Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 2
Um segredo?




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Duas semanas se passaram desde o incidente no mar. Meu pai ficou tão preocupado que me pediu para evitar o máximo a água, dizendo que a pesca não faria falta. Ele trabalhava ainda mais duro nas redes, o que fazia eu me sentir um pouco culpada, já que sempre gostei de ajudar nas despesas e pagar as minhas próprias coisas. Tentei ocupar a minha mente praticando alguns exercícios que há tempos não praticava e Dallon me ajudava. Dallon sempre foi muito esportivo, seu pai exigiu que ele fizesse todos os treinamentos possíveis de um carreirista desde que fez dez anos de idade. Nós voltamos a praticar tudo que eu odiava, como correr a praia inteira e aprender novos golpes de luta. Ele era realmente bom nisso, e eu péssima, o que fez com que eu voltasse para casa com alguns vergões e ficasse dolorida pelo resto da semana. Finnick sumiu. Provavelmente tinha assuntos na Capital. Eu nunca o agradeci de verdade. Naquele dia fomos em silêncio para o hospital, eu perdi a minha unica chance de conversar com ele mas, sendo realista, que esperança eu tinha? Ele era Finnick Odair, e eu apenas mais uma pescadora do Distrito Quatro. E agora estou na praia, observando o mar. Não há ninguém aqui, então talvez eu pudesse entrar. Só um pouco. A água sempre foi algo que me acalma...

Me levanto e vou em direção ao mar, até meus pés ficarem cobertos por água. Sinto o fim das ondas, que vem e vão, e a água está até mais quente do que eu estou acostumada, já que é o final da tarde. Fecho os olhos e aproveito a sensação da água nos meus pés e da brisa salgada que sopra em meu rosto.

– Annie? - Alguém pergunta por mim e eu saio de meu transe.

Olho para trás e tenho uma surpresa, uma surpresa boa.

– Finnick -Ele corre até mim e espalha água para todo lado com suas pernas. Eu rio um pouco disso. - O que você esta fazendo aqui?

– Para ser sincero, eu venho ver o mar sempre que posso.

Eu sorrio e volto o olhar para o horizonte.

– Eu geralmente estou nadando - confesso -, mas desde aquele dia meu pai pediu para que eu ficasse fora d´água, então resolvi ficar só na praia.

– Acho que eu já te vi nadando por aí algumas vezes.

Meu coração para por um segundo. Sempre fui invisível, na minha. Dallon era meu único e verdadeiro amigo, nunca pensei que alguém pudesse reparar que eu existia, muito menos Finnick Odair.

– Bom, você não esta exatamente obedecendo o seu pai - diz ele -, já que ele pediu para você ficar fora da água.

– Meu pai pediu para que eu ficasse fora da água, ele não mandou– bufo - Além do mais, ele sabe como eu amo o mar, jamais exigiria que eu ficasse longe dele.

Fico pensando sobre isso. Coitado do meu pai. Mais uma vez o mar vira um trauma para ele. Desde que minha mãe se foi, meu pai evita a praia. Eu entendo o lado dele, mas não consigo me imaginar longe dela. Apesar de tudo, o barulho do mar, os peixes coloridos e a água salgada me trazem uma paz enorme. Eu caminho para mais fundo do mar e ouço Finnick me acompanhar, então tenho uma ideia.

– E se nós dois nadássemos um pouco?

– Como é? - ele parece surpreso.

– Bom, se você pensar bem, você me salvou aquele dia, então nada de ruim pode acontecer - sugiro - além do mais, você não deve ter nada de melhor para fazer.

Ele faz uma careta.

– Eu tenho muitas coisas importantes para fazer - ele responde- eu só não quero fazer nenhuma delas agora.

– Ah, qual é! - eu jogo um pouco de água nele.

– Tudo bem, tudo bem - ele joga água de volta - mas somente se você me contar um segredo.

– Hmmm- finjo estar pensando - Eu te conto se você conseguir me ultrapassar.

Eu jogo água nele e saio correndo até conseguir nadar.

– Hey - Finnick corre atrás - Isso não é justo.

Eu apenas rio e o ignoro, pois sei que ele esta vindo. Então eu mergulho e nado tranquilamente até onde posso, logo sinto as mãos dele me pegarem pelos ombros e me fazerem voltar a superfície.

– Eu ganhei- ele se gaba - Agora você conta um segredo.

Eu consigo alcançar a areia com os meus pés, só a minha cabeça fica para fora da água, enquanto ela bate na altura dos ombros dele.

– Bom - tento pensar em algo, mas nada me vem a mente, então eu brinco com ele - Não sei se tenho nenhum segredo.

– Qual é, Annie? - O rapaz finge decepção.

– Eu realmente não sei - dou risada - pode-se dizer que eu sou um livro aberto, acho que esse é o meu mais nobre segredo.

– Isso não é nenhum segredo - o rapaz revira os olhos - me conte algo profundo, algo de verdade.

Agora quem revira os olhos sou eu, mas me concentro em achar algum segredo que valha a pena e nada me vem a mente, até que eu sinto uma alga tocar o meu pé. Meu coração parece diminuir e afundar no meu peito, tenho vontade de guardar isso para mim para sempre, apesar de não ser nenhum segredo de verdade, porém eu encaro a água e resolvo contar para ele.

– Não é bem um segredo... - eu começo e tento ignorar o nó que se forma em minha garganta- Minha mãe se matou quando eu ainda era pequena; ela se afogou na praia e não a encontraram por dias- o nó que se formou agora é enorme, portanto eu olho para o céu e respiro fundo - Todos sabem disso, mas eu nunca falei isso em voz alta.

Eu volto a olhar para ele, Finnick está inexpressivo. Eu tento acabar com a tensão que acabei de criar.

– Sua vez- forço um sorriso.

– Minha vez? - ele ergue uma sobrancelha - não foi esse o trato.

– Não fizemos nenhum trato.

– Não, não. O trato era que eu iria nadar com você se você me contasse um segredo. Agora estamos quites.

– Eu te contei, porque é isso o que fazem os amigos - rebato - e não por causa de um trato.

– Então nós somos amigos?

Eu o avalio por um momento. De primeira, parecia uma pergunta irônica, mas percebo que Finnick realmente parece um pouco confuso, o que também me deixa confusa, então eu respondo, por fim:

– Eu espero que sim.

E ele me da aquele sorriso que me deu no primeiro dia em que o vi e de um segundo para o outro, meu coração não me parece mais tão pesado, ele parece leve. Leve como as borboletas que sinto em meu estômago.


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