CHRISTIAN POV

Voltar ao trabalho estava sendo uma tortura, depois de passar semanas em casa com Ana e meus filhos, acabei me acostumando a tê-los sempre perto de mim. E agora tinha mais trabalho do que nunca e quase não tinha tempo para ver meus filhos e ficar com a Ana, e isso estava me enlouquecendo.

Saí de casa muito cedo, Ana e as crianças ainda dormiam, como na maioria das vezes. Tinha um café da manhã de negócios, não sabia quem tinha inventado isso, mas eu odiava. Deu tudo certo na reunião e assim que cheguei ao meu escritório liguei para Ana, queria saber como ela e as crianças estavam.

_Oi, amor. – Atendeu Ana.

_Bom dia, minha linda. Dormiu bem? – Perguntei já sentido saudades dela.

_Sim, só não gostei de acordar sozinha de novo. – Respondeu manhosa, podia imagina-la fazendo biquinho.

_Sinto muito, amor. Mas prometo que daqui a pouco acaba e eu vou poder passar mais tempo com vocês. – E seria assim, só tinha que resolver alguns problemas com a empresa e meus dias voltariam ao normal.

_Eu sei, só sinto sua falta.

_Eu também sinto. Mas como estão os meninos. – Perguntei. Sentia falta deles também, apenas conseguia vê-los de noite antes que fossem dormir.

_Sofia e Noah foram ao parque com Amanda e Emma ficou aqui comigo.

_Porque? – Perguntei já ficando preocupado. Emma não negava uma visita ao parque.

_Ela não está se sentindo muito bem. – Respondeu Ana, parecendo um pouco preocupada.

_O que ela tem? Não é melhor leva-la ao médico? – Não gostava quando Emma se sentia mal, me lembrava momentos desagradáveis. Desde que eles se mudaram pro apartamento, Emma não teve outra recaída e eu esperava que se mantivesse assim.

_Não, acho que ela só teve uma recaída, mas está bem, só um pouquinho manhosa. – Respondeu Ana.

_Tudo bem, mas se ela não melhorar, me avisa que eu vou pra aí. Vou tentar chegar mais cedo hoje. – A pesar das palavras de Ana eu ainda me sentia preocupado, eu sabia que de uma recaída para um ataque serio era só um passo.

_Tudo bem, amor. Até mais tarde. Te amo.

_Também te amo. – Desliguei o telefone, mesmo querendo continuar falando com ela. Se eu queria sair mais cedo, teria que trabalhar rápido.

A minha manhã foi ocupada por reuniões com diretores e acionistas. A mesma coisa de sempre, empresários preocupados com seu dinheiro, querendo saber do que eu sobre minha própria empresa. Estava começando a ficar ansioso de novo, queria falar com a Ana, ouvir sua voz. Estava voltando para minha sala sendo seguido por Taylor, ele tinha algumas coisas para conversar sobre a segurança da empresa. Peguei meu celular do bolso, queria saber como Emma estava antes de falar com Taylor. Liguei para o celular da Ana, mas ninguém atendeu, liguei mais duas vezes, mas nada.

_Taylor, preciso que você ligue para Swayer e pergunte se ele está com a Ana. – Disse enquanto marcava o telefone de casa.

_Residência do senhor Grey. – Atendeu Gail.

_Gail a Ana está aí? – Perguntei de uma vez sendo um pouco mal-educado, mas isso não era importante no momento.

_Não, senhor. A senhorita Ana saiu e manhã e ainda não voltou. – Respondeu.

_Como assim ela saiu? Disse pra onde ia?

_Não, senhor. Só disse que tinha que resolver uns problemas. – Mas que merda! Que problemas Ana tinha que resolver sem me avisar ou levar o celular?

_As crianças estão ai?

_Só Emma, senhor. Amanda ainda não chegou com Noah e Sofia. – Isto não estava acontecendo, nós estávamos livres. Ele estava morto. Tinha que ser brincadeira. _Na verdade estou ficando preocupada, está quase na hora do almoço dos meninos, tentei ligar para Amanda agora pouco, mas ninguém atendeu. Estava prestes a ligar pro senhor. – Disse Gail preocupada.

_Estou a caminho, Gail. – Disse desligando o telefone.

_Sawyer não atende o telefone, senhor.

_Quero todo mundo procurando minha mulher e meus filhos. Estamos indo pra casa. – Informei saindo da sala.

_Sim, senhor.

Saí correndo do meu escritório sendo seguido de perto por Taylor, que falava ao telefone sem parar, dando ordens. Subimos no carro e fome até o apartamento. Eu queria acreditar que Ana estava com meus filhos no parque, que eles apenas perderam a hora e o celular ficou sem bateria, queria acreditar que tudo não passava de uma confusão, mas no fundo eu sabia que as coisas não eram assim tão simples.

_Vai mais rápido Taylor! – Pedi desesperado. Taylor acelerou sem se importar com o limite de velocidade.

Chegamos em casa e fomos recebidos por Gail.

_Teve alguma notícia, Gail? Ana ligou ou mandou alguma mensagem? – Perguntei com esperança.

_Não, senhor. Desculpe, não tive notícias da senhorita Ana nem de Amanda. – Disse triste.

_Papai! – Ouvi minha filha me chamando. Tinha esquecido que ela estava aqui. A pobrezinha não deve estar entendendo nada.

_Oi, meu amor. – Disse tentando manter a cala e me agachando para pega-la.

_A mamãe ta demolando, papai. Sofia e Noah também não voltalam, ele disse que ia blinca comigo. – Disse minha filha tristinha. Tive que me segurar para não desabar na frente dela, não queria que ela percebesse o que estava acontecendo.

_Eu sei, meu amor. Mas, já, já, eles voltam, eu prometo. Agora por que você não vai tomar um banho gostoso com a Gail. – Disse olhando para minha empregada.

_Ta bom. – Respondeu minha filha indo com Gail.

_O que você tem pra mim? – Perguntei para Taylor assim que emma saiu da minha vista.

_ Amanda saiu com os meninos às nove da manhã, Sawyer se reportou pela ultimas vez às dez da manhã, não sabemos mais nada sobre ele desde então. A senhorita Steele saiu às onze horas, o porteiro a viu pegando um dos carros, ele já está sendo rastreado.

_Quero que você ligue pro Welch e para a polícia, quero toda a ajuda possível.

_Sim senhor. – Respondeu pegando seu celular, mas antes de continuar me chamou de novo. _Senhor, eu prometo traze-los de volta. – Disse sério e logo em seguida se virou. Eu sabia que ele estava se sentindo mal, no final das contas a segurança deles estava em suas mãos, mas eu não o culpava, eu sabia que ele tinha feito tudo o que eu pedi e mais. Eu tinha sido irresponsável, diminui da segurança antes de tempo, deveria ter esperado mais. A culpa era minha.

Me sentei em um dos sofás sentindo meu corpo muito pesado, sufocado pela dor, medo e culpa. Fui tirado de meus pensamentos pelo som do meu celular tocando. Um pingo de esperança surgiu no fundo do meu peito, podia ser a Ana. Peguei meu celular rapidamente e gelei quando vi que era um número bloqueado. Atendi com medo de ouvir a pessoa do outro lado.

_Alô?

_Chrstian Grey? - Perguntou uma voz do outro lado, ela estava modificada por algum aparelho, já que não parecia uma voz real.

_Quem está falando? – Perguntei com raiva.

_Isso não é importante no momento. Você só precisa saber de duas coisas. Primeiro, acho que você já sabe, mas vou dizer mesmo assim, estou em posse de seus filhos e da sua querida namorada. – Ouvi-lo confirmar minhas suspeitas me deixou abalado. _Segundo, eu até posso devolvê-los, mas antes você vai ter que fazer tudo o que pedir.

_Seu infeliz! Você vai pagar por tudo o que fez e está fazendo. – Disse sem poder me controlar.

_Acho que você não esta em posição de ameaçar, senhor Grey... se eu fosse você ficaria calado e faria tudo o que eu mandar, isso se você quiser que seus filhos e a senhorita Steele voltem inteiros pra você. – Disse rindo no final o que fez sangue ferver. Por mais que eu quisesse acabar com aquele filho da puta, precisava pensar no bem-estra da minha família.

_Tudo bem, o que você quer?

_Primeiro, quero que fique exatamente onde está, não saia da sua casa, pelo menos até eu mandar e comece a providenciar meu dinheiro. Quero vinte milhões o mais rápido possível. Espere a minha próxima ligação e nada de gracinhas, senhor Grey, estou de olho em você. – Ele desligou logo em seguida. Deixei o celular cair no chão, assim como qualquer esperança de que isso tudo não passasse de um mal-entendido.

_Senhor? – Taylor apareceu na minha frente. _Encontramos o Sawyer. _ Fiquei feliz com a noticia, ele poderia nos dar uma luz do que estava acontecendo, mas o rosto de Taylor me deixou preocupado. _Ele foi encontrado em um beco com uma bala no peito.

_Ele está... – Não consegui terminar a pergunta.

_Ele está vivo. – Respondeu Taylor, entendendo minha pergunta. _Mas a condição dele não é muito bom.

_Quero que ele tenha o melhor atendimento possível.

_Sim, senhor. Vou providenciar isso. Também encontramos o carro. – Disse sério.

_Onde? Algum sinal da Ana?

_Em um terreno ao lado do prédio Wellinton, mas sem sinal da senhorita Steele. – Suspirei desanimado.

_Aquele infeliz quer milhões de dólares, preciso ligar para o banco, eles devem me mandar um camião forte com dinheiro.

_Eles fizeram mais alguma demanda. - Perguntou sério.

_Apenas que permanecesse no apartamento até a próxima ligação.

_Como eles sabiam que o senhor estava no apartamento? – Perguntou Taylor. Como eu não tinha percebido isso antes? “Estou de olho em você” – Foi o que ele disse, ele estava nos observando, literalmente. Mas como?

_Eles está nos vigiando, mas como? – Perguntei em voz alta.

_Ele tinha alguém aqui dentro, alguém que colocou câmeras ou algo parecido.

_Amanda. – Falamos ao mesmo tempo.

_Mas eu investiguei a vida dela, estava limpa. – Disse Taylor.

_Não tem outra pessoa, Taylor. Você e Gail trabalham para mim à anos e os dois são de confianças, não tem mais ninguém.

_Eu sinto muito melhor, deveria ter investigado mais.

_Não é sua culpa, Taylor, não tínhamos como saber. O importante agora é encontras as câmeras ou o que seja que ela colocou aqui.

_Os agente e a polícia estão a caminho, senhor. Vamos resolver isso o quanto antes.

Se passaram as duas horas mais desesperantes da minha vida. Os policiais chegaram, assim como agentes contratados por Taylor e Welch. Minha casa tinha se transformado em um quartel, onde a única missão era resgatar minha família. Emma foi para a casa de Kate, assim que ela e Elliot focaram sabendo correram para minha casa. Minha filha resistiu um pouco, mas Kate conseguiu convence-la. Elliot ficou no apartamento me dando apoio e Mia preferiu fica com Kate e Emma, mas exigiu receber informação caso algo acontecesse.

Taylor e os agente conseguiram achar os aparelhos que Amanda colocara em casa. No total eram sete câmeras e grampos em todos os telefones, até nos celulares. Utilizando o ultimo em tecnologia, Welch conseguiu bloqueá-los sem que eles suspeitassem de nada, aparentemente, eles só veriam o que a gente quisesse.

Estávamos todos na sala esperando pela ligação, já estava com o dinheiro apenas esperava mais indicações. Os policiais recomendaram fazer o pagamento, pela segurança da minha família e depois daríamos um jeito de pega-los, eu, obviamente, concordei. Não me importava com o dinheiro, eles poderiam ter pedido tudo que eu tenho que eu o entregaria sem pensar duas vezes. Meu telefone tocou chamando a atenção de todos na sala. Um dos policias me pediu para esperar um pouco antes de atender, mas assim que ele deu o sinal, apertei o botão e atendi.

_Já tem o meu dinheiro, Grey?

_Perguntou a mesma voz distorcida de antes.

_Sim, tenho o que você pediu. Devolva minha família e você terá seu dinheiro.

_Gosto quando as pessoas colaboram, assim é mais fácil. Preste atenção no que eu vou falar, por que se você fizer alguma coisa errada, sua família vai pagar. – Disse me ameaçando. _Você vai entregar o dinheiro sozinho, se eu perceber que tem alguém com você, pode esquecer de sua família. O dinheiro vai se entregue no cais, tem um barco lá, você vai saber qual é. Espero você às onze da noite, não atrase. – Disse desligando o telefone.

_Conseguira, pegar a localização? – Perguntei rapidamente.

_Sinto muito, senhor, mas não foi possível. – Disse Welch.

_Merda! – Gritei jogando o celular no chão.

_Não se preocupe, senhor Grey, vamos pega-lo. Temos que organizar a entrega, podemos colocar um rastreador dentro da mala, vamos dar um jeito.

Estava ficando desesperado, já tínhamos tentado de tudo, desde rastrear o telefone da Ana e da Amanda, até localização satélital, mas nada deu certo. O celular da Ana foi encontrado junto ao carro abandonada e Amanda deu um jeito no dela também.

Comecei a andar de um lado para o outro, tentando pensar em alguma coisa. Tinha que ter um jeito de acha-los, eles não são perfeitos, devem ter cometido algum erro. Como eles conseguiram fazer isso tudo, mesmo com a ajuda de Amanda, não deveria ter sido tão fácil, tinha mais alguém ajudando aquele imbecil, alguém com poder e dinheiro. – Pensei. Foi ai que uma luz se ascendeu na minha cabeça.

_Taylor rastreie minha ex-mulher! Celular, o anel de compromisso ou o colar que dei a ela, deve existir alguma forma. – Pedi e Taylor apenas acenou, entendendo minhas suspeitas.

No começo não queria acreditar que ela fosse capaz de fazer uma coisa dessas, mas agora as dúvidas só aumentavam. Elena tinha motivos para se vingar de mim e tinha poder e dinheiro o bastante para bancar esta merda toda!

Se ela estiver no meio disso tudo eu esqueceria que ela é a mãe da minha filha.