Ela era perfeita. Desde o início da minha adolescência eu sabia que a amava. Ela tinha cabelos longos e castanhos, olhos azuis encantadores e um sorriso de tirar todo o fôlego de meus pulmões. Mas não era só a sua aparência que roubou o meu coração, não, é claro que não. Lola Brown era muito além de sua aparência física, muito além de tudo aquilo que todos achavam que ela era.

Lola Brown era autêntica, inteligente, carismática e gentil. Tudo sobre Lola era maravilhoso. Eu a conheci quando eu tinha 13 e ela 12 anos. Estávamos na sétima série quando ela se mudou de escola e por um milagre, ela veio parar na minha escola e na minha turma. Ela usava um vestido vermelho e sapatilhas azuis, seus cabelos estavam amarrados num rabo de cavalo e tudo o que eu conseguia pensar era o quão linda ela era.

É claro que eu e o resto dos garotos da turma tivemos esse pensamento. Não demorou muito para Lola ganhar fama por toda a escola e estar sempre cheia de amigos em volta. Antes que eu pudesse perceber, Lola estava inatingível.

E é claro, também, que fiquei nessa de ser invisível pra ela por vários anos. Só quando estava no primeiro ano que eu tive coragem de conversar com ela. Foi tudo muito simples, na verdade. Lola estava procurando sua sala e eu também. Ela me perguntou se eu estava perdido também e eu, gaguejando, respondi:

— Eu acho que sim... — ela imediatamente tomou o meu papelzinho que indicava as turmas e começou a ler em voz alta:

— "Adam Losolli, 1º C sala 24". Hum, acho que é aquela ali. — ela me entregou de volta e deu um sorriso. O sorriso mais lindo que eu já recebi.

— Obrigado. — sorri de volta, extasiado de felicidade.

Fui andando até a minha sala e me perguntei se eu poderia ter mais conversas como essa com Lola. Acho que dependendo dela, isso não iria acontecer muito. Quando entrei, era aula de química com o professor Cresswell, um cara não muito simpático. Me desculpei pelo meu atraso e sentei numa cadeira no fundo, ao lado de uma garota loira de olhos azuis que eu logo reconheci como sendo a melhor amiga de Lola.

Aquilo não podia ficar mais fácil. Perguntei para Erin Harlow — seu nome tão angelical quanto seu rosto — o que ele já havia explicado, porque você sabe, caro leitor: eu precisava criar amizades ali.

Mas então ela me olhou cortante e respondeu:

— Como se eu me importasse. — e voltou a fazer o que quer que seja que ela estava fazendo.

Ali mesmo eu havia perdido todas e quaisquer esperanças de construir um futuro relacionamento com a garota dos sonhos. Tudo por culpa do professor Cresswell e sua aula estúpida.

O restante do dia foi coberto de pensamentos negativos e aulas deprimentes. Quando estava indo para casa, fui surpreendido por Erin no portão da escola, esperando por mim. Ela estava com o cabelo amarrado num coque, o casaco amarrado na cintura, uma blusa curta mostrando a barriga e uma calça jeans folgada. Estava passando seu gloss rosa quando eu passei na sua frente e ela me parou com o pé. O que consequentemente, me fez tropeçar.

— Espera um pouco, Losolli. — ela sequer me ajudou a levantar — Preciso falar com você.

— Você não podia simplesmente me dizer em uma das seis aulas que tivemos hoje?

Ela franziu a testa.

— Hum, não. Enfim. É sobre a Lola.

— Lola? — eu imediatamente me recompus. Enquanto isso, Erin rolava os olhos.

— É, é. A Lola. Ela precisa que você me ajude numas coisas.

— Hã... A Lola precisa que o quê? Isso não faz sentido.

— Não precisa fazer sentido ok? Eu preciso que você me ajude a fazer ciúme no meu ex-namorado.

Arqueei as sobrancelhas e suspirei.

— É, agora eu entendi porque você pôs o nome da Lola no meio. — me virei para sair mas ela puxou meu braço.

— Eu estou falando sério, Adam. — ela suavizou a voz — Toda a minha reputação está em jogo...

— Ah e obviamente se você fingir que está comigo o Brady vai ficar louco de raiva não é? — foi a minha vez de rolar os olhos.

Ela cruzou os braços.

— É que você não é exatamente feio, sabe? Tem uns olhos legais por trás desses óculos aí.

Parei um pouco e pensei no que eu ganharia com tudo isso. Lola nunca iria querer nada comigo assim que eu começasse a namorar com Erin. À menos que...

— Bem, eu aceito. — ela começou a dar pulinhos de comemoração e eu a interrompi — Apenas se você me ajudar a ficar com Lola.

Ela suspirou.

— Tá bom, tanto faz. Agora vem cá, o Brady tá chegando. — ela me puxou pela camisa e me beijou.

Foi o meu primeiro beijo aquele. Não que eu esteja reclamando, pelo contrário. Erin era maravilhosa. Mas não era Lola. Ficamos ali por uns dois minutos. Aquele beijo parecia não acabar nunca.

Afastei Erin e procurei por Brady. Ele já havia entrado no carro e encarava Erin com ódio nos olhos. Ela deu um sorriso satisfeita e esperou Brady sair do estacionamento da escola pra finalmente me soltar e me deixar ir pra casa.

Quando cheguei em casa, liguei as luzes e joguei a mochila no chão, não esperava ver Lola Brown sentada no meu sofá.