Algumas semanas já tinham passado desde o dia em que Lola apareceu na minha casa e quase me matou de tanta ansiedade e felicidade. Embora eu estivesse me controlando para não desmaiar na frente dela, não pude evitar de soar um pouco feliz demais.

Mas o motivo que trouxe Lola para minha sala de estar não era assim tão feliz:

— Por favor, não se apaixone por Erin Harlow.

E então eu comecei a rir. Primeiro porque o motivo que ela estava me esperando em casa, na minha sala de estar, era absolutamente ridículo. Segundo porque eu só tinha olhos para Lola. E terceiro porque eu estava super nervoso...

— Não ria! É sério. — ela me repreendeu — Erin vai me odiar por isso mas... Ela é apaixonada por você desde a quarta série.

Então minha risada parou quase que instantaneamente. Sabe aquela cara de paisagem que você faz quando escuta algo absurdo, que você nunca pensou que poderia acontecer? Então, eleva essa reação ao cubo e depois ainda multiplica tudo por mais duzentos mil. Foi assim que eu fiquei. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Lola me cortou:

— Por favor, não se apaixone por ela! — Lola implorou.

A olhei com cara de deboche.

— Como se isso fosse acontecer. Mas só por curiosidade mesmo: por que me apaixonar por ela seria ruim? — ela suspirou, como se a resposta fosse muito óbvia.

— Porque não seria recíproco, Adam. — ela corou — Todos sabem que você gosta de mim...

Naquela hora eu não consegui pensar em mais nada que não fosse tirar Lola da minha casa o mais rápido possível. Eu estava tão constrangido por ela souber do meu maior e único segredo que não me importei em parecer rude com a garota dos meus sonhos. Na verdade, eu fiz questão de parecer rude. Desde esse dia, eu venho ignorado Lola de todas as formas possíveis: na escola, na rua, supermercados, shoppings, mente e coração.

Mas não era tarefa fácil com Erin, minha nova namorada falsa, mencionando Lola vinte e quatro horas por dia. Eu não sei em que momento eu dei falsas esperanças de que meu relacionamento com ela era mais do que apenas uma atuação, mas agora ela me liga todas as noites para contar suas histórias incríveis de como foi uma piada que Lola à contou, ou quando ela e Lola estavam passeando no shopping e Erin viu um vestido "totalmente incrível" mas que não tinha o dinheiro pra comprar, então Lola — que como se não bastasse ser uma pessoa maravilhosa, também tinha que ser rica — comprou para Erin de aniversário do ano que vem. Ou quando Lola a deu conselhos quando ninguém mais sabia o que fazer com tantos "problemas" (ainda me pergunto que tipo de problemas seriam esses).

Mas um dia, durante uma conversa, soltei tal pergunta:

— Mas, hum, Erin... Você não tem outras amigas além de Lola? Ou vida além dela... — ela me interrompeu.

— Você tá brincando, não é? Todas as garotas vivem em uma batalha constante de poder naquela escola ou em qualquer lugar desse país. Lola é a única que nunca se importou de estar no topo e nunca me esfaqueou pelas costas.

Pensei no que ela me disse quando veio na minha casa. Em como ela estava desesperada porque não queria que eu me apaixonasse por Erin e em como ela sacrificou, provavelmente, um grande segredo de alguém que a venerava por sua bondade. Assim como eu. Me sentindo meio traído por todos esses pensamentos, decidi desligar o telefone e chamar o meu melhor amigo pra conversar por aí.

Por incrível que pareça, eu tenho um melhor amigo. Como toda boa história de colegial onde o garoto não-tão-popular-assim se apaixona pela garota mais incrível da cidade e eventualmente, eles ficam juntos, o protagonista precisa de um melhor amigo pra compartilhar suas frustrações amorosas e receber conselhos amorosos péssimos. É, a minha vida era um clichê.

Mike era meu melhor amigo desde a 6ª série. Ele era alto e magro, tinha os cabelos cacheados e vivia usando uns óculos escuros esquisitos. Quando estava à noite, apoiava-os em cima da cabeça. Aparências à parte, Mike apareceu na minha casa e ficamos na cozinha conversando sobre Lola, Erin... Tudo. Mike achava que eu deveria ficar com Erin porque ela tinha peitos maiores mas também achava que os olhos de Lola eram mais sexy. Ele não tinha muita noção de sentimentos.

— Mas agora falando sério, eu não sei o que fazer pra ter a Lola. — desabafei com ele.

Ele riu, debochando.

— Você não conseguiu pensar em nada por três anos, o que te faz pensar que agora vai surgir uma solução mágica? Quero dizer, não é como se você fosse usar Erin como vantagem...

Então o olhei como se tudo havia, finalmente, feito sentido. O abracei forte e saí o agradecendo, deixando Mike sozinho na minha casa. Eu não havia pensado no que aconteceria depois, estava me sentindo num filme, nada mais me importava.

Antes que eu pudesse me dar conta que não haviam cenas de cortes ou uma música emocionante ao fundo, lá estava eu parado na frente do portão da mansão de Lola com um buquê de flores e um ursinho de pelúcia branco. Então ela apareceu.

Com o namorado do lado dela. O namorado chamado Brady.