Mandamento 3: controle seu ciúmes, mas, não deixe de senti-lo.

Sei que este mandamento é péssimo. Ciúmes é algo péssimo, porém, inevitável de se sentir, principalmente quando a pessoa que deseja conquistar pode te fazer ciúmes de várias formas. A primeira vez que experimentei ciúmes quando voltei a Sweet Amoris foi quando descobri que Lynn tinha se escondido no vestiário masculino só para ver a tatuagem de Lysandre. Que raios deu na cabeça dela para fazer tal besteira? E porque raios o Lysandre tinha que ter uma tatuagem? Já não basta ele ser tão...hã, encantador? Depois, senti ciúmes ao perceber que ela estava incomodada com a Debrah, ex-namora de Castiel. Se ela não sentia nada por ele, não deveria se intrometer nessa história. Simples, e não me chamem de possessivo. E para completar, nada, nada, absolutamente nada, supera o ciúmes que tenho de Dake.

A história começa com Dake jogando na minha cara que já havia visto Lynn de roupas íntimas. Até aí tudo bem. Mentira, isso não tem NADA de bem. Mas, piorou quando me encontrei com ele pela segunda vez, em que Dake revelaria algo preocupante.

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Era um dia especial na escola, não especial para nós, e sim, para o professor Boris. Houve uma votação - ideia brilhante da querida diretora - entre alunos em que elegeria o melhor professor da Sweet Amoris, e este, ficaria encarregado de ser, nada mais e nada menos, que um vice-diretor. Nossas opções de candidatos não eram boas, tinha o professor Faraize e a amada - quis dizer vaca - da professora de química. Além de alguns que nem vale citar. Então, nossa melhor opções era o maromba, que tinha um sobrinho surfista e flertador.

Ia ter um evento especial para comemorar a entrada de Boris para a direção. Fiz questão de não sair do lado de Lynn, pois sabia que Dake também estaria lá. Não, não era insegurança, era só o fato de não suportar caras que forçam a barra.

– Kentin, você parece tenso.- Comentou Lynn.- O que foi, viu o Castiel por acaso?

Ela riu, pois sabia do meu sentimentos de...evitar conflitos com Castiel. Eu revirei os olhos e tentei relaxar minha postura. Estávamos na mesma mesa, olhando de longe alguns alunos dançarem, comerem e curtir aquele momento "histórico". Não demorou para nossa mesa ser ocupada por Alexy, Armin, Rosa e a pessoa mais esperada: Dake. Ele chegou pegando uma cadeira e colocando ao lado de Lynn, passando os braços ao seu redor. Armin também mudou sua postura, ficando claramente incomodado.

– Humm...acho que estamos atrapalhando um momento romântico.-Brincou Alexy. Eu não ri, muito menos Armin.

– Estão, sim.- Respondeu o loiro de farmácia (ou seria de sol?). Lynn ficou vermelha automaticamente.

– Ah, é um cara de pau.- pensei em voz alta.

– O que falou, Kentinho?

– Nada, Alexy.- Revirei os olhos novamente, aquele apelido era meu pior pesadelo.

– Acho que tem ciúmes demais para uma mesa só.- Comentou Rosa, sorrindo marotamente. Ela é linda, linda e perigosa.- Se vocês soubessem da história da praia.

– Rosalya! - Gritou Lynn, parecendo em pânico.

– Ah, sim...nosso encontro na praia, querida.- "querida", quem esse maluco pensa que é para chamar Lynn assim?

– Que história? - Perguntou Armin, que falava de um jeito descontraído, mas eu sabia que era só para disfarçar sua verdadeira curiosidade. Bom, se ele não perguntasse, eu mesmo o faria.

– Minha boca é um túmulo.- Respondeu Rosa.

– A minha não. Lynn e eu nos encontramos na praia e sabe, dei umas aulas particulares de surfe.- Dake sorriu com malicia.- Acabamos nos beijando em pleno mar, com o pôr-do-sol atrás. Só para constar: foi incrível, né, querida? Ela beija bem.

Lynn se afundou na cadeira, totalmente constrangida. E eu...bem, respirei, respirei muito. Aquele cara tinha mudado o placar das coisas para: Ken 1 x Dake 10.

– Foi só um beijo.- Argumentou Lynn.- Além disso, não teria acontecido caso soubesse que você sairia espalhando pra todos!

E, para a surpresa de todos, ela se levantou. Estava chateada, dava para perceber por sua voz, Alexy e Rosa foram atrás. Encarei Armin por alguns segundos e ele logo entendeu o recado. Nos levantamos e tiramos Dake da cadeira, o empurrei em direção a parede e disparei a falar:

– Invadir o vestuário de uma loja para ver uma garota trocar de roupas, não foi certo. Mas, eu deixei passar, pois Lynn parece gostar de sua companhia. E o que me importa é deixá-la feliz. Porém, acho que você passou dos limites, bonitão.

– Vai ter que encarar o modo hard do Kentinho! - Falou Armin, eufórico.

– O que faremos com ele?

– Tenho uma ideia.- Armin tinha um sorriso maldoso no rosto. Nem precisou falar nada para eu sacar o que era. Esse é o ponto forte da nossa amizade: não precisávamos falar muito pra nos entendermos.

– Talvez você esteja pensando no que estou pensando...- também sorri.

E, sem trocarmos mais uma palavra, segurei Dake, enquanto Armin abaixava a bermuda do bronzeadão. Ele se debateu, mas não demorou muito para a atenção das pessoas estarem em nós e na cueca florida de Dake. Moral da história: fomos para a diretoria e levamos a primeira suspensão de Boris como vice. Além disso, Dake não ficou paradinho enquanto o segurava, ele quase me acertou com um soco e correu pela quadra inteira atrás de Armin. Mas, valeu a pena, pois na mesma noite, recebi uma visita especial em casa.

E aliás, acho que todos os garotos que expõem a intimidade das parceiras mereciam serem expostos também.

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Lynn não quis entrar, então, nos sentamos na rede da varanda. Em algum momento mamãe nos trouxe biscoitos e leite. Ficamos um bom tempo em silencio olhando as estrelas, carros e algumas crianças brincando na rua; suas risadas eram como uma trilha sonora.

– Eu soube o que vocês dois fizeram. Eu só queria agradecer e dizer que ri bastante quando Peggy me mostrou a gravação.

– Oh, não acredito que ela filmou! Quase apanhamos de Dake depois daquilo, e bom, agora o Boris não vai muito com nossas caras.

Lynn gargalhou, e aquilo era o melhor som que meus ouvidos ouviram naquele dia.

– Acho que exagerei hoje, o Dake só contou algo que realmente aconteceu.- Ela abaixou a cabeça e eu passei meus braços ao redor dela.

– E eu acho que não gostei de escutar aquilo...

– Por quê?

– Porque -, "porque te amo e imaginar você com outra pessoa é horrível", quis responder -, sei lá, Lynn. Você tem que tomar cuidado com quem se envolve, okay? Não quero te ver passando raiva novamente e muito menos te ver magoada.

Para disfarçar minha vergonha, coloquei metade de um biscoito na boca e, para minha surpresa e felicidade, Lynn levantou, se colocou em minha frente e mordeu o outro lado do biscoito. Deixa eu ser mais claro: ela mordeu a outra metade do biscoito que estava do lado de fora da minha boca! UAU! Nossos lábios só se tocaram por uma fração de segundo - uma fatalidade do destino -, mas eu já poderia considerar aquilo como beijo, não poderia? Depois, como se nada tivesse acontecido, como se não fosse especial para mim, ela foi embora, enquanto gritava e mastigava:

– Obrigada, Kentin! - Fiquei imóvel vendo a garota correr portão a fora.

Eu ia responder "de nada" quando algo se passou por minha cabeça: ela agradeceria Armin daquele mesmo jeito? Era o ciúmes falando alto novamente. Desta vez não me importei, me joguei de vez na rede e fiquei repetindo mentalmente a cena do quase selinho. Ela poderia até agradecer Armin assim, mas como Dake mesmo provou, um beijo às vezes não significa nada. O que significa é o sentimento envolvido e a intensidade do momento.