Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 22
Random Reflections


Notas iniciais do capítulo

Sobre esse capítulo, dedico ele à Lidiane, uma grande amiga, que praticamente o escreveu para mim. Só tive que adequar para a minha forma de escrever, mas a construção é dela. Lih, sua linda sz
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/633748/chapter/22

“Você viu quando Megan começou a dançar em cima da mesa?” Teddy comentou abrindo um sorriso malicioso.

“Meu Deus! É claro. Foi logo depois de ela jogar strip poker.” Simon imitou a expressão do garoto, e passou a língua pelo lábio inferior, como se estivesse relembrando a cena.

Estávamos todos sentados à volta de uma mesa, em nosso bar favorito, na parte externa. Eu havia passado praticamente o dia todo na casa de Tiffany. A garota havia sido extremamente atenciosa, e se eu pudesse, teria continuado lá, porém Alex havia nos ligado, dizendo pra nos encontrarmos em meia hora. Eu realmente precisava de um tempo falando besteiras com aqueles idiotas, mesmo se isso significasse outra ressaca.

Tiffany estava sentada em meu colo, distraída com sua bebida e revirando os olhos enquanto fazíamos piadas machistas. Ela então acendeu um cigarro e o tragou calmamente, deixando a fumaça esvair-se perto demais de meu rosto. Desviei meu olhar, com os olhos lacrimejando, e meu rosto se contorceu numa expressão de surpresa ao observar a pessoa que estava me encarando.

Samanta estava com os braços cruzados sobre o peito enquanto caminhava, devido talvez ao frio. Ainda estava há alguns metros de distância, mas conseguia sentir seu olhar me fulminando. Atrás dela, Eliza e Nate a acompanhavam, rindo e abraçados um ao outro, além de um garoto que eu nunca havia visto na vida. Sam estava com uma blusa branca, estampada com letras coloridas, que formavam as palavras Random Reflections. Eliza estava com uma bandana nos cabelos, com as iniciais RR. Eles deveriam ter saído do show há alguns minutos. O show em que em um momento de insanidade eu havia seriamente pensado em ir. Ia parecer uma espécie de obsessão se eu aparecesse repentinamente lá e, em minha opinião, minha relação com Sam estava ficando obsessiva e cada vez mais confusa.

Por algum motivo, quis me levantar no mesmo instante, empurrar Tiffany para fora de meu colo e arrastar Sam para casa. Aquele lugar com certeza não era para uma garota como ela. Um desejo de proteção tomou conta de mim. E outro sentimento completamente diferente me invadiu quando ela estendeu a mão para o garoto desconhecido. Ele a segurou e entrelaçou seus dedos aos dela. Ele pareceu triunfante ao olhar para Liz, que abriu um sorriso contido. A ruiva logo me notou e fez uma careta de desgosto, cutucando Nate e apontando em minha direção com o queixo.

Meus amigos ainda não a haviam visto, e, nesse momento, Tiffany virou-se para mim, depositando a mão em meu queixo e beijando de leve meus lábios. Quis afastá-la, mas não havia motivos lógicos para isso e por isso a puxei ainda mais para perto. Sua boca tinha gosto de morango e vodka, como a bebida que estava no copo à sua frente. Eu não havia motivos para proteger Samanta e muito menos para me sentir culpado. Qual era meu problema? Apertei a cintura de Tiffany levemente e dei uma pequena mordida em seus lábios, separando nossos lábios. Compartilhamos um sorriso enquanto Teddy fingia vomitar.

O outro grupo entrou no estabelecimento, logo se espalhando pelos bancos do open-bar.

“O que você tanto olha, Adam?” perguntou Alex dando um gole em sua bebida.

“Não é nada, cara.” balanço a cabeça. “Acho que preciso de outra bebida. Vem comigo, Tiffy?” disse enquanto a erguia pela cintura, tirando-a de meu colo e me levantando.

“Claro.” ela se levantou e segurou minha mão, enquanto eu a guiava para dentro.

“Três doses de vodka, por favor.” disse colocando algumas notas sobre o balcão e me sentando. Havia passado pelo grupo de amigos de Sam sem que eles percebessem. Estavam intertidos demais uns com os outros. Percebi que Sam bebia aquela noite, mas afastei logo o pensamento de preocupação. Parecia de certo modo infantilidade, mas era uma infantilidade partilhada de ambos lados. Ela também não havia falado comigo.

“Vodka pura?” Tiffany ergueu as sobrancelhas.

Eu não respondi, apenas a puxei para meus braços e depositei um beijo em seu pescoço, logo abaixo de sua orelha, onde sabia que era seu ponto fraco. Senti seu corpo se arrepiar e seu riso baixo.

“Senhor!” disse o rapaz que trabalhava no bar. Ele parecia ter a mesma idade que eu, então me senti estranho por ser chamado assim. Bebi duas doses seguidamente, enquanto Tiffany me observava curiosa. Ela sabia que havia acontecido alguma coisa. Se apoiou no balcão e fez outro pedido, dessa vez para ela própria.

“Olha só quem está aqui!” ela sussurrou, indicando Samanta com um aceno de cabeça e abrindo um sorriso.

“É, eu já havia a visto.” comentei num tom desinteressado, enquanto saboreava minha última dose, sem olhar na direção da garota, encarando e lendo os rótulos das garrafas à minha frente.

“Eu até a cumprimentaria, se ela não estivesse tão ocupada.” ela riu.

Não entendi ao certo o que Tiffany quis insinuar até olhar para Sam. Ela estava inclinada, sobre aquele garoto, enquanto ele segurava em sua nuca e explorava sua boca com a língua. Senti meu rosto arder de raiva, empurrei o copo para o lado e passei os braços em volta de Tiffany. Ela me olhou surpresa por alguns instantes, antes de eu pressionar meus lábios com força contra os dela.

A única coisa que eu não entendia era porque Samanta beijava aquele babaca olhando em minha direção e eu a olhava enquanto beijava Tiffany. Era como se estivéssemos em uma espécie de competição idiota e sem fundamentos. Segurei firmemente nos cabelos de Tiffany e fechei os olhos. Não estava aguentando mais encarar Sam. Tiffy me empurrou gentilmente e abriu um sorriso fraco quando nos separamos, sem fôlego.

Foi nesse momento que minha visão permitiu que visse um vulto saindo apressado pela porta. Olhei em direção à mesa. Samanta havia saído, deixando o garoto com uma expressão confusa. Não consegui me controlar. Simplesmente levantei, deixando Tiffany sozinha, e fui atrás dela. Ao passar pela mesa, tive que utilizar toda minha força de vontade para não dar um soco naquele garoto. Minha parte sã dizia que eu não tinha esse direito, mesmo que eu quisesse. Então, minha parte não sã, apenas pegou o copo sobre sua mesa e entornou a bebida sobre ele.

Assim que sai, olhei em volta. Alex e os garotos olharam em minha direção, com expressões desconfiadas, mas apenas continuei andando. Virei à esquerda, em direção ao estacionamento. Procurava Sam por todos os lados, mas nenhum sinal dela. Soltei um suspiro de frustração e passei os dedos entre os cabelos, até que ouvi um barulho de batida e um xingamento em alto e bom som. Sem dúvidas era a voz de Samanta.

Fui correndo em direção ao ruído e vi quando ela saiu de um carro vermelho, conferindo a parte traseira do automóvel. Ela havia sem querer atropelado uma lixeira, mas não havia nem sequer um arranhão na lataria. Ela então se abaixou, empurrando a lata de lixo para um canto. Me perguntei de quem seria aquele carro, mas não me atreveria a fazer isso em voz alta. Me aproximei, sem dizer nada, e a ajudei. Tentei ignorar a maquiagem borrada em seu rosto, encharcado devido as lágrimas.

“O que está fazendo aqui?” ela perguntou quando se levantou.

Era uma ótima pergunta. Meu impulso foi correr atrás dela, agora que estava ali, não tinha a mínima ideia do que por que e o que falaria.

“Me desculpe.”

“Pelo o quê?” ela ergueu um pouco a voz, o desprezo em seu tom.

“Eu não sei, Sam. Mas sinto que te devo desculpas. Pelo meu comportamento. Pelo...” dei uma pausa, soltando a respiração. “Pelo o que aconteceu no banheiro ontem. Sinto muito, aquilo foi um erro.”

“Um erro? Então está arrependido por ter me beijado?” ela pareceu magoada.

“Eu estava bêbado e...”.

“Você não parecia tão bêbado quando pediu para que eu dormisse com você.”

“Eu pedi isso?” engoli em seco. Era pior do que eu tinha imaginado.

“Adam, vá para o inferno!” ela se virou, abrindo a porta do carro com violência.

“O quê? Samanta!” fui à sua direção, a segurando pelo braço e a virando em minha direção. Ela se livrou de meu aperto com um puxão e me olhou com raiva.

“Você é realmente tão cego assim?”

“O que quer dizer?” perguntei confuso observando sua expressão.

“Porra, Adam! Eu gosto de você, realmente gosto, será que não percebe isso?”

Olhei para ela boquiaberto. Não conseguia assimilar bem suas palavras. Fiquei olhando para ela por alguns segundos, esperando que ela dissesse que tudo aquilo era uma grande brincadeira, mas ela não disse nada. Permaneceu na mesma posição. Então, como se tudo não passasse de uma grande encenação, inclinei meu corpo para frente e soltei uma sonora gargalhada.

“Gosta de mim, Sam? Você enlouqueceu?” perguntei com desdém. “Nós nos conhecemos há, sei lá, três meses.”

“Sim, eu enlouqueci. Eu devo realmente estar muito maluca para perder meu tempo com alguém como você. Me solta, Adam!” ela disse me empurrando para trás.

“Não, não foi isso que eu quis dizer. Droga!” respirei fundo outra vez, dessa vez olhando bem para os olhos de Sam. “É que isso é loucura! Você não gosta de mim, Sam.” peguei uma das lágrimas que escorria sobre sua bochecha. Ela não protestou, mas afastou minha mão de seu rosto. “Você só está confusa. Nós dois estamos.”

“Então, seria melhor se você se afastasse.”

“O quê?” ergui as sobrancelhas. “Se afastar?”

“Sim.” ela concordou com a cabeça, como se já tivesse tomado aquela decisão há tempos. “Não fala comigo, Adam. Pelo menos, por enquanto.”

“Sam, eu não quero ficar longe de você.” mordi minha língua assim que as palavras saíram. “Eu só não sirvo pra isso.”

“Você não me deve explicações. Por que está perdendo seu tempo, aliás?” ela bufou e voltou o olhar para o bar. “Tiffany deve estar preocupada com você.”

“Por que está jogando Tiffany contra mim? Você agora pouco estava se atracando com aquele pivete.” falei entre dentes.

“Tiffany estava no seu colo.” disse num tom acusatório.

“Ela já esteve antes, e com bem menos roupa.”

Sam arregalou os olhos em minha direção, não surpresa com minha resposta, mas surpresa por eu ter jogado aquilo contra ela.

“Você é um grande idiota.” ela me deu um empurrão no peito. “Um imbecil, um babaca.” e outro e outro. “Não sei como pude... Como pude...” ela fechou os olhos e acrescentou num sussurro. “Você me faz mal, Adam. Eu soube disso desde a primeira briga.” então me encarou, decepcionada. “Não fale mais comigo, por favor.”

“Sam,...”

“Seus segredos estão guardados, não sou tão baixa quanto você para usá-los como ameaça.” ela então entrou no carro, batendo a porta e o ligando. Saiu em disparada do estacionamento, e por pouco o pneu não passou por cima de meu pé.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Brigas, brigas e brigas... Será que isso não vai acabar nunca?
Bom, três meses é um tempo curto para se apaixonar, realmente, será mesmo?
Deixo a critérios de vocês, mas lembrem-se, quanto mais rápido eles se acertarem, ficando juntos ou não, menos capítulos serão. Então sejam pacientes gafanhotos!
Um beijo, um queijo e até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Até o Fim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.