cabelo, colocando varias conchas pequenas nele, e também me maquiam.Quando ele termina eu posso me olhar no espelho, finalmente.

A garota que olha de volta para mim não se parece comigo. Eu estou linda. Meu cabelo enrolado parece tão natural, e as conchas deram um acabamento perfeito. A saia cintila e seus movimentos parecem de uma onda do mar. Meu rosto está natural, meus lábios estão mais carnudos e corados, meus olhos estão bem marcados com delineador marrom e cílios enormes. Eu sorrio para o meu reflexo.

Kallos me dispensa e posso ir até onde estão os cavalos. A alegria de me ver bonita logo passa quando eu vejo as carruagens e os tributos dos outros distritos. Todos estão lindos. Eu me aproximo de um cavalo que está na minha carruagem e faço carinho em seu pescoço.

– Como foi que nós paramos aqui, hein amigão?

O cavalo bufa como resposta e eu dou uma pequena risada. Ouço um ruído de alguém mastigando alguma coisa, quando me viro, vejo que Finnick estava me observando.

– Oi, Annie - Ele diz, depois de engolir o que quer que seja que estivesse mastigando.

– Oi, Finn.

– Você está muito bonita - Observa ele.

– Ora, muito obrigada - Eu faço uma reverência para ele, segurando a saia. Ele parece achar isso engraçado, e eu também.

– Quer um cubo de açúcar? - Ele estende a mão e vejo que segura alguns cubos de açúcar ali no meio - Na verdade eles são para os cavalos, mas acho que num momento como esse é sempre bom agarrar alguma coisa doce quando temos a chance.

Sua frase me inspira e, em vez de pegar um cubo de açúcar, eu passo meus braços pelo pescoço dele e lhe dou um abraço. Ele parece não entender o que acontece, mas logo retribui o meu abraço e enterra o rosto em meu cabelo.

– Obrigada - sussurro para ele.

– Eu estou aqui sempre que precisar.

Era verdade. Finnick estava lá quando eu me afoguei, ele estava lá quando eu estava nervosa com a colheita e ele estava lá quando eu estava triste e sozinha no trem. Se havia algo doce que eu queria, com certeza era ele ao meu lado.

Eu me desfaço do abraço e pego um dos cubos de açúcar de sua mão. Coloco-o todo na boca e sorrio para Finnick enquanto mastigo. Ele faz o mesmo e se retira.

Dallon logo chega e as grandes portas se abrem para que possamos realizar esse desfile ridículo. Meu amigo sobe na carruagem e me oferece a mão como ajuda. Eu aceito e sorrio em agradecimento. Ele sorri de volta e fico feliz que pelo menos um pouco do meu amigo está de volta. Logo estamos ali no meio de toda a multidão. Eles parecem vibrar com o desfile. Eu me sinto nervosa, começo a tremer. Dallon parece notar, pois pega a minha mão e olha para mim. Eu retribuo o olhar e, como se lêssemos a mente um do outro, levantamos nossas mãos unidas para mostrarmos a Capital que estamos juntos nessa. A Capital vibra com o nosso ato e sorrimos e acenamos de volta para todos. Me sinto mais confiante agora que Dallon esta comigo.

– Obrigada - Sussurro no ouvido dele - Senti sua falta.

Logo as carruagens param. Eu não consigo me concentrar no que vem depois. Snow diz algo sobre os jogos, provavelmente a mesma coisa que a mulher azul mostrou no vídeo da Capital.

O Desfile acaba e todos vamos para os nossos aposentos, no quarto andar de um prédio enorme, exclusivo para os tributos dos Jogos vorazes. No elevador estamos todos juntos. Finnick, Mags, A mulher azul, Dallon e eu.

– Isso foi ótimo! - Diz a mulher azul - Nunca vi a Capital vibrar tanto com o Distrito Quatro.

– Exceto quando era a vez de Finnick - Diz Mags, rindo.

– Talvez - Ri a mulher - O seu ano foi um dos melhores, Finnick.

– Obrigado, Lavigne - Ele agradece, revirando os olhos.

Então esse era o nome da mulher azul. Que nome esquisito. Prefiro o apelido que dei a ela em minha mente.

Quando entramos em nosso andar pela porta de entrada, cada um vai para um lado. Mags e Lavigne vão para os seus aposentos, Finnick checa o relógio e sai pela porta de entrada, Dallon e eu ficamos sem saber o que fazer, até que Lavigne volta e pede desculpas, então ela nos mostra os nossos aposentos. Eu coloco um pijama, tiro as conchas do meu cabelo, a maquiagem do rosto e me deito um pouco na minha grande cama e rolo nela. É realmente uma cama enorme. Decido explorar o resto do comodo: O banheiro também é enorme com milhões de shampoos e cremes para pele e cabelo; O quarto é espaçoso e tem um armário cheio de roupas estranhas de um lado, enquanto do outro lado tenho uma janela enorme que da a vista para a Capital; na mesa de cabeceira há um controle de vidro que marca as horas no topo. Eu toco no controle e a vista da janela muda para uma floresta. Não gosto muito da floresta, então toco de novo e tenho uma visão do mar.

Ah, o mar. Havia tão pouco tempo que eu estava longe de casa e já sentia grande saudades do mar. Me deito na cama e fico olhando a paisagem, esperando que ela me traga calma e que eu possa dormir em paz. Mas isso não acontece. Toda vez que eu pego no sono eu me desperto por algum motivo. Estou exausta, e mesmo assim não consigo dormir.

Decido ir até a cozinha, onde pego um copo e o encho de água.

– Ainda está acordada, querida?

– Oi, Lavigne - A cumprimento - Não consigo dormir.

Ela suspira e se aproxima.

– Sempre que fico ansiosa e preciso descansar eu tomo isso - Ela retira uma caixinha cilíndrica do bolso, tira dois comprimidos de lá de dentro e os coloca em minhas mãos. - Eles demoram uma meia hora para fazer efeito, mas quando acordar amanha de manhã vai se sentir revigorada.

Eu aceito os comprimidos e a agradeço. Ela sai e volta para o seu quarto. Eu tomo os comprimidos que a mulher azul havia me dado e vou para a janela da cozinha olhar a Capital, esperando os comprimidos fazerem efeito efeito. Fico observando a movimentação, os carros, as telas que fazem propagandas dos Jogos e de produtos de beleza.

Minha visão começa a ficar um tanto turva, e isso me faz querer voltar para o meu quarto. Mas eu fico perdida. Saio da cozinha e não sei onde eu estou. Encontro a primeira porta que acho e tento abri-la, mas ela não se abre.

– Merda - Eu sussurro.

Isso é hilário. Eu não consigo deixar uma pequena risada escapar.

– Shhhhh - Eu digo para mim mesma. Estou fazendo muito barulho, e isso me da vontade de rir mais.

Eu escorrego minhas costas pela porta e espero até que alguém a abra. Que saco. Por que tudo tem que ser sempre tão complicado na capital? E por que essa não é a porta certa? Cadê a minha porta?

Finalmente alguém abre a porta e vejo Finnick entrando.

– Oi - eu digo sem sair do chão. Minhas pernas estão moles demais para isso, e eu não tenho a mínima vontade de me mover, mesmo.

– O que você esta fazendo aí? - Ele sorri

– Eu queria entrar no meu quarto.

– Pela porta de entrada?

Eu não consigo conter uma risada, mas ela sai mais alta do que eu planejo, então levo minhas mãos a boca, para tampar o barulho irritante que eu fiz.

– Você esta bêbada? - Agora ele parece sério.

– Bêbada- sério mesmo que ele acha que eu bebi? - Eu não faço essas coisas, Finnick Odair.

– Então o que... - Ele se interrompe e solta um suspiro cansado - Lavigne. Ela te deu alguma coisa pra dormir?

– Não. - Quem é Lavigne? Ah! - SIM.

Eu o encaro. Como ele é bonito. E como ele é gostoso.

– Obrigado - Ele ri

Eu disse isso em voz alta? Nossa.

Quando dou por mim, estou no colo de Finnick e ele esta me levando para o meu quarto.

– Então você esta aí - aponto para a minha porta. O meu mentor acha isso engraçado.

Ele me deita na cama, apaga as luzes e começa a dar passos em direção a maldita porta.

– Espera - eu imploro - Você é realmente muito legal.

Ele faz uma cara confusa e se senta na cama. Eu levanto o meu tronco e fico sentada na cama encarando ele.

– Eu sempre pensei que você fosse esnobe - as palavras saem da minha boca sem que eu possa controlá-las. Sei que posso me arrepender disso depois, mas agora pouco me importa. Amanhã eu resolvo isso.

– Esnobe?

–É! - confirmo - Sabe, você é o famoso Finnick Odair. Pensei que fosse chato, mas na verdade você é muito legal e eu gosto muito de você.

Ele murmura alguma coisa, mas eu não consigo ouvir. Minha cabeça pesa demais e eu resolvo descansá-la no ombro dele, que é o meu descanso mais próximo.

– Fica comigo até eu dormir?

– Acho que não vai demorar muito, Annie.

– Realmente - Eu quero rir, mas já estou sem energias.

Finnick me deita novamente e sinto que ele se deita ao meu lado. Ele faz carinho no meu cabelo e, em questão de segundos, eu apago.

– Boa noite, Annie - é a última coisa que eu consigo ouvir.


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