Mandamentos de Kentin: como conquistar uma garota escrita por Brenda


Capítulo 2
Mandamento 2




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Mandamento 2: tenha cuidado com seus concorrentes, observe o relacionamento deles com a pessoa que deseja conquistar.

Logo quando voltei, me deparei com uma cena bem peculiar para mim - essa só seria uma das primeiras que eu veria. Lynn, minha Lynn, estava com Armin numa sala, sozinhos. SOZINHOS! Eu, como um bom espião, tratei de não fazer nada, ficar quieto como um ninja observando a cena. Os dois apenas pareciam entretidos num jogo. Ou melhor, não era um apenas para mim, pois os dois estavam muito perto um do outro para ser apenas uma jogada qualquer.

Alexy e Armin são meus amigos. Amigos do tipo irritantes, bem irritantes, mas mesmo assim, amigos. E por isso, nunca imaginei que Armin fosse um concorrente. E me nego até hoje usar essa palavra para me referir a ele. Mas lá estava ele, claramente dando em cima de Lynn. Por que não poderia ser com Alexy? Eu não me importaria de ter dois amigos gays. Mas bem, o mandamento de hoje é exatamente sobre isso: concorrência, como sair na frente entre tantos? A resposta é simples: apenas observe.

Foi isso que fiz durante dias quando retornei a Sweet Amoris. Comecei com Castiel, claro que preferi observá-lo de longe. Bem longe, hã...não por medo, mas só para evitar conflitos, sabe como é. Apesar de durão, ele gostava de Lynn e demonstrava isso, de certa forma, ele era o que mais dava investidas nela. E cá entre nós, as garotas gostam de caras rebeldes que tocam em bandas. O problema é que Castiel já magoou Lynn uma certa vez por causa da ex-namorada dele. O que o impediria de fazer isso novamente? Aliás, ver Lynn chorando foi a pior coisa que eu poderia ter recebido dela. Apagar aquele sorriso e colocar lágrimas e tristeza nele era um sacrilégio, e eu poderia ter acabado com Castiel, independente do medo que sentia dele. Quer dizer, medo não, aquele negócio de evitar conflitos.

Por falar em Castiel, tenho que aguentar Lysandre, uma ameaça nova e não menos perigosa. Pois, apesar de estranho, ele tem tudo que uma garota gostaria de namorar: gentileza, mistério, vitorianismo...chego a conclusão que até mesmo eu namoraria ele. E sei que Lynn gosta dessas característica. Agora, falemos de Nathaniel. É um cara bacana, não sei exatamente o porquê, mas gosto dele e sei que posso considerá-lo uma grande ameaça também. O que Nathaniel tem de especial além daqueles belos cabelos loiros? Ele tem inteligencia, é prestativo e um galã perfeito. Por outro lado, tem a Ambre como irmã, isso já estraria qualquer relacionamento que uma garota gostaria de ter com ele.

Após anotar mentalmente todos os defeitos e qualidades dos meus colegas - ou não -, já sabia o problema deles: falta de atitude. Nenhum havia tentado algo de maneira clara com Lynn, e conhecendo ela como conhecia, sabia que era a lerdeza em pessoa. E seria nessa falha que eu investiria. Tentei beijar Lynn, acompanhei ela em casa diversas vezes, tentei mostrar meus sentimentos, mas sem exagerar. Até que chegou um dia que cansei de fazer somente pequenos gestos, tomei iniciativa e a convidei para um jantar. Quem, de todos os paqueras - nome que adotei depois que cansei de chamá-los de concorrentes-, já tinha a chamado para um jantar quase romântico, num lugar bacana? Ninguém, então: Ken 1 x Paqueras: 0. E eu sei que pode ser precipitado e sei que tem uma grande chance de eu não mudar nada em nossa relação, mas é melhor tentar do que ficar só vendo os outros se darem melhor. - - -

– Você nunca me contou exatamente o que aconteceu no colégio militar.- Falou Lynn, mexendo em sua comida. Percebi que ela estava sem graça. Mas era esse jeitinho que a tornava tão especial.

– Não tenho muito o que contar.- Respondi.

– Ah, vamos lá! Você fez amigos? Se divertiu? - Insistiu ela.

A verdade é que, eu realmente não gostava de falar sobre isso, mas com Lynn, sei lá, acho que tudo bem me abrir com ela.

– Não fiz amigos, pois queria voltar logo para Sweet Amoris.- Percebi que minhas bochechas queimaram de vergonha. Aquilo era como admitir que queria vê-la o mais rápido o possível. Ela percebeu meu embargo, pois não quis tocar mais no assunto. Minutos depois, saímos do restaurante e propus fazermos um passeio pela cidade, era a oportunidade perfeita para tentar investir, quem sabe, num beijo.

– Kentin...- ela chamou, baixinho.- Lembra que falei que não senti sua falta?

Eu apenas assenti.

– Era mentira. Eu senti sua falta, e imagino como seria se você não tivesse mudado para Sweet Amoris.

Me surpreendi com a confissão, pois Lynn não fazia o tipo que falava de sentimentos. Me posicionei na frente dela, impedindo que sua caminhada continuasse. Ela abaixou a cabeça, sem graça. Não pude evitar de sorrir.

– Acha mesmo que eu continuaria na antiga escola sem você? - Tomei coragem e segurei em suas mãos. O vento noturno batia nos cabelos de Lynn a tornando ainda mais encantadora.- E também senti sua falta.

Sua mão apertou a minha e ela ergueu a cabeça e me encarou. Num segundo mágico, só existia os olhos de Lynn no meu mundo. Nós dois sorrimos e adivinhei que o clima ficaria tenso quando ela percebesse que estávamos flertando. Eu não queria, não queria mesmo estragar meu momento mágico, mas para um pobre apaixonado, só aquele olhar de Lynn já era o suficiente para uma noite; eu dormiria tranquilo, mesmo sem beijo ou altas declarações dela.

– Hum...que tal deixarmos a saudades pra lá? - Seu sorriso aumentou. Fiquei feliz em fazê-la feliz.

– Só se for agora. Como?

Segurei em sua outra mão.

– Dançando.- Falei. A reação não foi diferente do que imaginei: ela sorriu e me olhou com estranheza.

– No meio da rua?

– Vamos, solte sua bailarina!

Era uma proposta arriscada levando em conta que eu não sabia dançar, mas deixo esse detalhe de lado para não desanimá-la. Com delicadeza, coloquei uma mão em sua cintura e ela passou os braços ao redor de meu pescoço. Começamos a dar um passo para um lado, outro pro outro, parecendo dois robôs. Era bom saber que Lynn também levava muito jeito para coisa. Depois, imitando cenas de filmes, segurei uma de suas mãos e a fiz girar. Ela riu, mas logo pareceu tímida quando a puxei de volta e a abracei.

– Nada mal para um perna de pau.- Comentou ela, baixinho. Eu só pude sorrir.- O que faremos agora, senhor "solte sua bailarina"?

– Comer biscoito de chocolate.

Escreve uma coisa, meu caro: biscoito de chocolate é seu melhor amigo na hora da conquista. E foi assim que nossa dança terminou e minha missão de conquistá-la começou.


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